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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Evangelho do dia 12 de agosto quarta feira

Santa Joana Francisca de Chantal
12 - Pensemos no prêmio sublime com que Deus quer recompensar os nossos pequenos sacrifícios e nos sentiremos mais fortes para aguentar a luta. (S 234). São Jose Marello 

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus  18,15-20

""Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à igreja. Se nem mesmo à igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um publicano. Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles." " 

Meditação:

A liturgia deste dia nos convida a refletir sobre nossa co-responsabilidade comunitária. A fé é uma resposta pessoal, porém é vivida no seio de uma comunidade. Por isso, todos somos responsáveis pela vida de cada irmão.

O evangelho de Mateus se caracteriza por ser uma apresentação de Jesus, suas palavras e seus feitos, adaptada às comunidades de discípulos que vieram do judaísmo.
O evangelho de Mateus apresenta a passagem comumente denominada de correção fraterna. O texto revela os conflitos internos que vivia a comunidade mateana.

Estamos, pois, diante de uma página de caráter catequético que pretende freqüentar e resolver o problema dos conflitos comunitários. O pecado não é somente de ordem individual ou moral. Trata-se aqui de faltas graves contra a comunidade.

O evangelista pretende assinalar as coisas importantes: não se trata de cair no descomprometimento total que conduza ao caos comunitário. Porém tampouco se trata de um rigorismo tal que ninguém possa falhar ou cometer algum equívoco.

O evangelista estabelece o meio termo. Trata-se de resolver os assuntos complicados nas relações interpessoais seguindo a pedagogia de Jesus.

Não se trata aqui de um processo jurídico. O evangelista quer deixar claro que se trata, antes de tudo, de salvar o transgressor, de não condená-lo nem expulsá-lo sem mais. É um processo pedagógico que tenta, por todos os meios, salvar a pessoa.

Agora, se a pessoa resiste, se não aceita o convite, se não dá sinais de arrependimento... então sim a comunidade se vê obrigada a expulsar a pessoa de seu seio. Ao não aceitar a oferta de perdão a pessoa mesma se exclui da comunhão.

Nosso compromisso como cristãos é lutar pela verdade. Nossas famílias e comunidades cristãs devem ser, antes de tudo, lugares de reconciliação e de vivencia da verdade.

Exigir respeito pelas pessoas que se equivocam, mas que querem se redimir do seu erro é um imperativo evangélico. Tampouco se trata de cair em atitudes descomprometidas ou que respaldem a impunidade. Porém, antes de tudo, o compromisso com a justiça, a verdade e a reconciliação é uma atitude profética.

Assim, Mateus tem em vista manter a harmonia na comunidade. Em geral, há uma tendência de simplesmente excluir alguém que é considerado problemático.

Conflitos, sensibilidades feridas e ofensas são comuns neste convívio. Contudo deve-se procurar superá-los com a mudança dos comportamentos que provocam estes conflitos, sem defecções. Com seu texto, Mateus desenvolve, para sua comunidade, um simples dito tradicional de Jesus, que será mencionado por Lucas.

Em Lucas, de maneira singela, a questão envolve apenas duas pessoas, ficando em evidência a prática do perdão. Em Mateus temos a ampliação do dito colhido na tradição das primeiras comunidades, dando-lhe um caráter de regra de procedimento para suas comunidades. Existem semelhanças entre esta abordagem de Mateus e a prática da comunidade dos essênios de Qumran.

Conforme Mateus, a prática do perdão, na comunidade, se dá em três estágios. O diálogo entre os dois irmãos envolvidos, a ampliação do diálogo envolvendo duas ou três testemunhas e, finalmente, a questão debatida pela igreja (comunidade).

Percebe-se uma metodologia formalizada em regra. Hoje ela pode apenas inspirar uma prática do perdão e da reconciliação de uma maneira mais livre, espontânea e verdadeira. A correção fraterna, que brota do amor e do perdão, é fundamental para manter-se a unidade na comunidade.

A presença de Deus, Jesus, se dá na comunidade que vive o amor misericordioso, vigilante para a reconciliação e a comunhão. "O amor é o cumprimento perfeito da Lei".

O fato de sermos “irmãos”, não nos isenta da possibilidade de enfrentarmos divergências nos relacionamentos da família da fé, pois a irmandade não elimina a nossa individualidade: temos diferenças de criação, formação, visão, doutrina, teologia, liturgia, estratégia e outras que, sem desejarmos, colocam-nos na situação de ofendidos por algum de nossos irmãos.

Por isso, como o pastor que procura a ovelha perdida, a justiça do Reino não se cansa e tenta outra forma de aproximar quem errou: se ele não lhe der ouvidos, tome consigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas.

À primeira vista, tem-se a impressão de que estaríamos fazendo um cerco em torno de quem errou. Mas essa atitude pode ser vista sob a ótica da justiça do Reino, que tem como princípio fazer de tudo para que o irmão não se perca.

Se isso não der certo, toda a comunidade é chamada a se pronunciar: caso não dê ouvidos, comunique à Igreja. E se, depois de esgotados todos os recursos, depois de ter dado a quem errou a oportunidade de ouvir o parecer de toda a comunidade é que a pessoa, por decisão de todos, é excluída: se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos.

Mesmo nesse caso a comunidade deve manter-se em atitude prudente, dando uma chance em longo prazo a fim de que a pessoa se arrependa e volte a ela.

Antes de condenar ou excluir alguém, é preciso aprender a justiça do Reino. E ter consciência de que os passos aconselhados por Jesus não são normas rígidas, e sim um modo de agir que tempera com justiça as relações entre pessoas.

Em outras palavras, é preciso ser criativo no esforço de recuperar quem erra e se afasta da comunidade. E o espírito que anima essa tarefa não é o da exclusão, mas o da busca para reintegrar.

Tomar decisão de incluir ou excluir pessoas da comunidade não é tarefa fácil, como pretendiam e faziam os chefes de sinagoga daquele tempo.

É necessário que tenhamos sempre em conta a advertência de Jesus: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e a dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.

Para tanto, Ele dá algumas indicações, que passam pela necessidade das pessoas se reunirem em nome dele, a fim de, mediante a oração, chegarem a um consenso: se dois de vocês estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, isto lhes será concedido por meu Pai que está no céu. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.

É urgente que a comunidade esteja sempre ligada à Cristo pelo fato de na comunidade existirem tensões entre os diversos grupos e problemas de convivência: há irmãos que se julgam superiores aos outros e que querem ocupar os primeiros lugares; há irmãos que tomam atitudes prepotentes e que escandalizam os pobres e os débeis; há irmãos que magoam e ofendem outros membros da comunidade; há irmãos que têm dificuldade em perdoar as falhas e os erros dos outros.

Somente estando em permanente sintonia com Jesus que nos convida à simplicidade e humildade, ao acolhimento dos pequenos, dos pobres e dos excluídos, ao perdão e ao amor que conseguiremos vencer.

Aliás, com Jesus e pela força da oração tudo pode ser mudado. Só assim seremos uma comunidade verdadeiramente família de irmãos, que vive em harmonia, que dá atenção aos pequenos e aos débeis, que escuta os apelos e os conselhos do Pai e que vive no amor do Filho, animada pelo Espírito Santo.

Ninguém pode viver a fé de qualquer modo ou abandoná-la quando passar por aflições. As primeiras comunidades cristãs enfrentavam algumas dificuldades de correção fraterna, onde os mais humildes eram vítimas da falta de tolerância.

Jesus vem ensinar o jeito de nos reconciliar com os outros e ajudá-los a se reconciliar. Esse é o caminho que todos nós e nossa comunidade devemos percorrer. Não existe comunidade sem diversidade, nem diversidade sem divergência.

Quando esta for detectada, os passos pessoais e comunitários precisam ser responsavelmente tomados na certeza de que é possível construir uma convergência em Deus que proporciona: unidade para ligar como discípulos da comunidade de Jesus somos autorizados a ligar a “terra ao céu”, tudo fazendo para que a vontade de Deus prevaleça sobre a vontade do homem; unidade para acordar a autoridade que deve estar associada a uma espiritualidade que nos impulsiona a estabelecer parcerias de oração e acordos sobre dificuldades no relacionamento para as quais creremos sinceramente que o Pai seja capaz de sanar.

Isto exige de nós a unidade para experimentar a presença de Jesus. Construído e vivenciado o acordo terapêutico pela oração, Jesus assegura a Sua presença em nosso meio.

A experiência cristã evidencia que, muitas vezes, não temos nenhum controle sobre o que fazem conosco, mas temos o controle sobre como reagiremos ao que nos foi feito.

Percorrer o caminho que vai da tristeza da ofensa para a experiência da plenitude da presença restauradora de Jesus, este é o grande desafio da comunhão da Igreja que precisamos buscar diligentemente! Assim haverá harmonia e paz, concórdia e vida abundante entre nós.

Reflexão Apostólica:

A lição do Evangelho de hoje tem algumas entrelinhas interessantes para aplicarmos na nossa prática diária... Jesus diz: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas EM PARTICULAR, À SÓS CONTIGO!”

Jesus não diz pra falarmos da ofensa daquela pessoa para outras pessoas, ou para ficarmos ressentidos com aquela pessoa e guardarmos a mágoa que temos por ela por tempo indeterminado...

O que Jesus nos pede exige de nós um esforço enorme... Imagine quantas pessoas já fizeram algo que nos sentimos de alguma forma ofendidos, e qual foi a nossa atitude na maioria das vezes? Ir até ela e conversar em particular? Ou guardamos aquela ofensa em um grande arquivo na nossa memória, com o nome daquela pessoa... Limitando as possibilidades de uma boa amizade e de um aprendizado mútuo... Ou será que nós usamos aquela ofensa como uma verdadeira arma contra aquela pessoa, para mostrar o quanto ela é má, e o quanto fomos ofendidos por ela...

Chegar para uma pessoa e conversar sobre algo que nos ofendeu pode parecer algo distante da nossa realidade... Mas é exatamente isso o que Jesus nos pede.

Muitas vezes, a pessoa que nos ofende está dentro da nossa casa, e nem sabe o quanto está nos ofendendo, porque nós nunca chegamos para dizer a ela.. É uma pessoa com a qual convivemos diariamente no trabalho ou no estudo, e essa mágoa que guardamos dela nos corrói aos poucos...

Para quebrar essa barreira é preciso despir-se do orgulho, esse sentimento que aparentemente nos livra de uma situação desagradável, mas que nos afasta das pessoas...

Não podemos imaginar uma pessoa religiosa passar muito tempo magoada com quem quer que seja. Ao invés de ficar magoada, ela pode simplesmente perdoar e esquecer a ofensa, ou chegar até a pessoa e se permitir um momento de aproximação e de aprendizado que pode dar alicerce a uma grande amizade.

Portanto, a lição que fica pra hoje é essa: pensar nas pessoas que nos ofenderam (o que não é difícil...) e analisar, com muita misericórdia, uma forma de se chegar até ela e conversar sobre isso, sem acusações, mas na intenção de abrir os olhos daquela pessoa para algo que talvez ela esteja fazendo sem perceber...

Como vivemos os valores da verdade, da justiça, da reparação e da reconciliação no interior de nossas comunidades? Que atitudes assumimos diante dos meios de comunicação que manipulam e distorcem a verdade? Sentimos corresponsabilidade pela sorte de nossos irmãos?

O evangelho de hoje fala também da comunidade como sujeito de perdão: "Tudo que vocês ligarem na terra será ligado no céu...".

Pode ser uma oportunidade interessante para falar, tanto da grave crise que atravessa este sacramento na prática geral da Igreja, como da possibilidade e legitimidade da reconciliação comunitária.
      
Propósito:

Ó Deus, insondável mistério, a quem ousamos chamar de Pai e Mãe de tudo que existe, como força suprema da vida, que organiza o caos e promove a convergência de tudo para novas formas de ser e de vida. Dá-nos imitar tua magnanimidade e tua tolerância, que tudo concorra finalmente para o bem. Dá-nos o espírito de compreensão e liberdade, para que saibamos sempre perdoar e resgatar para o bem a todos os nossos irmãos. Que a presença de teu Filho ressuscitado na comunidade cristã seja um incentivo para que nós busquemos pautar nossa ação pela tua santa vontade.__,_._,___

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