Seguidores

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Evangelho sexta feira 31 de outubro

31 - Peçamos a Deus que nos torne santos, logo santos, com aquela santidade que Ele quer. (S.172). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,1-6

1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam.
2Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?” 4Mas eles ficaram em silêncio.
Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 
5Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?”  6E eles não foram capazes de responder a isso. 
Meditação:   

Esta narrativa de Lucas faz parte do ciclo de narrativas de contestação da doutrina e da prática das sinagogas e dos fariseus.

A cena já não acontece na sinagoga onde Jesus tinha curado a mulher encurvada, mas na casa de um dos chefes dos fariseus, mas o tema principal é o mesmo: É licito fazer uma cura no dia de sábado? Referindo-se à cura da mulher encurvada ficou claro que o chefe da sinagoga valorizava mais os animais – é permitido desamarrar o boi e o asno no dia de preceito e dar-lhes água para beber. Mas referindo-se às pessoas, segundo a doutrina do fariseu, não é lícito realizar curas no dia de sábado. Pelo relato da cura do hidrópico fica claro que os fariseus permitem no dia de sábado tirar do poço o burro ou o boi que caiu, mas não permitem que se cure um enfermo. Que deformação mental!

Este é um relato original do evangelho de Lucas. O anfitrião de Jesus é um dos chefes dos fariseus e diante deles há um hidrópico, um enfermo cujo corpo retém demasiado líquido com os conseqüentes problemas de inchaço e má circulação, causados por um alto consumo de sódio. A hidropisia é um acúmulo anormal de água no organismo.

Enquanto o trânsito normal de líquido favorece nossa saúde, a acumulação à põe em perigo. A água que consumimos hidrata, tonifica e dá a vida ao organismo. Quando isso não acontece, afoga-nos. Isso era o que acontecia com a interpretação da Lei no tempo de Jesus.

A Lei era como a água, devia ser fonte de vida. Devia transformar a vida do povo, tonificá-la e fortalecê-la. Mas ao contrario, o estancamento conduzia a um estado deplorável de conformismo e imobilidade que ameaçava a sua existência. O hidrópico curado representa essa parte do povo disposta a fazer a terapia da água que flui, da Lei que inspira, da vida que se transforma. O hidrópico devia vencer as limitações de uma interpretação demasiada estreita e fundamentalista da Lei, para colocar-se em contato com a fonte de água viva que é Jesus.

Se com freqüência estamos dispostos a acomodar a lei às nossas necessidades, quanto mais esforço devemos fazer para que essa lei não se converta em uma armadilha que nos afogue. Jesus quer que o ser humano tenha vida plena, e não quer, de modo nenhum, que fique preso na superficialidade.

Pois bem, no contexto desta cura em dia de sábado se dá uma discussão entre Jesus e seus oponentes, que revela o sentido profundo do texto.

Jesus põe o repouso sabático a serviço do homem. As obras maravilhosas que ele leva a cabo no sábado são sinais de que se inaugurou o tempo da salvação e que começou o repouso sabático do tempo final. Deus se glorifica agora a si mesmo com sua misericórdia.

O repouso do sábado significa para Jesus a revelação da benevolência divina com suas criaturas: paz e salvação. Agora se glorifica Deus a si mesmo em Jesus, que com palavras e obras o anuncia como Deus da graça e do amor, como Deus que dá e perdoa, como Deus dos pobres e dos aflitos, para os quais se proclama um ano de graça.
A alegria de que está penetrado o sábado do tempo final é o júbilo pelas grandes ações da misericórdia divina. Com uma reflexão muito simples Jesus justifica seu modo de proceder em dia de sábado: a lei de Deus não pode exigir que em dia de sábado se deixe perecer o próprio filho ou mesmo um boi, se tiverem necessidade de serem salvos. A lei pensa humanitariamente. O repouso sabático foi estabelecido pela Lei com olhares humanitários e sociais, em consideração à família, à multidão e até ao gado do amo.
A pergunta de Jesus a respeito de curar ou não em sábado, e o questionamento feito aos fariseus de não agir com misericórdia, revelam que Jesus é “senhor do sábado” e que defende a realização das obras do reino em qualquer situação.

Curiosamente aqueles que interpretavam a lei, permaneceram calados. E quando Jesus cura o doente, diz que eles não deram uma resposta à sua pergunta. Diante dos fatos não valem os argumentos.

A pessoa está acima do sábado, é o centro da atenção de Jesus, que entende que o dia dedicado ao Deus da vida é o mais adequado para devolver ao homem a saúde. Jesus se converte, mais uma vez, em modelo de como um cristão deve agir com liberdade e senso crítico no cumprimento da missão confiada por Deus.

As curas realizadas por Jesus exprimem a novidade de sua prática. Ele vai contra as observâncias legais estritas e estreitas que não favorecem a vida. Para o Pai o que importa é o desabrochar da vida.

A lei, bem como todos os processos econômicos e sociais, deve estar a serviço da dignidade e qualidade de vida para todos.

Também nós, que somos seus discípulos, não podemos sucumbir ante as pressões da lei, esquecendo o realmente importante: a pessoa, sua dignidade e o projeto do Pai; seu reino no meio da humanidade aflita, a resistência pacífica e a esperança de salvação e libertação humana.

Reflexão Apostólica: 

Esta é a terceira vez , no evangelho de Lucas, que um fariseu faz um convite a Jesus. Ainda que Jesus tenha aceitado o convite de ir jantar na casa do fariseu, sem dúvida a atitude dos convidados não é amigável, pois eles simplesmente aceitaram o convite para ver o que Jesus fazia.

Esta narrativa de Lucas é mais uma dentre as inúmeras narrativas encontradas nos evangelhos, que destacam a reação e a perseguição dos chefes religiosos de Israel diante do comportamento libertador de Jesus.
A cena tem bastante semelhança com a cura no sábado, do homem da mão seca ou da mulher encurvada. Este homem e esta mulher simbolizam o povo imobilizado e encurvado pelo sistema opressor da Lei da sinagoga e do Templo.
Agora, o hidrópico representa os ilustres convivas do chefe fariseu, inchados de orgulho e satisfação por suas posições privilegiadas e pelo poder de sua doutrina. A cura do hidrópico significa o ato libertador de Jesus para com os submissos à ideologia doutrinal e legal.

O descaso para com a observância sabática é uma das práticas mais comuns de Jesus, o que causa a reação dos fundamentalistas observantes. Libertar os que estão sob jugo da ideologia opressora é uma opção prioritária de Jesus. Jesus age com uma coerência que desnorteia aqueles que, apegados ao poder, o rejeitam. Acabarão decidindo, então, que só resta o caminho da violência para eliminar Jesus.
Porém, Jesus se vai entregar em Sacrifício para ser nosso alimento: Tomai todos e comei. Tomais todos e bebei, isto é o meu corpo este é o meu sangue.  E tudo acontece e tem o seu final no dia da Ressurreição do Senhor, como nos diz são Paulo. Se Cristo não ressuscitou vá é nossa fé.

Assim sendo, a Eucaristia faz parte do domingo. Na manhã de Páscoa, primeiro as mulheres, depois os discípulos, tiveram a graça de ver o Senhor. Nesse momento, compreenderam que, doravante, o primeiro dia da semana, o domingo, seria o dia dele, o dia de Cristo. O dia do início da criação tornava-se o dia da renovação da criação. Criação e redenção caminham juntas.
É por isso que o domingo é tão importante. É belo que, nos nossos tempos, em tantas culturas, o domingo seja um dia livre ou, com o sábado, constitua mesmo o que se chama o fim-de-semana livre. Esse tempo livre, contudo, permanece vazio se Deus não estiver aí presente.

Às vezes, num primeiro momento, pode tornar-se talvez incomodo ter de prever também a Missa no programa do domingo. Mas, se a tal nos comprometermos, constataremos também que isso é precisamente o que dá a verdadeira razão ao tempo livre.
Não nos deixemos dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudemos também os outros a descobri-la. Porque a alegria de que precisamos emana dela, devemos certamente aprender a perceber, cada vez mais, a sua profundidade, devemos aprender a amá-la.
Comprometamo-nos nesse sentido porque isso vale a pena! Descubramos a profunda riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não fazemos a festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que nos prepara uma festa. 
Nesta passagem, Jesus nos ensina  a sermos coerentes nas nossas ações e a não deixarmos para fazer depois o bem que podemos fazer hoje.

Desse modo, Ele nos dá exemplo de como permanecer firme nas horas em que precisamos enfrentar todos os olhares e críticas para tirar alguém da adversidade.

Quantas vezes nós deixamos de realizar alguma boa obra porque o dia não nos é conveniente ou porque as regras do mundo não nos permitem fazê-lo e temos receio de que nos critiquem!

Quanto medo nós temos hoje de ajudar a alguém porque podemos estar caindo em alguma emboscada! Nem sequer paramos para escutar as pessoas, quando estamos na Igreja, ou muito ocupados na nossa oração!

Mesmo já tendo descoberto o reino de Deus e de querermos servir ao Senhor, nós ainda damos muito crédito às normas dos homens e aos comentários das pessoas que observam as nossas ações.

Como vimos, Jesus não escolhia dia, hora nem lugar para envolver-se com aqueles que Dele se aproximavam, pelo contrário Ele até os procurava com o olhar e mesmo sem que o pedissem Ele os tocava e curava-os, ainda que fosse “dia de sábado”. O dia de sábado pode significar também algo que o mundo recrimina e proíbe.

O que mais preocupa a Deus não é a sua glória, seu culto, seu sábado ou seu Templo, mas a vida digna, sã e feliz dos seus filhos. Todos sabiam da teoria, da grande segurança e tranqüilidade que a lei de Moises dava, por isso, nem todos se atreviam a aceitar as curas que Jesus realizava no sábado.

Quando Jesus pergunta aos mestres da Lei: “É permitido ou não fazer curas no dia de sábado?”, eles permanecem calados. Custa-nos muito colocar a amor aos necessitados como principio supremo de atuação, mas sabemos também que sempre que ajudamos os que precisam estamos agindo na luz. Não existe tempo para ser bom e para fazer o bem. 

Que o todo-poderoso nos dê um espírito de sensibilidade para os sofredores, que nada nos impeça de ajudar os que sofrem. Antes, que nós demonstremos por eles um amor eficaz.

Propósito:
Pai, predispõe-me a manifestar meu amor a quem precisa de mim, sem inventar justificativas para me dispensar desta obrigação urgente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário