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segunda-feira, 20 de maio de 2019

EVANGELHO DO DIA 26 DE MAIO - 6º DOMINGO DA PÁSCOA



26 MAIO - Paraíso! Ah! que essa palavra nos comunique aquela serenidade de espírito que transparecia no rosto de São Filipe Néri ao pronunciá-la! (L 52).São Jose Marello

DIA NACIONAL DE PEREGRINAÇÃO DAS FAMÍLIAS.
Leitura do santo Evangelho segundo São João 14,23-29

"Jesus respondeu: «Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que vocês ouvem não é minha, mas é a palavra do Pai que me enviou. Essas são as coisas que eu tinha para dizer estando com vocês. Mas o Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse».
«Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo. Vocês ouviram o que eu disse: ‘Eu vou, mas voltarei para vocês’. Se vocês me amassem, ficariam alegres porque eu vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Eu lhes digo isso agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês acreditem."

Meditação:
O livro dos Atos apresenta-nos novamente a controvérsia dos apóstolos com algumas pessoas do povo que diziam que os não-circuncidados não podiam entrar no reino de Deus.Os apóstolos descartavam o preceito judaico da circuncisão.
Esta se realizava após oito dias do nascimento da criança do sexo masculino. Dessa forma, asseguravam-se-lhe todas as bênçãos prometidas por ser um membro em potencial do povo eleito e por participar da Aliança com Deus. Todo varão não-circuncidado, segundo tal tradição, devia ser expulso do povo, do solo judaico, por não ter sido fiel à promessa de Deus (cf. Gênesis 17, 9 -12).
O ato ritual da circuncisão estava carregado – e ainda o está – de significado cultural e religioso para o povo judeu. Estava ligado também ao peso histórico-cultural de exclusão das mulheres, as quais não participavam de rito algum para iniciar-se na vida do povo: não eram consideradas cidadãs.
Para os cristãos, a circuncisão já não é nem será importante. Aqueles rito e tradição não mais vigoravam. Já não era necessário praticar ritos externos distanciados da justiça e di amor misericordioso de Deus. No cristianismo, homens e mulheres somos iguais, e no Batismo adquirimos todos a dignidade de filhos de Deus e membros do corpo de Cristo, que é a Igreja. Acreditamos sim que é necessário realizar uma constante “circuncisão do coração” (cf. Deuteronômio 10, 16) para que tanto homens como mulheres consigamos purificar-nos do egoísmo, do ódio, da mentira e de tudo aquilo que nos degenera.
O Apocalipse nos apresenta também uma crítica à tradição judaica que excluía pessoas. João viu em suas revelações a nova Jerusalém que baixava do céu e que estava enfeitada para seu esposo, Cristo ressuscitado. Esta nova Jerusalém é a Igreja, triunfante e imaculada, fiel ao Cordeiro e não se deixou levar pelas estruturas que muitas vezes geram a morte. Aqui está a crítica do cristianismo ao judaísmo que se deixou monopolizar pelo Templo, na qual os varões, e entre estes especialmente os protegidos pela Lei, eram os únicos que podiam relacionar-se com Deus; um Templo que sinal de exclusão para as pessoas simples do povo e os não-judeus.
A Nova Jerusalém que João descreve em seu livro não necessita de templo, porque o próprio Deus estará lá, manifestando sua glória e seu poder no meio dosa que lavram suas vestes no sangue do Cordeiro. Não haverá mais exclusão – nem puros nem impuros –, porque Deus será tudo em todos, sem distinção alguma.
No evangelho de João, Jesus, dentro do contexto da Última Ceia e do grande discurso de despedida, insiste no vínculo fundamental que deve prevalecer sempre entre os discípulos e ele: o amor. Judas Tadeu fez uma pergunta a Jesus: “Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?”.Obviamente, Jesus, sua mensagem, seu projeto do reino, são para o mundo; mas não nos esqueçamos que para João a categoria “mundo” é todo aquele que se opõe ao plano ou o querer de Deus e, portanto, rejeita abertamente a Jesus; logo, o sentido que dá João à manifestação de Jesus é uma experiência exclusiva de um reduzido número de pessoas que devem ir adquirindo uma formação tal que cheguem a se assemelhar a seu Mestre e sua proposta, mas com o fim de ser luz para o “mundo”; e o primeiro meio que garanta a continuidade da pessoa e da obra de Jesus encarnado numa comunidade ao serviço do mundo, e o amor. Amor a Jesus e a seu projeto, porque aqui se fala necessariamente de Jesus e do reino como uma realidade inseparável.
Agora bem, Jesus sabe que não poderá estar por muito tempo acompanhando seus discípulos; mas também sabe que há outra forma não necessariamente física de estar com eles. Por isso, prepara-os para que aprendam a experimentá-lo não já como uma realidade material, mas em outra dimensão na qual poderão contar com a força, a luz, o consolo e serem guiados necessários para manter-se firmes e afrontar o caminhar diário na fidelidade. Promete-lhes pois, o Espírito Santo, ele, alma e motor da vida e de seu projeto, para que acompanhe o discípulo e a comunidade.
Finalmente, Jesus entrega a seus discípulos o dom da paz: “minha paz lhes deixo, dou-lhes minha paz” (v. 27); testamento espiritual que o discípulos terá de buscar e cultivar como um projeto que permite tornar presente no mundo a vontade do Pai, manifestada em Jesus. É que na Sagrada Escritura e no projeto de vida cristã a paz não se reduz a uma mera ausência de armas e de violência; a paz abrange todas as dimensões da vida humana e se converte num compromisso permanente para os seguidores de Jesus.
Reflexão Apostólica:
O Evangelho deste domingo se situa dentro do chamado primeiro discurso de despedida do quarto evangelho.
Ele não deve ser considerado como relatos históricos das últimas palavras de Jesus, mas como uma coleção de sentenças características do Senhor e meditações da comunidade primitiva, especialmente a joânica.
Este discurso trata essencialmente da situação dos discípulos depois da ida de Jesus ao Pai, e de como será a nova presença de Deus no meio da comunidade.
Em outra passagem evangélica Jesus promete aos seus sua presença até o final dos tempos: “Eu estarei com vocês todos os dias até o final dos tempos” (Mt 28,16).
No texto de hoje, Ele “explica” como ela será: “Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada”. 
Jesus sabe que não estará mais fisicamente com sua comunidade então os quer preparar para que aprendam a descobri-Lo na sua nova presença, tão real como a anterior!
Jesus, depois de ressuscitar voltará, mas não o fará sozinho, voltará com o Pai, e sua casa será cada pessoa que o ame e viva sua palavra, seu mandamento do amor (Jo 21,1-9).
Não pode ser maior a similitude entre a situação da primeira comunidade com a nossa. Também nós precisamos não só acolher esta nova presença de Deus, mas também ter um olhar “crente” para descobri-La.
Para esta ousada tarefa, os amigos e amigas de Jesus de todos os tempos não estão sós, o Pai envia sobre eles o Espírito Santo. Ele será o mestre interior que conduzirá os discípulos no caminho da construção do Reino.
Daí a importância do cultivo da amizade com o Espírito Santo, estar atentos/as a suas moções, inspirações para levá-las adiante. O apóstolo Paulo em suas cartas é ousado quando em mais de uma oportunidade diz: “O Espírito Santo e eu temos decidido...”, o que mostra a intimidade que vivia com a terceira pessoa da Trindade.
Na vida de todos os santos e santas, vemos essa sensibilidade espiritual que os levou a encarnar o evangelho em diferentes situações e culturas até dar a própria vida.
Tal é o exemplo de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Frade franciscano nascido em Guaratiguetá, em 1739, homem de grande piedade, fundador do convento do Novo Recolhimento em São Paulo.
Era considerado santo já em vida, e a cidade fez dele o seu prisioneiro. Em várias ocasiões as exigências da sua Ordem Religiosa pediam que se mudasse para outro lugar, mas tanto o povo como as irmãs do convento por ele fundado, como o bispo e mesmo a Câmara Municipal de São Paulo intervieram para que ele não deixasse a cidade. 
Qual era o segredo deste homem que recorria extensas distâncias a pé pregando e atendendo pessoas, com grande zelo apostólico?
Sem dúvida que o Espírito que o animava e conduzia era o mesmo Espírito de Jesus, a quem ele soube escutar, perceber e seguir.
Jesus sabe que aquele que se deixa conduzir pelo Espírito e assim é fiel ao Plano do Pai, vai ter dificuldades, vai ter oposições, vai experimentar em algum momento o abandono e a solidão.
Por isso, Ele lhes oferece a paz, sua paz, que é sua Presença. Essa é a herança que o Ressuscitado deixa à sua comunidade. É dom e tarefa ao mesmo tempo, porque viver ressuscitados, em comunhão com Deus e os irmãos, implica doar a vida para que tudo aquilo que ainda sofre a crucifixão ressuscite.
A paz do Ressuscitado é uma “paz inquieta”, não acomodada aos poderes econômicos, políticos do momento, que, muitas vezes, são responsáveis de que reine no mundo a “paz dos cemitérios”!
Como cada um de nós e em comunidade escutamos, discernimos e agimos de acordo as moções do Espírito Santo? Como seguidores e seguidoras de Jesus por que paz trabalhamos?
Propósito:
Deus Pai e Mãe: envia sobre nós teu Espírito de sabedoria, para que, conforme prometeu Jesus, nos vá recordando tudo o que teu Filho nos ensinou, e nos vá fazendo descobrir outras muitas possibilidades que aqueles mesmos ensinamentos comportam para viver a fé de um modo novo, com fidelidade criativa, neste mundo também novo em que nos tocou viver. Ajuda-nos a descobrir que “só o amor é digno de fé, e a distinguir tudo o que em cada religião é cultural e acidental, para que firmes na adoração de teu mistério inexprimível, nos abramos à universalidade de teu amor e da fraternidade humana, acima de toda fronteira de raça, cultura ou religião.

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