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sábado, 14 de janeiro de 2023

EVANGELHO DO DIA 22 DE JANEIRO 2023 - 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 


22 JANEIRO - Rezemos uns pelos outros para nos fortalecermos em suportar de maneira cristã o peso das fraquezas humanas e lembremo-nos de que é no Céu, e não aqui na terra, que temos a nossa herança. (L 48) SÃO JOSE MARELLO

Mateus 4,12-23

 12Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. 13Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, 14no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 15“Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! 13O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. 17Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”.

18Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. 19Jesus disse a eles: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. 20Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram.
21Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou. 22Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram. 23Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo.

 Meditação:

 É do conhecimento de todos que a liturgia católica carece de uma reforma substancial e a necessidade de reordenar a escolha dos textos segundo novos critérios. 

 A incorporação da segunda leitura à temática unitária (em vez de se apoiar em sua temática própria), e a possibilidade de que sejam vários os ordenamentos litúrgicos dos textos, segundo objetivos e necessidades distintas a serem escolhidas segundo variáveis diversas, seriam outras tantas possibilidades.

Entretanto, é bom saber que a liturgia não “é” assim, mas que a temos assim, à espera de que chegue um momento mais propício para reativar as tantas coisas que na igreja católica estão paradas ou em hibernação à espera de outra conjuntura.

O encontro de hoje com a palavra de Deus nos impregna de esperança e de luz, ao mesmo tempo que nos exige pôr no centro de nossas vidas Deus e seu convite feito através de Jesus e dos apóstolos.

A primeira leitura (Is 8,23b – 9,3) parece ter sido escolhida estritamente por coincidir com a terceira leitura por causa da alusão geográfica (zona de Zabulon e Neftali), zona limítrofe de Israel na qual Jesus veio se estabelecer.

É um canto de louvor pela libertação de Israel. O povo que conheceu de muitas maneiras a obscuridade da noite, é agora surpreendido pela luz de Deus; a vida nova, livre e digna, impõe-se sobre os restos de escravidão e de tristeza. Às vezes, parece que as dificuldades da vida e os pecados governam nossos povos, têm a última palavra; e desanimamos, achando que tudo está perdido; inclusive chegamos a pensar que Deus emudeceu diante de tanta injustiça.

 A segunda (1Co 1,10-13.17), como sempre acontece, vai por seus caminhos próprios, sendo puramente aleatório que alguma vez encaixe com a mensagem das outras duas.

Nela, é mais evidente o problema: a comunidade dos coríntios se encontra dividida, passa por uma crise de identidade; parece que Cristo deixou de ser o centro da vida pessoal e comunitária, e eles passaram a seguir modelos muito limitados.

 Os apóstolos não buscavam adeptos; contudo, era comum que os fiéis se prendessem às metodologias e às linguagens que eles propunham, correndo o risco de esquecer que o centro que realmente valia era Cristo e seu projeto.

 Hoje, Paulo nos convoca a rever os faróis que escolhemos para guiar nossa existência, e a colocar no começo e no horizonte a Cristo, que enche toda expectativa e é luz, caminho, verdade e vida e cujo projeto decidimos assumir.

Quanto ao Evangelho, podemos dizer que, dada a altura à qual estamos no ano litúrgico, corresponde à vida de Jesus, seguindo um critério simplesmente cronológico: o início de sua atividade pública, quando sua missão de pregador do Reino decola e atinge a plenitude.

São muitos os detalhes que merecem comentário neste evangelho. Jesus começa sua atividade tomando como referencia os sinais dos tempos. Ao menos o evangelista faz notar que Jesus não começa sua missão sem mais e nem a seu bel prazer, somente entra em cena ao saber que João Batista havia sido encarcerado.

Jesus reage ante os fatos da história que o rodeiam. Não cumpre uma missão previamente programada e que deveria ser levada a termo com indiferença, não importando o que acontecesse.

Jesus “foi viver” em Cafarnaum. Alguns exegetas (Nolan, por exemplo) fazem notar que “se estabeleceu” ali e que, provavelmente, ao citar como sendo “sua casa”, não seria a casa de Pedro e sim a de Jesus. Não se pode falar com segurança, mas não é improvável. Uma dúvida sobre essa imagem tão usual de um Jesus evangelizador itinerante.

O conteúdo do que seria a “primeira pregação” de Jesus, ou ainda melhor, a tônica dominante da pregação de Jesus: a vinda do Reinado de Deus, como boa notícia que convida a mudança.

 Hoje já sabido pelas crianças da catequese paroquial, quando há quarenta anos o ignoravam todos os cristãos adultos, inclusive os pregadores: que o centro da pregação de Jesus foi o “Reinado de Deus”, um conceito que beira à escatologia, ou seja, que Jesus não foi um pregador doutrinal teórico, nem um mestre da sabedoria religiosa, nem asceta, mas um profeta dominado pela urgência de uma paixão, a paixão pelo Reinado de Deus que ele acreditava iminente.

Não era somente um anúncio, e sim uma co-moção: Jesus anunciava para provocar a mudança, para animar a esperança na mudança que Deus mesmo estava a ponto de fazer acontecer.

 Por isso, seu anuncio era para a conversão: “mudem sua vida e seu coração porque o reino dos céus está próximo”, na tradução da Bíblia Latino-americana.

Aqui detectamos uma dupla direção: é preciso mudar (converter-se) “porque” chega o Reinado Deus e, também, é preciso mudar “para que” venha, para tornar possível que venha, porque na mudança já acontece esse Reinado... São as duas dimensões: ativa e passiva, receptiva e provocativa, de contemplação e de luta sem unilateralismos.

O caráter concreto de práxis que Jesus adota, não é a de ele mesmo ser o transformador da sociedade, com suas próprias práticas, não é a de enfrentar diretamente a tarefa, mas a de comprometer o outros, de convencer a outros para somar à tarefa e para isso, dedicar-se a desbloquear a mentes, a iluminar os corações, abrir a visão dos demais para que possam ser incorporados à transformação da sociedade.

Pode-se dizer que Jesus, mais que uma prática, assume uma prática teórica e simbólica. Ele não se faz médico nem se dedica a curar os enfermos, porém dedica-se a dar a Boa Notícia, ainda que em sua pregação a cura esteja sempre presente como “signo” de cura: “pregava e curava”. Teoria e prática: Jesus exercia a tarefa de abridor de mentes, iluminador de corações, gerador de esperança, transmissor de energias.

Nessa linha de pensamento, pode-se salientar ainda melhor o fato de ter convertido os seus amigos mais achegados em “pescadores de pessoas” (e não “de homens”), o que ele mesmo estava sendo. Querer estender o cristianismo a todo o mundo e fazer tábua rasa das demais religiões, é um pensamento que já não tem lugar em uma visão à altura dos tempos atuais.

Aqueles que vêem e escutam Jesus se apaixonam por seu projeto e são capazes de deixar o pouco que têm – que, embora pouco, representa para eles muito ou tudo –, para seguir o Mestre. Eles souberam colocar como centro e luz de suas vidas o projeto de Jesus.

 O convite para os evangelizadores de hoje é o de estar em atitude permanente de revisão e contemplação. Jesus nos continua chamando através dos clamores de tantos pobres que nos rodeiam, e nos pede clareza, fidelidade, firmeza, radicalidade na fé e na missão.

O ser realmente “evangelizador” apaixonado pela Utopia do Reino (utopia que não é inimiga das demais religiões nem pretende impor nenhuma cultura), continua tendo pleno sentido. Muitos detalhes, muitos temas, em um evangelho simples, porém com muito conteúdo.

 Reflexão Apostólica: 

 Desde as suas primeiras aparições públicas, Jesus se apresenta como um missionário itinerante ensinando, pregando a boa notícia do Reino, curando os doentes, chamando discípulos aqui e ali.

Começa a sua missão, porém, não em lugares importantes nem religiosos como Jerusalém, mas em zonas de periferia, pobres, em lugares afastados, os menos religiosos, os quase pagãos, os impuros, como eram considerados os habitantes da Galileia.

 Jesus deixa Nazaré e vai viver em Cafarnaum, povoado de fronteira, com uma alfândega para as mercadorias em trânsito ao redor do caminho do mar (Via Maris), a estrada imperial que unia Egito, Palestina, Síria e Mesopotâmia.

 Desde a antiguidade, portanto, a Galileia era uma zona de cruzamento de povos, submetida à passagem de tropas e ao controle dos negócios, com as consequentes contaminações e recaídas morais.

Com isto, entende-se o apelo que o profeta Isaías dirige aos habitantes da região (I leitura): passar da experiência humilhante da escravidão e do jugo da opressão para a vida com liberdade, com uma grande luz e alegria.

 Mateus percebe que a profecia de Isaías se cumpriu com a presença de Jesus, cuja missão tem um início carregado de esperança, porém, sobre a base de um exigente programa de conversão a Deus e de empenho pelo seu Reino.

 Com esta escolha inicial, Jesus mostra que os primeiros destinatários do seu Evangelho e do Reino não são os “justos”, os observantes da lei ou aqueles que se acham os tais, mas os afastados, os excluídos, os pecadores.

 Este é o início humilde de uma missão que terá horizontes universais, e que será levada adiante pelos discípulos e pelos seus sucessores, chamados a seguir Jesus para serem, em qualquer parte do mundo, “pescadores de homens”.

 A vocação missionária inclui sempre um êxodo, uma partida, uma saída, frequentemente também geográfica, deixar alguém ou algo; há sempre um desapego, uma renúncia, um sair do próprio egoísmo.

Aqui Jesus deixa Nazaré e a convivência com os pais e parentes. Como Abraão foi convidado a sair da sua terra e da sua parentela, assim também acontece com dois irmãos (Simão Pedro e André), chamados por Jesus a segui-lo, deixando as redes, barca e pai. De tal modo que a vocação não é nunca uma partida para o vazio: é um deixar algo para seguir alguém, uma partida ao encontro de um outro. É em primeiro lugar desapegar-se para apegar-se à pessoa de Jesus.

 Esta vocação-missão encontra suas raízes numa conversão, uma mudança de mentalidade, uma orientação nova para Deus e o seu Reino, do qual Jesus Cristo é a plenitude.

 A conversão a Cristo inclui o seguimento e a missão, o estar bem enraizado nele e ao mesmo tempo inserido no mundo: “farei de vós pescadores de homens”.

Assim, aconteceu com Paulo (1Co 1,10-13.17). Sua conversão foi total e fiel até o martírio. Não foi um simples convertido cristão, mas o maior missionário entre os pagãos, o enamorado pregador de Cristo crucificado e ressuscitado. Tomar consciência da vastidão e urgência dos problemas do mundo ajuda a sair dos egoísmos, divisões e tensões locais.

Como diz Teresa de Ávila: “o mundo está queimando, não há tempo para tratar com Deus coisas de pouca importância... quando vejo as grandes necessidades da Igreja, estas me afligem tanto que me parece uma piada se preocupar com outras coisas”.

 “A missão evangelizadora da Igreja é a resposta ao brado "Vinde, Senhor Jesus!", que percorre toda a história da salvação e que continua a elevar-se dos lábios dos crentes. "o acolhimento da Boa Nova na fé, em si estimula" a comunicar a salvação recebida como dom...

 Nada é mais belo, urgente e importante que voltar a dar gratuitamente aos homens o que recebemos gratuitamente de Deus! Nada nos pode eximir ou livrar deste gravoso e fascinante compromisso.

Cada cristão e comunidade sintam a alegria de partilhar com os outros a Boa Nova de que "Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único... para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3, 16-17). Bento XVI – Angelus de 23 de dezembro de 2007.

 Propósito:

 Pai, faze-me compreender que os pobres e os marginalizados são os destinatários privilegiados do Evangelho do Reino; para eles tua luz deve brilhar em primeiro lugar.



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