Seguidores

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

EVANGELHO DO DIA 04 DE DEZEMBRO 2022 - 2º DOMINGO DO ADVENTO

 


04 de dezembro - As contrariedades e os sofrimentos que nos perturbam são como tantas outras cruzes sobre as quais está escrito o nome de Jesus. (S 209). São Jose Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 3,1-12

Naquele tempo João Batista foi para o deserto da Judéia e começou a pregar, dizendo:
- Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!
A respeito de João, o profeta Isaías tinha escrito o seguinte:
"Alguém está gritando no deserto:
Preparem o caminho para o Senhor passar!
Abram estradas retas para ele!"
João usava uma roupa feita de pêlos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato. Os moradores de Jerusalém, da região da Judéia e de todos os lugares em volta do rio Jordão iam ouvi-lo. Eles confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão.
Quando João viu que muitos fariseus e saduceus vinham para serem batizados por ele, disse:
- Ninhada de cobras venenosas! Quem disse que vocês escaparão do terrível castigo que Deus vai mandar? Façam coisas que mostrem que vocês se arrependeram dos seus pecados. E não digam uns aos outros: "Abraão é nosso antepassado." Pois eu afirmo a vocês que até destas pedras Deus pode fazer descendentes de Abraão! O machado já está pronto para cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não dá frutas boas será cortada e jogada no fogo. Eu os batizo com água para mostrar que vocês se arrependeram dos seus pecados, mas aquele que virá depois de mim os batizará com o Espírito Santo e fogo. Ele é mais importante do que eu, e não mereço a honra de carregar as sandálias dele. Com a pá que tem na mão ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga.


Meditação:

A primeira leitura (Is 11,1-10) descreve uma maneira nova e diferente de relação da humanidade entre si e com uma ordem natural harmônica. O povo se encontra numa época em que recorda os dias bons e felizes. Mas também se lembra dos dias amargos que experimentou por culpa da direção errada de seus governantes.

Houve uma época em que o povo vibrou por ter alcançado a Terra Prometida. Uma vez nela, experimentou a alegria e o bem-estar, filhos da liberdade. Mas logo começou a vivenciar uma etapa diferente. Poder-se-ia dizer que houve um retrocesso: foi a época da monarquia. Em seu bojo, veio a infidelidade a Javé.

Naquele contexto, o referencial de esperança do povo hebreu passou a ser o surgimento de um rei como Davi, que corrigisse os desvios dos sucessores de seu trono. A partir de Isaías, começou a surgir a ideia da vinda de um ser extraordinário que não fosse simplesmente como Davi, mas muito mais que ele; mais propriamente, filho de Jessé, o pai de Davi.

Tal personagem devia encarnar os atributos do verdadeiro rei, entendido como lugar-tenente de Deus. Se até então os reis de Israel haviam-se descuidado de seu principal dever, que era a proteção dos fracos, esse novo ramo do tronco de Jessé colocaria essa função em primeiríssimo lugar.

O poema descreve-nos, além disso, que esse novo ramo seria o homem do Espírito como os profetas; mais que eles, porém, porque aqueles tinham sido movidos “temporariamente”, pelo Espírito, enquanto que o descendente de Davi o possuiria permanentemente.

A partir dos anúncios de Isaías, a figura do Messias iria adquirindo cada vez mais força, e isso era presságio de tempos novos e melhores. A descrição que faz o profeta sobre esse novo ambiente, essa nova harmonia entre seres humanos e a Criação provocará o surgimento de uma mentalidade nova e liberta.

O Messias se definiria pela libertação que deveria ser entendida, sob todos os aspectos, tanto material quanto espiritual. Absurdas brigas, discriminações, ódios, a própria guerra teria que desaparecer diante da presença do Messias.

São Paulo (Rm 15,4-9) ensina aos cristãos de Roma que não percam a esperança. Esta virtude – afirma ele – assenta-se em dois pilares fundamentais: a convivência fraterna e a escuta da palavra de Deus, registrada nas Escrituras.

É muito agradável e consolador esta mensagem de Paulo, hoje. Não é raro encontrar pessoas que têm a Bíblia consigo e ouvir delas como se sentem aliviadas e consoladas nos momentos difíceis. Temos que ser mais incisivos nesse trabalho de união e partilha fraterna e a escuta da Palavra, para que esse contato com a Escritura não se torne intimista nem mágico.

A narrativa deste Evangelho passa por um intervalo de silêncio de cerca de 30 anos, em que Jesus cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens, junto com seus pais e seus irmãos em Nazaré, obedecendo aos seus pais e agradando a Deus (Lc 2,51-52 e Mt 3,17).

Estava chegando a hora de iniciar o Seu ministério, e Deus havia já fornecido e equipado um mensageiro apropriado para preparar o Seu caminho, de conformidade com a profecia de Isaías proferida sete séculos antes (Is 403-5, Ml 3,1 e 4,5).

O seu arauto, ou proclamador, foi João (Favor de Deus), sobre quem encontramos mais detalhes no primeiro capítulo do evangelho de Lucas. Foi apelidado de "o batista", porque se tornou notório pelos batismos que executava no rio Jordão.

No evangelho nos encontramos com João Batista em plena atividade: tocando, com suas palavras e seu estilo de vida, as fibras mais íntimas da sociedade de seu tempo.

João encarna em sua pessoa os clássicos profetas do Antigo Testamento, totalmente em contraste com as pessoas que andavam preocupadas somente com sua aparência externa. O evangelho descreve uma figura quase estranha, e para muitos, vulgar, por causa de sua maneira de vestir-se e sua dieta alimentar.

Suas palavras ressoam desde o deserto, e têm impacto na capital; desde ali se deslocam fariseus e saduceus para escutá-lo. Eles são os representantes da sociedade judaica.

Os primeiros encarnam o ideal do judaísmo através da rigorosa prática da lei, agora convertida em legalismo; os outros encarnam a opulência, a auto -suficiência; estão convencidos de que suas riquezas e bens são “bênçãos de Deus”. Todo Israel escuta a João, pois estão ali também os pobres, os que não vivem na capital nem possuem fortuna, mas todos ansiosos para escutar o profeta.

A proposta de João é clara: não basta saber e proclamar-se filho de Abraão; isso é acidental, também das pedras Deus pode fazer filhos de Abraão. Por mais filhos da promessa e da bênção que se sintam, a conversão é estritamente necessária; não valem nem a aparência nem a auto - suficiência. Mesmo que as árvores sejam frondosas, também serão podadas se não produzirem os frutos exigidos pela Palavra de Deus.

João coloca a exigência dos frutos a partir do seu batismo de água, ponto de partida para se dispor ao batismo no Espírito que “a àquele que vem depois de mim” outorgará e ao qual João considera tão grande a ponto de não se julgar digno de desamarrar-lhe as correias das sandálias. Somente os que souberam captar a mensagem de João foram capazes de intuir ao menos algo do que Jesus propôs.

Este tempo de Advento é uma oportunidade mais que propícia para nos colocarmos diante de João e de Jesus. O primeiro nos prepara, e o outro nos forma de um modo único e definitivo, e a formação que Jesus oferece voluntariamente faz parte de sua própria origem, na simplicidade e na pobreza como elementos essenciais para captar sua mensagem e seguir seu caminho.

Peçamos à Deus que possamos dar muitos bons frutos.

 Reflexão Apostólica:

 No domingo passado, refletíamos sobre o risco real de não nos darmos conta da vinda de Jesus Cristo por causa das preocupações deste mundo. E, por isso, hoje, nos perguntamos: de que modo este tempo de Advento nos adverte para a chegada do Messias?

 Ligamos a TV e vemos um exagero de propagandas de produtos em promoção; junto a isso, um sem fim de anúncio dos especiais de fim de ano. Muitas luzes brancas ou coloridas piscam enfeitando ruas, igrejas, lojas. Nas casas, árvores de natal, presépios, guirlandas. Começam as festas com a brincadeira de amigo oculto e distribuição de presentes.

 São sinais que deveriam dizer pra nós com força: é tempo de preparar o interior para acolher o Salvador do mundo. Convertam-se! Mudem de mentalidade! Mas parece que tais sinais nos estimulam a fazer exatamente o contrário: preocupem-se com o material, comprem, bebam, esqueçam quem na realidade deve ser lembrado.

 O cristão autêntico vive neste mundo, e, apesar das dificuldades, deve considerar estes sinais precursores que aqueçam o nosso coração para esperar, desejar e acolher aquele que está para chegar. Assim, ninguém poderá dizer: “ah, eu não sabia que o Natal estava próximo”.

 O evangelho de hoje apresenta um precursor, aquele por excelência: João. Aparece no deserto vestindo pele de camelo e cinturão de couro. Ao mostrar João vestido dessa forma, Mateus quer nos dizer que ele é profeta ao modo de Elias; tal profeta conduziu o povo de volta ao Deus verdadeiro.

 Além da roupa simples, se alimenta de gafanhotos (alimento próprio dos beduínos pobres) e de mel. Esta fuga de popularidade é explicada pelo fato de que “aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu.

 Eu nem sou digno de carregar suas sandálias”; ele não quer chamar a atenção, nem está preocupado com o próprio prestígio, interesse ou sucesso, mas encaminha tudo exclusivamente a Jesus.

 João Batista tem uma voz forte, clara e decidida porque sabe muito bem quem está para chegar, ele faz de tudo para que as pessoas se preparem de modo justo para esta chegada.

 Ele convida a conversão: “convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo”. A conversão é simbolizada aqui pelo tempo no deserto, tempo de prova, tempo de transformação, assim como o povo liberto do Egito foi conduzido por Deus até a terra prometida, alcançando-a finalmente pela travessia no Jordão.

 Quem escuta João, se batiza no Jordão, confessando os próprios pecados. O batismo de João era algo tão raro que ele ficou conhecido como João, o Batista. De fato, através do batismo nas águas do Jordão, a pessoa confessava os pecados, purificando-se para se aproximar do Messias.

Um ponto importante é que não devemos identificar esta conversão com o comportamento farisaico. Ser fariseu é fazer a coisa certa pelo motivo errado.

 Somos fariseus quando fazemos algo correto por medo, por interesse, pela busca da aprovação e admiração. O fariseu vive naquele que apresenta uma boa imagem, sem de fato ser bom.

 Podemos chegar a ser tão orgulhosos que ouvindo a mensagem de Jesus, fingimos acreditar ser pecadores, e, consequentemente, fingimos acreditar ser perdoados.

 O simples remorso pelo pecado não é arrependimento, menos ainda palavras piedosas de falsa santidade. Isso não tem valor algum. O verdadeiro arrependimento consiste em deixar de uma vez por todas o pecado e dirigir-se para o caminho reto da justiça e obediência a Deus.

 “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão”. Eles cumpriam a lei, mas desprezavam os fracos, condenando-os ao castigo divino.

 João deixa bem claro que quem não produz frutos bons será cortado e jogado no fogo. Estes frutos bons são fáceis de entender, é simplesmente o modo como tratamos uns aos outros: com amor.

 “Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu”. Acolher é uma parte do amor, quem sabe, a mais difícil. Quantas vezes na nossa família não nos suportamos, discutimos, ofendemos com palavrões o próximo ou mesmo com o desprezo.

 Como Cristo acolheu a nós: a ovelha perdida, o bom ladrão, com o amor misericordioso, assim devemos acolher o próximo. Para isto, somos batizados com o fogo e com o Espírito Santo na totalidade de seu amor e de seus dons.

 João nos prepara para definir-nos frente a Jesus; essa definição implica uma mudança em nossa vida. O que devemos mudar? É reto ou tortuoso, com muitas curvas, o caminho por onde caminhamos? Por quê?

 João é a antítese da sociedade de seu tempo; quer dizer, não se adaptou comodamente às maneiras de ser e de pensar de seus contemporâneos. Como nos comportamos no ambiente em que vivemos? Existe algo de anúncio-denúncia em nossa maneira de ser e de transmitir a mensagem?

 Propósito:

Ó Deus, Pai-Mãe, que nos dais todo o vosso amor; fazei com que nossas palavras e obras mostrem sempre nossa disposição ao amor e à reconciliação, afastai de nós toda atitude de discórdia, egoísmo e violência, e fazei com que o encontro que hoje celebramos nos fortaleça na construção do “outro mundo” possível que Vós nos convidais a vos ajudar. Senhor, ensinai-nos a cumprir toda a justiça, a exemplo de Jesus, fazendo-nos solidários com quem se afastou de Vós e precisa novamente encontrar-vos.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário