22 outubro - Podemos suspirar pela luz como suspiramos pela aurora matinal, mas tal como esta, não podemos adiantá-la de um instante sequer. Devemos, todavia, ficar de olhos abertos para o Oriente, exatamente para o ponto onde a luz do dia costuma aparecer; que não nos aconteça de confundi-la com a aurora boreal, que engana o peregrino. (L 272). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 12,39-48
Naquele tempo, disse
Jesus aos seus discípulos: 39“Ficai certos: se o dono
da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que
arrombasse a sua casa. 40Vós também ficai
preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o
esperardes”.
41Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou
para todos?” 42E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente
que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a
todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o
patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade
eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se
aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os
criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor
daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o
partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis.
47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada
preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48Porém, o
empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será
chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito
foi confiado, muito mais será exigido!”
Meditação:
Estas
duas parábolas de Lucas vêm reforçar o tema da vigilância. Estar preparado para
o encontro com o Filho do homem (Jesus identificado com o humano) pode
significar que, a partir de Jesus, o humano se torna o lugar do encontro com
Deus. Libertados das ambições do mundo os discípulos, confiantes no Pai, não
devem ficar inertes, apáticos, acomodados. A eles foi revelada a vontade do
Pai, oferecendo a todos o Reino de amor, na fraternidade e no serviço.
Este texto é formado por três partes relacionadas
entre si. A primeira fala da reiterada advertência de Jesus a seus discípulos
para que estejam preparados e atentos para a vinda do Filho do Homem.
É necessário para estes convulsionados tempos de hoje estar em uma atitude que
dê sentido à nossa experiência de fé: temos que estar atentos às moções do
Espírito na história.
Temos que ter a agudeza evangélica necessária para compreender os sentidos da
revelação de Deus na comunidade humana. A segunda parte do texto trata da
ingenuidade do dirigente da comunidade: as palavras que diz Jesus são para nós
ou para todos?
A resposta de Jesus é clara e taxativa: tanto ontem como hoje somos chamados a
sermos dirigentes fiéis, responsáveis, sem perder o caráter libertador,
profético e salvifico do serviço coerente com o Evangelho.
Jesus
nos previne: o dia da salvação vai chegará como um ladrão de noite, no momento
mais inesperado. Como vigilantes, cuidamos de nossa propriedade, porque os
ladrões esperam o menor descuido ou o mais débil vacilo para entrar em ação.
Às
vezes temos a tentação de viver a vida cristã num monótono ritmo semanal e não
arriscamos viver no agito incansável do caminho para o reino.
O
dia de nossa salvação não chega em função de nossa espera, mas sim porque Deus
quer libertar seu povo da vergonha e da exploração. O evangelho nos convida a
viver alertas aos sinais do reino, para estarmos à altura dos tempos e retribuir
com agradecimento oportuno o enorme bem que estamos recebendo.
Por
último, o texto lança o teor teológico, com um convite concreto: a
administração responsável dos bens recebidos, não importando se são muitos ou
poucos. Definitivamente, o sentido do texto em sua totalidade aponta para a
condução responsável da comunidade cristã por parte de seus animadores.
Cabe
então, aos discípulos, empenharem-se em servir o Filho do homem presente em
seus irmãos. As referências finais aos castigos cruéis refletem a cultura em
vigor nas comunidades primitivas que fizeram memória de Jesus, sob a influência
do Primeiro Testamento, no qual a violência é marcante.
Senhor nos confiou sua Palavra, e esse tesouro
é tão valioso que deve ser compartilhada e repartida incansavelmente, porque
quanto mais a repartimos, mais a conservamos; e quanto mais a conservamos, mais
podemos repartir.
Que
não nos falte o ímpeto de quem defende sua propriedade ao defender a causa de
Jesus; porque esse é o único bem e a única razão de viver para um autêntico
cristão.
Reflexão Apostólica:
Estas
duas parábolas, a da chegada inesperada do ladrão e a do comportamento do servo
que aguarda a chegada do senhor, continuam o tema escatológico da Parusia.
Esperando
continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã
permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o
serviço fraterno.
Os
vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade,
que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da
comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser
feito.
Vós
também, ficai preparados, pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do
Homem. O tema de hoje é a vigilância, eu e você precisamos estar preparados. Se
você soubesse que hoje é o último dia da sua vida, o que você faria, meu amigo,
minha amiga? Quantas respostas não? Talvez diriam: “Eu correria para a Igreja a
fim de fazer uma boa confissão”. Outros diriam: “Eu vou correr e perdoar todas
as pessoas que me ofenderam; eu iria pedir perdão a todos aqueles que eu
ofendi; eu iria repartir o que eu tenho a mais com os pobres”.
O
que lhe impede de fazer isso hoje, mesmo sabendo que talvez hoje não seja o
último dia da sua vida? Fazer assim é estar preparado. Não sabemos nem o dia e
nem a hora.
Precisamos
viver como se este dia, como se esta hora fossem os últimos na nossa vida.
Se vivermos assim o dia de hoje, com certeza, estaremos
preparados, porque se o Senhor vier no dia de hoje, não vai haver desespero
para nós.
Por
quê? Porque estamos vivendo este dia como o último, esta hora como a última. E
o que faríamos no último dia de nossa vida? Certamente faríamos o melhor dia
da nossa vida, iriamos amar a todos, perdoar a todos, servir a todos.
O
que nos impede de viver assim o dia de hoje? Então, vivamos assim, buscando
fazer o bem, buscando amar a todos, buscando perdoar a todos, lutar pela
verdade, lutar pela justiça, cuidar de quem sofre, amar os mais pobres,
socorrer os necessitados, consolar os aflitos. É assim que o Senhor quer nos
encontrar na sua segunda vinda.
Agora,
seria muito triste não zelarmos, não administrarmos bem o que o
Senhor nos confiou, os talentos: a quem muito foi dado, muito será
colhido, a quem muito foi confiado, dele muito será exigido. É verdade.
Deus nos confiou muitas coisas, Deus nos deu muitos dons,
Deus nos confiou uma obra, Deus nos confiou muito. Então, temos
que ser fiéis àquilo que Deus nos confiou, temos que administrar bem
aquilo que Deus nos confiou, mesmo sabendo de nossas fraquezas e
pecados, Deus nos confiou.
Deus nos
confiou uma família, Deus nos confiou um trabalho, Deus nos confiou tantas
coisas. Deus nos confiou uma comunidade, Deus nos confiou filhos, Deus nos
confiou pais, Deus nos confiou o que está à nossa volta para que cuidássemos
com toda fidelidade e pudéssemos estar vigilantes: hoje o Senhor virá!
Os
primeiros cristãos viviam sempre na iminência da segunda vinda de Cristo. Assim
como eles, também nós estejamos vigilantes porque Jesus vai voltar.
Ele
pode voltar hoje pela manhã, pela tarde, ou durante a noite. Vivamos
então, preparados, para que o Senhor possa assim nos encontrar.
Propósito:
Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será
exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com
minha condição de discípulo do teu Reino.
Dia 22
Em um dia
de festa, Jesus proclamou em voz alta: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba
quem crê em mim[...] do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7,37-38).
Em outra
ocasião, Jesus disse à samaritana: “Quem beber da água que eu darei, nunca mais
terá sede, porque a água
que eu
darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Jo 4,14).
Hoje, ele
nos faz este questionamento: “Vocês estão com sede de amor, perdão,
misericórdia, verdade, paz e justiça?”.
Se está
com sede de paz interior, aproxime-se de Jesus, verdadeira fonte de água viva.
“Todos
comeram do mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma bebida
espiritual; de fato, bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava. Essa
rocha era o Cristo”. (1Cor 10,3-4).
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