29 junho – Restauremos os lindos tempos da antiguidade, quando o sacerdócio se mostrava venerando aos povos pela vivíssima fé e pela caridade profunda! (L 11). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho
segundo São Mateus 8,28-34
"Quando Jesus chegou à outra margem do lago, à região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois possessos, saindo dos túmulos. Eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho. Eles então gritaram: "Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?" Ora, acerta distância deles estava pastando uma manada de muitos porcos. Os demônios suplicavam-lhe: "Se nos expulsas, manda-nos à manada de porcos". Ele disse: "Ide". Os demônios saíram, e foram para os porcos. E todos os porcos se precipitaram, pelo despenhadeiro, para dentro do mar, morrendo nas águas. Os que cuidavam dos porcos fugiram e foram à cidade contar tudo, também o que houve com os possessos. A cidade inteira saiu ao encontro de Jesus. E logo que o viram, pediram-lhe que fosse embora da região."
Mateus reproduz aqui uma narrativa de milagre que Marcos já incluíra em seu evangelho, alguns anos antes. Embora mencione dois possessos, e não um, Mateus resume a narrativa de Marcos e a inclui no bloco de dez milagres, em seguida ao milagre da tempestade no mar acalmada. Com estes milagres, Mateus prepara o envio dos doze e o discurso missionário.
Enquanto em Marcos a narrativa destaca a dimensão amorosa e libertadora de
Jesus em face dos vários sistemas opressores, tanto na área de influência
judaica como em território gentílico, em Mateus o destaque é o grande poder de
Jesus. O seu poder é sobre a natureza e sobre os demônios. Assim revestido de
poder, Jesus é apresentado com os traços do messias esperado pelo judaísmo.
Percebem-se, assim, as diferenças de enfoques sob os quais é visto Jesus: por
um lado, Jesus libertador e amoroso, por outro lado, Jesus poderoso.
Esta narrativa da expulsão dos demônios é um dos milagres mais misteriosos dos
evangelhos. Na época de Jesus, muitas enfermidades eram interpretadas como
obras do maligno. O povo, que esperava o messias, acreditava que uma das
virtudes do futuro messias deveria ser a capacidade de expulsar as forças do
mal, que oprimiam o mundo.
A cura acontece em território pagão. Isto significa que a pregação do
Evangelho, desde o começo, estava chegando a todos os povos. Jesus manifesta
seu poder, em terra pagã, expulsando a Satanás. A cura em terra pagã significa
que Deus quer que a liberdade e a justiça cheguem em todos os corações e em
todas as noções. Jesus liberta a todos aqueles que precisam de libertação.
Outro aspecto do evangelho é: Jesus não encontra dificuldade em vencer os
demônios, que acabam se precipitando ladeira abaixo e se afogam na água da
morte. O mais difícil foi convencer os habitantes do lugar. O episódio acaba de
forma dramática: Jesus é expulso do lugar pelos habitantes: as pessoas não
reconheceram o seu Salvador.
Preferem o comodismo de uma vida pacata e sem problemas. O caminho para Deus
está aberto, porque os demônios não conseguem colocar obstáculo; porém, há uma
recusa das pessoas em comprometer-se com ele; antes vêm nele um obstáculo
aos seus projetos de vida.
Quantas vezes damos mais importância a costumes absurdos e não damos valor às pessoas, sobretudo se são necessitadas e excluídas. Em nossa vida cotidiana o peso dos costumes pode ser maior que a liberdade do evangelho. Que isto não aconteça conosco.
Reflexão Apostólica:
Não nos enganemos, o mundo ainda se
incomoda com a presença de Jesus. Talvez não por alguns serem cristãos, outros
mulçumanos, outros hindus, (…), o que de fato incomoda é a mensagem que Ele
deixou.
Na concepção daquele povo, Jesus não conhecia a situação dos dois rapazes, Esse pensamento entra em conflito quando ao chegar no local demonstra tamanha autoridade e segurança sobre o que acontecia.
É comum ver no nosso dia-a-dia pessoas atormentadas ou que sofrem de distúrbios mentais, como também é comum ver pessoas que ao beber ou drogar-se perdem a noção de coerência passando a ficar “aos berros” para que todos as ouçam. Quem nunca viu um bêbado contado ou partilhando a vida com alguém?
Tanto os distúrbios de sanidade como os de sobriedade (bebida e drogas) tendem a revelar uma face de verdade por mais que esteja oculta. Seria um breve momento de lucidez em meio à loucura? Quantas pessoas por influência desses agentes ao invés da loucura acabam por revelar a verdade que ninguém quer ouvir?
Para aquele tempo, toda moléstia
psiquiátrica era vista como ação de demônios ou espíritos. Essa também poderia ser
vista assim, pois não temos dados concretos, no entanto é diferenciada pela
presença de um diálogo que acontece entre o mal e Jesus. É preciso reparar que
no meio de toda aquela confusão que viviam, há um momento de lucidez que se
revela “(…) Filho de Deus, o que o senhor quer de nós? O senhor veio aqui para
nos castigar antes do tempo?”.
Será que cremos em Deus e em seu poder mais que a crença que o próprio mal tem Nele? Os espíritos retirados dos dois homens conheciam a natureza divina de Jesus. Esse fato por si só já colocaria a prova a teoria dos céticos.
A mensagem de Jesus ainda incomoda os
descrentes, pois temem a mudança de pensamento e ter que enfrentar o que não
podem entender, o que não conseguem ver. A maior dificuldade de um cético é
reconhecer que não tem explicação racional para algo ou uma resposta “a altura”
de um questionamento. Como é difícil desmentir um bêbado!??
Consegue imaginar se Jesus voltasse seu
olhar, embebido do Espírito Santo, para aqueles que pediram que fosse embora e
começasse a revelar a verdade em suas vidas? Estamos preparados para que Jesus
também mude as nossas vidas? Quantas vezes ao sermos visitados também pedimos
que parta?
O mundo tem medo dessa mensagem, pois em alguns momentos são análogos a água e óleo. Parecem que não vão existir juntos.
Acredito que o maior dos descrentes tenha feito um dia a opção de trocar a fé pela razão. Se então, não acredita totalmente, por que teme ouvir? Por que evita ver? Qual é o problema de se colocar um crucifixo numa repartição pública? Por que a educação religiosa precisou ser retirada da grade escolar?
Deixo aqui um ponto de interrogação. Como diria padre Zezinho: o mundo ainda tem medo de Jesus.
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