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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Evangelho do dia 04 de novembro sexta feira 2022

 


04 novembro - Saibamos manter-nos naquela perfeita igualdade de espírito, que é tão vantajosa para o progresso na virtude, e conservemo-nos sempre numa tal disposição de ânimo que nos faça estar prontos para tudo, sem nunca nos perturbar. (S 237). São Jose Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 16,1-8

Naquele tempo, 1Jesus disse aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’.
5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!” O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. 

Meditação:

 O Evangelho de hoje apresenta uma parábola em certo modo bastante atual, a do administrador infiel. A personagem central é o administrador de um proprietário de terras, figura muito popular também em nossos campos, quando regiam sistemas usufrutuários.

Como as melhores parábolas, esta é como um drama em miniatura, cheio de movimento e de mudanças de cena. A primeira tem como atores o administrador e seu senhor e conclui com uma dispensa taxativa: «Já não podes ser administrador». Este não esboça sequer uma autodefesa. Tem a consciência suja e sabe perfeitamente que tudo aquilo que o patrão ficou sabendo a seu respeito é certo. A segunda cena é um monólogo do administrador que acaba de ficar sozinho. Não se dá por vencido; pensa em soluções para garantir um futuro. A terceira cena – o administrador e os camponeses – revela a fraude que idealizou com esse fim: «‘Tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem sacos de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve: oitenta’». Um caso clássico de corrupção e de falsa contabilidade que nos faz pensar em frequentes episódios parecidos em nossa sociedade, ainda que em uma escala muito maior.

A conclusão é desconcertante: «O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza». Será que Jesus aprova ou estimula a corrupção? É necessário recordar a natureza totalmente especial do ensinamento nas parábolas. A parábola não deve ser trasladada em bloco e com todos seus detalhes ao plano do ensinamento moral, mas só naquele aspecto que o narrador quer valorizar. E está claro qual é a idéia que Jesus quis incutir com esta parábola.

O senhor elogia o administrador por sua sagacidade, não por outra coisa. Não se afirma que volta atrás em sua decisão de despedir este homem. E mais ainda, visto seu rigor inicial e a prontidão com a qual descobriu a nova artimanha do administrador, podemos imaginar facilmente a continuação, não relatada, da história. Após ter elogiado o administrador por sua astúcia, o senhor deve ter-lhe ordenado que devolvesse imediatamente o fruto de suas transações desonestas, ou pagá-las com a prisão se não pudesse saldar a dívida. Isso, ou seja, a astúcia, é também o que Jesus elogia, fora das parábolas. Acrescenta, de fato, quase como comentário às palavras desse senhor: «Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz».

Aquele homem, frente a uma situação de emergência, quando estava em jogo seu porvir, deu prova de duas coisas: de extrema decisão e de grande astúcia. Atuou pronta e inteligentemente para salvar-se. Isso – Jesus vem dizer a seus discípulos – é o que deveis fazer também vós para pôr a salvo não o futuro terreno, que dura apenas alguns anos, mas o futuro eterno. «A vida – dizia um filósofo antigo – não é dada a ninguém em propriedade, mas a todos em administração» (Sêneca). Todos nós «administradores»; por isso, devemos fazer como o homem da parábola. Ele não deixou as coisas para amanhã, não dormiu. Está em jogo algo mais importante que não pode ser confiado à sorte.

O Evangelho com frequência faz diversas aplicações práticas desse ensinamento de Cristo. Aquele no qual se insiste mais tem a ver com o uso da riqueza e do dinheiro: «Eu vos digo: usai o ‘dinheiro’, embora iníquo, para fazer amigos. Quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas». É como dizer: fazei como aquele administrador; fazei-vos amigos daqueles que um dia, quando vos encontrardes em necessidade, possam acolher-vos. Esses amigos poderosos, sabemos, são os pobres, já que Cristo considera dado a Ele em pessoa o que se dá ao pobre. Os pobres, dizia Santo Agostinho, são de certa forma, nossos correios e transportadores: eles nos permitem transferir, desde agora, nossos bens na morada que se está construindo para nós no céu.

Reflexão Apostólica:

 O evangelho do dia de hoje é um chamado à criatividade e à sagacidade para construir, em nossas comunidades cristãs, o reino de Deus proposto por Jesus. A parábola não se centra tanto nas artimanhas do administrador, mas na capacidade que teve para prever o futuro que enfrentaria. Por isso negocia com os devedores as contas do seu senhor, com a finalidade de que ao menos em tempo de crise o fosse acolhido em sua casa.

Para que servem os bens, as riquezas, as posses que temos neste mundo? Para acumular fortunas descomunais? Para gastar em festas intermináveis? Para reprimir os outros? Para criar impérios multinacionais que regem o destino dos povos? Para dar uma imagem de solidez e êxito? Parece que o mundo das riquezas existe apenas para isso? Porém, Jesus nos indica outro caminho: empregar o dinheiro ilícito em boas obras.

Não podemos abusar nem esbanjar dos bens que o Senhor coloca em nossas mãos. Vamos prestar contas um dia, de tudo o que o Pai colocou à nossa disposição.

 Os bens que Deus põe ao nosso dispor devem servir para que, partilhados com os nossos irmãos, nos sirvam de passaporte para uma vida plena em Deus.

 Ao contar para os seus discípulos a parábola do administrador desonesto Jesus quis nos dar a lição de que nós devemos usar a sabedoria e a nossa inteligência também quando tratamos das coisas de Deus aqui nesse mundo.

 Jesus não elogiou a atitude desonesta do administrador, mas a motivação que o levou a angariar a amizade das pessoas. Estas pessoas são aquelas a quem nós ajudamos e com os quais nós nos solidarizamos nas horas de necessidade, não importando o tamanho do bem que nós fazemos ou a quantia que nós ofertamos.

 Por isso, é a maneira como vivemos e o nosso modo de ser, de tratar o semelhante, de acolher, de compreender, de dispensar que fará com que nós sejamos recebidos um dia nos tabernáculos eternos.

 A compaixão que exercitarmos com os nossos semelhantes, o perdão e a misericórdia são ações sábias que devemos colocar em prática enquanto estivermos aqui na terra, porque elas nos servirão de passaporte para o reino dos céus.

 Normalmente, nós colocamos mais empenho nos negócios do mundo do que nos interesses de Deus e damos prioridade ao que rende mais aqui na terra do que o tesouro que juntamos no céu.

 Os que tratam com as riquezas deste mundo, sabem fazer isso, de modo desonesto. Os filhos da luz, porém, muitas vezes não sabem fazer assim para conquistar a amizade das pessoas e agradarem a Deus.

 Você tem usado a sua inteligência e sagacidade também para fazer amizade com as pessoas como Deus quer? Como você tem tratado as pessoas que precisam de você, que trabalham para você, que lhe servem? Você é uma pessoa acolhedora ou está sempre prevenida com medo de se envolver? Como você tem tratado as pessoas com quem você convive? Você sabe dispensar os seus erros? Você tem vivido as coisas do mundo, do trabalho, do mesmo modo que você tem vivenciado as coisas ligadas a Deus? O que faz a diferença?

 Nem em todos os sentidos os filhos deste mundo são mais sensatos que os filhos da luz. São mais sensatos no trato com os seus, com a geração que é a sua, na esfera dos assuntos da terra, na vida econômica e nos negócios, onde quer que se trate de ir atrás de uma vida próspera. Numa coisa não são sagazes: seu olhar não se estende para além da terra; não reconhecem o mundo futuro.

Sagaz, tal como o entende Cristo, somente é aquele que não afunda de tal modo na existência terrena que se esqueça de que o reino de Deus se aproxima. É sagaz “o criado a quem seu Senhor, ao voltar, o encontrar fazendo assim”, ou seja, dedicado fielmente a seu serviço.

Os filhos da luz têm olhos que veem o que é a vida, o homem, o mundo diante de Deus. Na fé na Palavra de Deus reconhecem o mundo futuro que se descobre por trás do presente; o reino de Deus com todas as suas promessas; a vida eterna. Em troca, os filhos da luz, comparados com os filhos deste mundo, são irresolutos e fracos em sua ação quando se trata de cuidar de seu esplêndido futuro. Jesus tem razão em queixar-se.

A parábola do administrador astuto, lida em sua totalidade, oferece-nos a imagem de um homem que aproveita seus últimos momentos à frente de uma grande fortuna para beneficiar os devedores. É um administrador que emprega o dinheiro para reduzir a carga nos demais e procura amizades duradouras.

Esta parábola não quer ser um elogio à corrupção, mas um convite para que não aumentemos as cargas dos demais, porque podemos estar próximos de perder tudo. Jesus nos desafia: converter a economia de exploração em uma economia solidária. Ele quer um novo ser humano, que rompa com a mentalidade do lucro e se oriente pelo horizonte da fraternidade e solidariedade, que se coloque acima do acúmulo desmedido de bens.


É preciso estar atentos, vigilantes, interpretando o caminho de Deus e de sua esperança no mundo, denunciando a ação do mal e proclamando a promessa de Deus: a vida.

É urgente que em nossas comunidades leiamos a realidade do mundo à luz dos valores do Evangelho, vivendo ativamente no presente a fraternidade, o serviço, o amor como sinais visíveis desse futuro prometido.

 Propósito:

Pai, torna-me esperto em relação às coisas do Reino, e sempre misericordioso no trato com o meu semelhante, pois é assim que alcançarei a comunhão contigo.

 

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