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terça-feira, 3 de novembro de 2015

EVANGELHO DO DIA 4 DE NOVEMBRO QUARTA FEIRA

SÃO CARLOS BARROMEU
04 - Saibamos manter-nos naquela perfeita igualdade de espírito, que é tão vantajosa para o progresso na virtude, e conservemo-nos sempre numa tal disposição de ânimo que nos faça estar prontos para tudo, sem nunca nos perturbar. (S 237). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 14,25-33

Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário,29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
31Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!” 

Meditação: 

O evangelho do dia de hoje apresenta as condições ou exigências para ser discípulo de Jesus; exigências que em nosso momento atual são de grande importância, pois vivemos um tempo em que a experiência de fé foi reduzida a “ir à missa”, a uma fé totalmente desconectada dos problemas sociais e econômicos que vive o mundo de hoje, uma fé temerosa do compromisso e da entrega total pelos irmãos.

Quando Jesus fala de relativizar a família, de deixar pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, está se referindo à necessidade de edificar um novo sistema de relações, um novo modelo de sociedade em que a fraternidade, a solidariedade, o serviço são fundamentais e em que toda a estrutura, incluída a família, esteja em função de construir esse novo tipo de sociedade e não o contrário.

O seguidor de Jesus está convocado a ser partícipe desta nova sociedade, onde o principal é tornar presente na história o reinado de Deus, o qual exige mudança de valores e de prioridades: renunciar a todos seus bens, quer dizer, renunciar a todo tipo de segurança para poder colaborar livremente e sem impedimentos na grande obra de Deus.

Como conseqüência de tudo o que Jesus disse e fez ao longo de seu ministério e particularmente nesta viagem a Jerusalém, vem agora uma apresentação clara e direta das condições para segui-lo, um seguimento que não pode ser de simples simpatia com ele e sua causa, mas que exige mudanças verdadeiramente radicais.
Do trecho que lemos hoje, podemos extrair três condições que são, além disso, muito claras e que não admitem ambigüidades. Primeira, odiar a própria família; segunda, carregar sua própria cruz; terceira, renunciar aos bens. Quem faz isto pode estar seguro de que está apto para o seguimento de Jesus.
Causas e conseqüências desta tríplice exigência:

A primeira exigência contém, implícita, a denúncia contra o rigor da instituição familiar no tempo de Jesus. Não há nenhuma posição antinatural de Jesus contra os entes queridos. Pelo contrário, ao preocupar-se Jesus com o indivíduo, a pessoa, sua intenção é, no fundo, sanar uma instituição natural que com o tempo se converteu em reduto de tirania e domínio de alguém: o patriarca/pai sobre a esposa e os filhos, com a conseqüência mais clara: desumanização, infantilismo, dependência...

Jesus convida a odiar – esse é o verbo utilizado –, mas o ódio não é ao pai como tal, ou à mãe e aos irmãos ou a si mesmo; odiar, não obstante sua forte conotação, entende-se rejeição, ruptura completa com a totalidade da estrutura familiar como centro e figura de domínio. Segue-se a Jesus na liberdade e para a liberdade: liberdade na opção, liberdade no seguimento. Não há indício de escapismo nem evasão, Jesus não convida à fuga, exige renúncia e ruptura com aquela atitude de dependência; é a pessoa, o indivíduo quem tem de enfrentar sua própria vida, seu próprio crescimento. Daí, a segunda exigência: “carregar” sua própria cruz.

Aquele que tiver sido capaz de “odiar” a estrutura que o prendia, minimizava-o e o tornava inválido, por assim dizer, terá como desafio um caminho a percorrer, suportar por si mesmo e conduzir o destino de sua vida, “levando-o”, dia após dia, com uma freqüência que certamente se apresenta às vezes difícil, em que se sente a tentação de outros o levarem nosso lugar. No seguimento de Jesus não pode haver dependência.

Outra forma de dependência desumanizante que é desmascarada também aqui é o apego aos bens materiais, às riquezas. Não se conclui necessariamente por esta passagem do Evangelho que ser rico seja pecado, esse não é o juízo que faz Jesus; a denúncia concreta é: os bens materiais, entendidos como riqueza, transformada em opção de vida, desumanização das pessoas, tornam-na também dependente e, portanto, não apta para o seguimento de Jesus. Não basta, então, renunciar ou romper com a instituição ou estrutura que escraviza, é preciso saber romper também com o sistema de vida, se este for inumano, e não permitir uma realização integral do indivíduo.

Dizemos que estas exigências tais como as apresenta o Evangelho, não se prestam a qualquer ambigüidade. Contudo, sabemos que, na maioria das vezes, a ambigüidade se apresenta e domina o indivíduo. Jesus previne seus seguidores para que essas ambigüidades não cheguem a converter-se em fracasso, e o faz valendo-se de novo de duas parábolas: a do construtor que não pôde concluir a torre e a do rei que vai para a guerra e se rende sem sequer lutar.
Ambas as parábolas refletem a situação interna da comunidade de Lucas. Ainda havia restos de dependência em alguns seguidores deste “novo caminho”: da família e, pior ainda, dos bens materiais.

Reflexão Apostólica:

Seguir a Jesus e continuar o seu projeto é viver um clima novo na relação com as pessoas, com as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e fidelidade a condição humana, sem superficialismo, conveniência ou romantismo. O discípulo de Jesus deve ser realista, a fim de evitar ilusões e covardias vergonhosas.

Ser discípulo de Jesus é segui-Lo para uma vida nova e aceitar a revolução que Ele quer fazer em nós desde o nosso desapego às pessoas, da anuência à participação na Sua Cruz e do abandono de tudo o que temos de material e de humano

O seguimento de Jesus implica na renúncia e no desapego das nossas idéias e vontade própria, como também dos nossos bens, ídolos e projetos. Jesus veio mostrar ao mundo uma nova maneira de ser valorizando o homem na sua dignidade, libertando-o de tudo o que possa escravizá-lo e dominá-lo. Para que nós possamos segui-Lo, nós precisamos nos sentir homens e mulheres livres de nós mesmos.

Muitas vezes, nós com a boca, professamos que cremos em Jesus e que desejamos segui-Lo, porém, não fazemos o cálculo de que isto implica em empreendermos uma guerra contra a nossa carne.

Por isso, nós fracassamos nos nossos propósitos. Nós precisamos ter convicção que a nossa opção de cristãos e de cristãs se fundamenta na vivência da mensagem evangélica do amor.

Quem ama é livre das condições, é livre das circunstâncias, é livre das pessoas. Ama, porque ama com o amor de Jesus. A Cruz é decorrente da nossa vivência do amor, porque amar nos traz conseqüências. Não é fácil amar nem tampouco é fácil assumir os encargos que o amor nos propõe.

Sentar-se para “calcular os gastos” e ou “examinar as condições” é entregar-se à ação do Espírito Santo que é quem nos capacita a deixarmos tudo e seguirmos a Jesus Cristo como discípulos seus.

Assim sendo, quando Jesus nos diz “se alguém vem a mim”, Ele quer nos dizer, se “você quer me seguir você deverá viver a lei do amor; você terá que amar como eu amo; viver como eu vivo; sofrer como eu sofro; pensar como eu penso.”

A renúncia maior há de ser do nosso jeito de olhar as coisas, de julgar e de encarar as pessoas, de nos desapegar dos conceitos adquiridos durante a nossa caminhada de vida, conseqüência da nossa criação, cultura etc.

A renuncia a tudo que não combina com o pensamento evangélico e o desapego das coisas e das pessoas, é, portanto, o fundamento para que o reino dos céus viva em nós e Jesus seja o nosso Rei, Senhor e Mestre. Do contrário, estaremos construindo na areia e nunca seremos considerados discípulos e seguidores de Jesus.

Você tem muitos planos? Você já fez os cálculos, do que terá de abdicar para que Jesus seja o seu Mestre? Você é uma pessoa muito arraigada às suas idéias e pensamentos? Você tem procurado amar como Jesus amou? Você tem assumido a sua Cruz?

O seguimento de Jesus é como uma pedra no sapato. Faz-nos parar pelo caminho e examinar o que nos impede de prosseguir. Obriga-nos a pensar se o caminho vale a pena, se é o mais adequado, o ideal. O seguimento de Jesus possui exigências que libertam as pessoas das cargas inúteis e excessivas; apenas que requer e exige absoluta liberdade.

O evangelho de hoje nos recorda as exigências do seguimento. Seguir Jesus pode "mortificar", causar incômodos, mas, no fundo, que ajuda o discípulo a estar disponível para caminhar com ele. Por isso o mais oportuno é não levar muitos calçados para o caminho, acumulando bens inúteis, nem carregar muitas bolsas, pois o bem maior é Deus. Não precisa levar companhia, porque na comunidade de irmãos encontrará amizade e apoio.

Vendo assim as coisas, o caminho deve ser empreendido na mais completa liberdade, com os braços abertos para ir ao encontro do irmão, e com os pés descalços para estar no mais completo contato com a realidade. Carregar a própria cruz é sinal da aceitação de um caminho que pode conter sofrimento, solidão e morte, mas que, seguindo Jesus, alcança a vida plena.

Propósito:
Pai, reforça minha disposição a ser discípulo de teu Reino, afastando tudo quanto possa abalar a solidez de minha adesão a ti e a teu Filho Jesus.


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