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sábado, 30 de março de 2013

O amor e o perdão de Deus caminham juntos - sábado especial


 

Jesus morreu na sexta-feira. No sábado vieram o luto e a incerteza. Talvez os discípulos tenham se perguntado: “Por que Jesus escolheu o caminho da morte? Não poderia ter fugido?” Poderia. E Pedro, o apóstolo, nos ensina a razão da escolha de Jesus: “Pois o próprio Cristo sofreu uma vez por todas pelos pecados, um homem bom em favor dos maus, para levar vocês a Deus.” (1Pe 3.18).
Hoje, séculos após a morte de Jesus, você sabe: o sofrimento de Jesus, o sacrifício do bom em lugar do mau, teve um propósito: levar você a Deus. Alegre-se! O luto acabou.

O amor e o perdão de Deus caminham juntos

Nessa véspera da Páscoa, que se chama de “sábado do silêncio” convido você, de uma forma muito especial, a navegar pelo tema do Perdão, sob a ótica de Mateus tendo em mente que “se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Co 5,17).

E por que isso é importante? Porque quando Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23,34) vejo que essa oração a Deus teve o objetivo atingir as seguintes pessoas: Primeiro Judas que o traiu; depois todos àqueles que tramaram para garantir uma sentença dada à revelia do acusado; também a Pedro que o negou por três vezes; e, por fim aos discípulos que fugiram atemorizados diante da sorte do Mestre.

Diante do endereçamento da oração de Jesus, vou fazer um convite a vocês: Vamos tentar nos transportar para aquela sexta-feira fatídica na Palestina, onde encontrarmos uma cena que apresenta a figura de Jesus despido de qualquer dignidade, reduzida à condição de trapo humano e sendo crucificado.

Olhando para tudo isso e sofrendo as mais agudas dores nas mãos e nos pés, Jesus lança um olhar de compaixão e ora: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23,34). É bem forte; mas, para um entendimento melhor desta oração é necessário dividi-la em partes:

A primeira parte é: “Pai, perdoa-lhes” – Jesus chama Deus de “Pai”, não de “Deus” ou de “Senhor”. Essa mudança no tratamento é porque Jesus quis que Deus exercesse a benignidade de Pai e não a severidade de um Juiz e evitar a cólera de Deus, que certamente seria provocada pelas atrocidades cometidas.

Jesus usa o substantivo masculino Pai. A palavra Pai parece conter em si mesma este pedido: Eu, Teu Filho, em meio de todos os meus tormentos, os perdoei. Faz Tu o mesmo, Pai Meu, estende Teu perdão a eles. Mesmo que eles não mereçam, os perdoa por Mim, Teu Filho, Teu único Filho. Lembra também de que és o Pai deles, pois os criaste, fazendo-os à Tua imagem e semelhança. Mostra-lhes, o Teu sublime amor de Pai, pois, mesmo sendo maus e fracos, eles são Teus filhos.

Depois, Jesus diz “Perdoa” - Esta palavra revela a Sua condição de advogado daqueles que passiva ou ativamente concorreram para o acontecido; e, principalmente daqueles que dias atrás, no domingo de ramos, O saldaram como rei ao entrar em Jerusalém e logo depois O trocaram por Barrabás. Ou seja, do alto da Sua Cruz, o Nosso Senhor orou pelo perdão de cada um de nós.

Já a afirmação: “Pois não sabem o que fazem” – é uma necessidade para que Sua oração seja razoável; na verdade, Jesus diminui-se, ou, mais ainda, dá uma desculpa plausível para os pecados da humanidade. Não restou a Jesus outra alternativa senão desculpar a falta cometida alegando ignorância. Jesus mostra a Deus que nem Pilatos, nem os sumos sacerdotes, nem o povo tinham a real consciência de que Ele era o Filho único de Deus.

Digo sem medo de errar, que essa oração de Jesus é aplicada hoje para cada um de nós, que ainda não tínhamos nascido; e, principalmente àquela multidão de pecadores que eram seus contemporâneos mas que não tinham conhecimento do que estava sucedendo em Jerusalém, então disse com muita verdade o Senhor: “Eles não sabem o que fazem”.

Finalmente, Jesus se dirigiu ao Pai também, ou melhor, principalmente, em nome de todos os que testemunharam os acontecimentos e sabiam que Jesus era o Messias e um homem inocente e nada fizeram.

E, tudo que Ele faz (assim mesmo no presente) é porque perdoar é um dos atos básicos da fé cristã; é a porta de entrada na vida que Jesus Cristo nos oferece, que só é possível porque recebemos perdão do nosso Deus e Pai. Deus nos perdoou, mediante a obra de seu Filho feita na cruz, em nosso favor. Por isso, não podemos esquecer que o amor e o perdão sempre caminham juntos.

Jesus, nos relatos de Mateus (Mt 18), apresenta uma nova realidade, uma nova forma de viver a relação entre as pessoas, vai enumerando a forma de viver plenamente o amor através do perdão. E, para aplicarmos esses preceitos de Jesus devemos ter em mente que a lógica do Filho de Deus, que morreu pedindo ao Pai perdão para os Seus assassinos e para todos que O abandonaram, é a lógica que nos leva ao amor incomensurável de Deus, tendo a certeza que “o coração do entendido adquire conhecimento; e o ouvido dos sábios busca conhecimento” (Pv 18,15).

E, isso quer dizer que é no perdão onde o amor de Deus é revelado; é no perdão que pode nos ajudar a suportar e ultrapassar os nossos problemas, angústias e decepções; pois, “o Senhor sustém a todos os que estão a cair, e levanta a todos os que estão abatidos” (Sl 145,14). Com tudo isso, pode ser constatado com certa facilidade, que o tamanho dos nossos problemas é inversamente proporcional à importância que damos a Deus na nossa vida. Até porque perdão é um ato de amor, e “o amor é isto: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados” (I Jo 4,10).

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