domingo, 3 de novembro de 2024

Evangelho do dia 06 novembro quarta feira 2024

 


06/11 – São Nuno de Santa Maria (Comandante Supremo do Exército)

 Nuno Álvares Pereira nasceu no dia 24 de junho de 1360 em Cernache do Bonjardim (Portugal), e foi educado nos ideais nobres da Cavalaria Medieval, no ambiente das Ordens Militares e depois na Corte Real. Tal ambiente marcou a sua juventude. Aos dezesseis anos casou-se com Dona Leonor de Alvim, e desta união nasceram três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz.

As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em Dom Nuno um exímio chefe militar e nomeou-o Condestável, isto é, Comandante Supremo do Exército. Nuno conduziu o Exército Português repetidas vezes à vitória, sendo a mais significativa a de Aljubarrota a 14 de agosto de 1385, assegurando a independência de Portugal em relação ao Reino de Castela.

A batalha de Aljubarrota viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Fim da ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objetivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques. Por essa altura, em outubro de 1385 foi travada em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde.

Conta-se que na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Quando já se temia o pior, o seu escudeiro encontrou D. Nuno em êxtase, ajoelhado, rezando entre dois penedos (rochedos). Quando o escudeiro aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção pelo escudeiro, que lhe disse: “Nada de orações, que morremos todos! Responde então D. Nuno, suavemente:

“Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar”.

Quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, consegue que se ganhe a batalha de uma forma considerada milagrosa. Depois desta batalha, os castelhanos recusaram-se a dar-lhe batalha em campo aberto. O nome de Nuno Álvares inspirava terror nos castelhanos que passaram sempre que podiam a atacar a fronteira com pilhagens (roubos) e razias (invasões) e aplicavam a política de terra queimada* quando D. Nuno entrava em Castela.

Os dotes militares de Nuno eram, no entanto, acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria eram a trave-mestra da sua vida interior. Mandou construir por conta própria numerosas igrejas, destacando-se de entre estas o Convento do Carmo de Lisboa, que veio a entregar aos Carmelitas, que conhecera em Moura, e apreciara pela sua vida de intensa oração e amor a Nossa Senhora.

Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusou ter novas núpcias. Quando finalmente foi alcançada a paz, distribuiu grande parte dos seus bens e decidiu entrar no Convento do Carmo de Lisboa, tendo tomado o nome de Frei Nuno de Santa Maria: era a opção por uma mudança radical de vida em coerência com a fé autêntica que sempre o orientara. Ao entrar no Convento recusou todos os privilégios e assumiu a condição mais humilde, a de simples irmão, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria – a sua terna Padroeira que sempre venerou – e dos pobres, nos quais via o rosto de Jesus.

Frei Nuno de Santa Maria morreu no Domingo de Páscoa de 1 de abril de 1431, sendo sepultado no Convento do Carmo, passando de imediato a ser venerado como Santo pela piedade popular.

O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terremoto de 1755. O seu epitáfio era:

“Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo.”

O Papa Bento XV declarou-o Beato a 23 de janeiro de 1918, e o Papa Bento XVI proclamou-o Santo da Igreja Católica, na Praça de São Pedro, em Roma, no dia 26 de Abril de 2009. A sua Festa litúrgica celebra-se a 6 de novembro.

 * Uma tática de terra arrasada ou terra queimada envolve destruir qualquer coisa que possa ser proveitosa ao inimigo enquanto este avança ou recua em uma determinada área.

 Oração a São Nuno de Santa Maria

Pai Santo, em Jesus Cristo mostrastes a São Nuno de Santa Maria o valor supremo do vosso Reino. Para o conquistar, ele exercitou-se com as armas da fé, do amor a Cristo e à Igreja, da Palavra de Deus, da Eucaristia, da oração, da confiança em Maria, da caridade, do jejum, da castidade, da fortaleza, do serviço, da retidão de espírito e da justiça. Para vos servir de modo mais total como único Senhor, e a Maria Santíssima, Senhora do Carmo, a quem se consagrou na vida religiosa carmelita, de tudo se despojou. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça… (nomeá-la), para que sem obstáculos da alma e do corpo possamos nós também viver sempre ao vosso serviço e, combatendo o bom combate da fé, mereçamos tomar parte no Banquete do Reino dos Céus. Por Cristo, Nosso Senhor. Amem.

São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!

 06 outubro - Igualdade de espírito: nem alegres demais nem muito tristes: igualdade de semblante: nunca rugas na testa; igualdade nas palavras: nem severidade demasiada nem demasiada familiaridade; igualdade nas orações: nem muito depressa, nem muito devagar. (S 197). São José Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,25-33

Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
31Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”

Meditação:

O evangelho do dia de hoje apresenta as condições ou exigências para ser discípulo de Jesus; exigências que em nosso momento atual são de grande importância, pois vivemos um tempo em que a experiência de fé foi reduzida a “ir à missa”, a uma fé totalmente desconectada dos problemas sociais e econômicos que vive o mundo de hoje, uma fé temerosa do compromisso e da entrega total pelos irmãos.
Quando Jesus fala de relativizar a família, de deixar pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, está se referindo à necessidade de edificar um novo sistema de relações, um novo modelo de sociedade em que a fraternidade, a solidariedade, o serviço são fundamentais e em que toda a estrutura, incluída a família, esteja em função de construir esse novo tipo de sociedade e não o contrário.
O seguidor de Jesus está convocado a ser partícipe desta nova sociedade, onde o principal é tornar presente na história o reinado de Deus, o qual exige mudança de valores e de prioridades: renunciar a todos seus bens, quer dizer, renunciar a todo tipo de segurança para poder colaborar livremente e sem impedimentos na grande obra de Deus.

Como consequência de tudo o que Jesus disse e fez ao longo de seu ministério e particularmente nesta viagem a Jerusalém, vem agora uma apresentação clara e direta das condições para segui-lo, um seguimento que não pode ser de simples simpatia com ele e sua causa, mas que exige mudanças verdadeiramente radicais.

Do trecho que lemos hoje, podemos extrair três condições que são, além disso, muito claras e que não admitem ambiguidades. Primeira, odiar a própria família; segunda, carregar sua própria cruz; terceira, renunciar aos bens. Quem faz isto pode estar seguro de que está apto para o seguimento de Jesus.

Causas e consequências deste tríplice exigência:

A primeira exigência contém, implícita, a denúncia contra o rigor da instituição familiar no tempo de Jesus. Não há nenhuma posição antinatural de Jesus contra os entes queridos. Pelo contrário, ao preocupar-se Jesus com o indivíduo, a pessoa, sua intenção é, no fundo, sanar uma instituição natural que com o tempo se converteu em reduto de tirania e domínio de alguém: o patriarca/pai sobre a esposa e os filhos, com a consequência mais clara: desumanização, infantilismo, dependência...

Jesus convida a odiar – esse é o verbo utilizado –, mas o ódio não é ao pai como tal, ou à mãe e aos irmãos ou a si mesmo; odiar, não obstante sua forte conotação, entende-se rejeição, ruptura completa com a totalidade da estrutura familiar como centro e figura de domínio. Segue-se a Jesus na liberdade e para a liberdade: liberdade na opção, liberdade no seguimento. Não há indício de escapismo nem evasão, Jesus não convida à fuga, exige renúncia e ruptura com aquela atitude de dependência; é a pessoa, o indivíduo quem tem de enfrentar sua própria vida, seu próprio crescimento. Daí, a segunda exigência: “carregar” sua própria cruz.

Aquele que tiver sido capaz de “odiar” a estrutura que o prendia, minimizava-o e o tornava inválido, por assim dizer, terá como desafio um caminho a percorrer, suportar por si mesmo e conduzir o destino de sua vida, “levando-o”, dia após dia, com uma frequência que certamente se apresenta às vezes difícil, em que se sente a tentação de outros o levarem nosso lugar. No seguimento de Jesus não pode haver dependência.

Outra forma de dependência desumanizante que é desmascarada também aqui é o apego aos bens materiais, às riquezas. Não se conclui necessariamente por esta passagem do Evangelho que ser rico seja pecado, esse não é o juízo que faz Jesus; a denúncia concreta é: os bens materiais, entendidos como riqueza, transformada em opção de vida, desumanização das pessoas, tornam-na também dependente e, portanto, não apta para o seguimento de Jesus. Não basta, então, renunciar ou romper com a instituição ou estrutura que escraviza, é preciso saber romper também com o sistema de vida, se este for inumano, e não permitir uma realização integral do indivíduo.

Dizemos que estas exigências tais como as apresenta o Evangelho, não se prestam a quaisquer ambiguidades. Contudo, sabemos que, na maioria das vezes, a ambiguidade se apresenta e domina o indivíduo. Jesus previne seus seguidores para que essas ambiguidades não cheguem a converter-se em fracasso, e o faz valendo-se de novo de duas parábolas: a do construtor que não pôde concluir a torre e a do rei que vai para a guerra e se rende sem sequer lutar.

Ambas as parábolas refletem a situação interna da comunidade de Lucas. Ainda havia restos de dependência em alguns seguidores deste “novo caminho”: da família e, pior ainda, dos bens materiais.

Reflexão Apostólica:

Seguir a Jesus e continuar o seu projeto é viver um clima novo na relação com as pessoas, com as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e fidelidade a condição humana, sem superficialismo, conveniência ou romantismo. O discípulo de Jesus deve ser realista, a fim de evitar ilusões e covardias vergonhosas.

Ser discípulo de Jesus é segui-Lo para uma vida nova e aceitar a revolução que Ele quer fazer em nós desde o nosso desapego às pessoas, da anuência à participação na Sua Cruz e do abandono de tudo o que temos de material e de humano

O seguimento de Jesus implica na renúncia e no desapego das nossas idéias e vontade própria, como também dos nossos bens, ídolos e projetos. Jesus veio mostrar ao mundo uma nova maneira de ser valorizando o homem na sua dignidade, libertando-o de tudo o que possa escravizá-lo e dominá-lo. Para que nós possamos segui-Lo, nós precisamos nos sentir homens e mulheres livres de nós mesmos.

Muitas vezes, nós com a boca, professamos que cremos em Jesus e que desejamos segui-Lo, porém, não fazemos o cálculo de que isto implica em empreendermos uma guerra contra a nossa carne.

Por isso, nós fracassamos nos nossos propósitos. Nós precisamos ter convicção que a nossa opção de cristãos e de cristãs se fundamenta na vivência da mensagem evangélica do amor.

Quem ama é livre das condições, é livre das circunstâncias, é livre das pessoas. Ama, porque ama com o amor de Jesus. A Cruz é decorrente da nossa vivência do amor, porque amar nos traz consequências. Não é fácil amar nem tampouco é fácil assumir os encargos que o amor nos propõe.

Sentar-se para “calcular os gastos” e ou “examinar as condições” é entregar-se à ação do Espírito Santo que é quem nos capacita a deixarmos tudo e seguirmos a Jesus Cristo como discípulos seus.

Assim sendo, quando Jesus nos diz “se alguém vem a mim”, Ele quer nos dizer, se “você quer me seguir você deverá viver a lei do amor; você terá que amar como eu amo; viver como eu vivo; sofrer como eu sofro; pensar como eu penso.”

A renúncia maior há de ser do nosso jeito de olhar as coisas, de julgar e de encarar as pessoas, de nos desapegar dos conceitos adquiridos durante a nossa caminhada de vida, consequência da nossa criação, cultura etc.

A renúncia a tudo que não combina com o pensamento evangélico e o desapego das coisas e das pessoas, é, portanto, o fundamento para que o reino dos céus viva em nós e Jesus seja o nosso Rei, Senhor e Mestre. Do contrário, estaremos construindo na areia e nunca seremos considerados discípulos e seguidores de Jesus.

Você tem muitos planos? Você já fez os cálculos, do que terá de abdicar para que Jesus seja o seu Mestre? Você é uma pessoa muito arraigada às suas idéias e pensamentos? Você tem procurado amar como Jesus amou? Você tem assumido a sua Cruz?

O seguimento de Jesus é como uma pedra no sapato. Faz-nos parar pelo caminho e examinar o que nos impede de prosseguir. Obriga-nos a pensar se o caminho vale a pena, se é o mais adequado, o ideal. O seguimento de Jesus possui exigências que libertam as pessoas das cargas inúteis e excessivas; apenas que requer e exige absoluta liberdade.
O evangelho de hoje nos recorda as exigências do seguimento. Seguir Jesus pode "mortificar", causar incômodos, mas, no fundo, que ajuda o discípulo a estar disponível para caminhar com ele. Por isso o mais oportuno é não levar muitos calçados para o caminho, acumulando bens inúteis, nem carregar muitas bolsas, pois o bem maior é Deus. Não precisa levar companhia, porque na comunidade de irmãos encontrará amizade e apoio.
Vendo assim as coisas, o caminho deve ser empreendido na mais completa liberdade, com os braços abertos para ir ao encontro do irmão, e com os pés descalços para estar no mais completo contato com a realidade. Carregar a própria cruz é sinal da aceitação de um caminho que pode conter sofrimento, solidão e morte, mas que, seguindo Jesus, alcança a vida plena.

Propósito:

Pai, reforça minha disposição a ser discípulo de teu Reino, afastando tudo quanto possa abalar a solidez de minha adesão a ti e a teu Filho Jesus.



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