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domingo, 21 de abril de 2024

Evangelho do dia 22 abril segunda feira 2024

 

22 abril - As forças internas da Igreja se multiplicam na razão inversa dos recursos externos. (L 19). São Jose Marello

 

João 10,1-10

""Em verdade, em verdade, vos digo: quem não entra pela porta no redil onde estão as ovelhas, mas sobe por outro lugar, esse é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas escutam a sua voz, ele chama cada uma pelo nome e as leva para fora. E depois de fazer sair todas as que são suas, ele caminha à sua frente e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. A um estranho, porém, não seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos". Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Jesus disse então: "Em verdade, em verdade, vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem. O ladrão vem só para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância."  

O evangelista João apresenta a Jesus como o bom pastor ou para uma tradução mais adequada, como modelo de pastor. O pastor-modelo se define porque dá sua vida pelas ovelhas. Quem não ama as ovelhas até esse extremo não é bom pastor. A obra de Jesus, para que possa ser entendida por qualquer crente, é fundamentalmente a de pastor, e não propriamente como qualquer pastor “assalariado”, mas como aquele que é capaz de dar a vida pelas ovelhas. O pastor aparece no evangelho de hoje (João 10,1-10) por oposição ao assalariado ou mercenário que apascenta as ovelhas pelo dinheiro; o assalariado quando vê o perigo (lobo) deixa que as ovelhas morram.

Com a palavra “pastor” se designava no Antigo Testamento com freqüência os reis. Entre os egípcios, os reis egípcios eram representados com dois distintivos do pastor: o açoite e o cajado. Tanto na arte da Mesopotâmia como na grega se encontra a figura do pastor levando nos ombros um carneiro. Os cristãos utilizaram essa imagem para representar Jesus como bom pastor ...

A propósito desta figura, pergunta e responde santo Agostinho: “Quem é o mercenário? É aquele que vê vir o lobo e foge. Aquele que busca a sua glória, não a glória de Cristo; aquele que não se atreve, com liberdade de espírito, a reprovar (o procedimento de) os pecadores (...) Tu calas, não reprovas: tu és mercenário, pois viste vir o lobo e fugiste (...) porque te calaste; e calaste-te, porque tiveste medo”.

O pano de fundo desta imagem de pastor o encontramos no mesmo Antigo Testamento. Aqueles que se fizeram passar por pastores, na realidade fizeram o papel de lobos junto ao rebanho. Tomemos Jeremias 23, 1-5 e façamos a comparação com o evangelho de hoje. O profeta denuncia com palavras de Javé o descaso e a irresponsabilidade daqueles pastores que ao invés de manter as ovelhas reunidas, as dispersaram; ao invés de defendê-las, as devoraram; ao invés de apascentá-las, as sacrificaram; enfim, pastores que não foram capazes de arriscar suas vidas por suas ovelhas. “Pastores segundo o coração de Deus” serão como Jesus, que dá a vida por suas ovelhas. E Jesus é modelo de pastor para todos (e todas!), porque todos (talvez sobretudo todas!) temos aos nossos cuidados, sob o nosso pastoreio, uma ou outra parcela da vida. Todos temos alguma pessoa que, de alguma forma, está sob os nossos cuidados.

Outro elemento que vale a pena ressaltar nas palavras de Jesus é sua preocupação de querer superar as pequenas fronteiras de seu povo e preocupar-se com as “outras ovelhas que não são deste redil”. Não só as ovelhas de Israel são destinatárias dos cuidados do Pastor, nem somente as ovelhas pertencentes ao redil das igrejas cristãs, mas o resto dos homens e mulheres que estão fora desses « povos de Deus » que se consideram “eleitos”, e que também são motivo do amor e das preocupações do Criador e Bom Pastor.

Entre os cristãos, Jesus é o modelo de pastor para todos os que, dentro do povo de Deus, têm a responsabilidade do serviço pastoral. O pastor deve estar intimamente compenetrado com as ovelhas de seu redil, mas ao mesmo tempo preocupado e atento para oferecer-se também pelas ovelhas que estão fora dele.

A partir destas palavras de Jesus e de seu compromisso (não excludente) por “todas” as ovelhas, e já neste terceiro milênio seria útil revisarmos nossas práticas ecumênicas (se é que as temos) e déssemos início a processos mais sérios de ecumenismo; mas não fazendo o que até agora foi feito: esperar que as “outras” ovelhas venham até nós, mas irmos até onde elas estão, oferecendo - mais com nosso testemunho do que com nossas palavras - um pastoreio aberto e universalista ao estilo de Jesus. Não basta convidarmos os seus representantes a virem rezar conosco em Assis... Nós também precisamos ir rezar com eles quando e onde eles nos convidarem: em sua mesquita, em sua sinagoga, em seu pagode, em seu templo... Por que será que tantos cristãos e cristãs ainda acham que isso não se pode fazer? Não podemos ficar quietos, paralisados, à espera... Devemos sentir a urgência de colocar em prática aquele testamento apaixonado que Jesus nos deixou como herança: “que todos sejam um”...

Jesus é o Bom Pastor, por isso Jesus não deixa, em tempo algum, nada faltar para as suas ovelhas. O próprio Senhor prometeu dar ao povo pastores dignos, corajosos, responsáveis, capazes de dar a sua vida em benefício de todos os fiéis. Jesus é apresentado no Evangelho como o BOM PASTOR enviado pelo Pai, para apascentar e abeberar o rebanho: “Eu sou o Bom pastor.... Eu dou a vida pelas ovelhas... nenhuma se perderá!”. Isso significa que o Bom Pastor tem que dar, se necessário, a sua vida pelas ovelhas que conhece e chama pelo nome.

Assim três devem ser as atitudes dos pastores que, seguindo os passos do Sumo Pastor Jesus, devem dar a sua vida pelas suas ovelhas: A ESCUTA, O CONHECIMENTO E O SEGUIMENTO de Cristo.

Jesus garante que conhece suas ovelhas, nós. Mais ainda. Não só conhece, como dá vida e segurança. “Ninguém vai arrancá-las de minhas mãos”. Não só Ele garante, mas o Pai também, pois as ovelhas são Suas. Nós pertencemos ao Pai. E Jesus é uma só coisa com o Pai. Por isso Paulo pregava com tanto desassombro. Sabia que era garantido por Jesus e pelo Pai. O livro do Apocalipse afirma que “não mais terão fome nem sede”. Os que seguem Jesus estão com as costas quentes. Tem um belo segurança. 

É pelo testemunho dos seus discípulos que Jesus continua a ser o BOM PASTOR no mundo inteiro, para todos os seres humanos. Jesus exerce esta função de modo especial pelos ministros ordenados, bispos, presbíteros e diáconos. Mas todos os cristãos, por seu testemunho, participam do pastoreio universal de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo em que somos conduzidos, ouvindo a sua voz, sendo ovelhas, exercemos também a missão de pastores, conduzindo as pessoas até as fontes da vida. Assim Cristo está ressuscitando no mundo.

Todos nós somos convidados a estar atento à VOZ DE DEUS. A iniciativa do chamado é sempre de Deus. Costumamos conhecer as pessoas pela voz. Com facilidade distinguimos uma voz da outra. Isso nem sempre acontece com a voz de Deus. Porque ela não se escuta pelos ouvidos, mas pelo coração. Corações para o alto, coração reto, consciência equilibrada e generosa distingue a voz de Deus. Assim todos nos somos convidados a ouvir a voz de Deus com atenção e com unção. Ouvir a voz de Deus com o coração aberto, com toda a nossa inteligência e o nosso ser, para como São Paulo exclamar: “Não sou eu que vivo, é CRISTO QUE VIVE EM MIM!”.

O Bom Pastor deve estar intimamente ligado com o Cristo. Todos nós, especialmente, nossos pastores devem estar intimamente ligados às mãos do Cristo Pastor. Depositemos nossa confiança nas mãos do Bom Pastor que se fez Cordeiro de Deus que tira os pecados da humanidade. E depositando nossa confiança e segurança nas mãos de Deus seremos sempre protegidos pelo Senhor da Vida e da História. Sim, estar na mão de Cristo é estar na mão de Deus, porque “Eu e o Pai somos um”.

Jesus promete a vida eterna para quem o Seguir e Anunciar e Viver o Seu Evangelho. Para São João, a vida eterna é sim, a vida futura no céu, na plenitude do Reino, mas é também a vida presente, quando vivida na intimidade com Deus.

Todos nós somos convidados hoje a OUVIR A VOZ DE DEUS, CONHECER DE QUEM É A VOZ, SEGUIR QUEM NOS CHAMOU. Esses três passos valem não somente para o caminhar da vocação religiosa ou sacerdotal. Vale, sobremaneira, para a nossa vocação de batizados, para o nosso sacerdócio comum de todos os fiéis que seguem a Cristo e recebem a adesão ao seu Batismo.

Vocação de todos nós: OUVIR A VOZ DE DEUS, CONHECER DE QUEM É A VOZ E SEGUIR QUEM NOS CHAMOU, OU SEJA, JESUS CRISTO MORTO E RESSUSCITADO. A vontade de Deus é que todos, sem qualquer discriminação, se unam em torno do Espírito Santo de Amor e Verdade. Por conseguinte somos, finalmente, convidados, a seguir Jesus e trilhar o seu caminho que é caminho de salvação.

Não existe espiritualidade verdadeira fora de Jesus Cristo. Existe sim um supermercado de espiritualidades que vai desde a Nova Era até às seitas esotéricas que atrai multidões. Este fenômeno tem muito pouco em comum com as exigências próprias de uma fé revelada que parte sempre de uma "escuta" obediente à Palavra e tende ao encontro responsável com uma pessoa concreta, Jesus Cristo. Acolher a Espiritualidade como experiência pessoal de Jesus, como escuta dócil à Palavra nos leva à experiência das ovelhas com o Bom Pastor. "Eu conheço minhas ovelhas e elas conhecem a minha voz e por isso, me seguem". Deixar se guiar pelo Bom Pastor.

Rezemos para que Deus nos conceda cada dia mais bispos, padres e diáconos configurados com o que Cristo espera de cada um de nós: unção pastoral e novo ardor missionário vivendo aqui e agora a santidade eterna. Aleluia!

Oração: Ó Pai, bom e misericordioso, dai aos vossos fiéis a profunda convicção de que estão vivendo sob os cuidados do único e verdadeiro Pastor de nossas vidas, que sois Vós, dentro do único grande rebanho humano, e trabalhem com muito empenho para que o quanto antes se expresse essa unidade no diálogo fraterno de todas as religiões. Fazei que nunca nos desviemos de vós, mas sigamos sempre os passos de Jesus, que arriscou a própria vida para nos salvar e nos conduz à vida plena. Somente Ele poderá conduzir-nos para vós. É o que vos pedimos, por Jesus, nosso irmão maior e vosso filho. Amém.

 

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