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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

EVANGELHO DO DIA - 14 DE OUTUBRO - 28º DOMINGO DO TEMPO COMUM



14 outubro - Sabemos por fé que tudo é providencial nesta terra, e essa fé é a vitória que vence o mundo. (L 64). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 10,17-30

"Quando Jesus estava saindo de viagem, um homem veio correndo, ajoelhou-se na frente dele e perguntou:
- Bom Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
Jesus respondeu:
- Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Você conhece os mandamentos: "Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho contra ninguém, não tire nada dos outros, respeite o seu pai e a sua mãe."
- Mestre, desde criança eu tenho obedecido a todos esses mandamentos! - respondeu o homem.
Jesus olhou para ele com amor e disse:
- Falta mais uma coisa para você fazer: vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga.
Quando o homem ouviu isso, fechou a cara; e, porque era muito rico, foi embora triste. Jesus então olhou para os seus discípulos, que estavam em volta dele, e disse:
- Como é difícil os ricos entrarem no Reino de Deus!
Quando ouviram isso, os discípulos ficaram espantados, mas Jesus continuou:
- Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha.
Quando ouviram isso, os discípulos ficaram espantadíssimos e perguntavam uns aos outros:
- Então, quem é que pode se salvar?
Jesus olhou para eles e disse:
- Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, é. Pois, para Deus, tudo é possível.
Aí Pedro disse:
- Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor.
Jesus respondeu:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: aquele que, por causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras receberá muito mais, ainda nesta vida. Receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, terras e também perseguições. E no futuro receberá a vida eterna.

Meditação:
Neste domingo, a primeira leitura do Livro da Sabedoria apresenta-nos uma exposição simples do que o autor considera o bem mais excelente que está por cima de todos os bens da terra: a sabedoria. Diante dela, todos os demais bens são considerados sem sentido e vazios. Segundo a mentalidade bíblica, a sabedoria era a consecução de uma visão harmônica sobre o mundo, o homem e Deus. Não se tratava necessariamente de um domínio erudito do conhecimento, o que poderíamos chamar de ciência, mas do conhecimento de que Deus, que está por cima de tudo, autor de tudo, tem um plano harmônico para o mundo e, em especial, para a criatura humana.

Com o tempo, os sábios vão descobrindo que esse plano maravilhoso de Deus está contido na Lei ou Torá; então, o verdadeiro sábio não é o que sabe de memória a Torá, mas o que a entende, sabe interpretá-la e, sobretudo, põe-na em prática. Sabedoria, segundo eles, é saborear continuamente a Torá, ungir-se com ela, andar por seus caminhos. Isto também se confunde com o temor do Senhor, que não é o mesmo que uma atitude de medo em relação a Deus, mas uma posição respeitosa diante do Criador de tudo. Em outras palavras, a literatura sapiencial vai deixando claro que alcançar o ponto máximo de amadurecimento humano pelo reconhecimento de si mesmo como criatura e a Deus como criador é o que importa. Nessa posição, não se irá gastar a vida e o cérebro para competir com o Criador, mas manter, com consciência e dignidade, o papel que ao ser humano como criatura nos cabe desempenhar.

É mais benéfico para o ser humano assumir com simplicidade e alegria o papel de criatura – tendo em conta que Deus nos continua modelando com sua Palavra, pois fomos criados com capacidade para ser interlocutores seus –, e não para tentar “suplantá-lo”. A história está cheia de episódios trágicos protagonizados por pessoas que tentaram – e continuam tentando – isso: suplantar Deus, e a única coisa que conseguiram foi regar a terra com sangue...
Sempre que a Palavra de Deus entra em nossa vida, converte-se em guia e alimento de nossa existência. Isso é o que quer expressar o autor da Carta aos Hebreus. Aquele que escuta a Palavra deve estar em tal sintonia com ela que sua ação e influxo penetrem até o mais profundo de seu ser, até a medula; como espada de duplo fio que chega até a própria articulação da vida e da alma.

É o convite para que, no meio de tantas palavras que ouvimos, a cada momento, saibamos distinguir qual é a Palavra única e definitiva que, na realidade, tem capacidade de modelar nossa vida, de lhe dar Vida, a que nos apaga a sede de transcendência.
Na mesma linha desta idéia de “ser mais”, de transcender, narra-nos o evangelista Marcos que um homem se aproximou de Jesus para interrogá-lo sobre a melhor maneira de alcançar a vida eterna (v. 17). Jesus lhe recorda de modo sucinto que um bom caminho de perfeição são os mandamentos, e lhe recorda, de modo especial, aqueles que estão mais em relação com o próximo: não matar, não roubar, não cometer adultério, não levantar falso testemunho, honrar pai e mãe, em uma palavra, não ser injusto com os outros (v. 19), como quem diz, Jesus não começa fazendo um discurso sobre Deus e a necessidade de adorá-lo e pô-lo em primeiro plano; não lhe sugere nenhum preceito religioso nem cultual.

O caminho do crescimento e da perfeição a ser procurado pelo discípulo, supõe de entrada o reconhecimento da primazia de Deus e da natural inclinação de adorá-lo, bendizê-lo e louvá-lo. Esta inclinação natural, porém, segundo a exposição de Jesus, não pode ser teórica, de simples intenção ou muito menos se limitar à manifestação externa num lugar de culto.
Para Jesus – como o apresenta a esse homem e como o deixa claro Marcos para a comunidade primitiva e para nós –, o caminho começa por estender o olhar sobre o horizonte que se vai percorrer, no qual o primeiro que vemos é o outro, o próximo. Assim que nosso crescimento espiritual, nossa perfeição na fé tem como humo– terra adubada –, o crescimento e a perfeição das relações éticas com os demais e com a natureza.

Até aqui, estes mandamentos, apontados por Jesus como pressuposto para o caminho, não são exclusividade cristã. Um ateu, um não-crente também deve cumpri-los! Aquele homem também os cumpria, como falou a Jesus. E não o disse para se vangloriar nem com a intenção de chamar a atenção. Sua pergunta era muito mais sadia: era o reflexo da sede humana de crescer, de ser mais, de buscar mais e mais sentido para a vida. Era como dizer: “Sim, esses mandamentos são muito bonitos, conheço-os, pratico-os, mas... como ir mais além, como alcançar maior plenitude?”. A resposta de Jesus foi clara, simples, a não mais poder: vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, em seguida, vem e segue-me.

Este é o ponto crucial no qual o seguidor de Jesus tem que se definir. Para Jesus, está claro que o seguimento verdadeiro é incompatível com o apego aos bens, sempre justificado como algo necessário, como “infra-estrutura” para o discípulo poder dedicar-se ao serviço do evangelho.
Pois bem, aquele homem parte triste porque – diz-nos Marcos –, tinha muitos bens. Jesus não faz nada para retê-lo, para suavizar sua posição, para “negociar” uma saída para a questão; pelo contrário, a propósito disto, declara o quanto é difícil para os ricos entrar no reino de Deus. E, visto que seus discípulos não o estavam entendendo, reforça a idéia com uma figura bem exagerada: sim, é mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o rico no reino de Deus (v. 25).

Isto não deve ser entendido como uma oposição recíproca: salvação/condenação adiada para mais adiante. Na categoria temporal em que Jesus se move, nos termos em que propõe o surgimento do Reino, está claro que quem estiver apegado aos bens, aos privilégios sociais, mesmo à própria instituição familiar lhe será impossível começar a tomar parte no projeto que Jesus está levando adiante.
Acontece que nem sequer os próprios discípulos entendem esta colocação; eles estão esperando de alguma forma uma contraprestação, uma recompensa; mas ao ouvi-lo falar como falou, se surpreendem e por isso  perguntam: Então quem pode subsistir? (melhor que a tradução: “Quem pode salvar-se?”).
É muito fácil falar de opção pelos pobres quando não temos que nos preocupar com o dia de amanhã. É cômodo especular sobre a fome e a miséria no mundo quando nossa despensa guarda o necessário para a semana e no banco há saldo suficiente para cobrir nossas necessidades. É prazeroso atacar os desequilíbrios sociais quando os olhamos de cima. Apregoar compromisso com os pobres soa como palavras ocas quando temos financiamento garantido.
Como aquele homem do evangelho, tudo isso é muito fácil quando, instalados numa posição quase sempre privilegiada, sentimos aquela sede de perfeição, aqueles arroubos de santidade e de dar maior sentido à nossa vida. Não nos iludamos. A resposta será sempre a mesma: o serviço dos outros exigirá sempre de nós desprendimento e disponibilidade!

Hoje, não se trata mais de vender e repartir. A experiência de anos tem demonstrado que dando e repartindo não é exatamente como se chega a concretizar o projeto de opção pelos pobres. Atualmente, sabemos que a posse de bens deve servir como meio para a promoção humana e social dos marginalizados, dos sem-direitos.
Mas geralmente acontece que o papel de meiosque os bens materiais devem desempenhar se convertem em fim. Então, pomos todo nosso empenho em construir centros de pastoral, de culto e em adquirir bens e tantas obras e propriedades que, no final, passam a ser um verdadeiro insulto à massa de pobres que nos rodeiam.

Nossa Igreja, as comunidades, os grupos de evangelização e cada um de nós somos chamados a comparar sempre nossa vida com a Palavra de Jesus, com seu projeto. Voltar às origens, situar de novo nossa opção fundamental (não preferencial) onde sempre deveria estar.
Não somos convidados a multiplicar a pobreza nem a nos somarmos à massa de indigentes. O que o Evangelho nos pede é lutar para que haja justa repartição de bens, pão para todos e que todos possamos usufruir desta terra com que Deus nos presenteou!

Reflexão Apostólica:

O centro do relato de hoje está no debate entre Jesus e os seus discípulos. O Mestre afirma que “é mais fácil passar um camelo pelo buraco duma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus!”(v.25). Muitas vezes gastamos tanta energia em debater o que significa “o buraco da agulha” (quase sempre tentando diminuir o seu impacto!), e deixamos de lado o aspecto mais importante – a reação dos discípulos! Eles ficam “muito espantados” quando ouviram isso e se perguntaram “então quem pode ser salvo?”. Porque ficaram espantados? O que houve de espantoso na colocação de Jesus? Aqui está o âmago da questão.

O espanto dos discípulos – também todos judeus praticantes e piedosos- era causado pelo fato que, na ideologia religiosa vigente, a riqueza era considerado sinal da bênção de Deus, e a pobreza como sinal da maldição (uma idéia presente em certas seitas hoje e que as vezes infiltra certas pregações sobre o dízimo na própria Igreja Católica). Para eles, quem não iria se salvar era o pobre, pois o rico era abençoado.

Aqui é bom lembrar que se trata de “entrar no Reino de Deus”, que não é sinônimo com a salvação eterna. A salvação depende da gratuidade e misericórdia de Deus, e diante de tal mistério só cabe a gente calar-se. Mas o Reino de Deus deve ser uma experiência já existente entre nós, mesmo que não em plenitude, e que significa experimentar na vida os valores do Reino. O rico dificilmente entra nesta dinâmica porque normalmente é auto-suficiente, atrelado a um sistema classista e injusto, e com grande dificuldade tanto de repartir como de sentir a sua dependência de Deus.

A proposta de Jesus desafia as ideologias que vêem a riqueza como sinal da benção de Deus. A proposta dele não é a riqueza, mas a partilha, não e a acumulação mas a solidariedade e a justiça, para que todos possam ter o suficiente.

O texto deixa claro que quem quer viver este proposta vai sofrer, pois o mundo não vai aceitá-la. Quem segue Jesus na prática da solidariedade, encontra uma felicidade mais duradoura, mas com perseguição, mas já vive a certeza da plenitude do Reino que virá.

Quando decidimos seguir Jesus, ele nos falou também para vendermos tudo o que era nosso. Não necessariamente os bens materiais, mas renunciar às nossas vontades, aos nossos caprichos em proveito do próximo. Quem abre mão de si, pensa primeiro nos outros, está disposto sempre a servir aos irmãos.
Vejamos, por exemplo, os casais que vivem essa idéia de partilha 24 horas por dia. Seus direitos são iguais e as obrigações também. É verdade que nem sempre será possível substituir o outro em todos os afazeres (inclusive, domésticos). Mas o importante é a sensibilidade para perceber o que deve ser feito e haver disponibilidade para ajudar sempre, servir sem esperar recompensa. Quantas vezes terão de sacrificar momentos de lazer para ouvir os filhos ou brincar com eles em nome da vivência de um projeto de vida que ambos assumiram com alegria desde o dia do casamento. O dom da inteligência e da sabedoria não se comparam a nenhum valor terreno, nem há dinheiro algum que o compre.

Estamos convencidos da necessidade da oração para que Deus nos conceda os dons da inteligência e da sabedoria? Temos "coragem" de meditar sobre a Palavra de Deus principalmente quando nos questiona e desinstala? Aceitamos nos despojar de nossos desejos e tempo para servir aos irmãos?

Propósito:Senhor Jesus, reforça minha liberdade interior de forma que nada, neste mundo, me impeça de cumprir a vontade do Pai.

 No Rosário contemplamos a vida de Maria, o seu percurso de Mãe de Jesus. Por isso, ser chamado a imitar Maria é uma grande missão. Procuremos neste mês estar atentos as nossas atitudes de serviço e oração já que queremos ser como Maria, ou pelo menos, tomá-la como exemplo...


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