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quarta-feira, 27 de abril de 2022

Evangelho do dia 30 de abril sábado 2022

 


30 abril Vale mais um pensamento de caridade que se desenvolve no coração do nosso Cottolengo do que mil projetos filantrópicos que se procura promover à custa de milhões espremidos das veias do povo. (L 76). SÃO JOSE MARELLO

 


Evangelho João 6, 16 – 21

Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles. Soprava um vento forte e o mar estava agitado. Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo. Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.

 Reflexão – “vento forte e mar agitado”

 A imagem do vento forte e do mar agitado nos leva a refletir sobre os momentos na nossa vida em que achamos que iremos sucumbir em vista das tribulações. Tudo se torna escuro à nossa volta e não temos capacidade para distinguir o que pode estar tão perto de nós. Na escuridão não enxergamos uma saída para os nossos problemas. Já remamos muito, já tentamos tudo, no entanto, não sentimos paz e entramos em desespero. A margem, isto é, a solução, já está bem próxima de nós, no entanto, nos angustiamos por causa do vento. Mas, é justamente nesses momentos, que precisamos parar para perceber os sinais de Deus. Jesus não nos esqueceu!  Ele chega à nossa vida “andando sobre as águas”, vencendo as nossas dificuldades empunhando na mão a vitória que conquistou para nós. Mesmo assim, às vezes, não acreditamos na Sua intervenção e O confundimos com as pessoas comuns, por isso, temos medo.

Se pararmos para pensar, na maioria das vezes em que isto nos acontece também estamos indo para o “mar”, sozinhos, isto é, assumindo compromissos, em hora imprópria, por nossa conta. Muitas vezes nós entramos na “barca”, e enfrentamos os trabalhos e tomamos as decisões sem esperar por Jesus. Não estamos orando, não refletimos a Sua Palavra e queremos resolver tudo sozinhos (as)!  Assim sendo, remamos por conta própria e a tempestade é consequência das nossas deliberações equivocadas e as coisas não dão certo porque estamos confiando em nós mesmos (as). Escolhemos estar sozinhos (as), talvez porque não nos importemos muito em saber a opinião de Deus, se é hora para ir ou para ficar. Na maioria das vezes nos antecipamos e traçamos os nossos planos, os nossos projetos sem esperar pelas sugestões do Espírito Santo que conhece melhor o caminho pelo qual vamos cruzar. Então o inesperado acontece: durante o percurso que escolhemos o mar encontra-se agitado e a tempestade nos surpreende. O vento nos tira do sério e ficamos aflitos (as) e angustiados (as). Não nos apercebemos, porém, que Jesus está por perto e espera que olhemos para Ele, que confiemos na Sua autoridade sobre as tempestades da nossa vida.  Mesmo que passemos por borrascas não precisamos mais nos angustiar, já estamos perto da praia, o pior vai passar e Jesus já vem ao nosso encontro, recebe a nossa barca e a coloca em lugar seguro. 

–  Alguma vez você já viveu essa situação?  – Você reconhece a voz de Jesus no meio do mundo? – Você também tem enfrentado as dificuldades, sozinho (a)? – Você leva sempre Jesus na sua barca ou algumas vezes O tem esquecido na praia? –Você confunde Jesus com as pessoas do mundo?

Depois de refugiar-se a sós na montanha para fugir da multidão, Jesus desceu para mostrar aos discípulos o verdadeiro sentido da sua missão: conduzir as pessoas para o Reino de Deus. Para isso, Jesus foi revestido de poder.

 Esta narrativa (João 6,16-21) de Jesus andando sobre as águas do mar agitado, após a partilha dos pães, está presente, também, nos Evangelhos de Marcos e de Mateus, com poucas e insignificantes discordâncias.

 Este é um relato curioso, considerado ao longo da história da igreja e da interpretação dos evangelhos, como um dos maiores milagres realizados por Jesus: caminhar por cima das águas, transformando em terra firme a plataforma instável e móvel do mar. O relato não se refere a um milagre real de Jesus, um milagre da natureza. Porém trata-se de um relato altamente simbólico. O mar, à noite, o forte vento, o caminhar pelo mar, são indicações que nos conduzem a uma interpretação simbólica. Os discípulos de Jesus decidem ir na barca até Cafarnaum, porque como explica o evangelista “havia chegado a noite”, dado com que o evangelista designa a ideologia própria do sistema opressor, cujos falsos valores ainda professam os discípulos de Jesus, ansiosos por um messianismo político. Eles são partidários de um messias de poder. Porém, o poder, que somente os priva da liberdade, impedido o crescimento humano, convertendo-se em antítese do projeto divino e inimigo da pessoa humana.

 A noite é um período de ameaças, de ventos, de tempestades, de pesadelos. Aos discípulos parece às vezes que sempre é noite. Fazem uma longa travessia, procuram a margem, mas não se vê porque é de noite. A intensidade do vento aumenta. É o momento no qual os "fantasmas" aparecem e o medo toma posse do corpo. Foi isso exatamente o que sentiram os discípulos. Jesus se aproxima deles. Mais um motivo para se assustarem? Exatamente o contrário, pois as palavras de Jesus ajudam a recuperar o sentido, para que a viagem volte a ter sentido e direção. "Sou eu, não tenhais medo". Hoje voltamos a ouvir suas palavras, por isso não há razão para ter medo.

 Para interpretar com fidelidade o Evangelho da tempestade acalmada por Jesus:” Soprava um vento forte e o mar estava agitado...” temos que usar o simbolismo; pois sem ele a narrativa parece ser um sucesso normal em que um homem se revela com poder especial sobre a natureza. Em primeiro lugar Jesus deixa seus apóstolos sozinhos, à noite, no meio do mar que por seu estado de turbulência aparece como representante do mal, dominado pelo maligno. A barca com tudo o que na hora representava o Reino, era realmente uma pequena semente de mostarda. Sem Jesus, o vento contrário a domina e a impede de chegar a seu destino. Não adianta o esforço dos remos porque a vela, com o vento em contra, não pode ser usada. E esse vento não é humano.

 Apesar de serem pescadores e de terem anos de experiência no mar e principalmente pescando a noite, eles tiveram medo. Diz o Evangelho que eles remaram uns cinco quilômetros, ou seja, não estavam muito longe da praia. Mas do que será que os Apóstolos de Jesus tinham medo? Porque era noite, ou porque o vento agitava o barco e eles tinham medo de morrer? Acredito que a maior tempestade estava dentro dos Apóstolos, e era essa agitação que Jesus queria acalmar. Jesus quer acalmar os corações, porque o medo é uma ameaça que começa a destruir por dentro, mesmo que tenha situações muito concretas no exterior, o medo nos destrói de dentro para fora.

 A tempestade que ameaçava suas vidas só acabou pela presença segura e tranqüilizadora de Jesus. A fé nos deita na mão de Deus. A fé acalmou o temporal e levou os discípulos "ao lugar aonde iam". Nas mãos de Jesus, chegaremos ao lugar aonde vamos. Sonhando com Jesus, nosso objetivo não pode estar errado, mas estará no ponto de visão de Deus, no horizonte dele. E Ele nos levará até lá pela fé.

 A fé em Deus não livra a ninguém das dificuldades e dos incontáveis desafios da vida comum não tira os nossos sofrimentos e dificuldades, como querem tantos hoje, mas nos dá as forças necessárias para vencê-las. Há uma garantia da vinda e da presença do Senhor. Sua presença é garantia vitoriosa. Sua espera e sua experiência se fazem na comunidade. Os outros são também peregrinos pelo mesmo caminho, companheiros de alto mar. As ondas são enfrentadas na mesma barca, mesmo quando há medos. Se do coração dos discípulos brotam gritos de medo, do coração do Senhor e Mestre brota a certeza: ‘Coragem! Sou eu! Não tenhais medo’! Fraco é o discípulo que não acredita na força desta presença, merecedor da qualificação de fraco na fé. Uma fraqueza que só é superável pelo reconhecimento que faz confessar, de todo coração: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus”. Uma confissão que só faz, de coração, aqueles que se prostram diante d’Ele, ‘a sós, orando’. Jesus está sempre presente nas comunidades, confortando os discípulos e garantindo o bom termo da missão. 

 Quantas situações nos aprisionam as mãos e os pés, colocando em nossas mãos algemas e nos pés correntes, mas quando isso chega a acontecer é porque o nosso coração já está cativo, a aparente calmaria externa pode revelar um turbilhão de tempestade dentro de nós e enquanto não fizermos como Pedro, estendermos nossa mão para dizer: “Senhor socorra-me estou perecendo”. Pois o medo tem a capacidade de nos paralisar, o medo é a prisão do coração. E quem vivi com medo não caminha, anda se esbarrando nas esquinas dos seus sentimentos, e tenta completar-se no vazio dos sentimentos dos outros. Quando temos medo de perder, somos aprisionados pelo sentimento de posse, pois onde há temor não há amor verdadeiro. "No mundo tereis aflições. Coragem! Eu venci o mundo!”. Não podemos desanimar diante dos problemas e das provações que temos passado, pois sabemos que a nossa força vem do Senhor e por isso precisamos dizer: Mesmo enfermo, “Eu sou Guerreiro “.

 A vida nos reserva altos e baixos; sombras e luzes; vitórias e derrotas; alegrias e tragédias! Aliás, tragédias são indescritíveis. Elas não têm hora para chegar, não pedem licença e sem que as autorizemos abruptamente invadem nossas vidas interrompendo sonhos, projetos e ideais.

 Deus não é um déspota masoquista que tem prazer na dor e no sofrimento dos homens. Nosso Senhor, usa nossas agonias e angustias no intuito de que O conheçamos melhor. Na verdade, são momentos de adversidade que podemos sentir de perto os braços acolhedores do Pai.

 É neste contexto que se entende o texto de hoje. Os discípulos, ao verem Jesus, acham que é um fantasma e ficam apavorados. A comunidade de Mateus era semelhante - diante da perseguição e do sofrimento, Jesus parecia para eles um fantasma - uma ilusão, uma fugacidade, incapaz de dar sustento à sua vida comunitária de fé. Diante do medo dos discípulos, Jesus é taxativo: "Coragem! Não tenham medo! Sou eu!". Mateus relata essa história - acrescentando esses elementos ao texto mais sóbrio de João - para ajudar a sua comunidade a entender que Jesus não é um fantasma, mas uma presença real, vivificante, fortalecedor e libertador no meio da comunidade, mesmo e especialmente na hora das dificuldades e perseguições.

 Não é fácil aprender isso. Não existem palavras, existe só ação abandonada e ativa na sua mão, na sua história em nós. Na sociedade de hoje, nas grandes cidades, o fantasma da violência surge como uma sombra. As mudanças políticas, econômicas e das relações de emprego ameaçam a nossa capacidade de sustento a nossa família. Como nossa presença espanta fantasmas e resgata de terríveis pesadelos, a presença de Deus nos agarra pela mão e os seus passos nos conduzem a lugar seguro. O mundo já não é mais uma ameaça, mas lugar do projeto de Deus. O temporal é o espaço para a manifestação de Deus; o fracasso e o temor são a possibilidade dele agir em nós. Temer o quê?

 Somos todos comprometidos com o Reino, mas precisamos da presença do Ressuscitado, pois temos horas difíceis, como a dos apóstolos em alto mar. Enquanto confiarmos apenas em nós próprios, seremos como os homens das passagens acima: Angustiados, temerosos e hesitantes. Quando tiramos os nossos olhos do Senhor começamos afundar porque não acreditamos Naquele que tudo pode, quantas vezes o Jesus nos chama a caminhar sobre as águas e dizemos não, pois temos medo de enfrentar as tempestades, os ventos fortes, mas hoje Jesus nos convida a fazer uma grande experiência com Ele caminhar sobre as águas acreditando que Ele está conosco, e se começarmos afundar Ele estará com suas mãos estendidas para nós chamando-nos a erguer a cabeça ir em frente.

 Nós estamos neste barco hoje e a tempestade está ao nosso derredor. Agora é preciso remar para dentro de nós mesmos e para dentro de DEUS, onde encontraremos a calmaria do conhecimento e da Verdade, ai seremos livres, livres de todos os medos. Onde ouviremos duplamente essa voz, de dentro de nós e do coração de Deus: “Sou Eu. Não tenhais medo!”. Reafirmemos nossa fé e Deus nos tornará fortes e seguros como a rocha.

 Oração: Senhor, nas horas difíceis, quando o mar se agita e o vento sopra, percebemos quanto precisamos de vós. Pensamos que estais longe, ficamos com medo achando que não vos importais. Mas, como dissestes, não precisamos ter medo, porque vós sois quem sois, o Filho de Deus, e podeis ajudar-nos, mesmo quando pensamos que estais longe. Cremos, Senhor, que caminhais conosco, e por isso a viagem será curta e o mar sem perigo.  

Lembrai-vos, Senhor, de todas as pessoas que passam por dificuldades materiais e espirituais para que possamos conhecer a Vossa verdade e sermos fiéis por toda a vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



 

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