31 julho - Recomendo-vos a obediência! Tende grande estima por
essa virtude: ela vos fará ricos em méritos para o Céu. (S 354). SÃO JOSE
MARELLO
Mateus 13,31-35
"Jesus contou outra parábola. Ele disse ao povo:
- O Reino do Céu é como uma semente de mostarda, que um homem pega e semeia na
sua terra. Ela é a menor de todas as sementes; mas, quando cresce, torna-se a
maior de todas as plantas. Ela até chega a ser uma árvore, de modo que os
passarinhos vêm e fazem ninhos nos seus ramos.
Jesus contou mais esta parábola para o povo:
- O Reino do Céu é como o fermento que uma mulher pega e mistura em três
medidas de farinha, até que ele se espalhe por toda a massa. Jesus usava
parábolas para dizer tudo isso ao povo. Ele não dizia nada a eles sem ser por
meio de parábolas. Isso aconteceu para se cumprir o que o profeta tinha dito:
"Usarei parábolas quando falar com esse povo e explicarei coisas
desconhecidas desde a criação do mundo.""
Mais uma vez Jesus recorre ao uso das parábolas, definidas como história terrestre, possível de acontecer, com sentido celestial.
Em várias
delas o mestre ora usa os verbos no passado, ora no presente e ora ainda no futuro,
mas em todos os casos com a mesma finalidade: falar ao fundo do nosso ser,
alheios ao que ocorre na superfície da nossa vida ou no fluir dos
acontecimentos que nos rodeiam. Dirigidas quer aos eruditos quer aos
ignorantes; quer aos modernos quer aos antiquados.
As
parábolas desafiam a ordem estabelecida, as estruturas sociais e os sistemas de
contra valores. Desmascaram a vida injusta cotidiana. São um espelho. Através
delas, o ouvinte vê a si próprio como é, e não como pretende ser.
Elas
forçam o ouvinte a reavaliar as pautas do próprio comportamento, pensamento e
emoções. Sacudem-nos, induzindo-nos a reformar-nos e a renovar-nos.
Tiram-nos
do engano a respeito de nós mesmos e da falta de verdadeiros propósitos.
Dizem-nos o que se deve e o que não se deve aceitar. Manifestam a fidelidade
definitiva de Deus que é amor e, como tal, resposta para todos os conflitos
humanos.
Hoje Mateus nos apresenta duas parábolas que fazem parte do conjunto de sete
presentes no capítulo 13 de seu Evangelho.
A intenção fundamental de Jesus é salientar a presença pouco percebida do Reino
de Deus no mundo, porém real, efetiva e em processo de crescimento.
O grão de
mostarda semeado e o fermento na massa são expressões do Reino de Deus,
realmente presente no mundo, na sua dimensão de humildade e simplicidade. Não
como afirmação de poder, com ostentações de construções, rituais ou roupagens,
mas pela transformação dos corações e das relações pessoais, no amor e na
justiça, fundamentos do mundo novo querido pelo Pai.
Em
chocante contraste, vemos o país mais rico e poderoso do mundo que fala em nome
da civilização cristã, contudo se destaca pela idolatria do dinheiro e por sua
capacidade destrutiva.
Jesus nos
desperta para percebermos a presença do Reino nas multidões dos filhos de Deus,
empobrecidos e excluídos, nas suas adversidades e privações, mas também em suas
alegrias e esperanças, onde o amor, como um fermento na massa, está presente.
Fazendo um resumo diríamos que as duas parábolas são elaboradas a partir de
imagens do ambiente familiar: um homem em seu campo e uma mulher em sua casa
preparando o pão.
Na
primeira parábola são relativizadas as esperanças messiânicas de Israel como
poderoso centro das nações, tomando-se como referência o pequeno grão de
mostarda plantado por um camponês.
Na
segunda, com a mulher que coloca o discreto fermento na massa de farinha,
levedando-a, temos o fermento do amor, que se diferencia do fermento da
hipocrisia dos fariseus, sobre o qual Jesus adverte seus discípulos (Lc 12,1).
Portanto, em ambas, revela-se o Reino de Deus, realmente presente no mundo, na
sua dimensão de humildade e simplicidade. Não como afirmação de poder, mas pela
transformação dos corações e das relações pessoais, no amor e na justiça,
fundamentos da nova sociedade possível.
Reflexão Apostólica:
A nossa
vida de fé é um processo de maturação espiritual que encontra seu início nas
águas do Batismo e deve crescer durante toda nossa vida apesar de todas as
dificuldades que marcam a existência humana.
Este
crescimento deve acontecer constantemente. Deve ser uma busca cada vez maior da
perfeição, conforme nos diz o próprio Jesus: “Sede perfeitos como vosso Pai que
está nos céus é perfeito”.
O modelo
para nós de perfeição é o próprio Jesus, e é por isso que São Paulo nos exorta
ao crescimento até atingirmos a estatura de Cristo. O amor nos leva ao
crescimento, já que a caridade é o vínculo da perfeição e quem ama permanece em
Deus.
Existem em
nossa caminhada (profissional, sentimental, espiritual) decisões a serem
tomadas e dentre elas: Aonde quero chegar? Até onde posso ir? Pronto! Vou
comprar um livro de autoajuda! (risos)
Um amigo meu disse recentemente que os livros de autoajuda na verdade não se
adaptam a todas as pessoas, e sim a uma parcela pequena que consegue
transformar aquelas palavras, expressões e contextos motivacionais em coisas
palpáveis e aplicáveis no dia a dia. “O monge e o Executivo”, “Quem mexeu no
meu queijo”, “Pais brilhantes, filhos fascinantes”, dentre outros, são exemplos
de livros que nos revelam coisas que no fundo já sabemos, mas não dão respostas
as perguntas acima citadas. Mas por quê? Pois isso cabe a nós mesmos
decidirmos!
Até quando e até onde desejo crescer? “(…) Ela é a menor de todas as sementes;
mas, quando cresce, torna-se a maior de todas as plantas. Ela até chega a ser
uma árvore…”.
Reafirmando: Em qualquer uma das esferas (profissional, sentimental,
espiritual) é preciso, em um determinado momento, decidir até onde quero, devo
e como crescer. Um bom jardineiro que conheço diz que não devemos temer a poda.
Ficamos receosos em cortar algo que nos impede de crescer imaginando que nos
fará falta hoje no futuro e que no fim, apegados a ele, crescemos o suficiente
para virar um simples arbusto. Dizia ele também, que para engrossar e ganhar
volume era necessário cortar as folhas mais novas (olhos da planta) por um
período, mas se o objetivo fosse se impor, se destacar, aparecer sobre as
demais, que cortássemos os galhos mais baixos e se deixasse as folhas novas.
Usando a analogia: Querendo passar num vestibular, num concurso, arrumar um bom
emprego, terminar bem os estudos, crescer na espiritualidade, na fé, na
esperança, (…) não podemos temer as podas. Precisamos ser mais robustos, não
balançar com os ventos, (…); precisamos abandonar as vaidades, as pressões de
moda, tendências, egoísmos, (…). Precisamos de galhos (postura) fortes.
São
Gregório, segundo São Tomás de Aquino, dizia que “(…) sobre esses galhos
descansam as almas dos justos, que se elevam dos pensamentos mundanos com as
asas das virtudes e respiram longe dessas fadigas, recebendo as palavras e
consolos sobrenaturais”. O que torna minha decisão acertada ou não, é a
sabedoria que vem de algo maior que nós mesmos.
Um ponto importante a ser acrescido: A mulher do evangelho de hoje, segundo
santo Agostinho representa a sabedoria e as três medidas são os três graus de
caridade, representados como: “(1) Com todo o coração, (2) com toda a alma e
(3) com toda a inteligência”.
Sendo
assim, o adubo dessa mostarda depende de quanto me empenho de coração, de
espírito e do esforço com que busco meus objetivos. Não adianta reclamar que
nos faltam oportunidades, chances, (…) e que alguns são privilegiados em
detrimento a outros.
Sabemos
que pessoas em vários campos sociais, econômicos e profissionais têm sido
“vergonhosamente” favorecidas estando até, aos olhos do mundo, altas, mas no
que diz a construção do reino de Deus, são sementes que nem chegaram a germinar
e se não germina ainda não permitiu que o céu nascesse em si. “(…) O Reino do
Céu é como uma semente de mostarda…”.
Crescer robusto é a palavra de ordem. Isso se inclui até mesmo quando falamos
ou trabalhamos para Deus. Além de uma semente bem germinada é preciso aceitar
as podas (correção, estudo, aprofundamento, disciplina e muito joelho dobrado).
Se Deus quiser, e eu me empenhar em três medidas, poderei me tornar uma árvore
e então darei frutos, abrigo e transmitirei a paz.
Propósito: Descobrir os
sinais do Reino, no meio em que vivo.
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