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sexta-feira, 6 de março de 2015

Evangelho do dia 7 de março sábado - Santas Perpétua e Felicidade

15 Façamos os pedidos ao nosso bom papai São José, que é o Patriarca das pessoas atrapalhadas (ele que passou por tantas atrapalhações!). (L 78). São Jose Marello
Lucas 15,1-3.11-32

Naquele tempo, os publi­canos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queira matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome’. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”’  
 
 
Meditação: 
Este Evangelho narrado por Lucas, conhecido como “parábola do filho pródigo”, poderia muito bem ser denominado “parábola do pai misericordioso”. Nele temos a revelação do Deus de Jesus que a todos acolhe em seu infinito amor. Respeita plenamente a liberdade de seus filhos e está com o coração aberto para acolhê-los a qualquer momento, sem censuras, independentemente de sua história passada.
 Este é o nosso Deus de quem nós devemos aprender todos os dias e horas. Diferencia-se do deus dos escribas e fariseus, que castiga os que dele se afastam, impondo-lhes variados sofrimentos; e, se há arrependimento, reata sua aliança sob ameaças.

É por seu amor misericordioso que o Deus de Jesus move à conversão e ao reencontro com a vida plena. Assim a parábola do Pai Misericordioso vai mostrar como Deus pai age diante do filho pecador. A situação que relata é absolutamente real e facilmente encontrável em qualquer família humana.
O movimento desta parábola é simples: apresentação dos personagens, atitude do filho menor, atitude do pai diante do filho perdido, atitude do filho mais velho.

Como se vê, as três primeiras cenas são paralelas às atitudes do pastor e da mulher diante do objeto perdido, a novidade vê da atitude do filho mais velho.

Certamente a parábola reflete a atitude dos fariseus e escribas diante dos pecadores. Não deixa de ser interessante a linguagem da refeição na parábola, o que nos lembra o contexto: "houve fome" (v. 14), desejava comer vagens (v. 16), os empregados do pai "têm pão em abundancia" (v. 17), o pai manda "matar um novilho gordo: comamos e bebamos, vamos fazer uma festa" (v. 23), "nunca me deste um cabrito para uma festa com meus amigos", queixa-se o irmão mais velho (v. 29) e esclarece "este teu filho que gastou todos os teus bens com prostitutas".

Como se vê, há um contraste entre os personagens em relação a uma mesma situação: o filho irmão menor. Como em outras parábolas de dois personagens, talvez o título deveria refletir estas duas atitudes mais que remeter ao "filho pródigo".

Por outra parte, ocupa-se em mostrar a queda profunda do filho mais novo com uma série de elementos muito críticos para qualquer judeu: "país distante", "vida libertina/prostitutas", "passar necessidade", "cuidar de porcos", não lhe dão sequer vagens para se alimentar, que é comida preferencialmente de animais (deveria roubá-las?), a ponto de pretender voltar "a seu pai" como um assalariado.

É preciso prestar atenção em palavras como "não mereço" (vv. 19.21) e "é bom/convém" (v. 32). Descobrindo sua miséria, o filho parte "de seu pai" (não diz de sua casa, ainda que se suponha "pros" (vv. 18.20), o filho mais velho é quem não entra "em casa" (v. 25).

O movimento de partida e regresso do filho é semelhante ao perder-encontrar e mais ainda à morte-ressurreição, com este paralelismo termina a intervenção do pai que volta a repetir-se ao intervir junto ao filho mais velho.

O filho mais novo preparou um discurso, porém o pai não lhe permite terminá-lo. O pai transborda em generosidade e iniciativa: não somente corre ao encontro do filho ao vê-lo ao longe, mas lhe devolve a filiação que havia "perdido": isso significa o anel (selo), as sandálias, e a melhor veste, tratamento digno de um hóspede de honra. A alegria do pai fica refletida ainda, na festa por "este meu filho".

O irmão mais velho, que retorna depois de cumprir com suas responsabilidades de filho, não quer ingressar na casa e participar da festa. Novamente o pai sai ao encontro do filho e aí escuta a reprovação. O filho mais velho se recusa a reconhecê-lo como irmão ("esse teu filho"), ao que o pai lhe recorda ("este teu irmão").

O pai não lhe nega a razão pelo fato de o filho mais velho "jamais ter desobedecido a uma ordem"; é um "sempre fiel", alguém que "está sempre com o pai" e tudo que é seu lhe pertence, porém o pai quer ir mais além da dinâmica da justiça: o filho mais novo "não merece", porém "é bom" festejar. A misericórdia supõe adiantar-se em relação aos outros.

Os pecadores, por serem tais, não merecem, porém o amor é sempre gratuito e vai mais além dos merecimentos, olha o caído. Os fariseus e escribas são modelos de grupos "sempre fiéis", porém, sua negativa em receber os irmãos que "estavam mortos" e voltam à vida, pode deixá-los do lado de fora da casa e da festa. Os mais velhos também podem sair de casa, se não imitam a atitude do pai, ou podem ingressar e festejar se são capazes de receber os pecadores e comer com eles.

Em nossa vida cristã, costumamos transitar entre caricaturas de Deus; seja pelo que acreditamos, pelo que mostramos ou por aquilo que nos ensinaram. Seja um Deus bonachão, um vingador que a uma falha nossa nos castiga, um distraído ou esquecido das coisas dos humanos aos quais criou "faz tanto tempo", um "pai" autoritário e caprichoso que decide arbitrariamente e não permite discussões na realização de sua vontade. Como é nosso Deus?

É importante saber como é o Deus no qual acreditamos, porém mais importante é saber como é o Deus no qual Jesus acreditou e como é o Deus que ele nos revelou. Como sempre, Jesus nos fala de Deus, não somente com palavras, mas também com o agir. Agindo, Jesus nos mostra a verdadeira face de Deus Pai.

Hoje Jesus nos conta uma parábola, que nos fala de Deus. É uma parábola que nasce de uma atitude de Jesus. Ela quer nos ensinar que, diante dos irmãos desprezados, podemos agir de duas maneiras diferentes: como Deus, que é também uma obra de Jesus, ou também como os judeus religiosos, os "separados" do resto, os puros.

O pecado é o amor-não-praticado e por isso nos distancia de Deus, que é amor; separa-nos da casa paterna. Porém, com seu amor, que continua sendo derramado, e de um modo preferencial pelos pecadores, Deus continua estendendo constantemente sua mão amiga, à espera da volta de seus filhos.

Nós, com nossa freqüente caricaturização de Deus, costumamos rejeitar, julgar e condenar os considerados pecadores. Nós, como Jesus, com nossas atitudes também mostramos o Deus no qual acreditamos; porém, diferentemente de Jesus, também mostramos um Deus que em nada se assemelha ao Eterno Buscador de Filhos Perdidos.

O Jesus que ama e prefere os pecadores, e come com eles, não faz outra coisa que conhecer a vontade do Pai e realizá-la concretamente: partilhada sua mesa, seu alimento nos fala claramente de Deus!

No comportamento de Jesus se manifesta o comportamento de Deus. Jesus mesmo é parábola vivente de Deus: sua ação se transforma assim em uma revelação. Que Deus, que Igreja, que ser humano revelamos com nossa vida?

Com freqüência, como irmãos mais velhos, nos sentimos tão orgulhosos de não ter abandonado a casa do pai, que acreditamos saber mais que o próprio Deus: Deus se torna "injusto" diante da nossa "justiça"; Deus é "de pouco caráter" para nossa imensa sabedoria. Quem sabe, Deus já esteja velho, para dedicar-se à sua tarefa e deveria aposentar-se e deixar-nos.

Diante de tanta gente que rejeita a Igreja ("creio em Deus, mas não na Igreja"); às vezes admitimos: "Deus sim quer a Igreja". É o caso de nos questionar: que Igreja é a que ele quer? Nós mostramos, com nossas atitudes, em que Igreja acreditamos? Esta Igreja, a que nós mostramos é a Igreja que Deus quer? Jesus, com sua vida, e até na forma de se alimentar, mostra o verdadeiro rosto de Deus.

Talvez devamos, de uma vez por todas assumir nosso papel: deixar nossa atitude de filho mais velho e, já que é tão difícil fazer o papel de Deus, deveríamos assumir o papel de filho mais novo; é hora de voltar para Deus, para enchê-lo de alegria, para participar de sua festa; e, participando de sua alegria comecemos a mostrar o rosto misericordioso deste Deus que está sempre de braços abertos para nos acolher. A mesma cena eucarística é expressão da universalidade do amor de Deus: é alimento para o perdão dos pecados.

O Deus da misericórdia não quer ninguém excluído de sua mesa, da mesa da vida; mais ainda, quer convidar especialmente a todos aqueles que são excluídos das mesas dos homens por sua situação social, por sua pobreza, por seu sexo ou por qualquer outro motivo; e vai mais longe, não vê com bons olhos os que acreditam participar de sua mesa, mas excluem de sua mesa os seus irmãos por serem pobres.

O Deus que não faz distinção de pessoas, ama diletamente os menos amados. Contudo, muitas vezes tomamos a atitude do irmão mais velho. Quando é que vamos sentar à mesa dos pobres e abandonar nossa tradicional postura de soberba e divisão de "bons cristãos"?

Quando é que vamos participar da festa de Deus reconhecendo como irmãos os rejeitados e desprezados? Jesus nos convida à sua mesa, uma mesa na qual mostramos, como em uma parábola, como é o Deus, como é a fraternidade nos quais acreditamos. E vamos mostrar que somos irmãos, que somos filhos, na medida da nossa participação da alegria do pai e do reencontro com os irmãos.

Reflexão Apostólica:

Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.

Os fariseus e escribas procuram condenar Jesus, escandalizados pela familiaridade com que trata pecadores e publicanos. Estes descobriram em Jesus um caminho de conversão. Alguém finalmente compreendeu sua história e as razões pelas quais viviam em pecado. Isto os tocou, profundamente; agora seguem a Jesus tentando uma profunda mudança de vida
A parábola confronta os que vivem sujeitos à Lei e aos ritos, com os que decidiram voltar à casa do Pai. Este continua com os braços abertos para receber com amor a todos os que decidirem converter-se; quando: desejarem fazê-lo, ou quando suas histórias pessoais os tenham tocado profundamente.

Pensando sobre esta parábola em uma comunidade de base, uma senhora perguntou: “onde estava a mãe do garoto?” E outra contestou: “Rezando para que seu filho voltasse são e salvo”. Nesta parábola é onde Jesus melhor apresenta o Deus Pai-Mãe. Tem dois filhos diferentes e os ama imensamente aos dois. Não quer escolher entre eles.

São eles que devem crer em tanto amor e gratuidade e aceitar-se mutuamente como irmãos. Ambos devem aprender do Pai-Mãe que o amor não faz cálculos mesquinhos, mas que cresce na gratuidade e na aceitação dos outros tal como são. O filho mais velho é reflexo dos fariseus, mesquinhos e calculistas.

O filho menor se assemelha aos pecadores que Jesus está recebendo em sua comunidade. Os fariseus o criticam e se negam a entrar na festa do Reino para não se juntar a eles. Não crêem na capacidade dos demais de arrependerem-se e voltar a amar. No fundo deixaram de crer na capacidade de amar que tem o Pai-Mãe revelado por Jesus. A qual dos três personagens nos assemelhamos mais?

Contemplemos nossa vida pessoal, familiar e comunitária à luz do Evangelho, para reconhecer com humildade nossas limitações e avaliar como tem sido nosso processo de aproximação ou de distanciamento da casa do Pai.

Esta parábola nos leva a refletir na nossa condição de filhos e filhas de Deus, que temos à nossa disposição alimento com fartura para saciar a nossa fome de felicidade e, no entanto, nos apossamos de uma falsa liberdade que nos impulsiona a ir buscar no mundo a mesma comida que os “porcos comem”.

Erroneamente, nós achamos que o Pai quer ter conosco uma relação de patrão e empregado e não percebemos que Ele põe ao nosso alcance, a todo o momento, a nossa herança para que possamos usufruí-la de uma maneira que nos faça desfrutar a vida e ser feliz.

Nós, porém, queremos a nossa parte como se fosse um salário que apenas serve para comprar coisas que não têm serventia e que alimentam exclusivamente os desejos da nossa humanidade. E, se arrependidos pensamos em voltar também achamos que seremos recebidos como um empregado que regressa acabrunhado sem direito nenhum, para somente receber um prato de comida. Jesus nos dá uma demonstração de como é a mentalidade de Deus.

O Pai sempre sente compaixão pelo filho que se arrepende. O processo da volta começa com o arrependimento. Quando nos afastamos de Deus querendo ser donos da nossa vida desejando ter “liberdade” para viver sem restrições e fazer o que nos dá na telha, nós sofremos as conseqüências.

Há um momento em que nos sentimos perdidos, afundados na lama, famintos e humilhados. O Pai nos espera! Podemos voltar! Ele nos receberá, porém precisamos estar arrependidos e humildes, sem razões e justificativas para que o perdão realmente aconteça e faça sentido para nós. Quem não se arrepende não precisa ser perdoado.

Às vezes nós somos o filho mais velho que não compreende o porquê da misericórdia de Deus para com os pecadores. Vivemos na casa de Deus como hóspede que não se sente à vontade nem se acha com livre-arbítrio de provar de tudo que o Pai põe ao seu dispor. E quando retorna o “filho pródigo”, nós também não compreendemos a compaixão que o Pai tem para com ele e queremos que Deus faça tudo de acordo com a nossa “justiça” que é injusta. O Pai, porém quer colocar à disposição de todos, igualmente, a herança que Ele nos destinou: a nossa salvação.

Você já experimentou voltar para Deus arrependido e humilhado? Como você se sentiu? Quando você erra volta-se pra Deus com o coração de filho (a) ou de empregado (a)? Qual a diferença entre ser filho (o) e ser empregado (a)? Você acha que o filho mais velho se comportou com a mentalidade de filho ou de empregado?

Propósito:

Pai, coloca-me no caminho da vida, banindo todo egoísmo que me afasta de ti, e não permitindo que eu jamais duvide de teu amor.

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