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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

EVANGELHO DO DIA 13 DE AGOSTO 2023 - 19º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

13 agosto - Encorajemo-nos, pois um dia todos os nossos sofrimentos e amarguras se transformarão em outras tantas consolações: por enquanto nos ajudam a viver aqui o nosso purgatório, para que, depois da morte, possamos voar imediatamente para o Céu. (S 234). São Jose Marello

 

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 14,22-33

 "Logo em seguida, Jesus mandou que os discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, subiu à montanha, a sós, para orar. Anoiteceu, e Jesus continuava lá, sozinho. O barco, entretanto, já longe da terra, era atormentado pelas ondas, pois o vento era contrário. Nas últimas horas da noite, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: "É um fantasma". E gritaram de medo. Mas Jesus logo lhes falou: "Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!" Então Pedro lhe disse: "Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água." Ele respondeu: "Vem!" Pedro desceu do barco e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!" Jesus logo estendeu a mão, segurou-o e lhe disse: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" Assim que subiram no barco, o vento cessou. Os que estavam no barco ajoelharam-se diante dele, dizendo: "Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!""  

Meditação:

 Nestes atos de Jesus sobressaem alguns elementos simbólicos importantes: barco, monte, mar, ondas, vento, fantasma, medo, Filho de Deus.

 Ao se distanciarem de Jesus, em um barco sobre o mar agitado pelas ondas, entenda-se: os discípulos reunidos em sua "arca" de tradição, afastam-se de Jesus e encontram-se diante das dificuldades e agitações do mundo; ou, mais interiormente as partes mais próximas de Jesus, se afoitam atravessar em sua "arca" de tradição o mar agitado das paixões que assaltam a alma.

  Implorando por socorro temem ver um fantasma (uma aparência do Senhor) ao ver Jesus caminhando sobre as águas enfurecidas (as paixões), em sua direção.

Uma das partes (Pedro) corajosamente se dispõe a ir ao encontro do Cristo em nós, mas pela falta de fé tem que ser socorrida ao soçobrar diante das ondas (as paixões).

 Tal interpretação se justifica pela necessidade de reconhecer nos atos de Jesus uma "história de sabedoria", como é comum no Oriente.

  No entanto, a tentativa feita corre o risco de banalizar a riqueza e profundidade de sentido de tal história por uma simples tradução de símbolos em outras palavras.

No contexto anterior do evangelho de Mateus capítulo 14 vimos Jesus sabendo da notícia da morte de seu primo João Batista, decapitado por Herodes, em seguida veremos Jesus fazendo um milagre extraordinário, multiplicando 5 pães e 2 peixinhos para alimentar uma multidão de quase 5.000 homens, fora as mulheres e crianças. Depois ele ordena aos seus discípulos entrarem no barco e seguirem adiante, enquanto ele despedia a multidão. Em seguida Jesus se retira para ter um particular com Deus em oração, como de práxis.
Quando os discípulos entraram no barco, já tarde, sobreveio uma grande tempestade, foi quando eles ficaram com medo.
Os discípulos tiveram medo, provavelmente de voltar para o País de Herodes, temendo por causa da morte de João Batista, ou de prosseguirem a jornada sem Jesus. Visto que eles já tinham vivido uma experiência anterior de uma tempestade relatada em Mateus 8, 23-27, mas Jesus estava no barco com eles, ele estava dormindo, porém estava presente, agora Jesus não estava neste barco, assim pensavam eles.
Este episódio da travessia do mar agitado, com Jesus caminhando sobre as águas, é narrado por Marcos e por João. Mateus acrescenta-lhe o episódio de Pedro que ousa ir ao encontro de Jesus sobre as águas, estabelecendo-se um diálogo entre ambos.
Com a expressão introdutória, "logo em seguida", Mateus articula esta narrativa da travessia do mar atormentado pelas ondas com vento contrário, com a narrativa da partilha dos pães entre Jesus, os discípulos, e a multidão.
Esta multidão empolga-se com o anúncio de Jesus e com a sua prática a favor delas. Inclinam-se a interpretá-lo como o messias prometido, segundo a tradição do judaísmo.
Este messias esperado seria um libertador nacionalista para restabelecer a glória do antigo Israel, conforme suas antigas tradições, o qual elevaria o povo judeu a um reino de poder e domínio sobre as demais nações.
O evangelho de João, na narrativa paralela a esta, esclarece que a multidão queria fazer Jesus de rei. Nem os discípulos nem a multidão percebem a dimensão libertadora e transformadora de Jesus com seu testemunho de uma nova prática de fraternidade, serviço, solidariedade, partilha, amor e misericórdia, com acolhimento a todos, descartando a reivindicação de "povo eleito".
Jesus procura libertar o povo da opressão interna do próprio judaísmo, onde as elites religiosas humilham, oprimem, e exploram o povo, o que o descaracteriza como um messias no sentido tradicional.
Jesus prefere despedir as multidões sozinho e manda aos discípulos que tomem um barco em retorno ao outro lado do mar, isto é, a região de Genesaré, onde se situava Cafarnaúm. Despedida as multidões, Jesus retira-se para orar.
O evangelho de Mateus só narra dois momentos de oração de Jesus: este momento, após a partilha dos pães, e a oração de Jesus no Monte das Oliveiras, antes de sua prisão.
Contudo Lucas, em seu evangelho, registra vários momentos de oração de Jesus. O mar é o imprevisível que ameaça a missão. Os discípulos se atemorizam diante das dificuldades do mar agitado e sentem-se só, com medo.
Embora Jesus se aproxime, eles não o compreendem logo. Em vez de sua presença real, a presença de Jesus fica mais como um ato de imaginação. Jesus andando sobre as águas se associa ao Espírito de Deus que pairava sobre as águas na criação.
Esta narrativa tem um estilo de teofania, que se caracteriza por manifestações divinas excepcionais, articuladas com manifestações milagrosas da natureza (o vento e o mar acalmados) e tem certa semelhança com a teofania da passagem de Deus diante de Elias no monte Sinai.
O temor dos discípulos e o confundir Jesus com um fantasma, indicam a incompreensão da proposta de Jesus. A fala de Jesus: "...sou eu..." lembra a revelação do nome de Deus a Moisés: Deus é o que é, o que existe e o que está presente em nossas vidas.
A vacilação de Pedro ao andar sobre as águas, entre a fé e a dúvida, induz as comunidades a compreenderem a importância de uma fé firme e decidida. Contudo, não há nada a temer. Jesus sobe na barca e o próprio vento cessa.
A narrativa encerra-se com a confissão de fé a partir da palavra e presença transformadora de Jesus.

Reflexão Apostólica:

É de noite é os discípulos entram no barco e se dirigem para o outro lado do mar em direção a Cafarnaum. Um fenômeno estranho, mas natural no alto mar. O barco estava sacudido pelas ondas, pois o vento era contrário. Os discípulos fatigados, atormentados em remar o vento soprando forte, agitava o mar.
De repente, Jesus se apresenta andando sobre as águas. Na escuridão da noite, a sua figura pareceu um fantasma que pretendia ultrapassar o barco. Daí os gritos de espanto e medo dos apóstolos.
Na realidade, com esta ação, Jesus demonstrou ter poderes divinos, pois lemos em Jó 9, 8: Javé caminha sobre as águas dos mares. Parece que a visão dos doze no Domingo após a ressurreição é diferente, pois nesse Domingo era um espírito o que veem e não um fantasma.
A diferença entre espírito e fantasma é que aquele é visto a plena luz do dia e não pode ser produto de uma imaginação e desprovida de realidade por ser noturna e difícil de distinguir do conjunto de figuras do contorno difuso. Daí o medo e o grito de terror dos discípulos, caso que não se dá com a aparição de Jesus que produz espanto e temor, perturbação e dúvidas.
Tudo indica que viram sobre as águas uma espécie de Deus. Daí que estavam possuídos de terror, daquele temor que os judeus tinham de ver a Deus e morrer. Terror que se apodera dos três discípulos no Tabor e pelos mesmos motivos. Jesus se identifica: Sou eu; e acalma seus temores. Eu sou são palavras pronunciadas por Javé em Ex 3, 14 ou Dt 32, 39 como identificação de sua presença e poder únicos.
É interessante observar que Pedro foi o único que, com permissão de Jesus, quis também andar sobre as águas como estando por cima do mal. Porque o mar era símbolo do mal, especialmente suas profundezas onde reinava o poder das trevas e de onde saíram os impérios contrários ao verdadeiro reino de Deus (Dn 7, 1-8).
Jesus, através da deficiência na fé de Pedro, quis mostrar que sempre por detrás das situações de perigo e domínio do mar, representante das forças do mal, não estava Pedro sozinho, mas era Jesus que o sustentava. Por isso os Padres afirmam que onde está Pedro está a Igreja e onde está a Igreja está Jesus. E logicamente na época em que foi feita a afirmação dos Padres da Igreja, este Pedro não era Simão, filho de Jonas, mas o bispo de Roma.
Jesus entra na barca e o vento se acalma. Era uma perturbação de ondas e vento sem chuva, pouco parecido com a descrita em Mt 8, 23. Mas, tendo entrado Jesus na barca nada temem os discípulos, porque tinha chegado à paz, a tranquilidade, o sossego! E, então, aproximando-se de Jesus lhe emprestam homenagem dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus. O que significa tu tens algo do poder divino em teu ser. Meu irmão, minha irmã, Jesus é a tua paz, não tenhas medo nem receio de o proclamar. Ele veio para te livrar do medo e da angústia.
O trecho de hoje, já meditado no dia 1º. está escrito precisamente para nos demonstrar que a transcendência e independência de Jesus, manifestada com suas palavras e seu proceder diante das leis e costumes tradicionais e perante as leis físicas da natureza, revelam seu domínio absoluto sobre as crenças e seu senhorio total como de criador e não de criatura sobre os acontecimentos, de modo que a nossa resposta de hoje não pode ser outra que a dos que estavam no barco: Verdadeiramente tu és Filho de Deus. Quer dizer, Jesus tu és a minha vida, a mina força, o meu refúgio, o meu libertador, o meu tudo.
Aparentemente os discípulos estavam sós. Mas, na realidade, Jesus estava ali seguindo-os e muito próximo. Para eles, Jesus, como a visão do espectro, como alguém saído das profundezas do mar, era um espírito maligno que os atormentava e produzia o vento furioso que impedia seu avanço.
Somente as palavras como amigo do Mestre, logram acalmar os nervos e aportam a tranquilidade e sossego necessários. Para mim e para ti Ele o amigo mais do que o mestre, o forte no momento da fragilidade; Ele, e unicamente Ele, traz a solução do problema que te aflige a tanto tempo.
Pedro uma vez mais, se mostra impetuoso e mais confiante do que seus companheiros. Não só reconhece o Mestre, mas quer participar desse poder de estar acima do mal, representado pelas águas turbulentas do mar.
Ele sabe que o poder de Jesus não é unicamente pessoal, mas atinge igualmente seus mais íntimos amigos e reconhece na prática o que ele dirá mais tarde: em ti unicamente eu confio, pois cremos e reconhecemos que tu és o santo do Deus (Jo 6, 69), que melhor podemos traduzir por o Ungido de Deus.
Porém sempre existe a dúvida e a indecisão após tomar uma atitude valente e corajosa. O vento, o mar agitado, abala a fé e a confiança de Pedro. E unicamente a resposta de Jesus, ante a súplica angustiosa de auxílio de Pedro, restabelece a situação e salva o discípulo.
Enfrentar tempestade na vida é o que ninguém quer, mas sabemos que é inevitável que isso aconteça, pois seja crente ou livre pensador, todos enfrentarão.
Quando surgem as tempestades em nossas vidas, tememos ao ponto de não conseguirmos enxergar as soluções para os nossos problemas, os discípulos não conseguiram reconhecer Jesus, pois nunca ouviram falar antes que alguém tinha andado por cima das águas.

Sabemos que o Nosso Senhor sempre está presente conosco, nunca nos abandona. Ele mesmo disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”
O salva-me, Senhor, a oração de Pedro, deve ser o nosso grito que deverá salvar muitas vidas do fracasso total. No Salva-me, Senhor encontramos a força que nos falta e a fé que procuramos em Jesus o nosso Salvador.

O ânimo sereno é o segredo para se vencer uma peleja de qualquer natureza.

Propósito:

Pai, que eu saiba transformar minhas quedas e fracassos em ocasião para crescer na fé em Jesus, e para reforçar a disposição de deixar-me guiar pela palavra dele.

++++
Hoje, você é convidado a analisar como aproveita seu tempo.
Procure fazer de cada instante uma oportunidade para planejar um futuro de segurança, paz e harmonia.
Aproveite os momentos de lazer para repor as energias e renovar as forças; trabalhe, leia, estude e assume responsabilidades.
Nunca é tarde demais para recomeçar.
Sobre isso, considero muito pertinente esta frase de João Paulo II: “Olhar o passado com gratidão, viver o presente com paixão e ver o futuro com esperança”.

Cada instante é o momento ideal para rever as atitudes e recomeçar!



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