02/10 – Santo Anjo da Guarda
Acreditamos, com a Igreja, que no dia do batismo,
cada cristão é confiado a um Anjo que o acompanha e o guarda em sua caminhada
para Deus, iluminando-o e inspirando-o. Quem de nós não aprendeu, desde
pequeno, aquela oração ao Santo Anjo da Guarda:
” Ó santo Anjo da minha guarda, se a ti me confiou
a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe, me ilumine, Amém. Na
Liturgia da Festa dos Santos Anjos da Guarda, a Igreja implora a sua proteção:”
Ó Deus, que na vossa misteriosa providência mandai os vossos anjos para
guardar-nos, concedei que nos defendam de todos os perigos e gozemos
eternamente do seu convívio.” (Oração do dia).
” Acolhei, ó Deus, as nossas oferendas em honra dos
santos anjos e fazei que, velando sempre ao nosso lado, nos guardem dos perigos
desta vida e nos levem à vida eterna. (Oração sobre as oferendas). ” Ó Deus,
que alimentais com tão grande sacramento a nossa peregrinação para a vida
eterna, guiai-nos por meio dos vossos anjos, no caminho da salvação e da paz.”
(Oração depois da Comunhão).
A Igreja reza conforme ela crê (Lex orandi, lex
credendi). Pelas orações acima, oficiais em nossa liturgia, vemos que a Igreja
não tem dúvida sobre a existência e ação dos anjos. Quem negar isto se põe, voluntariamente,
fora dos ensinamentos e da fé da Igreja, e deixa de ser plenamente católico.
Embora o Magistério da Igreja não tenha definido como dogma de fé a tutela dos
anjos sobre os homens, alguns santos doutores da Igreja afirmaram a mesma
concepção judaica de que o povo de Deus, as dioceses, as nações, etc., e cada
pessoa tem um anjo protetor particular. Não há porque não aceitar tal
concepção. São Basílio Magno (330-369) afirmou que” cada fiel é ladeado por um
anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida” (Eun. 3,1).
Na Festa do Anjo da Guarda (2 de outubro), a Igreja
põe diante dos nossos olhos o texto do Êxodo que diz:
” Assim diz o Senhor: Vou enviar um anjo que vá à
tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei.
Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as
vossas transgressões e nele está o meu nome. Se ouvires a sua voz e fizeres
tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus
adversários. O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus,
dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos hebreus e dos jebuzeus, e eu os
exterminareis. (Ex 23,20-23).
Aproveitemos esta importante data, em que a nossa
Igreja comemora a Festa do nosso Santo Anjo da Guarda, para rezarmos:
Ó Santo Anjo de minha guarda, cuja proteção com
admirável providência me encomendou o Altíssimo desde o primeiro instante de
minha vida, dou-vos graças pelos cuidados que tivestes por mim, por me haverdes
livrado dos perigos espirituais e corporais. A vós me recomendo de novo, ó meu
glorioso protetor, defendei-me dos perigos e ajudai-me com as vossas santas
inspirações, para quem sendo fiel a elas, consiga viver santamente neste mundo
e gozar depois da vossa companhia na pátria celestial. Amém.
Cada hora que soa é um passo a menos que temos de dar. Coragem!
O nosso bom anjo será o nosso guia. (L 42). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 18,1-5.10
"Naquele momento os discípulos chegaram perto de
Jesus e perguntaram:
- Quem é o mais importante no Reino do Céu?
Jesus chamou uma criança, colocou-a na frente deles e disse:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês não mudarem de vida e não ficarem
iguais às crianças, nunca entrarão no Reino do Céu. A pessoa mais importante no
Reino do Céu é aquela que se humilha e fica igual a esta criança. E aquele que,
por ser meu seguidor, receber uma criança como esta estará recebendo a mim.
- Cuidado, não desprezem nenhum destes pequeninos! Eu afirmo a vocês que os
anjos deles estão sempre na presença do meu Pai, que está no céu."
Meditação:
Os discípulos de Jesus que estavam sob a
influência da doutrina do judaísmo não conseguiam se libertar da ideologia
tradicional do messias glorioso, e viam Jesus como tal.
Mais de uma vez os evangelistas narram a
aspiração deles por serem os maiores ou assumirem posições de poder. Tal
postura é comum nas sociedades competitivas e individualistas, onde se busca a
ascensão para junto dos poderosos. Jesus tenta de várias maneiras demovê-los de
tal compreensão.
Mateus, no capítulo dezoito de seu evangelho, apresenta um conjunto de textos
que orientam os discípulos para assumirem disposições e práticas de bom
convívio comunitário e eclesial.
O conjunto é introduzido pelo debate dos discípulos sobre quem seria o maior.
Removendo a ideologia de poder que os inspira, Jesus apresenta-lhes o modelo a
ser seguido: uma criança.
Quem é o mais importante no Reino do Céu? Ante a pergunta do discípulo, em três
partes Jesus divide o seu discurso. Primeira: Desmonta as grandezas dos
pensamentos dos seus discípulos.
O Evangelho conclui falando ainda que Deus se
agrada mais de um pequenino que é resgatado, do que de 99 que não precisaram
ser resgatados. Eis uma boa pista para quem quer agradar a Deus e garantir um
bom lugar no Reino dos Céus. Ir ao encontro do irmão, da irmã, do filho, da
filha, do marido ou esposa que qual ovelha perdida anda longe do rebanho e até
mesmo fora de si mesmo.
Jesus dividiu o seu discurso em três partes bem claras. Primeiramente Ele tira
a vontade dos discípulos serem grandes.
A razão é simples. É que o Reino dos Céus é
daqueles que se fazem pequeninos. Assim, todo o atentado contra eles não se
deixará impune, ao ofensor.
Deus manifesta a grande alegria que sente ao
reencontrar um pequenino que estava perdido, um filho que estava morto e que
agora ressuscitou, vive. Esta mensagem é para mim e para ti que somos os
discípulos de hoje.
Temos de nos mover dos conceitos que formamos sobre nós mesmos criados pelas
posições que ocupamos dentro da Igreja, que muitas vezes nos leva a nos
considerarmos os melhores de todos e por isso merecedores de um lugar de
destaque e consequentemente superiores, para uma posição de igualdade aos
pequeninos. Ao invés de valorizarmos o poder, a vaidade, Jesus leva a nos
colocarmos à disposição como servidores dos outros.
Portanto, a lição prática que podemos levar conosco para a nossa vida hoje e
sempre:
1) A humildade e simplicidade, ingenuidade no pecado e pureza do coração representados pela criança símbolo dos órfãos, excluídos, pobres e marginalizados pela sociedade;
2) A acolhida que se deve dar a estes excluídos condenados à comer o pão que o diabo amassou ou seja acolhida aos pequeninos;
3) Não só acolher mas (e sobretudo) sair em busca dos pequeninos que se perderam e resgatá-los.
Reflexão Apostólica:
Dizem que quando envelhecemos nos tornamos
crianças. De certa forma, sim. Dificuldade de locomoção que nos dificulta tomar
um banho, dependência dos outros para quase tudo, fraqueza da memória, acaba a
sexualidade, ouvimos, entendemos, e escutamos mal. Em certos aspectos até que
parecemos uma criança, mais em outros, nem pensar.
Na inocência, não. Carregamos conosco o peso de todas as nossas aventuras da
juventude, o peso dos pecados os quais não nos arrependemos, pelo contrário,
até nos vangloriamos quando estamos entre amigos e nos esquecemos que somos
cristãos.
Mas Jesus hoje está nos dizendo que "se não vos transformardes e vos
tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus."
Isso é o mesmo que dizer: Temos que nos tornar humildes, Inocentes, de coração
puro sem mágoas e sem rancores, sem desejos de vingança, sem apego aos bens
materiais, sem nenhuma maldade para com o próximo, sem pecar contra a
castidade, em fim, como uma criança. Será que vamos conseguir este estado
de espírito? Talvez fosse melhor a gente começar agora uma espécie de
preparação, de treinamento, de conversão, mesmo porque não sabemos a hora que
vamos dessa vida para a última fase da nossa existência.
Começar neste exato momento a mudar o nosso esquema mental, convencidos de que
não somos deste mundo.
Estamos aqui de passagem, somos como que acampados em um lugar qualquer deste
mundo, e um dia sem menos esperar, partiremos, sem estar preparados para a
outra fase da nossa existência, que é o Reino dos céus.
Vamos por a mão consciência. Cedo ou tarde teremos de enfrentar a realidade da
outra vida. E é bom estarmos preparados para ela.
Na verdade não a merecemos. Pela graça de Deus, poderemos estar salvos, e fazer
parte das maravilhas eternas. Portanto, vamos fazer de tudo para estar menos
indignos de receber o perdão de Deus.
ORAÇÃO
Pai, poupa-me de cair na tentação de querer
fazer-me grande aos olhos do mundo, pois a verdadeira grandeza consiste em
fazer-me amigo e servidor do meu próximo.
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