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sábado, 19 de março de 2016

EVANGELHO DO DIA - DOMINGO DE RAMOS - 20 DE MARÇO

Domingo de Ramos

Primeira leitura: Isaías 50, 4-7
Terceiro cântico do Servo; sofrimento e confiança.
Salmo responsorial: 21, 8-9.17-18a.19-20.23-24
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?
Segunda leitura: Filipenses 2, 6-11
Aniquilou-se, humilhou-se até à morte na cruz!
Evangelho: Lucas 22,14 - 23,56
Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo.

O tema central do Domingo de Ramos é o Messianismo. O Messianismo tem várias etapas na Bíblia, mas em si a idéia mais profunda de Messias que o povo de Israel assumiu consiste na espera da aparição escatólogica de um líder carismático descendente de Davi, que haveria de instaurar definitivamente na
terra «o direito e a justiça».
O Antigo Testamento tem sua própria idéia de Messias. Muitos reis,
especialmente Davi e seus sucessores, receberam o título de Messias. O termo propriamente dito foi assumido no anúncio profético depois da morte de Salomão, quando o povo viu a necessidade da chegada de um restaurador e salvador de Israel das mãos de seus inimigos, os impérios invasores.
Nas idéias de Messias que tem o Antigo Testamento podemos destacar várias etapas:
- O Messias há de brotar da raiz, do tronco de Isaí, o pai de Davi, portanto não da dinastia que exercia o poder e reinava.
- Muitos no Antigo Testamento pensavam em outro Davi, e daí nasce a idéia do Messias-Rei com suas funções nitidamente monárquicas e militares.
- Para a comunidade dos essênios o Messias não será o descendente de Davi, mas de Aarão.
- Para outros, a idéia de Messias toma a forma do Servo de Javé.

É o profeta Isaías quem mais profetiza e anuncia a chegada do Messias de Deus. O Messias é entendido por este profeta como o Servo de Javé que chega.
O Messias, para ele, é a grande realidade de Deus vivendo conosco, a grande realidade do grande restaurador e libertador da escravidão, da grande violência, da grande miséria à qual foi condenado o Povo de Deus. O Messias em sua condição de Ungido de Javé é seu enviado, seu representante, o encarregado de promulgar seus desígnios.
A idéia de Messias e dos tempos messiânicos estava fundamentada na esperança de que Deus cumpriria plenamente as promessas feitas ao povo escolhido, à nação que ele havia designado como sua herança. A chegada do Messias - enviado, ungido, servo - de Deus é a instauração do Reinado de Deus na história e no tempo, e é ali onde, segundo a concepção judaica, Israel se vingaria dos pagãos, dos não-judeus.
A idéia messiânica do Antigo Testamento está baseada na força
político-militar de um enviado do Deus de Israel para dominar todas as nações da terra e transformar Israel numa nação forte e poderosa, capaz de submeter todos os povos que não têm Javé por seu Deus.
O Messianismo é uma das heranças que o Novo Testamento recebe da tradição vetero-testamentária. No tempo do Novo Testamento, sendo governado o mundo de então por Roma com toda a sua força, riqueza e pretensões, também há grupos majoritários que esperam a chegada definitiva do Messias que os libertará do domínio explorador romano. Todos então esperavam a intervenção
de Deus na história através de um líder que fosse capaz de derrubar o poder imperial e fazer de Jerusalém a grande capital de Israel. Quando Jesus assume a realidade do messianismo, sabe que lhe tocará enfrentar estas três forças:

- a classe religiosa de seu tempo, que não concebia a idéia de um Messias pobre, sem armas, sem exércitos, e muito menos a idéia de um Messias que criticasse o modo de agir dos líderes desse momento. Eles serão os primeiros a se opor e jamais acreditarão que Deus possa se servir de um ser humano que nasceu de uma família pobre para anunciar a chegada iminente do Reino de Deus;

- o povo também será uma força de oposição para o messianismo que Jesus vem propondo, pois eles que sofreram a exploração, a fome e a morte de perto, não são capazes de aceitar um Messias saído dessa realidade de miséria e de exploração, nem são capazes de assumir a nova mentalidade proposta por Jesus;

- e Roma, que será a mais atingida se permitir que o ensinamento do
revolucionário Jesus de Nazaré se propague. Por isso busca por todos os meios aliar-se ao poder religioso e manipular a população atordoada para que alianças sejam feitas visando a morte de Jesus.

O messianismo de Jesus está baseado no serviço aos mais vulneráveis da terra e na inclusão de todos aqueles que o legalismo judaico e o poder romano haviam excluído e condenado. Seu messianismo supera então a idéia nacionalista, militar e política como se entendia no Antigo Testamento.

A segunda leitura é um hino popular que o autor recolhe da carta aos
filipenses e que canta o mistério de Jesus, compondo uma visão global do mesmo, desde sua pré-existência divina até sua exaltação gloriosa, passando pela realização de um messianismo de serviço e encarnação, de kênosis e cruz. Encarnar-se, entregar-se ao serviço e à humildade. é o "esquema de messianismo" que caracteriza a Jesus segundo a visão desta peça literário-litúrgica da máxima antigüidade. Este deverá ser também o "esquema" de nosso "seguimento messiânico" do Messias Jesus: seguí-lo em
sua tarefa messiânica, prolongar seu compromisso messiânico, fazer hoje o que faria o Messias Jesus. nesta época em que - segundo nos apresentam os meios de comunicação do sistema- já não se crê em messias nem em messianismos.

Para a revisão de vida Jesus foi, sobretudo, historicamente falando, um Messias, o Messias. E este Messias histórico é o que confessamos como Filho e revelador de Deus. O Jesus da minha fé, é Messias? Meu seguimento de Jesus, é "messiânico"?
Prolongo o messianismo de Jesus aqui e agora?

Para a oração dos fiéis
Hoje responderemos: - Nós vos amamos, Senhor, e cremos em Vós.
- Contemplando uma vez mais vossa paixão e morte, Senhor Jesus, nos sentimos chamados a tornar nossa a vossa Causa, a vossa esperança, o vosso serviço de Messias que veio para todos os que têm esperança. Por isso vos dizemos:
- Observando também vossa paixão e vossa morte experimentadas hoje, pelos homens e mulheres que sofrem qualquer situação de injustiça, opressão ou exclusão, nos sentimos interpelados a intervir nessas situações e a consagrar nossa vida à tarefa de ser e dar esperança para os demais. Por isso vos dizemos:
- Ao entrarmos na "semana maior" do ano, nos sentimos unidos a todos os homens e mulheres que crêem em Cristo, esperando e desejando que chegue o dia em que, além de qualquer fronteira de separação religiosa, possamos dizer todos juntos:
- Ao sabermos através de Jesus que o amor é o critério supremo pelo qual serão julgadas todas as nações, sonhamos para que chegue o dia em que os homens e mulheres de todos os povos e religiões possam invocar o "Deus-amor, de todos os nomes" e dizer-lhe a uma só voz:
-Ao começarmos uma semana que para muitos é também de descanso, de interrupção do ritmo semanal ordinário, de férias ou mesmo de turismo, queremos estar unidos a todos os que em meio a essas atividades "profanas" não deixarão de se encontrar consigo mesmos e com o divino que levam dentro do peito. Mesmo que por formas diferentes que as costumeiras, com eles queremos vos dizer:

Para a oração comunitária
Ó Deus que, de muitas maneiras e de uma forma constante ao longo da História, enviastes muitos Messias para virem ao encontro das esperanças dos homens e mulheres de todos os tempos e de todas as religiões. Fazei que todos os que cremos no Messias Jesus admiremos conseqüentemente seu espírito messiânico de humildade e de serviço, para que fugindo de toda imposição ou arrogância, ponhamos sempre no centro, acima de tudo, como ele, a esperança
de um "novo céu e nova terra onde more a justiça". É o que vos pedimos com esta esperança que queremos ver realizada pelos séculos dos séculos. Amém.

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