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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Evangelho do dia 21 de outubro 29º Domingo do tempo comum


21 outubro – Caminharemos a passinhos curtos, se não pudermos correr e nem andar ao passo, no entanto ficaremos de pé. Mas quando chegará a luz? Eis o segredo de Deus. (L 272).São Jose Marello
Marcos 10,32-45

"Jesus e os discípulos iam pela estrada, subindo para Jerusalém. Ele caminhava na frente, e os discípulos, espantados, iam atrás dele; as outras pessoas que iam com eles estavam com medo. Então Jesus chamou outra vez os discípulos para um lado e começou a falar sobre o que ia acontecer com ele. Jesus disse: 
- Escutem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não-judeus. Estes vão zombar dele, cuspir nele, bater nele e matá-lo; mas três dias depois ele ressuscitará. 
O pedido de Tiago e João 
Depois Tiago e João, filhos de Zebedeu, chegaram perto de Jesus e disseram: 
- Mestre, queremos lhe pedir um favor. 
- O que vocês querem que eu faça para vocês? - perguntou Jesus. 
Eles responderam: 
- Quando o senhor sentar-se no trono do seu Reino glorioso, deixe que um de nós se sente à sua direita, e o outro, à sua esquerda. 
Jesus respondeu: 
- Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber e podem ser batizados como eu vou ser batizado? 
Eles disseram: 
- Podemos. 
Então Jesus disse: 
- De fato, vocês beberão o cálice que eu vou beber e receberão o batismo com que vou ser batizado. Mas eu não tenho o direito de escolher quem vai sentar à minha direita e à minha esquerda. Pois foi Deus quem preparou esses lugares e ele os dará a quem quiser. 
Quando os outros dez discípulos ouviram isso, começaram a ficar zangados com Tiago e João. Então Jesus chamou todos para perto de si e disse: 
- Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos. 
Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.
"

Meditação:
Em seu evangelho Marcos repete três vezes que Jesus anuncia o fim de seu caminho, sem que seus discípulos o entendam (8,31; 9,30-32; 10,32-34). No terceiro anúncio, a incompreensão dos discípulos é tragicômica. Eles estavam assustados e acompanhavam-no com medo, Jesus estando a sós com eles e lhes diz: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos escribas; eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios, zombarão dele e cuspirão nele, o açoitarão e o matarão, e três dias depois ele ressuscitará.” (Mc 10,33-34). É o anúncio mais completo de pormenores sobre o processo político do julgamento de Jesus e da sua execução: traição, duplo julgamento, tortura, execução e ressurreição.

Enquanto Jesus anuncia que vai sofrer e ser morto, os apóstolos pensam que o messias político está indo para Jerusalém conquistar o poder e instalar seu reinado. Tiago e João tomam a dianteira dos seus colegas e numa competição desleal pedem a Jesus: “Concede-nos, na tua glória, sentarmo-nos, um à tua direita, outro à tua esquerda”  10,37).

O “fisiologismo” dos dois apóstolos é tão escandaloso que para amenizar a culpa deles Mateus escreverá que foi a mãe deles que pediu a Jesus esses lugares de honra ou pastas na administração do novo regime (Mt 20, 20s). Segundo a tradição, parece que Tiago e João eram primos de Jesus, e, portanto, segundo a lei oriental, tinham um direito particular, como membros da família, o que traduzimos hoje como “nepotismo”. De qualquer modo, se vê que eles não entenderam nada do que Jesus estava por fazer, enquanto ele se preparava para o sofrimento da cruz, eles, pensam na ambição do poder.

Jesus aproveitará esta ocasião para um ensinamento sobre as relações de poder na comunidade dos discípulos. Ele contrapõe dois estilos de autoridade diametralmente opostos: mandar, dominando ou servir gratuitamente. O verdadeiro poder de Jesus não consiste em distribuir títulos ou postos de honra, mas sim o de fazer que se participe em seu trágico destino: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu beberei e ser batizados com o batismo com que serei batizado?” (Mc 10, 38).

Marcos não consegue resistir à ironia. Oh! Sim, dizem Tiago e João; não há o menor problema, provavelmente nem sabem do que se trata. “Do cálice que eu beber, vós bebereis, e com o batismo com que eu for batizado, sereis batizados. Todavia o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim concedê-lo, mas é para aqueles aos quais isso foi destinado” (Mc 10, 39-40).

“Jesus aqui não rejeita a vocação de liderança, mas antes insiste em mostrar que ela não é transferida de maneira executiva. A liderança só pode ser exercida pelos que aprendem e seguem o caminho da não-violência, os que se acham ‘preparados’ não para dominar, porém para servir e sofrer ao lado de Jesus”.

Os outros discípulos ficam indignados, não porque achavam sem sentido o pedido dos dois, mas porque, no fundo, cada um deles queria ter o lugar de honra e poder!

O vírus do poder é mais do que contagioso! Claramente também eles compartilham a mesma ambição. Então Jesus ensina: ”Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os grandes as tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mc 10,42-45)

Para Jesus, ambição de dominação política pode servir para os poderosos deste mundo, mas não serve para o Reino de Deus. Jesus se refere aos dirigentes políticos de seu tempo, mas no fundo é o estilo de poder de todos os tempos. Pelo contrário, a comunidade eclesial deve ser dominada pela vontade de servir e não de poder. Jesus parece contrapor duas concepções de poder e das relações entre as pessoas.

Infelizmente, o contraste ou distinção feita por Jesus entre os seus seguidores e o sistema da sociedade civil nem sempre se verifica. “Custa muito dessacralizar qualquer forma de poder e despolitizar a religião... Por causa do lastro de séculos, e mesmo de milênios, como múltiplas metamorfoses de um único embrião.

Todas as culturas pré-cristãs conhecidas sacralizaram o poder e divinizaram as pessoas dos faraós, no Egito, dos reis, no Oriente e dos césares e imperadores, no Ocidente. Mesmo a Igreja, desde o séc. IV, em Constantino, no Ocidente, e Teodósio, no Oriente, e durante a Alta Idade Média, sacralizou imperadores e politizou ou temporalizou o serviço espiritual de Papas e bispos. Criou-se, assim, a mais perfeita confusão de competências, esferas e níveis espirituais e temporais...

Infelizmente, a situação repetiu-se ao longo da história da Igreja cada vez que se deformou o sentido, âmbito e consumação do Reino de Deus. Um reino que não tem o estilo político dos estados e governos deste mundo, como Jesus esclareceu perante o tribunal de Pilatos...

A lição que Cristo ensina a toda Igreja, povo e hierarquia, é que a comunidade eclesial está ao serviço do Reino de Deus no mundo dos homens.”

“O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir”, eis o modelo do “poder” de Jesus: o poder-serviço que põe a descoberto a igualdade entre todos e se centra no serviço. Um serviço generoso, ao ponto de seus seguidores serem batizados com Cristo no sangue do martírio e beber juntamente com ele o cálice da paixão.

Um serviço expiatório e redentor que surge da fonte do amor autêntico, “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15,13)

Nestas novas relações entre as pessoas ou nova sociedade, o poder; a autoridade e até a própria força é substituída pela força do amor, a arma mais eficaz da história e das relações entre as pessoas, mas não poucas vezes desconhecida, abandonada ou destruída.

A sociedade vitoriosa com as armas do amor não está contaminada, não tem nenhum vírus que a contamine. É uma sociedade sadia, livre, fraterna e solidária. É esta a sociedade na qual Deus se fez presente entre nós na vida de Jesus de Nazaré; esta sociedade é a razão de ser da Igreja e de todos os que a ela pertencemos. Isso não é utopia, é evangelho de Jesus, boa nova de Deus. Seremos tão mesquinhos a ponto de deixar que se converta em utopia o que é a verdadeira essência do cristianismo?

Seguir Jesus no caminho é preparar-se para amar, servir, dar a vida gratuitamente. Infelizmente, existe, talvez nos últimos anos de forma mais acentuada, uma busca de status e do poder no seio das igrejas, especialmente entre o clero mais jovem. Mas, ninguém pode se achar imune diante dessa tentação, pois está bem historicamente enraizada dentro de todos nós. Somente uma mística bem cuidada do seguimento de Jesus e do serviço, fundamentada no modelo que ele nos apresenta, poderá ser o antídoto que nos ajude a construir realmente uma Igreja onde optemos por relações fraternas de amor e serviço mutuo, abandonando como peso inútil a nossa suposta importância, autoridade e poder, provando que entendemos a lição da ultima ceia: “Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais.” (Jo 13, 12s)

Reflexão Apostólica:

Marcos estruturou o seu Evangelho para que a partir do capítulo 10 o ministério de Jesus se concentrasse no território da Judéia. A grande tônica vai ser a referência ao ensino de Jesus sobre a sua morte e ressurreição, assunto que os discípulos continuam sem entender. Portanto, Jesus dirige-se para o clímax do seu ministério identificando Jerusalém como o seu destino, onde encontraria a verdadeira oposição, e predizendo o sofrimento, morte e ressurreição do Filho do Homem.

É importante notar que Marcos começa por referir que a comitiva de Jesus ia "no caminho" (ejn th'/ oJdw'/) (v. 32) e termina esta secção com a indicação de que o cego seguiu a Jesus "no caminho" (v. 52). Este é o caminho da paixão, do sofrimento, da morte, mas que resulta em ressurreição, em vida, em experiência inolvidável.

Jesus dirige-se a Jerusalém, capital do Judaísmo, para aí fazer seu anúncio libertador. Sabe que está ameaçado de morte, mas não renuncia à sua liberdade de anunciar o Reino. Ele adverte os discípulos sobre isso. Eles ainda acham que Jesus poderia liderar um movimento de libertação da nação judaica. É o que se vê no pedido de Tiago e João a Jesus.

Eles pensam em posições de destaque em um reino de poder temporal. Jesus, em resposta, confronta a prática dominadora dos poderosos deste mundo com a prática de serviço que deve caracterizar as comunidades de discípulos que formam o Reino de Deus presente entre nós.
Jesus reúne os Doze e lhes anuncia com realismo o que vai ocorrer em Jerusalém: as autoridades religiosas e políticas o matarão e depois de três dias ressuscitará. Os filhos de Zebedeu pedem privilégios, não querem aceitar o sofrimento que supõe o seguimento de Jesus. O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos, é o Servidor, sofredor, não o Messias triunfador.

Não é próprio dos discípulos de Jesus buscar prestigio, poder e riquezas. O discípulo autêntico é o servidor que deve tomar distância das práticas de poder próprias “dos governantes que dominam as nações como se fossem seus donos”.

O caminho da cruz é também o caminho do discípulo, quem busca atalhos, nega-se a amar apaixonadamente como o fez Jesus. Somente ressuscita o que soube dar a vida.

Qual não terá sido a decepção de Jesus diante da insensibilidade de Tiago e João pelo seu sofrimento? Logo após anunciar a paixão que se aproximava, esses apóstolos pediram postos de comando ao lado de Jesus. Não entendiam que deveriam seguir o Mestre na humilhação e não na glorificação. A dor de Jesus já se prenunciava nessa cegueira dos apóstolos.

Jesus caminha avante e seus discípulos o acompanham com medo. Jesus sabia de tudo o que iria lhe acontecer, das humilhações e dos sofrimentos pelo qual passaria, mas seguia sempre em frente, com pés ágeis, porque tinha o grande desejo de servir e não de ser servido, de obedecer e doar-se a todo instante, com  a certeza da ressurreição do seu corpo e da sua alma, pois era promessa de seu  Pai.

No Reino de Deus, “quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos”. Portanto, os líderes cristãos são aqueles que se tornam capazes de colocar os seus talentos a serviço da comunidade, em benefício de todos, e não de si mesmos. O mundo, e de modo especial o Brasil, é profundamente carente de líderes verdadeiramente cristãos.

Jesus definiu o sucesso do discipulado como uma prática de serviço humilde às outras pessoas. O verdadeiro sucesso vem com a capacidade que se adquire no serviço e não através do desejo de ser servido. Marcos, ao colocar o episódio da cura do cego de Jericó no final desta secção, estava a querer dizer que os discípulos precisavam ser curados da sua cegueira mental.

Sejamos como Jesus, tenhamos o desejo de ser um serviçal do Pai, de acreditarmos na ressurreição de nossas vidas, e seguirmos sempre adiante proclamando que: quem confia no amor de Deus, e na força da ressurreição, mesmo passando por tribulações da vida, terá a paz como companheira. Jesus é o modelo não apenas de uma pessoa cheia do Espírito Santo, mas também ele é o Modelo de Liderança.

Propósito:
Pai, a exemplo de Jesus, transforma-me em servidor de meus semelhantes, e não me deixes ter medo de colocar minha vida a serviço de quem precisa de mim.
EM DIREÇÃO À LUZ
Você não pode fugir da responsabilidade de amanhã, ao tentar escapar à responsabilidade de hoje.  Abraão Lincoln
Todos nós sem exceção temos algumas coisas em nossa vida das quais gostaríamos que ninguém tomasse conhecimento. Ninguém está solitário nas trevas de seus hábitos, erros ou péssimas decisões tomadas as quais trouxeram consigo suas devastadoras conseqüências. O fato, porém, é que quando essas experiências são reveladas nós nos sentimos sós, envergonhados e culpados. 

Deus, mediante seu incrível amor, e sua graça maravilhosa, não deseja que venhamos a nos sentir culpados para sempre. Portanto, quando as trevas da sua vida são reveladas, regozije-se! Isso significa que a luz está vindo na sua direção. 

Trevas indo rumo à luz é um acontecimento maravilhoso; é coisa de Deus. E Deus nunca nos pede aquilo que não podemos fazer. Eis aqui algo para jamais esquecer: quanto mais perto de Deus você chegar, mais rapidamente as suas trevas se transformarão em luz.

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