segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Evangelho 14 de novembro quinta feira 2024

 

14/11 – São José Pignatelli

 José Pignatelli nasceu em 1737 em Saragoza, do ramo espanhol de uma nobilíssima família do reino de Nápoles. Perdendo a mãe aos cinco anos, veio para esta cidade onde recebeu, de uma irmã, ótima educação católica. Voltando para Espanha, aos quinze anos entrou na Companhia de Jesus.

Feito o Noviciado e emitidos depois os primeiros votos em Tarragona, aplicou-se aos estudos, primeiro em Manresa e depois nos colégios de Bilbau e de Saragoza. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao ensino das letras e, com grande fruto, aos ministérios apostólicos. Levantou-se, porém, uma grande perseguição contra a Companhia de Jesus e ele figurou entre os jesuítas que foram expulsos da Espanha para a Córsega.

Entre adversidades, mostrou o Padre Pignatelli grande fortaleza e constância; foi por isso nomeado Provincial de todos esses exilados. E recomendaram-lhe especial cuidado pelos mais jovens, o que ele praticou com grande zelo. Da Córsega foi obrigado a transferir-se, com os outros, para várias regiões, vindo finalmente a fixar-se em Ferrara (Itália), onde fez a profissão solene de quatro votos. Pouco depois, sendo a Companhia de Jesus dissolvida por Clemente XIV, em 1773, Padre Pignatelli deu exemplo extraordinário de perfeita obediência à Sé Apostólica como também de intenso amor para com a Companhia de Jesus. Indo para Bolonha e, estando proibido e exercer o ministério apostólico com as almas, durante quase vinte e cinco anos entregou-se totalmente ao estudo, reunindo uma biblioteca de valor, dando-se principalmente a obras de caridade para com os antigos membros da suprimida Companhia. Logo, porém, que lhe foi possível, pediu para ser recebido na Família Inaciana existente na Rússia, onde reinava Catarina, que sendo cismática não aceitara a supressão vinda de Roma.

Os jesuítas da Rússia ligaram-se a bom número de ex-jesuítas italianos, e Padre Pignatelli uniu-se a todos eles, tendo-lhe sido permitido renovar a profissão solene. Com licença do Papa Pio VI, foi construída uma casa para noviços no ducado de Parma, onde o Padre Pignatelli foi reitor. Em 1804, Pio VII restaurou a Companhia de Jesus no reino de Nápoles, e o Padre Pignatelli vem a ser Provincial. Mas o exército francês aparece e dispersa este grupo de jesuítas. Em 1806, transfere-se para Roma onde é muito bem recebido pelo Sumo Pontífice.

Os franceses, que estão a ocupar Roma, toleram-no. No silêncio, Padre Pignatelli vai preparando o renascimento da sua Companhia. Este fato ocorre em 1814, com o citado Papa beneditino Pio VII. Mas o Padre Pignatelli já tinha morrido em 1811, com setenta e quatro anos. O funeral decorreu quase secretamente. Foi beatificado por Pio XI em 1933, que chamou o santo de “o principal anel da cadeia entre a Companhia que existira e a Companhia que ia existir, o restaurador dos Jesuítas”. Profundo devoto do Sagrado Coração de Jesus e da Virgem Santíssima, homem adorador (passava noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento), São José Pignatelli foi canonizado em 1954 pelo Papa Pio XII.

São José Pignatelli, rogai por nós!

 14 novembro - O nosso não há de ser um martírio sangrento, mas um martírio de paciência, um martírio longo e oculto, que faz sofrer sem dar a morte e que, embora consista em pequenas coisas, todavia é grande diante de Deus e de mérito igual ao martírio de sangue. (S 352). São Jose Marello__._,_.___


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 17,20-25

Naquele tempo, 20os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.

 

Meditação:

Jesus não apresenta o Reino de Deus como algo fantástico nem exuberante. Suas palavras são profundas e simples: o Reino de Deus está entre vós.

No Novo Testamento a palavra grega traduzida por reino é Basileia, que não se refere a um lugar específico, mas ao domínio de um soberano. Nos Evangelhos, Jesus usou essa palavra mais de 100 vezes. Alguns requisitos fundamentais para fazermos parte deste reino é obediência total à vontade de Deus e a consciência da dependência que temos d'Ele.

Nós não faremos parte deste reino apenas no fim dos tempos ou quando morrermos. O Reino dos Céus está disponível a qualquer pessoa nesse momento. Porque, Deus, em seu imensurável amor, ofereceu seu próprio filho para sofrer em nosso lugar as consequências dos nossos pecados e assim restaurar todas as coisas. Em Jesus o céu e a Terra são novamente unidos, isto é, Seu Reino é estabelecido sobre toda a criação.

Fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra, como bem no-lo descreveu São Paulo aos efésios 1:9,10

Somente com a vinda de Jesus se tornou possível estabelecer o Reino de Deus na Terra. O Reino que Jesus veio inaugurar no mundo não pertence a esse gênero; ele consiste em abater as barreiras do egoísmo do arrivismo, da exploração, para fazer de todos os homens uma só família de filhos de Deus. E a Igreja desde a sua fundação não tem feito outras coisas senão cumprir este mandato: Que todos sejam um no Pai, no Filho e no Espírito Santo.

A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e é fundamental que todo homem se esforce por entrar nele.

A partir de Jesus, a humanidade passou a ter acesso a uma dimensão espiritual tão diferente que Jesus afirmou: Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. Jesus, o primogênito de Deus, demonstrou a autoridade que um filho de Deus tem sobre a Terra.

Nós fomos feitos também filhos, por adoção, e podemos ter intimidade com nosso Papai. Em Jesus recebemos autoridade sobre todo o mal. Maior é aquele que está em nós do que o que está no mundo. Nós fomos tirados do domínio das trevas e transportados para o seu Reino e agora estamos em luta contra as trevas. Ele afirmou que faríamos as mesmas obras que ele fez, e ainda maiores se permanecermos n’Ele e com Ele (Jo 14:12).

E na oração do Pai Nosso, ao dizer venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu,  Jesus deixou claro o seu desejo de expandir o Reino de Deus sobre a Terra. Portanto, esse deve ser o meu e o teu desejo, acima de tudo.

Devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas. Pois que como o mundo está dominado pelo maligno, o avanço do Reino de Deus significa o retrocesso do Reino das Trevas.

Nada que seja contrário ao plano de Deus pode permanecer. No Reino de Deus não há pecado, doenças e nem morte.

A oportunidade de desfrutar do Reino esta aberta para todas as pessoas, porém a porta de entrada é o arrependimento (Mt 4,17). Muitas vezes o orgulho e a falsa religiosidade nos impedem e nos distanciam dele. Mas Jesus continua dizendo: o Reino de Deus está entre vós. O Reino de Deus é expandido com a manifestação de Jesus pelo Espírito Santo através da Igreja.

Reflexão Apostólica:

O Evangelho de hoje é riquíssimo! Cada versículo daria para fazer uma profunda reflexão, com muitas ramificações, para tocar em vários pontos práticos da nossa vida e fazer-nos perceber a sutileza do Amor de Deus...
A pergunta que os fariseus fizeram a Jesus é a mesma que você e eu gostaríamos de fazer: "Quando vai chegar o Reino de Deus?" Veja como é uma pergunta que tem implicações práticas...

Será que vai demorar, ou será que vem logo? É questão de dias, meses, anos? É importante saber isso, para que nos preparemos para o grande momento! Será o momento mais aguardado de todos os tempos!!!
Só que a resposta de Jesus é simples e objetiva, e se divide em duas partes: "O Reino de Deus não virá ostensivamente." Sabe o que significa "ostensivamente"? Esta palavra vem de ostensivo, e quer dizer luxuoso, pomposo, poderoso, grandioso. Ou seja, o Reino de Deus virá de forma simples, discreta, sem alarde... "Nem se poderá dizer: 'Está aqui' ou 'Está ali', porque o Reino de Deus está entre vós." Jesus estava se referindo a Ele próprio, que estava no meio daqueles homens. Mas eles não aceitavam que um ser humano, igual a eles, se auto-proclamasse "O Filho de Deus". Jesus percebeu isso, e conversou depois com seus discípulos que agora eles não davam valor a presença física dEle, mas que viriam dias em que eles irão desejar ver pelo menos um único dia da vida de Jesus, e não terão mais...
Jesus afirma que a vinda do reino de Deus não ocorrerá de forma estrondosa, com grandes sinais nos céus, guerras ou fomes, porque o reino já está atuando no meio de nós.

A presença do reino de Deus se faz efetiva nas ações de ajuda e solidariedade, a partir do interior de cada ser humano. Não devemos esperar o tempo futuro para agir; deve-se torná-lo possível agora mesmo. O reino de Deus cresce no interior de cada um quando nos voltamos aos demais.

Dessa maneira, nos tornamos mais parecidos com Deus. Muitas vezes esperamos que as soluções dos problemas venham de fora; que se imponham sem nossa iniciativa. Mas a realidade não é assim.

Nós esperamos um mundo melhor, que a cada dia tenha menos problemas. De nós depende que o futuro seja mais parecido ao reino de Deus que esperamos.

O texto, referindo-se a Jesus, termina dizendo que primeiro é preciso padecer muito e ser reprovado por esta geração. Quer dizer, antes que de voltar ao Pai, Jesus deve enfrentar o sofrimento.

Ele quer dizer que as soluções custam, não são fáceis. Mas seguindo o exemplo do Mestre, podemos construir uma sociedade melhor. A pergunta é: o que estamos fazendo para que o reino continue acontecendo em nosso meio? Somos sinais do reino de Deus, chamados a anunciar, ou sinais do anti-reino, em meio aos nossos irmãos de comunidade e de fora?
Jesus veio nos mostrar claramente que o Seu reino já está acontecendo dentro de cada homem, de cada mulher que acolhem de coração a sabedoria de Deus. Nunca poderemos esquecer que o reino de Deus não está na pregação das pessoas ou nas coisas que se sucedem extraordinariamente e, por isso, nos chamam a atenção, mas sim, dentro do nosso coração.
Muitas vezes, nós esperamos que algo de mágico possa ocorrer na nossa vida e perdemos a valiosa chance de experimentarmos a presença constante do reino nas coisas mais simples. O reino de Deus consiste em ter o próprio Jesus como nosso Rei, sendo o Mestre das nossas ações e luz para os nossos pensamentos.
O reino dos céus tem como características a alegria, a paz, a bondade, a felicidade, o amor, a entrega, a renúncia, a partilha e muitas outras percepções que nos levam a viver numa situação de súditos de um Rei de Amor. Jesus continua vivo, no meio de nós e o Seu Espírito Santo habita no mais profundo do nosso ser nos fazendo ter comunhão íntima com o Pai e o Filho.
Quando disserem: “alguém está fazendo milagres, corramos”, não se apresse, pois esse milagre pode estar acontecendo também na sua vida, dentro de você. Jesus está com você para renovar o seu coração, dar à sua vida um novo sentido e levar você a viver uma conversão verdadeira transformando os seus valores humanos em riquezas evangélicas . Se não conseguirmos “ver” Jesus dentro de nós, fora de nós é que nunca o perceberemos, pois Ele é espírito e o mundo espiritual nós só o vislumbramos quando mergulhamos dentro de nós mesmos (as).
No mundo, através das pessoas, nós só podemos perceber os sinais e acenos de Deus como mensagem para o nosso crescimento espiritual e humano a fim de que cada vez mais fiquemos convencidos da Sua presença no nosso coração. Portanto, o Reino de Deus é um estado de espírito que há de ser vivenciado pelo homem desde já, agora, e vai com ele até a vida eterna.
Trazendo para a nossa vida hoje, aqui e agora...
Você já se deu conta que esse mesmo mundo em que vivemos, que pode ser tão cruel, também pode ser uma extensão do Paraíso? Cada vez que agimos com bondade, caridade, paciência, alegria, ânimo, fé, amor... estamos construindo o Reino de Deus aqui na Terra! O Reino de Deus não está em grandes coisas, mas nas pequenas coisas, nos gestos simples do dia-a-dia, que quase ninguém se dá conta... ali está Jesus...
O próprio Jesus conclui assim: "As pessoas vos dirão: 'Ele está ali' ou 'Ele está aqui'. Não deveis ir nem correr atrás." Como está no Evangelho apócrifo de São Tomé: Jesus está em todos os lugares.
Não precisa correr atrás, basta procurá-lo dentro de você mesmo. E é aí onde deve começar o Reino de Deus: dentro do seu coração. Quando virá o Reino de Deus? Agora é você quem precisa responder essa pergunta a cada dia, em cada situação... Pode ser hoje?

Propósito:

Pai, abre meus olhos para que eu possa perceber, na pessoa e no ministério de Jesus, a presença de teu Reino na nossa História. E, reconhecendo-o, eu me deixe guiar por ele.

 


Evangelho do dia 13 novembro quarta feira 2024

 

13/11 – Santo Estanislau Kostka

 Estanislau nasceu no castelo de Rostkow, na vila de Prasnitz (Polônia), a 28 de outubro de 1550. Quando tinha 14 anos foi estudar em Viena, juntamente com seu irmão mais velho, Paulo. Devido a uma ordem do Imperador Maximiliano I, o internato jesuíta onde estudavam foi fechado, sobrando como refúgio o castelo de um príncipe luterano, que com Paulo, promoveu o calvário doméstico de Estanislau. Em resposta às agressões do irmão, que também eram físicas, e as tentações da corte, o santo e penitente menino permanecia firme em seus propósitos cristãos: “Eu nasci para as coisas eternas e não para as coisas do mundo”.

Diante da pressão sofrida, a saúde de Estanislau cedeu, e ao pedir que providenciassem um sacerdote para que pudesse comungar o Corpo de Cristo, recebeu a negativa dos homens, mas não a de Deus. Santa Bárbara apareceu-lhe, na companhia de anjos, portando Jesus Eucarístico e, em seguida, trazendo-lhe a saúde física, surgiu a Virgem Maria com o Menino Jesus.

Depois desse fato o jovem discerniu sua vocação à vida religiosa como jesuíta, por isso enfrentou familiares e, ousadamente, fugiu sozinho, a pé, e foi parar na Companhia de Jesus. Acolhido pelo Provincial que o ouviu e se encantou com sua história, com somente 18 anos de idade, viveu apenas 9 meses no Noviciado, porque adquiriu uma misteriosa febre e antes de morrer os sacerdotes ouviram dos seus lábios sorridentes dizerem: “Maria veio buscar-me, acompanhada de virgens para me levar consigo”.

Santo Estanislau Kostka, rogai por nós!

 13 novembro - Nos nossos tempos, dificilmente nos será pedido o sacrifício da vida como testemunho da nossa fé, mas também para nós está reservada uma bela e gloriosa palma de vitória. (S 352). São Jose Marello

 


Lucas 17,11-19

 "Jesus continuava viajando para Jerusalém e passou entre as regiões da Samaria e da Galiléia. Quando estava entrando num povoado, dez leprosos foram se encontrar com ele. Eles pararam de longe e gritaram:
- Jesus, Mestre, tenha pena de nós!
Jesus os viu e disse:
- Vão e peçam aos sacerdotes que examinem vocês.
Quando iam pelo caminho, eles foram curados. E, quando um deles, que era samaritano, viu que estava curado, voltou louvando a Deus em voz alta. Ajoelhou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Jesus disse:
- Os homens que foram curados eram dez. Onde estão os outros nove? Por que somente este estrangeiro voltou para louvar a Deus?
E Jesus disse a ele:
- Levante-se e vá. Você está curado porque teve fé.

 Meditação:

Estamos ainda caminhando com Jesus na sua viagem a Jerusalém, ao encontro do seu destino na Cruz. Nesta parte do Evangelho (17, 11-19, 27), Jesus conclui o seu ensinamento sobre o que é necessário para segui-Lo. Aqui temos mais um exemplo de uma história própria a Lucas, o quarto milagre na sua narrativa da viagem. Como nos outros casos, (11, 14; 13, 10-17; 14, 1-6), o mais importante não é o milagre em si, mas o ensinamento que brota dele.
As informações geográficas de Lucas, que não era natural da Palestina, são muitas vezes imprecisas. Para ele dois fatos são importantes - a meta de Jesus é Jerusalém, onde se dará o seu encontro definitivo com a vontade do Pai, e o fato que ele se encontra com um samaritano, um dos excluídos oficialmente do povo de Deus.
Para entendermos o contexto da passagem e a situação de quem fosse considerado leproso (embora muitos na realidade não eram - simplesmente sofriam de alguma doença da pele!), podemos estudar trechos como Lv 13-14; Nm 5, 2-3; 2Rs 7, 3-9; 15, 5. Houve barreiras enormes que separavam essas pessoas sofridas da convivência normal da comunidade. Aqui os excluídos pelas barreiras religiosas e sociais vão se encontrar com quem rompe estas mesmas barreiras, em nome do Deus misericordioso.
O grito dos leprosos é significante: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós” (v. 13.). Mais uma vez encontramos a palavra “compaixão”. Em todos os Sinóticos, destaca-se a “compaixão” de Jesus. A sua atitude nunca é de ter “pena” de alguém, pois, quer queiramos quer não, quando a gente tem pena de alguém, está se colocando num outro nível do que a outra pessoa. Ter “compaixão” é sentir a “paixão” do outro “com” ele ou ela, ou seja, entrar no sofrimento, nos sentimentos do outro, e assim não tirar dele a sua dignidade.
Mas, foi somente o samaritano que “percebeu” a ação de Deus nele. Com certeza o termo “percebeu” não quer se referir somente à cura física - ele percebeu a presença da salvação de Deus. Então a sua volta a Jesus significa a sua conversão. A resposta dele é de “dar glória a Deus”, muitas vezes em Lucas a resposta correta a uma manifestação da misericórdia de Deus (2, 20; 5, 25; 5, 26; 7, 16; 13, 13; 18, 43; 23, 47 etc). Aqui temos uma conotação cristológica - o curado louva a Deus pelo que foi feito por Jesus, o agente da misericórdia de Deus.
O texto sublinha que aquele que voltou para gloriar a Deus, aquele que percebeu a presença da ação salvífica de Deus, era um samaritano: “Os homens que foram curados eram dez. Onde estão os outros nove? Por que somente este estrangeiro voltou para louvar a Deus?” (v. 18). Mais uma vez, o herói da história é tirado de dentro da categoria dos excluídos, tema caro ao coração de Lucas. É só pensar nos pastores, no “Bom Samaritano”, na “mulher pecadora”, nas mulheres no túmulo, e outros exemplos. A salvação de Deus é universal, e não limitada a uma etnia ou classe.
Lucas não se contenta em relatar somente a cura de uma doença - ele nos leva a uma compreensão da missão salvífica de Jesus. O relato conclui com a frase: “Levante-se e vá. Você está curado porque teve fé.” (v. 19).

Jesus é aquele que cura e restaura à convivência humana, símbolo da salvação integral que Deus oferece a todos que aceitam a sua mensagem!

Sejamos como o leproso - percebamos a ação de Deus no meio de nós, e gloriemos em palavras e ações aquele que nos oferece a salvação de todos os males, gratuitamente!

Reflexão Apostólica:

Será que os leprosos pediram para Jesus os curasse? Será que havia esperança em alguém tão doente em ver de volta a cura de seus males? Isso fica subtendido na interpretação de cada coração que lê esse evangelho.
A Lepra, mais que uma doença visível e mutiladora, era uma doença social. As pessoas dadas como leprosas eram “condenadas” a vagar longe da sociedade sendo assim, era comum encontrá-los em grupos, pois tentavam assim não ficar só. Em grupos tentavam também se manter e se ajudar, pois a fome era a maior inimiga dos doentes.
Jesus passava por uma região que era repudiada pelos judeus. Região “impura” de onde judeu algum deveria guardar “a terra das sandálias”.

 Nesse local, Jesus é abordado por pessoas, que talvez sedentas ou famintas, viam em busca de algo que as ajudasse. Jesus poderia como no episódio da moeda dentro do ventre do peixe (Mt 17,26), dar algum dinheiro para que lhes fartasse a fome, mas como a palavra mesmo diz: Jesus sabe o que REALMENTE precisamos.

Mas algo de extraordinário aconteceu: “(…) Quando iam pelo caminho foram curados”.

Muitas pessoas que vem ao encontro de Jesus já começam seu processo de mudança pelo caminho. Creio que até mesmo durante o percurso já são libertadas do que REALMENTE era necessário que fosse tratado. No entanto, muitos de nós, velhos de caminhada ainda não compreendemos isso ao nos debulhar em pedidos se o mais importante é que a Palavra chegue ao nosso coração.

Mesmo aquele que veio e não voltou é preciso crer que a Palavra não volta sem cumprir o que era para ser feito em nós. Ele pode ter partido e não testemunhado, mas se a porta estava aberta, com certeza a semente foi lançada.
Reparemos que Jesus determinou algo na vida daquele que voltou. Jesus atestou o dom da fé em alguém que ninguém esperava (além de leproso, samaritano). Ele poderia ter voltado a viver depois de tanto tempo de exclusão social, mas primeiro soube agradecer a Deus em seguida assumiu um compromisso de ação. Quando volta, ele abandona um paradigma humano – a ingratidão.
Quando disse que os dez vinham à procura de algo material (dinheiro, comida, água) é uma exortação a todos aqueles que só procuram Deus quando a água começa a subir. Sim, creio que Deus vai operar (até mesmo pelo caminho) pela misericórdia em todos nós, mas precisamos deixar que Deus opere em nós o que REALMENTE precisamos e ao voltar pra casa, possamos ver as nossas lepras indo embora e não sejamos ingratos, pois não conseguimos o que achávamos que queríamos.
Repita assim “Senhor o Senhor sabe o que eu preciso”.

Propósito: Agradecer pelos infinitos dons de Deus.             

 


Evangelho do dia 12 novembro terça feira 2024

 


12/11 – São Josafá (o Bispo da Unidade)

 Josafá (João Kuncevicz) nasceu em Wladimir (Ucrânia), no ano de 1580, numa família de ortodoxos, ou seja, ligados à Igreja Bizantina e não à Igreja Romana.

Com a mudança de vida mudou também o nome para Josafá, pois era comerciante até que, tocado pelo Espírito do Senhor, abraçou a fé católica e entrou para a Ordem de São Basílio, na qual, como monge desde os 24 anos, tornou-se apóstolo da unidade e sacerdote do Senhor. Dotado de muitas virtudes e dons, foi superior de vários conventos, até tornar-se Arcebispo de Polotsk em 1618 e lutar pela formação do Clero, pela catequese do povo e pela evangelização de todos.

São Josafá, além de promover com o seu testemunho a caridade para com os pobres, desgastou-se por inteiro na promoção da unidade da Igreja Bizantina com a Romana; por isso conseguiu levar muitos a viverem unidos na Igreja de Cristo. Os que entravam em comunhão com a Igreja Romana, como Josafá, passaram a ser chamados de “uniatas”, ou seja, excluídos e acusados de maus patriotas e apóstolos, segundo os ortodoxos. Aconteceu que numa viagem pastoral, Josafá, com 43 anos na época, foi atacado, maltratado e martirizado. Após ser assassinado, São Josafá foi preso a um cão morto e lançado num rio. Dessa forma, entrou no Céu, donde continua intercedendo pela unidade dos cristãos, tanto assim que os próprios assassinos mais tarde converteram-se à unidade desejada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Josafá, rogai por nós!

 12 novembro - Às vezes acontece de sentirmos uma paz tão profunda, uma alegria tão inebriante, que já nos parece estar experimentando uma antecipação do Céu. Mas eis que de repente a mente se anuvia, o coração arrefece e desfalece; a fronte já não brilha tão serena, o olhar já não resplende com vivacidade, as ações já não procedem com regularidade... estamos possuídos pela desolação e por aflições imensas! Jesus, vendo a alma afeiçoar-se ao prazer, lembra-nos que não é no exílio que devemos alegrar-nos e sim na pátria celeste. Aqui na terra vivemos para sofrer, lutar e vencer. (S 346). São Jose Marello



Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 17,7-10

 "Jesus disse:

- Façam de conta que um de vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou cuida das ovelhas. Quando ele volta do campo, será que você vai dizer: "Venha depressa e sente-se à mesa"? Claro que não! Pelo contrário, você dirá: "Prepare o jantar para mim, ponha o avental e me sirva enquanto eu como e bebo. Depois você pode comer e beber." Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: "Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever.""  

Meditação:

Esse evangelho, principalmente nas primeiras linhas, gera em nós certo desconforto se for lido de maneira racional, mas não podemos deixar de lembrar que o momento e a situação eram norteados por uma cultura diferente da nossa.

Jesus também não inaugurava nesse evangelho o positivismo defendido pelos pensadores da idade moderna.

Ele não defendia a resignação mediante a situação patrão e funcionário (servo), mas que cada um deveria entender e fazer o seu papel.
A parábola de hoje é o final de um grande bloco de recomendações que Jesus faz a seus discípulos sobre as condições que devem ter para fazer parte da comunidade dos crentes.

Jesus lhes diz que a graça não é fruto de recompensa, mas fruto da entrega e do serviço aos demais.
Um efeito negativo do legalismo religioso em Israel é o tipo de pessoa que gera: gente interesseira, que não pensa no valor de uma causa à qual se deve entregar sem medidas, mas no estrito cumprimento da lei da qual depende seu prêmio.
A mentalidade de Jesus era outra coisa diferente: estava absorvida pelo valor da causa de seu Pai (a justiça e a misericórdia) e seu maior prêmio era servir a esta causa.
Jesus queria contagiar desta mentalidade a seus seguidores. E na parábola do servo infatigável praticamente resume sua própria vida: como a do servo que depois de um trabalho (semear, arar), deve fazer ainda outro (servir à mesa).

Tudo isto lhe parece natural, e não exige recompensa nem melhor trato porque sua causa é estar a serviço de seu senhor.
Bem diferente da mentalidade de quem está a serviço do poder e que espera recompensa nesta mesma linha.

Quem está convencido de ser servidor da causa da justiça, não estranha que esta causa lhe exija um serviço após o outro, nem que venha a padecer carências em seu serviço. Ele não busca prêmios, quer apenas ser o simples servidor de uma causa.
Nesta parábola exclusiva de Lucas temos um contraste entre um servo submisso e seu patrão.

De início, os discípulos são convidados a se identificarem com o patrão da parábola ("Se alguém de vós tem um servo...").

Na aplicação da parábola, os discípulos são identificados com o servo (...dizei: "Somos simples servos...").
A parábola causa certo constrangimento pelas imagens usadas: por um lado o senhor proprietário rural, prepotente e gozador, e, de outro lado, um servo humilhado.
A parábola é composta com base em imagens do pequeno trabalhador que possui um só escravo.

Ele faz parte da propriedade de seu senhor, muito distinto de outros trabalhadores que eram contratados por um determinado tempo.
O relato começa com uma pergunta de Jesus que tem por finalidade conhecer a realidade do escravo.

O regressar do duro trabalho do dia, cansado e faminto, não pode o escravo pensar na comida ou no descanso.
Ao contrário, como escravo que é, recebe outra tarefa: servir seu senhor. Uma vez cumprida essa ordem, quando o senhor não tem mais o que mandar, pode ele também comer e beber.
Esta é uma realidade comum nas sociedades de classes, onde as elites privilegiadas exploram e humilham os pobres pequeninos e despojados de tudo.
No ambiente religioso do judaísmo no tempo de Jesus, a parábola pode exprimir a relação entre a Lei opressora e o fiel oprimido, com sua obediência cega.
A parábola nos descreve a atitude que o homem deve ter perante Deus. Servimos a Deus com humildade, sabendo que não somos indispensáveis.
Tudo o que recebemos dele é graça e toda nossa vida deve ser uma resposta agradecida a seus dons e não uma busca de recompensa, que em todo caso seria sempre sem merecimento.
Com esta parábola, Jesus se opõe à mentalidade dos fariseus que pensavam que, cumprindo a lei, obrigavam a Deus a premiá-los por seu comportamento.

Entretanto, Jesus pensa que os dons de Deus ao servo cumpridor não são um direito que se pode reivindicar, mas um dom gratuito, porque a consciência do dever cumprido é uma recompensa suficiente.
O evangelho nos recorda que somos seguidores, discípulos do Senhor. Apesar de que os projetos, tarefas e atividades que realizamos diariamente estejam cheios de triunfos e reconhecimentos, não é a nós mesmos quem anunciamos, mas a Jesus e o Reino de Deus.
A vida de Jesus foi toda dedicada ao serviço aos pobres e excluídos, culminando com o lava-pés dos discípulos na última ceia. Por Ele, somos convidados a assumirmos esta prática de serviço.
Somos simples servos inúteis que fazemos o que temos que fazer. Não podemos nos vangloriar pelo trabalho realizado, mas sermos humildes e não propagar o que fazemos buscando o favor dos demais; temos que recordar sempre que nada do que fazemos pelo Senhor será suficiente para recompensar o que Ele faz por nós

Reflexão Apostólica:

Enfrentamos em nossas comunidades, no nosso trabalho, em sociedade um momento podemos chamar de “Pilatos”.

As pessoas não se atrevem a mudar a realidade ao seu redor mesmo que ela (a situação) esteja errada ou parcialmente equivocada. Elas cada vez mais as pessoas estão “lavando as mãos” aos problemas.

Ficam paulatinamente cegas aos problemas que acontecem ao seu redor, passando a se interessar apenas pelos seus. Essa nova forma de egoísmo tem conseguido atingir quem deveria estar dando o exemplo da união – os servos.

Mesmo a morte de cruz sendo o desígnio de Jesus, Pilatos sabia que Ele não havia feita nada de errado, por que então nada fez? Foi avisado por sua esposa, mas por que endureceu seu coração?

E hoje, por que nossas lideranças, amigos, líderes têm fugido da correção fraterna? Por que é que cada um tem vivido uma igreja e esquecido que na realidade fomos chamados a sermos um?

A igreja não cresce pela fala ou talento de um “JACÓ”, de um Grupo, de uma Pastoral, um Movimento, mas pelo empenho de nos mantermos unidos e com apenas um objetivo.

Deus nos constituiu comunidade, mas esse grupo de pessoas que convivem e congregam de um mesmo objetivo devem amadurecer a idéia de crescer.

Uma comunidade seja ela na igreja, no trabalho, na família, só se desenvolve quando cada membro toma posse da maturidade.

Amadurecemos na vida cristã quando entendemos o nosso papel em relação a nós e principalmente aos outros e só assim poderemos de fato exercer, na fé e na ação conclamadas por são Tiago, a missão a que fomos chamados (as).

Somos agora empurrados por algo sobrenatural que é maior que todos nós – O amor de Deus.

Sim, somos empregados, mas o nosso Deus não é um feitor ou um capitão do mato. Não é um Deus que persegue, maltrata ou que encheria alguém de privilégios.
Nosso Deus, é um Deus do silêncio; que pede para não aparecer mesmo fazendo mudanças e milagres em nossas vidas; é um Deus que mesmo conhecendo nossa natureza fraca e movida por interesses confia em nossa vontade de mudar, de crescer, (…); mas mesmo Ele sendo tão bom e compassivo, precisamos entender que cada um tem o seu lugar.

Não posso tratar a Deus como “meu chapa” e viver uma vida medíocre repleta de inveja, desamor, ganância, orgulho, ódio, hipocrisia (…).

Se cada um soubesse o seu lugar e desempenhássemos o nosso papel, sem lavar as mãos, teríamos com certeza uma comunidade, um mundo, um planeta, mais fraterno.

Propósito:

Pai, reconhecendo-me servo inútil, quero esforçar-me para ser justo e misericordioso. Somente assim serei agradável a ti.



domingo, 10 de novembro de 2024

Evangelho do dia 11 novembro segunda feira 2024

 

11/11 – São Martinho de Tours (Bispo)

 Martinho nasceu na Hungria, antiga Panônia, por volta do ano 316, e pertencia a uma família pagã. Seu pai era comandante do exército romano. Por curiosidade começou a frequentar uma Igreja cristã, ainda criança, sendo instruído na doutrina cristã, porém sem receber o batismo. Ao atingir a adolescência, para tê-lo mais à sua volta, seu pai o alistou na cavalaria do exército imperial. Mas se o intuito do pai era afastá-lo da Igreja, o resultado foi inverso, pois Martinho continuava praticando os ensinamentos cristãos, principalmente a caridade. Depois, foi destinado a prestar serviço na Gália, atual França.

Foi nessa época que ocorreu o famoso episódio do manto:

Um dia, um mendigo que tremia de frio pediu-lhe esmola e, como não tinha, o cavalariano cortou seu próprio manto com a espada, dando metade ao pedinte. Durante a noite, o próprio Jesus apareceu-lhe em sonho usando o pedaço de manta que dera ao mendigo e agradeceu a Martinho por tê-lo aquecido no frio. Dessa noite em diante, ele decidiu que deixaria as fileiras militares para dedicar-se à religião.

Com vinte e dois anos, já estava batizado, provavelmente pelo bispo de Amiens, afastado da vida da Corte e do exército. Tornou-se monge e discípulo do famoso bispo de Poitiers, santo Hilário, que o ordenou diácono. Mais tarde, quando voltou do exílio, em 360, doou a Martinho um terreno em Ligugé, a doze quilômetros de Poitiers. Lá, Martinho fundou uma comunidade de monges. Mas logo eram tantos jovens religiosos que buscavam sua orientação que Martinho construiu o primeiro mosteiro da França e da Europa ocidental.

No Ocidente, ao contrário do Oriente, os monges podiam exercer o sacerdócio para que se tornassem apóstolos na evangelização. Martinho liderou, então, a conversão de muitos e muitos habitantes da região rural. Com seus monges, ele visitava as aldeias pagãs, pregava o Evangelho, derrubava templos e ídolos e construía igrejas. Onde encontrava resistência, fundava um mosteiro. Com os monges evangelizando pelo exemplo da caridade cristã, logo todo o povo se convertia. Dizem os escritos que, nessa época, havia recebido dons místicos, operando muitos prodígios em benefício dos pobres e doentes que tanto amparava.

Quando ficou vaga a diocese de Tours (cidade da França), em 371, o povo aclamou-o, unanimemente, para ser o bispo. Martinho aceitou, apesar de resistir no início. Mas não abandonou sua peregrinação apostólica: visitava todas as paróquias, zelava pelo culto e não desistiu de converter pagãos e exercer exemplarmente a caridade. Nas proximidades da cidade, fundou outro mosteiro, chamado de Marmoutier. E sua influência não se limitou a Tours, tendo se expandido por toda a França, tornando-o querido e amado por todo o povo.

Martinho exerceu o bispado por vinte e cinco anos. Morreu, aos oitenta e um anos, na cidade de Candes, no dia 8 de novembro de 397. Sua festa é comemorada no dia 11, data em que foi sepultado na cidade de Tours.

Venerado como são Martinho de Tours, ele se tornou o primeiro santo não-mártir a receber culto oficial da Igreja e também um dos santos mais populares da Europa medieval.

São Martinho de Tours, rogai por nós!

 11 novembro - Mostremo-nos tranquilos e serenos, mesmo quando a tempestade enfurece no coração. (S 180).  São Jose Marello

 

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 17,1-6

Naquele tempo, 1Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! 2Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. 3Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. 4Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”. 5Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós ti­vésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.

 

Meditação:

A comunidade fraterna dos discípulos não é uma comunidade de santos, isenta de faltas. Quando o irmão peca, quando peca contra seu irmão, este não deve permanecer impassível; trata-se, com efeito, da salvação do irmão pecador. O primeiro que se deve fazer é repreendê-lo. Aquele que o deixa agir sem se preocupar com seu pecado, se torna culpável: “Não odiarás o teu irmão no teu coração, mas repreende-o para que não incorras em pecado por causa dele (Lv 19,17).

A palavra de admoestação induzirá o irmão a se corrigir. Se este reconhecer sua culpa e se converter, então o irmão deverá perdoar a seu irmão.
A comunidade dos discípulos se santifica quando um irmão perdoa ao outro, perdoa-o uma e outra vez apesar das recaídas, sete vezes ao dia, sempre que haja falta, sem limite algum. Se o discípulo perdoar ao irmão, também Deus lhe perdoará a culpa.

Com a solicitude de todos pela salvação do irmão, e com o perdão de todas as ofensas pessoais e de todas as ofensas recebidas, virá o povo de Deus a ser santo. Também aqui, como no caso do perdão de Deus, o arrependimento e conversão são a base de tudo.

Lucas nos apresenta hoje três situações de vida comunitária. A primeira para a qual o Senhor chama a atenção dos discípulos é a impossibilidade de que desapareçam os escândalos. O pior não é que existam, mas quem os produz.

Trata-se daqueles líderes religiosos que por causa de seu mau comportamento são motivo de escândalo para a comunidade, sobretudo para aqueles que estão começando a caminhar na fé. Jesus condena com tanta força essa conduta, que até usa a metáfora de atirá-los ao mar com uma pedra no pescoço.

A segunda situação é a correção fraterna. Se um irmão errar, somos obrigados a corrigi-lo; e, caso se arrependa, devemos perdoá-lo, sem exceção. Se voltar arrependido sete vezes, devemos perdoá-lo “sete vezes”, quer dizer, sempre; sem exceção. A correção assim compreendida é o caminho de reconciliação e de paz; fica excluído o rancor.

A terceira situação sobre a qual nos chama a atenção o evangelho é a fé. Os discípulos pedem ao Mestre que lhes aumente a fé, e este lhes responde com uma chamada à atenção: se eles tivessem fé como um grão de mostarda, diriam a uma amoreira que se arrancasse e se transplantasse no mar, e ela lhes obedeceria.

Jesus lhes está dizendo que mesmo com sua fé tão pequena podem anunciar o reino e realizar em seu nome sinais assombrosos (Lucas 9,6), se tivessem fé como um grão de mostarda, que é uma das menores sementes, poderiam fazer prodígios extraordinários. Mas não se trata de buscar prodígios sobrenaturais. Com os recursos ao nosso alcance e a fé posta no Senhor, podemos chegar a realizar verdadeiras maravilhas. Muitos santos comprovaram isso.

Reflexão Apostólica:

No Evangelho de hoje, Jesus nos exorta a tomarmos atitudes concretas de fé. A nossa fé é medida e provada pelas ações que praticamos em favor do nosso próximo e que os ajudam a levantar-se.

Por isso, é nos atos mínimos que a nossa fé, mesmo pequenina, pode ser cultivada e exercitada e assim cresça e se torne firme. Quem crê em Jesus para as pequenas coisas tornar-se-á forte para enfrentar os grandes desafios.

Provocar escândalos, promover desunião, levantar falso testemunho, são atitudes que negam o nosso estágio de Fé. Os escândalos são inevitáveis, porém estejamos atentos para que eles não aconteçam por nossa causa!

Quando nós advertimos, exortamos e repreendemos as pessoas a quem nós amamos e torcemos por elas, nós precisamos crer que agimos assim, em nome de Deus.

Jesus também nos ensina que é necessário, não somente repreender, ensinar, corrigir o nosso próximo, mas, sobretudo, perdoá-lo sempre. Perdoar sete vezes, significa perdoar todos os dias e nunca deixar de assim fazê-lo.

Contudo, para por em prática o que Jesus nos recomenda, nós necessitamos cada vez mais nos apossar do dom da fé. Somente pela fé é que nós poderemos exercitar o perdão, a reconciliação, a serenidade diante das dificuldades, a firmeza para não provocar escândalo e a esperança de fazer muito mais do que nós próprios temos capacidade.

Por isso, quando Jesus falava sobre essas coisas aos Seus discípulos, eles o pediam “Senhor, aumenta a nossa fé!” Todavia, o importante para nós, não é possuir uma fé grande demais, mas, tomar posse do dom da fé que já recebemos do Senhor no nosso Batismo, a fim de que sejamos capazes de tomar atitudes concretas de fé, com amor.

Reflexão pessoal: Em que tem se baseado a sua fé? Na sua capacidade de acreditar ou no seu abandono ao Amor de Deus? Você tem sido sinal de tropeço para alguém? Qual tem sido o seu comportamento, diante das pessoas que esperam algo de você? Jesus nos manda repreender o irmão e perdoá-lo. Como você tem feito isto? Você tem sabido admoestar as pessoas que causam escândalo, com amor? O que você faz quando vê um irmão, ou uma irmã no erro?

Propósito:

Pai, concede-me uma fé robusta que me predisponha ao perdão e me previna contra as atitudes que possam levar meu semelhante a se afastar de ti.

 


quarta-feira, 6 de novembro de 2024

EVANGELHO DO DIA 10 NOVEMBRO 2024 - 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

10/11 – São Leão Magno (Papa e Doutor da Igreja Século V)

 Leão nasceu em Toscana (Itália) no ano de 395 e depois de entrar jovem no seminário, serviu a diocese num sacerdócio santo e prestativo. “Magno”, que significa Grande, isto porque é considerado um dos maiores Papas da história da Igreja, grande no trabalho e na santidade.

Ao ser eleito Papa, em 440, teve que evangelizar e governar a Igreja numa época brusca do Império Romano, pois já sofria com as heresias e invasões dos povos bárbaros, com suas violentas invasões. São Leão enfrentou e condenou o veneno de várias mentiras doutrinais, combateu com intenso fervor o monofisismo que defendia, mentirosamente, ter Jesus Cristo uma só natureza e não a Divina e a humana em uma só pessoa, como é a verdade. O Concílio de Calcedônia foi o triunfo da doutrina e da autoridade do grande Pontífice. Os 500 Bispos que o Imperador convocara, para resolverem sobra a questão do monofisismo, limitaram-se a ler a carta papal, exclamando ao mesmo tempo: “Roma falou por meio de Leão, a causa está decidida; causa finita est”.

Quanto à dimensão social, era o único que poderia conseguir, graças ao seu prestígio e à sua eloquência, que o terrível rei Átila, comandante dos bárbaros hunos, não destruísse Roma e a Itália. A missão poderia ser fatal, pois Átila já invadira, conquistara e destruíra a ferro e fogo o norte do país. Mesmo assim Leão foi ao seu encontro e saiu vitorioso da situação. Mais tarde, foi a vez de conter os vândalos, que, liderados pelo chefe bárbaro Genserico, entraram em Roma. Só não atearam fogo à Cidade Eterna e não dizimaram sua população graças à atuação do grande pontífice.

Não existem relatos sobre os seus últimos dias de vida. O livro dos papas diz que Leão governou vinte e um anos, um mês e treze dias. Faleceu no dia 10 de novembro de 461 e foi sepultado na Basílica de São Pedro, em Roma. O papa Bento XIV proclamou-o doutor da Igreja em 1754. Leão foi o primeiro papa a receber o título de “o Magno”. Dentre tantas riquezas em obras e escritos, São Leão Magno deixou-nos este grito:

“Toma consciência, ó cristão da tua dignidade, já que participas da natureza Divina”.

São Leão Magno, rogai por nós!

 

10 novembro - Devemos banir para longe de nós tudo o que pode perturbar a nossa paz. (S 197). São Jose Marello

 


Marcos 12,38-44


"Uma grande multidão escutava com prazer o que Jesus ensinava. Ele dizia ao povo:
- Cuidado com os mestres da Lei! Eles gostam de andar para lá e para cá, usando capas compridas, e gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças; preferem os lugares de honra nas sinagogas e os melhores lugares nos banquetes. Exploram as viúvas e roubam os seus bens; e, para disfarçarem, fazem orações compridas. Portanto, o castigo que eles vão sofrer será pior ainda!"

 XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM – MARCOS 12,38-44 (ANO B)

Marcos 12,38-444 10 nov 2024

 Após a interrupção para a solenidade de todos os santos, no último domingo, retomamos hoje a leitura do Evangelho segundo Marcos. O texto que a liturgia propõe para este trigésimo segundo domingo do tempo comum é Mc 12,38-44, trecho que apresenta Jesus já na cidade de Jerusalém, na fase final de seu ministério. Após percorrer um longo caminho acompanhado pelos discípulos e as multidões, Jesus entrou na grande cidade e começou a exercer o seu ministério também ali. É importante recordar que sua primeira atividade em Jerusalém foi a expulsão dos comerciantes do templo (cf. Mc 11,15-16), como forma de denúncia enfática à lideranças religiosas que exploravam as pessoas em nome de Deus.  Além desse fato, durante alguns dias, Jesus se envolveu em diversas controvérsias e disputas com os líderes religiosos no templo de Jerusalém, aprofundando cada vez mais a sua crítica à religião da época.

O episódio retratado no evangelho de hoje é a última controvérsia ou investida contra a religião dentro do próprio recinto do templo. É a última semana de Jesus, na qual ele aproveitou para entrar em conflito com todos os grupos hegemônicos da época, aprofundando o seu profetismo denunciador. Na verdade, de acordo com o relato de Marcos, essa foi a última vez que Jesus entrou no templo, o que torna o texto ainda mais significativo, pois atesta sua ruptura total com o sistema religioso que o condenará pouco tempo depois. No episódio anterior, ele tinha entrado em conflito com os escribas por motivos doutrinais (cf. Mc 12,28-37); no texto que a liturgia oferece para hoje, o conflito diz respeito ao comportamento dos escribas ou mestres da lei, como prefere a versão da liturgia. Os escribas (em grego: γραμματευς = gramateús) eram os teólogos oficiais, intérpretes credenciados da lei, além de ser também, como sugere o próprio nome, responsáveis pela escrita das cópias da Escritura e dos comentários dos rabinos para serem lidos nas sinagogas. Eles exerciam papel preponderante no judaísmo da época; eram os responsáveis diretos pela dominação ideológica da religião sobre o povo.

Uma vez contextualizados, olhemos para o texto: “Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! (v. 38a). Como já estava próximo da páscoa, muitos peregrinos já se encontravam em Jerusalém para a grande festa, inclusive a multidão que tinha acompanhado Jesus no caminho. Essa multidão ouvia o seu ensinamento e, certamente, repercutia. O ensinamento de Jesus é introduzido por uma séria e enfática chamada de atenção: “Tomai cuidado!”; apesar de forte, essa tradução ainda não exprime o que diz o texto na língua original: o evangelista usa uma forma imperativa de um verbo que significa “abrir os olhos” (em grego: βλεπω = blêpo), o que expressa uma situação de perigo e, por isso, a necessidade de uma atenção extrema. Portanto, a ordem que Jesus dá aos seus ouvintes, e Marcos transmite aos seus leitores de todos os tempos, é: “abri os olhos com os escribas!”. Com tal expressão, Jesus afirma que esses líderes religiosos eram pessoas muito perigosas! É importante recordar que Jesus jamais mandou os discípulos e as multidões tomarem cuidado com as prostitutas, os publicanos ou os pecadores em geral, mas somente com as classes das pessoas mais religiosas da época, como os escribas (doutores da lei), saduceus e fariseus.

Após o alerta inicial – “abri os olhos!” – Jesus diz o porquê: “Eles (os escribas ou doutores da lei) gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas, gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes” (vv. 38b-39). É por causa da presunção e desse comportamento hipócrita e falso dos escribas que as pessoas precisam ter muito cuidado com eles. O comportamento dos escribas é perigoso porque, em nome da religião, camuflam muita perversidade e maldade; são pessoas que vivem de aparências, se sentem superiores, são soberbas e cultivam privilégios, esbanjando ostentação. Um comportamento assim, é totalmente oposto ao que Jesus pede de seus discípulos; e o pior, para Jesus, é que os escribas faziam tudo isso em nome de Deus e da religião.

Na continuidade da denúncia, Jesus identifica uma falta ainda mais grave na falsa religiosidade dos escribas: “Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso, eles receberão a pior condenação” (v. 40). A categoria das viúvas é uma das imagens de pessoas mais vulneráveis e necessitadas da Bíblia; juntamente com os pobres, os órfãos e estrangeiros, as viúvas expressam o cuidado e a predileção de Deus pelos humildes. Se a mulher já era uma categoria marginalizada, se tornava ainda mais se ficasse viúva. A mulher que ficasse viúva sem ter um filho homem, e se não casasse novamente com um cunhado, em caso de ter ficado com herança, deveria confiar o cuidado dessa herança aos escribas (doutores da lei), já que a mulher não podia fazer negócios; é a esse fato que Jesus alude ao dizer que os escribas devoram as casas das viúvas. Constatava-se que, ao receber o direito de administrar o patrimônio das viúvas, os escribas na verdade se desfrutavam desse, roubando e devorando. Para Jesus, nenhuma forma de injustiça e exploração é aceitável, mas quando isso acontece em nome de Deus e da religião, é muito pior. Por isso, a sentença: “eles receberão a pior condenação”. De acordo com o Evangelho, o que leva o ser humano à condenação é a prática da injustiça, principalmente a exploração e a falta de cuidado com as pessoas mais vulneráveis e necessitadas.

Após a polêmica com os escribas (doutores da lei), Jesus continua no tempo observando o movimento e, certamente, inconformado com tudo o que ali via. Ele sabia que aquela construção já não era casa de oração, mas casa de comércio (cf. Mc 11,15-18). Chamava a atenção de Jesus a comercialização da fé: “Jesus estava sentado no templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantas” (v. 41). O povo tinha se acostumado com uma divindade que pedia ofertas para revertê-las em favores e proteção aos que ofertavam. A posição de Jesus era de completo repúdio àquele sistema. Entre tantas pessoas devotas que por ali passavam, Jesus observa um caso particular: “Então chegou uma viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada” (v. 42). Ora, de acordo com a lei, o sistema religioso deveria prover as viúvas pobres do necessário para a sobrevivência (cf. Dt 14,28-29). E Jesus contempla o contrário: o sistema religioso recebendo até mesmo de quem não podia ofertar e mal tinha como sobreviver. Embora voluntária e generosa, a oferta da viúva é motivada por uma concepção errada de Deus; ela é coagida ideologicamente a ofertar para poder receber benefícios de Deus. Era isso que os escribas (doutores da lei) e sacerdotes pregavam.

Jesus se comove ao ver a viúva ofertando tudo o que tinha para viver, e chama a atenção dos discípulos: “Jesus chamou os discípulos e disse: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver” (vv. 43-44). A denúncia aos escribas tinha sido feita abertamente para a multidão (cf. v. 38); agora, se trata de um ensinamento mais reservado e específico para os discípulos, cuja importância é evidenciada pela introdução “Em verdade vos digo” (em grego: αμην λεγω υμιν – amém legô himin); essa é uma fórmula de introdução de um ensinamento solene e importante. Portanto, a observação que Jesus fez sobre a oferta da viúva tem grande importância para o seu discipulado em todos os tempos.

É claro que Jesus percebeu sinceridade e verdade naquela oferta. Ao contrário dos escribas que viviam de aparências, e dos ricos que ofertavam do supérfluo, a viúva renunciou a tudo o que tinha para viver, doando as suas duas únicas pequenas moedas. Porém, a admiração de Jesus é mais uma denúncia do que um elogio: a oferta das duas moedinhas da viúva era a última prova que ele precisava para concluir que aquela instituição religiosa – o templo e seu aparato de sustentação financeiro e ideológico – estava completamente degradada, sugando até mesmo de quem não tinha, como a viúva. Jesus sentiu as dores da viúva sendo sugada pelo templo e chamou os discípulos para sentirem também essas dores, alertando-os para jamais repetirem os abusos da religião que ele estava condenando. Mais do que comover, aquela cena causou repulsa em Jesus; por isso, ao sair do templo, pouco tempo depois, ele desejou e profetizou a sua destruição: “Não ficará pedra sobre pedra que não seja demolida” (Mc 13,2).

Jesus condena severamente a religião que se sustenta em práticas superficiais, condena a ostentação e a busca por privilégios. Ele não tolera religião de fachada, sobretudo quando essa esconde injustiças e exploração. Qualquer prática religiosa que abusa da boa vontade das pessoas simples e humildes, nada tem a ver com o projeto de Jesus.

 


Evangelho 14 de novembro quinta feira 2024

  14/11 – São José Pignatelli   José Pignatelli nasceu em 1737 em Saragoza, do ramo espanhol de uma nobilíssima família do reino de Nápole...