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domingo, 5 de outubro de 2014

Evangelho segunda feira 6 de outubro - S. Bruno

06 Sede monges em casa e apóstolos fora de casa. (M 9/94/19). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 10,25-37

"Um mestre da Lei se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra Jesus, perguntou:
- Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
Jesus respondeu:
- O que é que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? E como é que você entende o que elas dizem?
O homem respondeu:
- "Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo."
- A sua resposta está certa! - disse Jesus. - Faça isso e você viverá.
Porém o mestre da Lei, querendo se desculpar, perguntou:
- Mas quem é o meu próximo?
Jesus respondeu assim:
- Um homem estava descendo de Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto. Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho. Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada. Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro lado da estrada. Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali. Quando viu o homem, ficou com muita pena dele. Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo:
- Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais com ele.
Então Jesus perguntou ao mestre da Lei:
- Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado?
- Aquele que o socorreu! - respondeu o mestre da Lei.
E Jesus disse:
- Pois vá e faça a mesma coisa.


Meditação:

Lucas aborda aqui o tema da "vida eterna", que será novamente abordado no episódio do homem rico que interroga Jesus (Lc 18,18-23).

Respondendo ao doutor da Lei, Jesus afirma que se tem a vida eterna no amor a Deus e ao próximo. E o meu próximo é aquele do qual me aproximo para socorrê-lo em suas necessidades.

O Evangelho de hoje nos leva a ocupar-nos ainda sobre a Igreja, a refletirmos sobre um de seus principais âmbitos: a caridade, o amor.

Escreve Bento XVI na sua encíclica Deus Caritas est número 20: “o amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais para cada um dos fiéis, mas o é também para a comunidade eclesial inteira, e isto a todos os seus níveis: desde a comunidade local passando pela Igreja particular até à Igreja universal na sua globalidade. A Igreja também enquanto comunidade deve praticar o amor”.

O Papa ainda continua na mesma encíclica no número 22: “A Igreja não pode descurar o serviço da caridade, tal como não pode negligenciar os Sacramentos nem a Palavra”. Os outros dois âmbitos de vida que não podem faltar na Igreja, de fato, juntamente com a caridade, são a liturgia e a catequese.
O melhor testemunho que a Igreja pode dar a quem observa de fora é o exercício da caridade. A parábola do bom samaritano (que lemos hoje) no curso da história nunca deixou de interpelar a consciência dos fiéis em Cristo; e, em nossos dias atuais mais do que nunca. Para evitar o perigo de passar sem levar seriamente em consideração este tema, examinamos o trecho evangélico desde o princípio.

Logo no início, o Evangelho nos lembra antes de tudo que o problema da caridade é uma questão religiosa. O doutor da lei, esperto nas questões teológicas, cita o duplo mandamento do amor, a Deus e ao próximo, mas o faz depois de ter interrogado Jesus sobre a eternidade: “Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?”
Sobre o seu destino eterno qualquer um se lança totalmente. Este é o poder da religião. A busca da própria felicidade pessoal, porém, não pode se separar do amor, amor para com Deus e amor para com o próximo. Será feliz para sempre, quem desde agora tiver começado a amar Deus e os outros que como ele são irmãos em Cristo.

O doutor da lei conhecia as indicações que Deus tinha dado por boca de Moisés e a contra-pergunta de Jesus (o que está escrito na lei?) que o convidava a dar sozinho a resposta, e, de fato, ele não erra o veredicto: é preciso amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a força e com toda a inteligência e ao próximo como a si mesmo.
Encontra assim confirmada a reflexão do livro do Deuteronômio, sempre a obra de Moisés que diz: “Este mandamento que hoje te dou não é difícil demais nem está fora do teu alcance.

Não está nem no céu, para que possas dizer: 'Quem subirá ao céu por nós para alcançá-lo? Nem está do outro lado do mar, para que possas alegar: 'Quem atravessará o mar por nós para apanhá-lo? Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir.
Então será só uma questão de boa vontade? Podia parecer que sim se não fosse a sucessiva pergunta do doutor da lei que nos coloca de sobreaviso (quem é o meu próximo?).

Sem a ajuda da graça de Cristo é impossível cumprir perfeitamente o mandamento do amor de Deus e do próximo. De fato, entre as boas intenções e as realizações práticas há um abismo.
Com a pergunta: “Quem é o meu próximo?”, o doutor da lei queria justificar-se no sentido de perda que se prova diante de uma tarefa genérica e juntamente árdua (para o judeu, o próximo era um igual a ele somente, outro judeu).

Assim, “de onde posso começar no amor para com o próximo?” parece pedir o doutor da lei, “e depois desde que ponto devo chegar?” a resposta de Jesus é um obra-prima não tanto porque é original e bem construída, mas porque é a descrição daquilo que ele, Jesus naquele momento estava levando adiante.
O bom samaritano da história de fato é um perfeito auto-retrato do próprio Senhor. Aquele que Jesus atribui ao samaritano, na realidade, é aquele que ele Jesus estava para fazer. 

Padres e pastores não deixaram escapar a ocasião de esclarecer as várias correspondências e interpretaram assim o relato.
“A humanidade, criada por Deus, estava em Jerusalém, isto é, na Paz do paraíso terrestre, lugar da presença de Deus em meio ao povo. Mas o homem se moveu em busca de uma outra felicidade, para a cidade do pecado, que é Jericó.

Como acontece para o filho pródigo, este abandono do pai foi fatal: Satanás, o tentador, que o desnuda do dom da amizade com Deus e o fere nas suas próprias capacidades humanas; agora, o homem, encontra-se sozinho, é incapaz de resistir ao mal, e segue destinado à morte pela estrada da história.

O cristão hoje e o levita da Antiga Aliança passam ao lado desta humanidade, mas é uma passagem ineficaz. Até que vem um samaritano, justo Cristo Salvador, que ajoelhando-se sobre este homem, o põe sobre a montaria do animal, a humanidade por ele assumida, para levá-lo ao local – que é a Igreja, dentro da qual o homem possa reencontrar cura e vida... na espera do seu retorno! No entanto, ali é possível a sua recuperação mediante as duas moedas deixadas pelo samaritano, que são a Palavra de Deus e os Sacramentos (na Igreja Católica).

Fazendo o percurso de Jerusalém (760m de altura) para Jericó (240m abaixo do nível do mar), que é um percurso de descida já que Jerusalém está (27 km), um anônimo peregrino da Idade Média esculpiu sobre uma pedra uma frase ainda hoje existente: “Amigo que lê, mesmo que sacerdotes e levitas passem além da tua angústia, saiba que Cristo é o bom samaritano, que terá compaixão de ti, e na hora da tua morte, te levará a pousada eterna”.

Na espera desta destinação final, entretanto, nós somos 
convidados a tomar lugar na “pensão” terrena que é a Igreja e se nestes ambientes nos sentimos bem, não devemos nos esquecer daqueles que fora daí padecem e esperam também o nosso alívio; se pelo contrário, por vários motivos encontramos que nesta casa que é a Igreja há algo para melhorar, somos convidados a fazer a nossa parte desde o seu interno, de modo construtivo, superando as resistências humanas e tornando-nos nós mesmos operadores daquela caridade da qual sofremos a falta. Também esta é caridade e também na Igreja e pela Igreja há tanto a se fazer.

O Evangelho termina com um mandamento de Jesus: “Vai e faze a mesma coisa”.
Comecemos a praticar.

Reflexão Apostólica:

Em qualquer situação que nos encontrarmos, como necessitados ou como colaboradores somos convocados pelo Senhor a amar o nosso próximo como a nós mesmos.

Às vezes nós ajudamos às pessoas e as socorremos por obrigação ou a contra gosto, porém a própria Palavra do Evangelho nos esclarece: o próximo “é aquele que usou de misericórdia para com ele”.

A misericórdia, então, é o sinal para que nós sejamos “o próximo” de alguém. Agir com misericórdia é fazê-lo por amor a Deus e acolher a miséria do outro com o mesmo amor de Deus e não somente com o nosso amor imperfeito e interesseiro. 

Como você costuma agir: como o sacerdote, como o levita, como o samaritano, como o hospedeiro? Ou você sempre é aquele que desce de Jerusalém para Jericó, se mete em enrascadas e está sempre precisando que alguém se aproxime de você? Você já experimentou ser aquele (a) que está necessitado (a) e espera o socorro de alguém? Quando você ajuda alguma pessoa você o faz por amor a Deus e com o amor de Deus?

O primeiro a colocar obstáculos no caminho de Jesus é um teólogo. Este sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida. Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente.
A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades.
Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho.

O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: ” O que você faz para se tornar próximo do outro?”

Propósito:
Pai, dá-me um coração cheio de misericórdia, como o de teu Filho Jesus, pois só assim terei certeza de estar em comunhão contigo, a caminho da vida eterna.



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