12/11 – São Josafá (o Bispo da Unidade)
Josafá (João Kuncevicz) nasceu em
Wladimir (Ucrânia), no ano de 1580, numa família de ortodoxos, ou seja, ligados
à Igreja Bizantina e não à Igreja Romana.
Com
a mudança de vida mudou também o nome para Josafá, pois era comerciante até
que, tocado pelo Espírito do Senhor, abraçou a fé católica e entrou para a
Ordem de São Basílio, na qual, como monge desde os 24 anos, tornou-se apóstolo
da unidade e sacerdote do Senhor. Dotado de muitas virtudes e dons, foi
superior de vários conventos, até tornar-se Arcebispo de Polotsk em 1618 e
lutar pela formação do Clero, pela catequese do povo e pela evangelização de
todos.
São
Josafá, além de promover com o seu testemunho a caridade para com os pobres,
desgastou-se por inteiro na promoção da unidade da Igreja Bizantina com a
Romana; por isso conseguiu levar muitos a viverem unidos na Igreja de Cristo.
Os que entravam em comunhão com a Igreja Romana, como Josafá, passaram a ser
chamados de “uniatas”, ou seja, excluídos e acusados de maus patriotas e
apóstolos, segundo os ortodoxos. Aconteceu que numa viagem pastoral, Josafá,
com 43 anos na época, foi atacado, maltratado e martirizado. Após ser
assassinado, São Josafá foi preso a um cão morto e lançado num rio. Dessa
forma, entrou no Céu, donde continua intercedendo pela unidade dos cristãos,
tanto assim que os próprios assassinos mais tarde converteram-se à unidade
desejada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
São
Josafá, rogai por nós!
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 17,7-10
"Jesus disse:
-
Façam de conta que um de vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou
cuida das ovelhas. Quando ele volta do campo, será que você vai dizer:
"Venha depressa e sente-se à mesa"? Claro que não! Pelo contrário,
você dirá: "Prepare o jantar para mim, ponha o avental e me sirva enquanto
eu como e bebo. Depois você pode comer e beber." Por acaso o empregado
merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? Assim deve ser com vocês.
Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: "Somos empregados que não
valem nada porque fizemos somente o nosso dever.""
Meditação:
Esse evangelho, principalmente nas primeiras linhas, gera em nós
certo desconforto se for lido de maneira racional, mas não podemos deixar de
lembrar que o momento e a situação eram norteados por uma cultura diferente da
nossa.
Jesus também não inaugurava nesse evangelho o positivismo
defendido pelos pensadores da idade moderna.
Ele não defendia a resignação mediante a situação patrão e
funcionário (servo), mas que cada um deveria entender e fazer o seu papel.
A parábola de hoje é o final de um grande bloco de recomendações que Jesus faz
a seus discípulos sobre as condições que devem ter para fazer parte da
comunidade dos crentes.
Jesus lhes diz que a graça não é fruto de recompensa, mas fruto da
entrega e do serviço aos demais.
Um efeito negativo do legalismo religioso em Israel é o tipo de pessoa que
gera: gente interesseira, que não pensa no valor de uma causa à qual se deve
entregar sem medidas, mas no estrito cumprimento da lei da qual depende seu
prêmio.
A mentalidade de Jesus era outra coisa diferente: estava absorvida pelo valor
da causa de seu Pai (a justiça e a misericórdia) e seu maior prêmio era servir
a esta causa.
Jesus queria contagiar desta mentalidade a seus seguidores. E na parábola do
servo infatigável praticamente resume sua própria vida: como a do servo que
depois de um trabalho (semear, arar), deve fazer ainda outro (servir à mesa).
Tudo isto lhe parece natural, e não exige recompensa nem melhor
trato porque sua causa é estar a serviço de seu senhor.
Bem diferente da mentalidade de quem está a serviço do poder e que espera
recompensa nesta mesma linha.
Quem está convencido de ser servidor da causa da justiça, não
estranha que esta causa lhe exija um serviço após o outro, nem que venha a
padecer carências em seu serviço. Ele não busca prêmios, quer apenas ser o
simples servidor de uma causa.
Nesta parábola exclusiva de Lucas temos um contraste entre um servo submisso e
seu patrão.
De início, os discípulos são convidados a se identificarem com o
patrão da parábola ("Se alguém de vós tem um servo...").
Na aplicação da parábola, os discípulos são identificados com o
servo (...dizei: "Somos simples servos...").
A parábola causa certo constrangimento pelas imagens usadas: por um lado o
senhor proprietário rural, prepotente e gozador, e, de outro lado, um servo
humilhado.
A parábola é composta com base em imagens do pequeno trabalhador que possui um
só escravo.
Ele faz parte da propriedade de seu senhor, muito distinto de
outros trabalhadores que eram contratados por um determinado tempo.
O relato começa com uma pergunta de Jesus que tem por finalidade conhecer a
realidade do escravo.
O regressar do duro trabalho do dia, cansado e faminto, não pode o
escravo pensar na comida ou no descanso.
Ao contrário, como escravo que é, recebe outra tarefa: servir seu senhor. Uma
vez cumprida essa ordem, quando o senhor não tem mais o que mandar, pode ele
também comer e beber.
Esta é uma realidade comum nas sociedades de classes, onde as elites
privilegiadas exploram e humilham os pobres pequeninos e despojados de tudo.
No ambiente religioso do judaísmo no tempo de Jesus, a parábola pode exprimir a
relação entre a Lei opressora e o fiel oprimido, com sua obediência cega.
A parábola nos descreve a atitude que o homem deve ter perante Deus. Servimos a
Deus com humildade, sabendo que não somos indispensáveis.
Tudo o que recebemos dele é graça e toda nossa vida deve ser uma resposta
agradecida a seus dons e não uma busca de recompensa, que em todo caso seria
sempre sem merecimento.
Com esta parábola, Jesus se opõe à mentalidade dos fariseus que pensavam que,
cumprindo a lei, obrigavam a Deus a premiá-los por seu comportamento.
Entretanto, Jesus pensa que os dons de Deus ao servo cumpridor não
são um direito que se pode reivindicar, mas um dom gratuito, porque a
consciência do dever cumprido é uma recompensa suficiente.
O evangelho nos recorda que somos seguidores, discípulos do Senhor. Apesar de
que os projetos, tarefas e atividades que realizamos diariamente estejam cheios
de triunfos e reconhecimentos, não é a nós mesmos quem anunciamos, mas a Jesus
e o Reino de Deus.
A vida de Jesus foi toda dedicada ao serviço aos pobres e excluídos, culminando
com o lava-pés dos discípulos na última ceia. Por Ele, somos convidados a
assumirmos esta prática de serviço.
Somos simples servos inúteis que fazemos o que temos que fazer. Não podemos nos
vangloriar pelo trabalho realizado, mas sermos humildes e não propagar o que
fazemos buscando o favor dos demais; temos que recordar sempre que nada do que
fazemos pelo Senhor será suficiente para recompensar o que Ele faz por nós
Reflexão Apostólica:
Enfrentamos em nossas comunidades, no nosso
trabalho, em sociedade um momento podemos chamar de “Pilatos”.
As pessoas não se atrevem a mudar a realidade
ao seu redor mesmo que ela (a situação) esteja errada ou parcialmente equivocada.
Elas cada vez mais as pessoas estão “lavando as mãos” aos problemas.
Ficam paulatinamente cegas aos problemas que
acontecem ao seu redor, passando a se interessar apenas pelos seus. Essa nova
forma de egoísmo tem conseguido atingir quem deveria estar dando o exemplo da
união – os servos.
Mesmo a morte de cruz sendo o desígnio de
Jesus, Pilatos sabia que Ele não havia feita nada de errado, por que então nada
fez? Foi avisado por sua esposa, mas por que endureceu seu coração?
E hoje, por que nossas lideranças, amigos,
líderes têm fugido da correção fraterna? Por que é que cada um tem vivido uma
igreja e esquecido que na realidade fomos chamados a sermos um?
A igreja não cresce pela fala ou talento de
um “JACÓ”, de um Grupo, de uma Pastoral, um Movimento, mas pelo empenho de nos
mantermos unidos e com apenas um objetivo.
Deus nos constituiu comunidade, mas esse
grupo de pessoas que convivem e congregam de um mesmo objetivo devem amadurecer
a idéia de crescer.
Uma comunidade seja ela na igreja, no
trabalho, na família, só se desenvolve quando cada membro toma posse da
maturidade.
Amadurecemos na vida cristã quando entendemos
o nosso papel em relação a nós e principalmente aos outros e só assim poderemos
de fato exercer, na fé e na ação conclamadas por são Tiago, a missão a que
fomos chamados (as).
Somos agora empurrados por algo sobrenatural
que é maior que todos nós – O amor de Deus.
Sim, somos empregados, mas o nosso Deus não é
um feitor ou um capitão do mato. Não é um Deus que persegue, maltrata ou que
encheria alguém de privilégios.
Nosso Deus, é um Deus do silêncio; que pede para não aparecer mesmo fazendo
mudanças e milagres em nossas vidas; é um Deus que mesmo conhecendo nossa
natureza fraca e movida por interesses confia em nossa vontade de mudar, de
crescer, (…); mas mesmo Ele sendo tão bom e compassivo, precisamos entender que
cada um tem o seu lugar.
Não posso tratar a Deus como “meu chapa” e
viver uma vida medíocre repleta de inveja, desamor, ganância, orgulho, ódio,
hipocrisia (…).
Se cada um soubesse o seu lugar e
desempenhássemos o nosso papel, sem lavar as mãos, teríamos com certeza uma
comunidade, um mundo, um planeta, mais fraterno.
Propósito:
Pai,
reconhecendo-me servo inútil, quero esforçar-me para ser justo e misericordioso.
Somente assim serei agradável a ti.
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