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sábado, 23 de março de 2013

DOMINGO DE RAMOS


Domingo de Ramos

Júlia Billiart, Dionísio

Se você quiser enriquecer a Liturgia deste Domingo de Ramos com alguma
ilustração pode recorrer ao site de Cerezo Barredo no seguinte endereço:
http://servicioskoinonia.org/cerezo/dibujosC/22ramosC.jpg

Primeira leitura: Isaías 50, 4-7
Terceiro cântico do Servo; sofrimento e confiança.
Salmo responsorial: 21, 8-9.17-18a.19-20.23-24
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?
Segunda leitura: Filipenses 2, 6-11
Aniquilou-se, humilhou-se até à morte na cruz!
Evangelho: Lucas 22,14 - 23,56
Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo.

O tema central do Domingo de Ramos é o Messianismo. O Messianismo tem várias
etapas na Bíblia, mas em si a idéia mais profunda de Messias que o povo de
Israel assumiu consiste na espera da aparição escatólogica de um líder
carismático descendente de Davi, que haveria de instaurar definitivamente na
terra «o direito e a justiça».
O Antigo Testamento tem sua própria idéia de Messias. Muitos reis,
especialmente Davi e seus sucessores, receberam o título de Messias. O termo
propriamente dito foi assumido no anúncio profético depois da morte de
Salomão, quando o povo viu a necessidade da chegada de um restaurador e
salvador de Israel das mãos de seus inimigos, os impérios invasores.
Nas idéias de Messias que tem o Antigo Testamento podemos destacar várias
etapas:
- O Messias há de brotar da raiz, do tronco de Isaí, o pai de Davi, portanto
não da dinastia que exercia o poder e reinava.
- Muitos no Antigo Testamento pensavam em outro Davi, e daí nasce a idéia do
Messias-Rei com suas funções nitidamente monárquicas e militares.
- Para a comunidade dos essênios o Messias não será o descendente de Davi,
mas de Aarão.
- Para outros, a idéia de Messias toma a forma do Servo de Javé.

É o profeta Isaías quem mais profetiza e anuncia a chegada do Messias de
Deus. O Messias é entendido por este profeta como o Servo de Javé que chega.
O Messias, para ele, é a grande realidade de Deus vivendo conosco, a grande
realidade do grande restaurador e libertador da escravidão, da grande
violência, da grande miséria à qual foi condenado o Povo de Deus. O Messias
em sua condição de Ungido de Javé é seu enviado, seu representante, o
encarregado de promulgar seus desígnios.
A idéia de Messias e dos tempos messiânicos estava fundamentada na esperança
de que Deus cumpriria plenamente as promessas feitas ao povo escolhido, à
nação que ele havia designado como sua herança. A chegada do Messias -
enviado, ungido, servo - de Deus é a instauração do Reinado de Deus na
história e no tempo, e é ali onde, segundo a concepção judaica, Israel se
vingaria dos pagãos, dos não-judeus.
A idéia messiânica do Antigo Testamento está baseada na força
político-militar de um enviado do Deus de Israel para dominar todas as
nações da terra e transformar Israel numa nação forte e poderosa, capaz de
submeter todos os povos que não têm Javé por seu Deus.
O Messianismo é uma das heranças que o Novo Testamento recebe da tradição
vetero-testamentária. No tempo do Novo Testamento, sendo governado o mundo
de então por Roma com toda a sua força, riqueza e pretensões, também há
grupos majoritários que esperam a chegada definitiva do Messias que os
libertará do domínio explorador romano. Todos então esperavam a intervenção
de Deus na história através de um líder que fosse capaz de derrubar o poder
imperial e fazer de Jerusalém a grande capital de Israel. Quando Jesus
assume a realidade do messianismo, sabe que lhe tocará enfrentar estas três
forças:

- a classe religiosa de seu tempo, que não concebia a idéia de um Messias
pobre, sem armas, sem exércitos, e muito menos a idéia de um Messias que
criticasse o modo de agir dos líderes desse momento. Eles serão os primeiros
a se opor e jamais acreditarão que Deus possa se servir de um ser humano que
nasceu de uma família pobre para anunciar a chegada iminente do Reino de
Deus;

- o povo também será uma força de oposição para o messianismo que Jesus vem
propondo, pois eles que sofreram a exploração, a fome e a morte de perto,
não são capazes de aceitar um Messias saído dessa realidade de miséria e de
exploração, nem são capazes de assumir a nova mentalidade proposta por
Jesus;

- e Roma, que será a mais atingida se permitir que o ensinamento do
revolucionário Jesus de Nazaré se propague. Por isso busca por todos os
meios aliar-se ao poder religioso e manipular a população atordoada para que
alianças sejam feitas visando a morte de Jesus.

O messianismo de Jesus está baseado no serviço aos mais vulneráveis da terra
e
na inclusão de todos aqueles que o legalismo judaico e o poder romano haviam
excluído e condenado. Seu messianismo supera então a idéia nacionalista,
militar e política como se entendia no Antigo Testamento.

A segunda leitura é um hino popular que o autor recolhe da carta aos
filipenses e que canta o mistério de Jesus, compondo uma visão global do
mesmo, desde sua pré-existência divina até sua exaltação gloriosa, passando
pela realização de um messianismo de serviço e encarnação, de kênosis e
cruz. Encarnar-se, entregar-se ao serviço e à humildade. é o "esquema de
messianismo" que caracteriza a Jesus segundo a visão desta peça
literário-litúrgica da máxima antigüidade. Este deverá ser também o
"esquema" de nosso "seguimento messiânico" do Messias Jesus: seguí-lo em
sua tarefa messiânica, prolongar seu compromisso messiânico, fazer hoje o
que faria o Messias Jesus. nesta época em que - segundo nos apresentam os
meios de comunicação do sistema- já não se crê em messias nem em
messianismos.

Sobre o tema do messianismo, vejam este artigo que pode servir de referência
e marco geral: Jon SOBRINO, Mesías y Mesianismos. Reflexiones desde el
Salvador, "Concilium" 245(abril 1993)159-170, acessível também em
http://servicioskoinonia.org/relat/069.htm

Para toda esta Semana Santa o tema da Cruz, do conflito de Jesus e do
conflito cristão em geral será um tema constante.
BOFF, Leonardo: "Cómo anunciar hoy la Cruz de nuestro Señor Jesucristo",
http://servicioskoinonia.org/relat/217.htm
BRAVO, Carlos, "Jesús, hombre en conflicto", edições em Sal Terrae, CRT,
Vozes e várias outras no Continente.
ELLACURIA, I., Por qué muere Jesús y por qué le matan,
http://servicioskoinonia.org/relat125.htm
SOBRINO, J., El conflicto en la Iglesia,
http://servicioskoinonia.org/relat/146.htm
CASALDALIGA-VIGIL, "Espiritualidad de la Liberación", capítulo sobre
"Cruz/Conflictividad/Martirio"; edições em vários países do Continente,
edição telemática disponível livremente no site de Casaldáliga:
http://servicioskoinonia.org/pedro


Para a revisão de vida
Jesus foi, sobretudo, historicamente falando, um Messias, o Messias. E este
Messias histórico é o que confessamos como Filho e revelador de Deus. O
Jesus da minha fé, é Messias? Meu seguimento de Jesus, é "messiânico"?
Prolongo o messianismo de Jesus aqui e agora?

Para a reunião de grupo
Tomar o artigo de Jon Sobrino e articular uma reunião de estudo teórico e
aplicado:
-Nosso Cristo, a quem rezamos e seguimos, é de fato Messias, ou nós o
desmessianizamos? Por acaso não é um Cristo sem Reino?
-A devoção pessoal a Jesus, a concentração na pessoa de Jesus, acaso não
está nos levando ao esquecimento da Causa de Jesus, o Reino?
- Acaso o lugar geográfico em que vivemos e/ou o "lugar social" não estaria
influindo em tudo isto?

Para a oração dos fiéis
Hoje responderemos: - Nós vos amamos, Senhor, e cremos em Vós.
- Contemplando uma vez mais vossa paixão e morte, Senhor Jesus, nos sentimos
chamados a tornar nossa a vossa Causa, a vossa esperança, o vosso serviço de
Messias que veio para todos os que têm esperança. Por isso vos dizemos:
- Observando também vossa paixão e vossa morte experimentadas hoje, pelos
homens e mulheres que sofrem qualquer situação de injustiça, opressão ou
exclusão, nos sentimos interpelados a intervir nessas situações e a
consagrar nossa vida à tarefa de ser e dar esperança para os demais. Por
isso vos dizemos:
- Ao entrarmos na "semana maior" do ano, nos sentimos unidos a todos os
homens e mulheres que crêem em Cristo, esperando e desejando que chegue o
dia em que, além de qualquer fronteira de separação religiosa, possamos
dizer todos juntos:
- Ao sabermos através de Jesus que o amor é o critério supremo pelo qual
serão julgadas todas as nações, sonhamos para que chegue o dia em que os
homens e mulheres de todos os povos e religiões possam invocar o "Deus-amor,
de todos os nomes" e dizer-lhe a uma só voz:
-Ao começarmos uma semana que para muitos é também de descanso, de
interrupção do ritmo semanal ordinário, de férias ou mesmo de turismo,
queremos estar unidos a todos os que em meio a essas atividades "profanas"
não deixarão de se encontrar consigo mesmos e com o divino que levam dentro
do peito. Mesmo que por formas diferentes que as costumeiras, com eles
queremos vos dizer:

Para a oração comunitária
Ó Deus que, de muitas maneiras e de uma forma constante ao longo da
História, enviastes muitos Messias para virem ao encontro das esperanças dos
homens e mulheres de todos os tempos e de todas as religiões. Fazei que
todos os que cremos no Messias Jesus admiremos conseqüentemente seu espírito
messiânico de humildade e de serviço, para que fugindo de toda imposição ou
arrogância, ponhamos sempre no centro, acima de tudo, como ele, a esperança
de um "novo céu e nova terra onde more a justiça". É o que vos pedimos com
esta esperança que queremos ver realizada pelos séculos dos séculos. Amém.

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