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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Evangelho do dia 27 de novembro - 1º DOMINGO DO ADVENTO

27 - Humildade em tudo, até em virar os olhos e em mexer as mãos. (S 198). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 24,37-44
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: 37“A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. 38Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem.
40Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado.41Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada.
42Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor.
43Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.
44Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”. 

 
Meditação:

O ano litúrgico, com sua constante referência à páscoa do Senhor, e através da linguagem própria de cada uma das suas etapas, alimenta a vida espiritual da Igreja e de cada cristão. É a partir desta intrínseca relação com o Cristo morto e ressuscitado através do ano litúrgico que devem encontrar a própria orientação e o próprio sentido toda iniciativa pastoral e toda forma de piedade comunitária e pessoal, como ensina o Concílio Vaticano II (SC 12,13,105) e como destaca o Papa Bento XVI na Exortação Apostólica recém publicada Verbum Domini - A Palavra do Senhor (n.52).

O Advento marca o início do novo Ano litúrgico. Mas este inicia a partir das alturas onde chegou o fim do precedente: o cumprimento de toda história da salvação e a glória do Senhor. Com o primeiro domingo, iniciamos um novo caminho de louvor e de agradecimento ao Pai, por Jesus Cristo morto e ressuscitado, fonte inesgotável de vida nova no Espírito Santo. Um caminho de profunda renovação, quase de novo nascimento pela força do Espírito, até chegar à maturidade da vida espiritual de homens e mulheres tornados adultos em Cristo. 
Advento quer dizer “vinda”, “chegada”, e isso é o que nós preparamos para celebrar: a primeira vinda do Verbo de Deus, de sua Palavra, revestido de nossa carne humana, sua primeira vinda humilde, há dois mil anos atrás.

Transferida pela comunidade cristã do âmbito social ao religioso próprio, a palavra Advento veio a indicar antes de tudo a vinda gloriosa do Senhor no fim dos tempos, vinda que esperamos com fé, como Salvador.
Em segundo lugar indica a vinda/revelação do Senhor na humildade da encarnação através da qual ele manifesta o amor do Pai, e esta por sua vez se torna fundamento inabalável da sua presença fiel e carinhosa na nossa vida de cada dia até o fim dos tempos, como Jesus prometeu aos discípulos.

A liturgia da Palavra dos dois primeiros domingos do Advento destaca a promessa da vinda gloriosa do Senhor e a esperança ativa com que a Igreja espera essa vinda; enquanto o terceiro e o quarto domingo nos preparam para celebrar no Natal, com alegria e agradecimento, o evento central e fundador da nossa fé: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). “Que alegria, quando me disseram: vamos à casa do Senhor!” (Sal. Resp.)

Nossa preparação para estas celebrações durará quatro semanas mais ou menos, até a festa do Natal. Serão dias cheios de esperança e dias de uma sóbria penitência simbolizada na cor roxa das vestes e outros ornamentos litúrgicos. Dias de intensa escuta da Palavra de Deus que nos fará ouvir a voz dos profetas, especialmente a de Isaías, e nos fará contemplar a João Batista e a Virgem Maria, porque ninguém melhor que eles souberam esperar a vinda do Salvador.

Preparando-nos para celebrar a primeira vinda do Senhor não podemos deixar de considerar que esperamos ansiosos sua segunda vinda na glória, quando, como Juiz dos vivos e dos mortos, levará à plenitude nossa história humana.
São dias de recolhimento e de oração, de uma alegria incontida que nasce da espera de algo que será maravilhoso para nossas vidas; dias em que devemos evitar as extravagâncias e excessos a que somos levados pela propaganda e pela publicidade do comércio, que querem transformar a santa festa do Natal numa espécie de feira, porque nós, os crentes, consentimos nisso.

Três gritos de amor e de admoestação saídos do coração do Senhor e ecoados com paixão pela Igreja nossa Mãe. Estas admoestações são para chamar nossa atenção, muitas vezes tomada pela aparente normalidade dos acontecimentos, tal como ocorreu aos concidadãos de Noé; elas se colocam para despertar as consciências atordoadas e adormecidas pelas coisas passageiras e superficiais, para nos estimular a nos renovarmos radicalmente, assumindo sempre mais a maneira de sentir, julgar e atuar do próprio Jesus na sua relação filial com o Pai e para conosco. Revestir-se de Cristo, segundo a eficaz expressão do Apóstolo, indica o processo da nossa progressiva identificação interior com Ele. Este processo, iniciado no batismo, quando nos foi entregue o símbolo da veste branca, vai se desenvolvendo até culminar na entrada, com o próprio Cristo, na festa do reino de Deus (Ap 7,9).

A primeira leitura, tirada do profeta Isaías (Is 2, 1-5), nos apresenta uma imagem belíssima: o monte do Senhor, a montanha santa que Deus escolheu para si na terra de Judá, sobre a qual se ergue até hoje Jerusalém, e se erguia até 2010 anos atrás o templo dos judeus.
Isaías vaticina um destino glorioso para Sião, de transformar-se no centro do mundo e da história, para onde se voltam e se dirigem todos os povos da terra, de onde brotará para o mundo a Palavra e a lei justa e libertadora do Senhor. Anuncia ainda uma era de paz universal expressa com lindas imagens das espadas transformadas em arados e as lanças em foices.

Todo este quadro maravilhoso aparece iluminado pela luz do próprio Deus. Imagens similares à que acabamos de evocar encontraremos em outras passagens do Antigo e do Novo Testamento.
O anúncio de um mundo renovado por Deus, no qual poderemos ser todos felizes, sem discriminações, quando vier o Messias, o mensageiro definitivo da salvação.

Paulo, em sua carta aos romanos 
(Rm 13, 11-14), nos exorta à vigilância, a manter-nos acordados e estarmos prontos para as solenidades que se aproximam, para receber o Messias que já vem. O apóstolo nos fala da luz e do dia, em contraste com as trevas da noite.
Uma imagem muito freqüente em seus escritos, mas que ele tomou de textos anteriores. Exorta-nos também a revestir-nos com as armas da luz, que não são precisamente armas ofensivas, mas imagens da sinceridade, da verdade, da dignidade de uma vida santa e ordenada. Porque ele já advertia os cristãos de Roma contra os excessos de uma cultura do esbanjamento e da vaidade, dos prazeres sem medida e da violência dos cobiçadores, das aparências no vestir e no cuidado do corpo. Paulo nos diz que nossa roupa mais luxuosa e nossos adornos e perfumes devem ser o Senhor Jesus Cristo.

O evangelho de são Mateus está tirado daquela parte que chamamos de “discurso escatológico”, a coleção de ditos e ensinamentos de Jesus nos capítulos 23 a 25 de seu evangelho, acerca do sentido final do mundo e da história.

Cristo veio para nos salvar, mas virá algum dia para nos julgar, por isso devemos estar preparados. Que seu juízo não nos surpreenda como aos contemporâneos de Noé e do dilúvio, crendo que nossas conquistas são definitivas, que a cultura e a civilização que criamos não terminará jamais.

Como nos tempos de Noé, também em nossos tempos, e talvez numa escala muito maior, há injustiça e opressão, exploração e tirania. E tudo isso será varrido pelo fogo, como foi varrido o mundo pela água do dilúvio, segundo o relato simbólico que Jesus aqui evoca. Se soubéssemos a quer hora viria o ladrão em nossa casa não estaríamos acordados para surpreendê-lo? Jesus nos diz que virá quando menos o esperarmos; por isso devemos estar acordados.

Estas advertências de Jesus põem uma nota de gravidade no tempo do Advento que hoje começamos a celebrar: não se trata somente dos enfeites natalinos dos quais já estão cheios os supermercados, as lojas, os meios de comunicação.

Não se trata de uma falsa alegria, induzida artificialmente por musiquinhas pegajosas, nem da falsa aparência de bem-estar ao se esbanjar dinheiro em compras desnecessárias. Nem das viagens que em muitos países se promovem nestes dias, as luzes artificiais, os espetáculos pirotécnicos e tantas coisas ao estilo.

Para os cristãos trata-se da certeza de que vem seu Senhor, para salvar e para pedir contas, para premiar e castigar.
Que será de nós quando ele chegar? Dependerá de nossas atitudes e compromissos. Se tivermos amado e servido, se tivermos promovido a justiça e buscado a paz, se tivermos lutado por um mundo mais justo, de irmãos, não teremos nada a temer, seremos acolhidos nos braços do Pai. Mas será diferente a nossa sorte se nos deixamos seduzir pela vaidade com que os comerciantes querem que celebremos estas festas: entre comilanças e bebedeiras, luxúrias e desregramentos, rixas e pendências, esquecendo-nos dos pobres e dos pequenos, os favoritos de Deus.

O Advento é tempo de esperança, não de simples espera. É objeto da espera aquilo que não depende de mim, aquilo que, mesmo eu não desejando muito, virá, antes ou depois, ou não virá, por causa de fatores que escapam ao meu controle.

Frente ao objeto de minha espera, o único que posso fazer é entreter-me, distrair-me, “matar o tempo”, não sofrer muito por causa do desejo – como dirá a filosofia oriental -. Uma “sala de espera” (não de esperança) é um lugar para “matar o tempo” e é tanto melhor quanto mais me distrai, porque não adianto nada – quem sabe apenas o sofrimento – pelo fato de estar desejando o objeto de minha espera.

A esperança é bem diferente. A esperança é o desejo que me leva a provocar o aparecimento ou a construção do objeto de minha esperança. E só se pode esperar com esperança aquilo que de alguma maneira depende de mim também.

Esperar – com esperança – é “desejar provocando”, desejar algo tão apaixonadamente que alguém se entrega à realização disso que se espera. A esperança cristã é verdadeiramente esperança: aquilo que vem e aquele que vem empurrando-o não virá a ocorrer senão por uma acumulação de desejos e provocações. Deus não nos prometeu o Reino como uma condenação fatídica, mas como uma tarefa, uma missão, uma ação apaixonante.

Advento: tempo para alimentar essa virtude “cinzenta” da esperança.

Com o advento muda a cor litúrgica e começa um novo ano litúrgico; também agora podemos dizer: “ano novo, vida nova”.

Reflexão Apostólica:

A palavra deste primeiro domingo nos diz que o nosso “hoje” é também o “hoje” de Deus, aberto por ele em vista do futuro de novas possibilidades de vida e de relações: “Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemos nos guiar pela luz do Senhor”.
Nele também o mundo do homem e da mulher de hoje se torna a casa onde pessoas, povos, raças e religiões diferentes podem encontrar novamente o lugar da recíproca reconciliação e acolhida.

Nele nossa vida de cada dia se torna a porta na qual ele fica batendo, para ser reconhecido, acolhido e assim partilhar com ele a mesa da amizade e da intimidade (Ap 3,20). Casa do homem e de Deus.

É preciso estar atentos, estar preparados! Qualquer situação e momento pode ser a ocasião certa e a situação oportuna para receber sua visita, ouvir sua palavra, gozar da sua presença íntima e transformadora. 
Neste primeiro domingo do Advento, somos convidados a nos preparar para a vinda de Jesus... para a primeira vinda, que acontece no Natal, com o seu nascimento, mas também para a segunda vinda, que irá marcar o fim dos tempos. Durante toda a semana refletimos o capítulo 21 de Lucas, que trata desse assunto.

Preparar-se é aguçar os sentidos para descobrir os sinais do reino já presente entre nós, e reorientar nossos passos em obediência real ao projeto de justiça e fraternidade de Jesus.
Num ponto todos concordam: haverá um fim para este mundo em que vivemos. Mas quando e como será esse fim? As especulações são das mais variadas.

Desde pequenos escutamos muitas pessoas dizerem que o mundo iria acabar na passagem para o ano 2000. Aqui estamos nós em 2010! De vez em quando algum criador de seita diz que o mundo vai acabar.

 Uma trilogia de Hollywood ("Deixados para trás"), que foi um grande sucesso do cinema, tenta colocar os sinais citados no livro do Apocalipse e nas palavras de Jesus para mostrar como seria o fim dos tempos, se fosse nos dias de hoje. Claro que é uma obra fantasiosa, e que deve ser assistida com senso crítico. Mas, finalmente, o que PRECISAMOS saber sobre o fim dos tempos?

Em Lucas, Jesus diz que virão muitas pessoas dizendo que "Ele está aqui", ou "Ele está ali"... Como se quisessem dizer: o fim do mundo será no dia dd de mm, de aaaa. 

"Não sigam essas pessoas!" Ninguém sabe quando será o fim do mundo. Isso só cabe a Deus. O que cabe a nós e o que precisamos saber sobre o fim dos tempos é: "Estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes."

E o que seria "estar preparado"? Estar preparado para a vinda de Jesus é estar de consciência tranqüila de ter feito o melhor que poderia, usando os talentos que Ele nos deu.
A abertura para com as visitas e surpresas de Deus, o desejo apaixonado da sua amizade e intimidade, o sentido da necessidade que o Senhor entre na nossa vida e a dirija, são as atitudes fundamentais a serem cultivadas neste tempo de Advento.

São as condições para acolher o Senhor que vem, celebrar dignamente a memória da sua encarnação, reconhecê-lo nas suas visitas misteriosas nos acontecimentos da vida e caminhar com renovada esperança ao encontro da sua vinda gloriosa.  
O Advento nos ajuda a redescobrir estas atitudes e a guardá-las. O Advento não é somente um tempo do ano litúrgico: é uma dimensão constitutiva da identidade cristã. 
Nesse tempo do Advento, vamos procurar usar da melhor forma os nossos talentos para tornar esse mundo um lugar melhor... Vamos fazer uma checagem de nossa esperança: nossa saúde, nosso fundamento, nossas dificuldades, nosso poder contagiante...

Vamos preparar o berço do nosso coração para receber o Jesus Criança no Natal... e assim já estaremos nos preparando para receber o Jesus Glorioso que está por vir...

Que sinais de esperança e de desesperança dá esta sociedade atual “realista”, sem utopias, desencantada, anestesiada pela proclamação do “final da história”...? Que papel nós, cristãos, teríamos nesta hora de baixa da esperança? Somos testemunhas da esperança? Que podem significar os sinais apocalípticos que o evangelho utiliza (Noé, o dilúvio, ameaça da chegada imprevista...)? Em que sentido o fim do mundo (e/ou de nossa própria vida) é a “vinda do Senhor Jesus”?

Propósito:

Ó Deus, Pai e Mãe, que nos gerastes para uma viva esperança por meio da ressurreição de Jesus: concede-nos a graça de saber descobrir Aquele que vem a cada dia – surpreendendo-nos – em nossos irmãos mais necessitados, para que assim, a espera do Senhor Jesus nos aproxime cada dia mais da vida e morte de nossos irmãos, através de quem continua vindo para nós o teu Filho Jesus.

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