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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Evangelho do dia 02 de agosto - 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 02 DE AGOSTO 2015
02 Tu deverás ficar contente com o papel que o Senhor te conceder aqui na terra, com a confiança de que, graças à ajuda divina, te será fácil desempenhá-lo de maneira que possas merecer uma grande recompensa no Céu. (248). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São João 6,24-35

"Quando viram que Jesus e os seus discípulos não estavam ali, subiram nos barcos e saíram para Cafarnaum a fim de procurá-lo.
A multidão encontrou Jesus no lado oeste do lago, e perguntaram a ele:
- Mestre, quando foi que o senhor chegou aqui?
Jesus respondeu:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres. Não trabalhem a fim de conseguir a comida que se estraga, mas a fim de conseguir a comida que dura para a vida eterna. O Filho do Homem dará essa comida a vocês porque Deus, o Pai, deu provas de que ele tem autoridade.
- O que é que Deus quer que a gente faça? - perguntaram eles.
- Ele quer que vocês creiam naquele que ele enviou! - respondeu Jesus.
Eles disseram:
- Que milagre o senhor vai fazer para a gente ver e crer no senhor? O que é que o senhor pode fazer? Os nossos antepassados comeram o maná no deserto, como dizem as Escrituras Sagradas: "Do céu ele deu pão para eles comerem."
Jesus disse:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: não foi Moisés quem deu a vocês o pão do céu, pois quem dá o verdadeiro pão do céu é o meu Pai. Porque o pão que Deus dá é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
- Queremos que o senhor nos dê sempre desse pão! - pediram eles.
Jesus respondeu:
- Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede
"

Meditação:

O texto de hoje inicia-se com a observação de Jesus de que muitos o procuravam, não para assumir o seu projeto de vida, nem para segui-lo na doação até a morte, mas simplesmente por causa dos seus milagres, ou sinais, como são chamados no Quarto Evangelho. Uma observação que pode valer para muitas expressões religiosas hoje, em todas as Igrejas cristãs, onde a busca do milagroso e da prosperidade individual tomam o lugar do seguimento diária de Jesus na construção dum mundo onde todos "têm a vida e a vida plenamente" (Jo 11,10), conforme a vontade do próprio Jesus.

Diante desse deslocamento de interesse das multidões, Jesus as adverte que devem trabalhar pelo alimento que não se estraga (v.27). À primeira vista, pode parecer que esse versículo dê corda para uma leitura alienante, espiritualizante, que apresente o seguimento de Jesus como algo somente no nível dito espiritual, sem conseqüências maiores para a sociedade e o mundo atual. Leve engano! Longe de Jesus pregar uma mensagem que tivesse como resultado o abandono dos pobres e marginalizados, num mundo cada vez mais desumano e excludente. O que ele contesta é uma vida que põe a acumulação de bens como a sua meta. De novo, uma advertência mais do que atual para os nossos dias, onde a pós-modernidade apresenta o consumismo de bens, e a acumulação deles como garantia de felicidade, e onde se cria uma sociedade excludente, onde não há lugar para quem não pode produzir nem consumir. Jesus quer que haja equilíbrio nas nossas vidas – que os meios materiais sejam usados para que haja uma sociedade de vida digna para todos e não para a acumulação de poucos. Assim contestaria tantas igrejas hoje que pregam a "teologia de retribuição e prosperidade individual", traços da qual não faltam em alguns grupos dentro da Igreja Católica.

Fato é que a busca desenfreada de bens coloca o bem-estar material como centro e finalidade de vida – uma verdadeira idolatria. Isso já foi compreendida mais de duzentos anos antes de Jesus pelo sábio autor de Eclesiastes que escreveu: "Quem gosta de dinheiro nunca se sacia de dinheiro. Quem é apagado às riquezas, nunca se farta com a renda. Isso também é fugaz!" (Ecl 5,9).

Então, qual é a proposta to texto joanino? É de buscar em primeiro lugar o Pão descido do Céu, ou seja o próprio Jesus. Procurar Jesus implica uma opção pela sua pessoa, mensagem e prática. Não é possível ter uma relação verdadeira com Jesus como pessoa, sem assumir a sua prática, atualizada para as condições de hoje. Num âmbito religioso onde muitas vezes se prega um Jesus "light", alienado e alienante, que não incomoda, este texto nos leva de volta ao Jesus real, que incomodava tanto que no fim desse capítulo é abandonado pelas multidões e finalmente liquidado por um conluio dos poderes políticos, religiosos, econômicos e judiciais. Longe do Jesus "analgésico" tão em voga hoje.

O texto nos assegura que quem vai a Jesus como discípulo "nunca mais terá fome, nunca mais terá sede" (v.35). Pois o seguimento de Jesus, apesar de não ser fácil, é capaz de saciar os desejos mais íntimos da pessoa humana, o que a simples posse de bens materiais não é capaz.
Nós vivemos num mundo onde nunca houve tanta riqueza, nem tanta pobreza; tanta acumulação e tanta exclusão. Com honestidade, podemos dizer que este modelo globalizado, neoliberal e pós-moderno tem melhorado a qualidade de vida da maioria? Com certeza não. O texto de hoje nos desafia para que re-examinemos a fé que nós temos, a realidade do nosso seguimento de Jesus, as nossas motivações, metas e objetivos da vida. Nos convida para que ponhamos no centro da nossa existência o projeto de Deus, encarnado em Jesus e continuado nos seus seguidores, de nos alimentarmos com o Pão da Palavra e da Eucaristia, para que tenhamos vontade e força para criarmos o mundo de vida, onde "todos têm a vida e a vida plenamente"!

Reflexão Apostólica:

Jesus é o Pão da Vida, lembrança da Eucaristia que deveríamos celebrar todos os dias.

Devemos, nessa perspectiva, também relacionar a Eucaristia com a vida dos trabalhadores que produzem o pão e o vinho e que, por causa do sistema injusto, das diferenças profundas em nossa sociedade, acabam, muitas vezes, privados do alimento necessário para se manter a vida. Oportunidades de trabalho e produção de bens essenciais são exortações cabíveis às celebrações pela vida. 

Como se deveria dizer, também, na grande oração de Ação de Graças para as oferendas na mesa da comunhão: o pão e o vinho são fruto da terra e do trabalho do homem (e da mulher). Significa, tudo isso, que neles há trabalho incorporado, todo o tempo, do preparo da terra ao preparo do pão. Há muita vida, “carne”, e muito suor nesse caminho! A idéia de Jesus é genial: reunir homens e mulheres na unidade, partindo não das idéias, ou do “espírito”, mas da dialética que se completa na prática. Na materialidade e na concretude da vida. A carne e o pão são parte das necessidades na caminhada pela missão de Deus para a libertação dos homens e das mulheres desta terra!
 

Cristo quer que esta energia seja colhida e reconhecida no “pão” e no “vinho”. Porque o pão e o vinho nos reconciliam e nos unem na mesa da comunhão.  Apesar de todas as nossas diferenças, malgrado a pluralidade que confunde o sentido da unidade, nada pode impedir a unidade do Corpo de Cristo, partido em favor de todos: “Este é o meu corpo...”... símbolo da união e desta aflição e sentimento doloroso do corpo multipartido nas nossas contradições, a carne de Jesus Cristo ferida pelas divisões. E o pão e o vinho significam que podemos realizar a união  (symbolo = aquilo que une). O Pão vem da terra, Jesus Cristo nasce na terra. Em Nazaré, nasce a semente do Espírito Santo, e deve passar pela mediação do homem e da mulher que tornam o Cristo de Deus alimento, na terra. Por isso oramos: “O Pão nosso de cada dia nos dá, hoje...” Hoje, aqui e agora.

Somos nós os responsáveis pela distribuição do alimento para a comunhão com o Ressuscitado; o pão que comemos; o corpo do Senhor; o vinho que bebemos –  é o sangue do Cristo sacrificado pelos pecados do mundo. Que pecados? Pecados estruturais, feridas abertas, da sociedade humana. O fascínio das conquistas científicas e tecnológicas faz esquecer o mais importante, muitas vezes, ditas como disponíveis para todos. Não há pão para todos. A perversão do consumismo desenfreado, sem dúvida, faz sufocar a palavras dos famintos de pão. Os alimentos indispensáveis para a vida que o mundo deve conhecer, por nosso intermédio, para crer, devem ser lembrados como dádivas para a vida plena. São ofertas do Crucificado.
 

Seria longo sinalizar todas as mediações possíveis, nem é necessário que façamos isso agora. Mas é importante compreender que o “pão” e o “vinho” da comunhão são frutos de relações deficientes, no pecado das divisões que mantemos entre nós, as quais necessitam de reconciliação, porque o pecado nos separa (diabolos). Lembremos quantos estão envolvidos no preparo da terra, no plantar, no colher, no transformar do grão, no transporte do trigo beneficiado, no fabrico da enxada, do arado e do trator, nas mãos que colhem muitas vezes em circunstâncias perigosas ou adversas. Nesse momento se inicia a comunhão e a partilha, enquanto acolhemos  a simbologia e as significações da Ceia do Senhor.
O pão simboliza o produto indispensável da salvação. Ele, o Senhor, está presente no pão, verdadeiramente, e na comunhão solidária. O Espírito é quem nos garante: o pão é também produto indispensável da vida de todo homem e de toda mulher. Como precisa de mediação, o produto da terra no plantio, na colheita, na debulha, no moer, no feitio, na partilha, é já a “eucaristia” (eukaristein) que nos lembra o empenho da comunhão entre nós, em ação de graças solidária para haja trabalho para todos. Eucaristia concreta.

Lembremos ainda, por metáfora, o trabalho anterior dos que extraíram e fundiram o minério para  fazer   enxadas; das matrizes que permitiram a fabricação do arado; das linhas de montagem que produziram o trator que participará da produção do pão; do labor dos operários envolvidos no fabrico dos instrumentos para o trabalho. Lembremos o trabalho posterior dos caminhoneiros que transportam os produtos dos moinhos pelas estradas esburacadas e  barrentas do pais. Às vezes debaixo de chuvas implacáveis, outras vezes sob o sol inclemente, na seca. Lembremos dos padeiros que transformam o trigo moído em pão cheiroso, gostoso, que deve estar na mesa de todos. 
 

Cada um é responsável pela produção de oportunidades de trabalho, e ao mesmo tempo, todos somos dependentes uns dos outros. Não podemos esquecer dos que trabalharam nos campos plantando e colhendo o fruto da terra, nas estradas, transportando o trigo; dos que trabalham nos parques industriais e nas fábricas, transformando o grão em alimento, e levando-o para a distribuição. Todo esse trabalho é realizado para que o pão esteja nas mesas em que se alimentam os homens e as mulheres. Todos devem ter pão em sua mesa. Disse Jesus: “
Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

Propósito:

Pai, dá-me sensibilidade para perceber que a presença de Jesus, na nossa história, é a grande obra que realizaste: dar-nos a vida eterna.

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