09/11
– São Teodoro (Soldado)
São
Teodoro, foi um soldado que acabou sendo decapitado na Província do Ponto por
confessar a fé cristã. Era já venerado no século IV. Achaita (Tchorum,
Turquia), onde se encontra o seu túmulo, atraiu durante muito tempo os peregrinos.
Com
São Jorge e São Demétrio, é um dos “três grandes soldados mártires”, para os
orientais.
São
Teodoro, rogai por nós!
Leitura do santo Evangelho segundo São João 2,13-22
13Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus
subiu a Jerusalém. 14No Templo, encontrou os vendedores de bois,
ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15Fez
então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e
os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16E
disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai
uma casa de comércio!” 17Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que
a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. 18Então
os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostra para agir assim?” 19Ele
respondeu: “Destruí este Templo, e em três dias o levantarei”. 20Os
Judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste
santuário e tu o levantarás em três dias?” 21Mas
Jesus estava falando do Templo do seu corpo. 22Quando
Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e
acreditaram na Escritura e na palavra dele.
Meditação:
O
Evangelho de João refere-se à festa da Páscoa, no Templo de Jerusalém, como
sendo "dos judeus", situando Jesus à parte. No Templo se sacrificavam
as oferendas trazidas pelos peregrinos, que eram muitas. O Templo era a sede do
poder religioso, político e econômico, lugar onde se reunia o Grande Conselho
(Sinédrio) e se guardava dinheiro. Jesus encontrou no Templo os vendedores e os
cambistas de moedas. Não encontrou pessoas que buscassem a Deus, apenas o
comercio.
A
festa se converte em um meio de lucro para os dirigentes, pois o culto
proporcionava enormes riquezas para a cidade. Trocando a moeda pagã pela moeda
do Templo, era possível comprar e vender animais para sacrifício. A reação de
Jesus em expulsar os mercadores é a denúncia de um sistema que substitui o Deus
do Templo pelo deus do comércio e do dinheiro.
O
culto se converteu em um pretexto para buscar riquezas e essa não é sua função.
A reação dos judeus é perguntar por um sinal, e Jesus se remete à Ressurreição,
onde o Templo é ele mesmo, presença visível de Deus. Somente quanto Ele
ressuscitou seus discípulos conseguiram entender suas palavras.
Esta
é outra história de novidade ou transformação. O próprio Templo será
substituído. Destruído em 70 d.C. pelos soldados do exército romano de Tito,
seu lugar como centro de culto e sacrifício, o local da presença de Deus e o
símbolo de sua fidelidade, será ocupado pelo corpo ressuscitado de Cristo. A
destruição do material do Templo foi um desastre acabrunhador para Israel. Para
os cristãos judeus, a perda foi suavizada pela teologia joanina do
Cristo-templo, que Paulo já ampliara para uma doutrina do cristão-templo (1Cor 6,19).
Essa
purificação do material do Templo lembra-nos o tipo de atos simbólicos
representados pelos profetas; de fato, a maneira de Jesus tratar o Templo,
nessa ocasião, assemelha-se à de Jeremias (Jr 7). A ação, embora não seja um
milagre, é um sinal, sinal duplo. O Templo, que logo seria destruído, precisava
de purificação. E sua função seria substituída pelo corpo ressuscitado de
Cristo.
Jesus
vai a Jerusalém no tempo da Páscoa (v. 13) no início de seu ministério. Isso
contrasta com os outros Evangelhos, nos quais Jesus vai a Jerusalém apenas uma
vez e, então, bem no fim de seu ministério. Com respeito a múltiplas visitas, é
provável que, historicamente, João esteja mais correto.
Nosso
autor tem muito mais interesse em Jerusalém que os outros evangelistas,
indicação de que suas raízes estão mais voltadas para Jerusalém do que para a
Galiléia.
Entretanto,
é provável que a purificação do Templo tenha ocorrido quase no fim da vida de
Jesus, como os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) indicam, sendo a última gota
que levou é condenação de Jesus. João pode ter transferido a história para a
fase inicial da vida de Jesus porque ela se adapta tão bem a seu tema de
“novidade” e porque pretende que a ressurreição de Lázaro seja o incidente que
leve à crucifixão.
A
menção de “quarenta e seis anos” no versículo 20 é uma das mais claras
indicações cronológicas dadas nos evangelhos (cf. Lc 3,1 para outra). A atual
construção, terminada no início dos anos 60, foi iniciada por Herodes em 20-
Finalmente,
há quatro peculiaridades joaninas que aparecem pela primeira vez nesse
incidente:
b)
Encontramos nos versículos de
c)
O versículo 22 conta-nos que muitas das palavras e ações de Jesus não foram
entendidas durante si vida e se tornaram inteligíveis somente �
luz de si ressurreição. É dessa perspectiva que nosso evangelista escreve.
d)
Por fim, no versículo 23, João fala dos muitos que creram porque viram os
sinais que Jesus operei. Aqui devemos ser cautelosos. Nesse e nos versículos
seguintes, João não está falando de uma fé profunda e vivível; está falando da
fé inicial dos que simplesmente vêem os sinais. Não são os que vêem que tornam
verdadeiros discípulos, mas os que entendem. No incidente que se segue, veremos
um homem atraído por sinais (3,2), mas que não compreende que eles significam.
Com
Jesus a presença de Deus não está no Templo, mas sim no próprio Jesus e em cada
membro da comunidade (segunda leitura) que vive o serviço e a partilha, com
amor e misericórdia.
No
evangelho refletimos que, por ocasião da expulsão dos vendedores de dentro do
templo, Jesus pronuncia a palavra-chave para compreendermos toda esta
simbologia sobre nossa pertença ao corpo místico de Cristo. Respondendo aos
judeus que o interpelavam porque não permitirá o comércio dentro do templo, ele
disse: Destruí este templo, e eu o reerguerei em três dias. E a comunidade de
João acrescentou esta reflexão: Ele falava do templo do seu corpo.
Cristo
ressuscitado é a Cabeça de sua Igreja. Nós somos seus membros. Será sempre
através de Cristo, ao mesmo tempo sacerdote e vítima, que celebraremos o
memorial da paixão e morte de Cristo, renovada a cada missa. Nesta renovamos a
aliança com o Pai, cujo penhor é o sangue de Cristo.
Nesse
sentido, Pedro, em sua 1ª carta 2,4-5, apresenta-nos de maneira original esta
idéia: Achegai-vos a Cristo, pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida
e preciosa aos olhos de Deus; e quais outras pedras vivas, vós também vos
tornais o material desse edifício espiritual, um sacerdócio santo, para
oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.
Essa
mesma idéia de Pedro foi desenvolvida na carta de Paulo aos Coríntios: Vos sois
o edifício de Deus... Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de
Deus habita em vós?... O templo de Deus é sagrado – e isto sois vós.
Ora
essa consagração provém do nosso batismo. Somos, portanto, santos e tudo o que
fazemos (menos o pecado) tem valor, agregado ao sacrifício espiritual oferecido
junto com a vítima, Jesus Cristo, ao Pai, uma só vez, e renovado a cada missa.
Por
isso nossa celebração da missa (nós somos celebrantes da missa juntamente com
sacerdote que é o presidente!) não termina ali. Estende-se até nossa casa,
trabalho, nosso dia-a-dia. Enfim não existe separação entre sagrado e profano.
É tudo sagrado!
Todas
essas meditações nos devem levar a uma vivência de misericórdia, de amor para
com os irmãos. Pois foi isso que ele fez, quando se reergueu da morte e voltou
à vida. É nosso reerguimento que Deus espera de nós. Pois ele não olha para
nossos pecados, mas sim para nosso coração, ao nos levantarmos de nossos erros.
Reflexão Apostólica:
Deus, o aliado dos sofredores empobrecidos, sempre denunciou, por meio dos
profetas, a exploração da religião. Ele é o Deus que ouve o clamor dos marginalizados.
Mas a teologia veiculada pelo templo de Jerusalém afirma o contrário. Para ser
ouvido, Deus precisa ser comprado por meio de sacrifícios. Mais ainda: Deus
precisa ser comprado por “dinheiro limpo”. A ira de Jesus tem toda razão de
ser.
O gesto de expulsar os comerciantes do templo suscita duas reações. A primeira
vem dos discípulos. Para eles, Jesus seria um reformador da instituição. E até
se cita a Bíblia: “O zelo por tua casa me consome” (v. 17; Sl 69,10).
Logo adiante (vv. 21-22), João afirma que os discípulos, após a ressurreição de
Jesus, redimensionam seus conceitos a respeito de seu mestre. Ele não é um
reformador do templo, mas aquele que, em seu corpo, o substitui. O corpo de
Jesus, sua humanidade, é o lugar de encontro entre Deus e a humanidade.
A segunda reação vem dos dirigentes, exatamente os que se sentem lesados pelo
gesto de Jesus de acabar com o comércio no templo. Eles o querem intimidar:
“Que sinal nos mostra para agir assim?” (v. 18). Jesus responde, dizendo que
sua morte e ressurreição serão o grande sinal: “Destruam este templo, e em três
dias eu o levantarei” (v. 19). Temos aqui o centro do evangelho deste dia.
Jesus não só aboliu os sacrifícios do templo de Jerusalém, mas também decretou
que o fim do templo já chegou. É por meio do seu corpo, morto e ressuscitado,
que o povo se encontra com Deus para celebrar a Páscoa da libertação.
A essa altura, o Evangelho de João já aponta para os responsáveis pela morte de
Jesus. E, na frase do v. 19, está embutida uma condenação dos que tentam
destruí-lo: eles não estão preocupados com a vida. Pelo contrário, estão
comprometidos com a morte. É como se Jesus dissesse: “Vocês, de fato, vão
destruir este templo”, referindo-se ao corpo dele. Aí está implícita a acusação
de que as lideranças daquele tempo estavam envolvidas com um sistema que gera a
morte do povo.
A reação de Jesus diante dos vendedores e cambistas que comerciavam dentro do
templo de Jerusalém, serve para nós como uma exortação para que não façamos das
coisas de Deus, cabide para dar suporte aos nossos interesses.
Ao
mesmo tempo em que nós devemos respeitar a casa de Deus como um lugar sagrado,
de recolhimento e oração, nós também precisamos fazer do nosso interior um
templo sagrado onde habita Deus.
Assim
como Jesus expulsou os vendilhões do templo, nós também com toda determinação
necessitamos expulsar do nosso coração tudo o que possa fazer do nosso interior
numa casa de comércio, onde paire os pensamentos maus, interesseiros e as más
intenções. “O zelo por tua casa me consumirá”.
Precisamos
repetir isto ao Senhor a todo o momento. O cuidado que devemos ter com a nossa
morada interior aonde Deus habita deve consumir os nossos dias.
Não
podemos em nenhum momento relaxar na vigilância diante do que nós falamos, do
que nós pensamos ou imaginamos, assim como também, a tudo que possa corromper a
nossa consciência.
Reflexão
pessoal: O que tem ocupado os seus pensamentos? As sugestões que partem do seu
interior têm sido salutares para a sua vida e a dos seus irmãos? Você guarda
ódio e ressentimentos? Você tem um coração alegre e confiante em Deus?
Propósito:
Senhor
Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo
reconhecer as exigências práticas da minha fé.
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