terça-feira, 22 de abril de 2025

Evangelho do dia 25 abril seta feira da oitava da páscoa 2025

 


25 abril - Bendito seja Deus que torna férteis os campos, e seja duas vezes bendito quando, castigando os pecados, também faz despertar nos corações a fé e a piedade. (L 214). São josé Marello

 


EVANGELHO: João 21,1-14

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros discípulos de Jesus.

3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.

6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu uma roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar.

8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.

11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.

13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

 O evangelista João nos apresenta, no final de sua obra, um dos mais lindos e emotivos relatos de aparição do Ressuscitado (Jo 21,1-14): Aos discípulos que já não se encontram em Jerusalém porque fugiram da repressão, Jesus se lhes aparece como sinal de que ainda seu projeto continua vigente e é de vital importância para os seres humanos e que sua morte não significou um fracasso. A princípio, parece que sua lembrança havia desaparecido; depois, quando o descobrem, se surpreendem grandemente. Quem descobre que se trata de Jesus é precisamente João, o discípulo amado. A aparição de Jesus faz renascer a fé de seus discípulos, faz com que recuperem o tempo perdido e comecem a pensar como irão se organizar novamente; entendendo que nesse momento, estão dedicando sua vida unicamente para manter sua subsistência.

 O Ressuscitado aparece a seus discípulos num dia comum e eles não o reconhecem apesar de Jesus ter-lhes falado. Alguns dos apóstolos estiveram pescando durante toda a noite, como fazem tantos pescadores mundo afora, e voltam com as redes vazias. Entre a bruma do amanhecer, já perto da praia, ouvem e vêem um desconhecido que lhes pergunta pela pesca. Tendo dado uma resposta desanimada, recebem a sugestão de novamente lançar as redes ao outro lado da barca, com tanto êxito que quase não podiam arrastá-las, depois de apanhar uma enorme quantidade de peixes. É a pesca milagrosa que são Lucas havia relatado como um episódio pré-pascal, no contexto da vocação dos primeiros discípulos (Lc 5,1-11), e que aqui, no 4o. evangelho, aparece como um milagre pós-pascal num contexto também vocacional: os apóstolos na barca, as redes, a pesca abundante, são símbolos tradicionais da tarefa evangelizadora da igreja ao longo de todos os séculos.

 Quando o desconhecido da praia é identificado pelos apóstolos, e quando se reúnem com ele, encontram já a comida preparada: o fogo, o pão, o peixe assado. Jesus lhes convidou para comer dos peixes, cuja pesca havia sido muito abundante. Posteriormente, os gestos e as palavras pronunciadas dão a sensação de que estivesse fazendo alusão à eucaristia, pela forma de partilhar a refeição unidos: Jesus tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. O Ressuscitado reitera os gestos da eucaristia: partir o pão e reparti-lo. Acontece que a igreja se reúne ao redor do Senhor ressuscitado, a sua eucaristia, para ser enviada a pescar nos mares do mundo. Pescar filhos e filhas de Deus, que queiram servir aos demais como a irmãos, que queiram dar testemunho do amor de Deus a todos os seres humanos.

 A metáfora da pesca foi sempre na comunidade cristã um motivo continuo de reflexão. Lembra a primeira experiência da Galiléia quando os primeiros discípulos receberam o chamado e se começou a formar o primeiro grupo de discípulos e discípulas. Após a ressurreição Jesus convoca a comunidade e a alimenta, dando-lhe força para prosseguir com a tarefa apostólica. A tarefa que nessa época lhes havia encomendado continua crescendo sob a direção e apoio do Mestre. Eles o reconhecem ao compartilhar a refeição do trabalho diário.

 Deste modo, o evangelho de João junta dois motivos que, apesar de sua distância no tempo, concentram todas as verdades que os cristãos haviam compreendido por sua experiência pessoal e comunitária no ressuscitado. João não se contenta com esta lembrança e faz uma segunda referência à época quando foi escrito o evangelho ao nomear o peixe e o pão. O peixe havia se convertido no símbolo do cristianismo no final do primeiro século. Os cristãos viviam em pequenas comunidades quase no anonimato. A cruz ainda não havia ganhado seu lugar como símbolo da redenção. Os cristãos, então, apelavam aos símbolos do evangelho como o pastor de ovelhas, o pescador e o peixe. A palavra peixe na língua grega era utilizada como acróstico do anúncio fundamental dos primeiros cristãos. Com esta palavra comunicavam os aspectos essenciais do mistério de salvação. 

 Para renascer, a comunidade cristã haverá de ser animada por Jesus e seu Espírito, que se tornarão manifestos em cada ato comunitário. Jesus, a pedra fundamental, rejeitada por muitos e aceita por tantos, continua caminhando com sua comunidade nas tarefas do dia-a-dia e realizando gestos de partilha e solidariedade. O renascimento da Igreja deixa de ser então um capricho ou um simples esforço humano: é uma obra de Deus mesmo, que nos tira da vida ordinária em que estamos, nos sacode, para fazer-nos entender e assumir nosso papel no plano de Deus, o projeto que Jesus nos apresentou. A Igreja é fruto do querer de Deus que contradiz os interesses humanos para colocar o Ressuscitado na alma daqueles que o seguem, fazendo com que se sintam irmãos de verdade.

 Estas festas pascais que estamos celebrando não podem ficar só nas aleluias. Devem despertar em nós um intenso desejo de comunicar a outros a nossa fé, nossa alegria, o gozo de saber que fomos salvos em nome de Jesus e convocados ao redor da ceia fraterna para testemunhar no mundo a possibilidade de todos poderem viver como irmãos. Por isso, sabendo que não há outro nome debaixo do céu pelo qual podemos ser salvos, invoquemos o nome do Senhor Jesus sobre cada um dos nossos irmãos que luta pela vida.

Oração: Senhor Jesus, nossa única esperança, também nós, muitas vezes, nos descobrimos de mãos vazias; recebei o pouco que temos e somos e, em troca, dai-nos a vossa própria vida. Que a Sua presença reforce a comunhão com nossos irmãos e irmãs de fé, a fim de podermos atrair para Vós muitas outras pessoas de boa vontade. A Vós o louvor e a bênção pelos séculos dos séculos. Amém.

 Dia 25

Existem palavras que alegram e edificam; além disso, alimentam a alma dos seres humanos e os mantêm vivos.

Algumas frases de incentivo podem fortalecer os laços de amizade.

Por esse motivo, são fatores essenciais à existência humana.

Palavras de amor e carinho alimentam como o pão.

Por isso, são extremamente necessárias aos seres Humanos.

“Palavras gentis são um favo de mel, doçura para a alma e saúde para o corpo”. (Pr 16,24).

 

Evangelho do dia 24 abril quinta feira da oitava da páscoa 2025

 

24 - Peçamos ao Senhor que nos ilumine para fazermos a sua Vontade. (L 194). SÃO JOSE MARELLO


Lucas 24,35-48

"Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no meio deles e disse: - Que a paz esteja com vocês!
Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma. Mas ele disse: - Por que vocês estão assustados? Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês? Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho. Jesus disse isso e mostrou as suas mãos e os seus pés. Eles ainda não acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados. Então ele perguntou: - Vocês têm aqui alguma coisa para comer?
Eles lhe deram um pedaço de peixe assado, que ele pegou e comeu diante deles.
Depois disse: - Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos.
Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as Escrituras Sagradas e disse:
- O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar. E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são testemunhas dessas coisas."

Meditação:

 A paz só pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos. A vida eterna, ultrapassada a condição temporal, como ressuscitados, envolve a totalidade da pessoa, corpo e alma, e não como um espírito desencarnado.
A comunidade quer estar segura de que Jesus ressuscitou e de que não está vivendo em uma espécie de falsa sugestão.
Igual a nós, eles experimentam dúvidas, temores, sentimentos de frustração e derrota. Entretanto, o Ressuscitado não se “rende”; é compreensivo com seus discípulos e por isso recorre à Escritura; abre-lhes as mentes para que entendam, e come com eles. Jesus ressuscitado é o centro da fé, quem cumpre as promessas de Deus.
A experiência da ressurreição impulsiona toda a comunidade a compartilhar seus dois grandes bens: a conversão, que é a transformação da mentalidade para receber a ação de Deus e o perdão dos pecados, recuperando a capacidade de fazer o bem, de dar o melhor de nós mesmos, de crer que a justiça é possível em nossa história e de que o Ressuscitado nos torna livres para amar e servir aos demais. Estamos plenamente seguros: Jesus vive
Lucas orienta as primeiras comunidades que experimentam a presença de Jesus ressuscitado entre elas. As comunidades de cristãos de origem judaica devem reler as Escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da vida de Jesus.
É evidente que o evangelista quer afirmar, através deste relato, que o ressuscitado é Jesus de Nazaré, que anunciou com autoridade a Boa Nova do Reino; que não é um cadáver reanimado, mas que realmente é o mesmo Senhor, que, graças a ressurreição, vinculou-se plenamente à vida divina do Pai.
Obviamente o evangelista é consciente de que Jesus não está sujeito às limitações de um corpo; entretanto, devido à compreensão judia da realidade que é sempre particular e concreta, é preciso insistir na corporalidade de Jesus ressuscitado; por isso, neste relato Jesus fala, caminha e come.
Os discípulos vivem sua fé muitas vezes com dúvidas e temores, mas pouco a pouco vão compreendendo em seu interior que o Mestre já não está no sepulcro e que, portanto, já não é possível viver na passividade, e muito menos dar anti testemunho do Ressuscitado.

 Os ressuscitados viveram a experiência da Ressurreição. Quem não reconhece o Ressuscitado na comunidade não assumiu a realidade plena de ser um cristão individual.

 Os discípulos estão reunidos dando seus próprios testemunhos do encontro com o Ressuscitado. No meio da reunião de fé Jesus se apresenta a eles e sentem medo.

 Eles são enviados em missão. Anunciar a todas as nações a conversão à justiça para o perdão dos pecados. A conversão à justiça é a forma concreta do amor. E pelo amor se entra em comunhão com Deus em sua vida eterna.

 É aí que a experiência individual passa a ser coletiva, comunitária, sem destruir a pessoal. Nós, como Igreja, temos a obrigação de encarnar o projeto de vida e de justiça que nos oferece o Ressuscitado.

 A ressurreição, então, foi um feito histórico, no sentido de que realmente se sucedeu, mas não é no sentido que podemos comprovar no espaço e no tempo.
Este acontecimento, que é o centro da fé cristã, tem razão de ser unicamente se visto desde o ponto da fé, tal como fizeram os discípulos, que perceberam a presença do Senhor, assumindo para si a tarefa de anunciar o Reino de Deus, quer dizer, convertendo-se em verdadeiras testemunhas da ressurreição

 Continuemos acreditando, construindo e assumindo o Reino como a nova experiência de vida para os homens e mulheres de boa vontade. Somente assim será possível ressuscitar também.

Reflexão Apostólica

Jesus devia se divertir muito com aqueles homens que Ele havia escolhido. Ô Povo devagar! Ele passou os últimos três anos de sua vida falando tudo que iria lhe acontecer, as profecias já anunciavam sua morte e ressurreição, mas mesmo assim, seus discípulos não compreendiam e estavam bastante assustados.

 Tudo indica que um dos discípulos de Emaús (Cleófas) era o pai de Judas Tadeu e Tiago, ambos apóstolos. O que impedia, segundo estudos recentes, o próprio tio de Jesus de reconhecê-lo pelo caminho? E a nós? O que nos impede ainda de ver a Jesus ressuscitado?
Esse evangelho apresenta uma pedagogia extremamente confortante a todos que estão enfrentando momentos de dúvida em sua caminhada, seja ela no trabalho, em equipe ou em casa. Ele é auto-explicativo. Abramos nossos olhos aos versículos que grifei:

 

(…) Por que vocês estão assustados?(Uma constatação)
(…) Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês?" (Uma característica humana)
(…) Toquem em mim e vocês vão crer! (Uma ação e uma promessa)

 (…) Uma constatação…

 Como no evangelho de hoje, às vezes os problemas, bem como as respostas, são precedidos de sinais ou avisos, mas preocupados com a solução ou outras coisas, acabamos deixando passar por despercebido a solução que pairava “embaixo dos nossos narizes”.

 A fase inicial à solução de um problema começa na constatação que ele existe e está instalado. Lutamos para não usar óculos, remédios de controle de pressão ou diabetes, (…)

 Quantas vezes pessoas muito próximas a nós nos perguntaram do nada: “você está diferente, está mais nervoso (a)!?”, “fulano(a), porque você está tão introspectivo?”, “por que está tão agressivo (a) ou ríspido?”, “o que aconteceu, por que está tão impaciente?”

 Enxergar o problema, ou seja, constatá-lo, ajuda na solução. “(…) Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão”. Reparem que eles só o reconheceram mais tarde

  (…) Uma característica humana…

 QUANDO ÉRAMOS JOVENS não tínhamos a noção das limitações que nos acometeriam na senilidade; QUANDO ÉRAMOS SOLTEIROS não imaginávamos que não teríamos tanto tempo quando casássemos; SAUDÁVEIS não imaginamos como agiríamos na fraqueza.

 Temos dificuldade de constatar a nova realidade que nos é apresentada e transformá-la em algo favorável, pois temos medo de reconhecer nossas fraquezas e limitações. Combatemos contra nós mesmos o tempo inteiro. “(…) Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês”?

 Com o tempo perdemos parte da energia, da saúde, da memória, da disposição e do tempo, mas em compensação ganhamos prudência, maturidade, discernimento, astúcia, experiência de vida… Quem nunca se pegou dizendo “se eu fosse jovem hoje com a cabeça que tenho hoje”?

 Nos preocupamos com que perdemos, mas não com que ganhamos. Ganhamos medos. “(…) Jesus apareceu de repente no meio deles e disse: Que a paz esteja com vocês! Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma”.

  (…) Uma ação e uma promessa…

 Reconheça a nova situação. Dê passos antecipados eles. Meu avô sempre dizia em minha juventude que “guerra avisado não mata aleijado”, ou seja, os sinais das mudanças surgem, como sementes que rompem a casca, levarão, portanto, certo tempo a alcançar um tamanho que seja visto.

 Quem imaginava que as máquinas de escrever seriam obsoletas? Quem imaginaria alguns anos atrás que as locadoras iriam acabar por causa da pirataria e da internet?

Viu que a empresa que trabalha não vai bem das pernas, por que não se antecipar e começar a procurar uma nova situação? O filho que anda estranho, com hábitos estranhos, por que esperar para ter uma conversa?

 Observe sob essa ótica essa mensagem profética de Jesus notem que ele já avisava dos acontecimentos e hoje os relembra: “(…) Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos. Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as Escrituras Sagradas…”.

Em todas as ocasiões, não se esqueça de se apegar a Deus. Ele caminha conosco e não tardará em reaparecer em meio às dúvidas.

 Esse evangelho nos apresenta um alerta: MESMO CAMINHANDO COM JESUS, SENDO SEU PRÓXIMO, ESTUDANDO SUA PALAVRA, SEM A DIVINA SENSIBILIDADE E A DOCILIDADE EM OUVIR, NÃO CONSEGUIREMOS RECONHECÊ-LO.
Preciso rever minhas falas e meus conceitos sobre ser igreja. Será que ficar só numa sala rezando é ser igreja? Será que fazer uma ação social sem rezar é ser igreja?
Em ambos os casos, é e não é! Frei Faustino Paludo (referencia em liturgia da CNBB) certa vez disse que receber a eucaristia sem meditar a conseqüência do nosso pecado “como” e “na” comunidade torna nossa comunhão incompleta. “Sou santo”, mas não me misturo; vou à igreja todos os dias, mas não mudo minha forma de lidar com as pessoas… É preciso rever isso!
Ainda estamos vivendo a Páscoa, a espera de Pentecostes, mas não podemos esquecer nossos dons, o que aprendemos, por medo ou preciosismo.
Sim, parece utopia, mas busquemos completar o gesto eucarístico de cada dia com ações, a começar enxergando o que minha comunidade igreja precisa.
Também, brotou algo nessa reflexão: O quanto sou igreja? Consigo ver no irmão de outra pastoral ou movimento a face de Jesus? Consigo ver no irmão que perambula pela rua a imagem do seu Senhor? Sou igreja ou uma identidade? Parecem perguntas desconexas, mas tem muito haver com a reflexão.
Alguns Movimentos e Pastorais sucumbem ou sofrem por falta de humildade ou de apoio. Muitos, como os discípulos de Emaús, andam com o Senhor, mas não o reconhecem, pois esquecem que são igreja quando se apegam a uma identidade pastoral para justificar suas faltas com a igreja como um todo. “Batem no peito” o nome do seu Grupo ou Movimento, esquecendo o principal: VER JESUS, A PRÓPRIA CABEÇA DA IGREJA.
Essa cegueira (ou seria miopia) que fez sucumbir a teologia da libertação, que apesar de ser muito preciosa e bem fundamentada, agarrou-se ao partidarismo político abandonando a oração e conseqüentemente a Jesus. Essa cegueira, como dos discípulos de Emaús, tem sinais bem clássicos:
Quando limito propositalmente meu olhar esqueço paulatinamente os propósitos de Cristo. Quando vejo que precisam do meu serviço, da minha ajuda, da minha atenção, mas limito a ajudar os meus, grandemente me equivoco.

 Para terminar deixo a reflexão proposta pela CNBB: “(…) Este trecho nos mostra todas as etapas do trabalho evangelizador. Inicialmente, as pessoas estão caminhando em comunidade. NINGUÉM CAMINHA VERDADEIRAMENTE QUANDO ESTÁ SOZINHO. Jesus é o verdadeiro evangelizador, que entra na caminhada das pessoas, caminha com elas. DURANTE A CAMINHADA, FAZ SEUS CORAÇÕES ARDEREM, PORQUE DESPERTA NELES O AMOR, PERMANECE COM ELES, FORMANDO UMA NOVA COMUNIDADE, E SE DÁ VERDADEIRAMENTE A CONHECER QUANDO AS PESSOAS DÃO RESPOSTAS CONCRETAS AOS APELOS DO AMOR, fazendo com que elas sejam novas testemunhas da ressurreição”.

 Não tenha medo das mudanças! Deus estará com você!

 Propósito: Testemunhar que Jesus está vivo no meio de nós, como rezo nas celebrações: "Ele está no meio de nós".

 Dia 24

Atualmente, talvez haja situações que o atormentem, como, por exemplo, falta de estudo, deficiências físicas,

dificuldades financeiras, conflitos familiares, depressão.

Ao deparar-se com essas cruzes, você pode tomar várias atitudes: rejeitá-las, ignorá-las, negá-las e até mesmo odiá-las, ou enfrentar cada situação com a ajuda de amigos, familiares e, sobretudo, com a graça de Deus.

Jesus não disse: “Faça uma cruz” ou: “Procure uma cruz”, mas sim: “Tome sua cruz”, ou seja, aceite carregá-la, mesmo que algumas vezes seja muito pesada.

A cruz tem dois lados: em um deles está Jesus; no outro, a humanidade.

“Então Jesus disse aos discípulos: ´Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me´”. (Mt 16,24).

Evangelho do dia 23 abril quarta feira da oitava da Páscoa 2025

 

23 Rezemos, e rezemos muito! Os tempos se tornam cada vez mais turvos e escabrosos. Os interesses individuais e particulares devem ceder lugar aos interesses gerais da mãe Igreja. (L 31). SÃO JOSE MARELLO 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 24,13-35

 "Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. Então Jesus perguntou: "O que andais conversando pelo caminho?" Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: "És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?" Ele perguntou: "Que foi?" Eles responderam: "O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu". Então ele lhes disse: "Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?" E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. Eles, porém, insistiram: "Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!" Ele entrou para ficar com eles. Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles. Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles. Então um disse ao outro: "Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram: "Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!" Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão."

Meditação:

Estamos no tempo Pascal que se estende por 7 semanas, do domingo de Páscoa à Festa de Pentecostes. É o mais belo e vibrante tempo de todo o calendário litúrgico da Igreja. Por ele, ela nos convida, através dos testemunhos das Escrituras e de testemunhas oculares a fortalecermos nossa adesão pessoal ao motivo maior de nossa fé: a RESSURREIÇÃO DE CRISTO.

De fato, diz Paulo: Se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e os nossos pecados não poderiam ser perdoados; a nossa esperança seria limitada apenas a esta vida e seríamos os mais infelizes de todos os homens (1Cor 15,17-19).

Celebramos a real presença deste Deus conosco na Eucaristia, memória do mistério pascal, mistério da cruz e ressurreição, mistério da redenção e reconciliação, que inicia a Nova Aliança.

Em cada Eucaristia olhamos para Deus, celebramos o Deus conosco, sua encarnação, paixão morte e ressurreição. “É Deus Pai quem nos atrai por meio da entrega eucarística de seu Filho, dom de amor com o qual saiu ao encontro de seus filhos, para que, renovados pela força do Espírito, possamos chamá-lo de Pai”.

Da ação de graças, da doação gratuita do Cordeiro de Deus, emerge a energia missionária da Eucaristia. A Eucaristia é a ponte para o ministério apostólico. Eucaristia é Nova Aliança que pressupõe reconciliação, unidade na diversidade, solidariedade até as últimas conseqüências.

Ao partir o pão, eles o reconhecem e retornam ao Caminho. Nossa fé é o encontro pascal com o Senhor Jesus. É a certeza de que ele está vivo. Nossa fé é uma fé pascal e pessoal. Não se trata apenas de crer em alguma coisa. A profissão fundamental é: “Eu creio em Ti, Senhor! E por isso me comprometo e me torno evangelizador.

Evangelizar, ser missionário, é irradiar “o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida porque a Vida manifestou-se.

Sejam quais forem nossas fraquezas, misérias, limitações, o que contagia todas as culturas, o que convence todos os povos e raças, é o testemunho da alegria e da graça de termos encontrado o Senhor Ressuscitado. Tudo isso é graças à força do pão partido de Emaús, é o vigor do fruto da videira no cálice da Nova Aliança, é o corpo entregue e o sangue derramado de Jesus, morto e ressuscitado.

Reflexão Apostólica:

No evangelho, os discípulos que não eram do grupo dos onze dirigem-se a Emaús. Provavelmente trata-se de um homem e uma mulher, casados, (havia também mulheres discípulas), que retornavam à sua casa, frustrados por causa dos últimos acontecimentos da capital. Enquanto conversavam, Jesus se aproxima e começa a caminhar com eles, pois é o Emanuel. Porém, eles não conseguem reconhecê-lo, seus olhos estavam como que fechados.
Por quê? Porque no fundo ainda tinham a idéia de um messias profeta-nacionalista, que conquistaria o mundo inteiro para ser dominado pelas autoridades de Israel, um messias necessariamente triunfador. Por isso estavam vendo na cruz e na morte do mestre, o fracasso de um projeto no qual haviam posto suas esperanças.
Serão as Escrituras as primeiras sinais de esperança que Jesus coloca nos olhos do coração dos discípulos, para que possam ver e entender que não é com o triunfalismo messiânico, mas com o sofrimento do servo de Javé que se conquista o Reino de Deus; um sofrimento que não é masoquismo, mas um assumir conscientemente as consequências da opção de amar a humanidade, atitude difícil de entender em uma sociedade dominada pelo poder de domínio que mata a quem se interpõe no caminho. Pela vida, até dar a própria vida, é o testemunho de Jesus diante dos seus dois companheiros.
O relato dos discípulos de Emaús é uma peça belíssima, evidentemente teológica, literária. Não é, em absoluto, uma narração ingênua, direta, de um acontecimento, como se fosse um fato jornalístico. É uma composição elaborada, simbólica, que quer transmitir uma mensagem. E como todo símbolo, não leva consigo um manual de explicação, mas permanece “aberto”, isto é, é suscetível de múltiplas interpretações. E a partir de cada novo contexto social, em cada novo momento da história, os crentes podem confrontar-se com esses símbolos e deles extrair novas lições.

Que maravilhosas lições tiramos desta passagem:

1. Jesus caminha conosco
2. Quer participar de nossa vida
3. Espera que o convidemos par tomar posse de nosso coração
4. Nos reúne em torno dele como comunidade eclesial
5. Se dá a conhecer pela Palavra e pela Eucaristia

Que o Senhor está conosco, todo o tempo, bem o sabemos. Contudo, é nos momentos mais difíceis, quando estamos mais desanimados, tristes, frustrados, sentindo o peso da dor de nossa imperfeita condição, sem nenhuma esperança de solução para uma determinada situação, que Ele se achega ainda mais (lembro-me aqui do bonito poema "PEGADAS NA AREIA").

Mas como é difícil enxergá-lo. Nos é muito mais fácil louvá-lo e agradecê-lo quando tudo vai bem, mas quando estamos diante de situações complicadas, onde o mundo parece desabar sobre nossas cabeças, se torna tão complicado reconhecermos que Ele está ao nosso lado, pedindo para assumir o controle.

Achamos que temos condições de tudo empreender e de tudo fazer acontecer, mas nos esquecemos que, fora algumas poucas coisas, sobre todo o resto não temos nenhuma influência. Temos que parar de nos dar tanta importância, achando que tudo depende de nós.

Falácia! Ele caminha conosco e está interessado que o enxerguemos e que a Ele dediquemos nossas vidas; todo o resto nos será acrescentado. Temos essa coragem? Temos a coragem de abrir nosso coração e convidá-lo a entrar e comandar nossas decisões?
 
Propósito:

Fica conosco Senhor, principalmente quando cair a noite da nossa incapacidade de enxerga-lo e de deixá-Lo no comando de nossas atitudes. Tu e a luz e contigo as trevas já não nos assustam ou preocupam. Revela-nos a tua presença nas Escrituras e no partir do pão, tanto no altar como em nosso dia-a-dia, com quem mais precisa. Assim, abrir-se-ão nossos olhos e poderemos anunciar ao mundo a maravilha que é viver sob tua proteção.

 Dia 23

A vida é imprevisível.

Um dia, as pessoas estão alegres; no outro, tristes e desanimadas.

Em um dia, repletas de saúde; no outro, enfermas.

O Pai enviou seu Filho Jesus para estar no meio da humanidade.

Como dizia são Paulo, nada pode nos separar de seu amor, nem a morte nem a vida, nem o presente nem o futuro,

nem as lutas nem as alegrias, nem criatura alguma.

Nada pode nos separar do amor de Deus.

“Eu te amor, Senhor, minha força, Senhor, meu rochedo, minha fortaleza, meu libertador". (Sl 18,2-3a)

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Evangelho do dia 22 aabril terça feira oitava da páscoa 2025

 

22 - As forças internas da Igreja se multiplicam na razão inversa dos recursos externos. (L 19). SÃO JOSE MARELLO


João 20,11-18

"Maria Madalena tinha ficado perto da entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, ela se abaixou, olhou para dentro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus. Um estava na cabeceira, e o outro, nos pés. Os anjos perguntaram: - Mulher, por que você está chorando?
Ela
respondeu: - Levaram embora o meu Senhor, e eu não sei onde o puseram!
Depois de dizer isso, ela virou para trás e viu Jesus ali de pé, mas não o reconheceu. Então Jesus perguntou:
- Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando?
Ela pensou que ele era o jardineiro e por isso respondeu: - Se o senhor o tirou daqui, diga onde o colocou, e eu irei buscá-lo. - Maria! - disse Jesus. Ela virou e respondeu em hebraico:
- "Rabôni!" (Esta palavra quer dizer "Mestre".)
Jesus disse:
- Não me segure, pois ainda não subi para o meu Pai. Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles. Então Maria Madalena foi e disse aos discípulos de Jesus: - Eu vi o Senhor! E contou o que Jesus lhe tinha dito."

 Meditação:

Maria permanece perto do túmulo, chorando. Ainda busca o Senhor morto. O próprio Jesus não é reconhecido. É sua voz, pronunciando o nome dela, que o identifica. É o pastor que chama as ovelhas pelo nome.
Segundo Bento XVI, «a história de Maria de Magdala recorda à todos uma verdade fundamental: discípulo de Cristo é quem, na experiência da debilidade humana, teve a humildade de pedir-lhe ajuda, foi curada por Ele, e lhe seguiu de perto, convertendo-se em testemunha do poder de seu amor misericordioso, que é mais forte que o pecado.
Maria, em lágrimas, inclina-se e olha para dentro do túmulo. Ela já tinha, todavia, constatado que estava vazio, e tinha anunciado o desaparecimento do Senhor. Porque se inclina então ainda? Porque quer ver de novo? Porque o amor não se contenta com um único olhar; o amor é uma conquista sempre mais ardente. Ela já O procurou, mas em vão; obstina-se e acaba por descobrir.
No Cântico dos Cânticos, a Igreja dizia do mesmo Esposo: «
No meu leito, de noite, procurei aquele que o meu coração ama. Procurei-o, mas não o encontrei. Vou levantar-me e percorrer a cidade; pelas ruas e pelas praças, vistes aquele que o meu coração ama?» (Ct 3, 1-2).
Duas vezes ela exprime a sua decepção: «
Procurei-o, mas não o encontrei!» Mas o sucesso vem, por fim, coroar o esforço: «Os guardas encontraram-me, aqueles que fazem ronda pela cidade. Vistes aquele que o meu coração ama? Mal os ultrapassei, encontrei aquele que o meu coração ama. » (Ct 3,3-4)
Durante os breves repousos desta vida, quando suspiramos na ausência do nosso Redentor. Nós procuramo-Lo na noite, pois apesar do nosso espírito já estar desperto para Ele, os nossos olhos só vêem a Sua sombra. Como não encontramos nela o Amado, levantemo-nos; percorramos a cidade, ou seja, a assembleia dos eleitos.
Procuremos de todo o coração. Procuremos nas ruas e nas praças, ou seja, nas passagens escarpadas da vida ou nos caminhos espaçosos; abramos os olhos, procuremos aí os passos do nosso Bem-Amado…
Esse desejo fez dizer a David: «
A minha alma tem sede do Deus de vida. Quando irei ver a face de Deus? Sem descanso, procurai a Sua face» (Sl 42,3).
Lembremos que ver o Senhor é ver nosso próprio destino. Nós fomos criados para a eternidade, na vida em comunhão com Deus. Chore, grite, apresente a Jesus a sua tristeza e necessidade.
Ele lhe responderá chamando o seu nome, como chamou a Maria. E dirá: Porque choras? Eu estava morto, mas agora vivo para sempre e tenho as chaves de tudo nas mãos. E nós, quando é que, nos nossos leitos, procuraremos o Amado? Por que choramos, e a quem procuramos?
Como a Maria Madalena Jesus nos faz duas perguntas básicas: porque choramos e a quem procuramos! Não duvido que muitas vezes choremos por causa da nossa falta de fé e de confiança na Palavra do Senhor e procuramos alguém que está muito perto de nós e ainda não o percebemos.
Conhecemos as Escrituras, conhecemos as promessas de Deus, mas choramos sem esperança, olhando somente para as “aparências”.
Sofremos muitas vezes pela nossa incapacidade de “enxergar” as coisas de Deus. O mundo espiritual está tão perto de nós, e nós somos incapazes de percebê-lo, absortos que estamos em prestar atenção às coisas e as pessoas que nos rodeiam.
Confundimos a presença de Jesus com a presença de “outras pessoas”. Se percebêssemos a Sua presença viva e ressuscitada e ouvíssemos realmente a sua voz que fala no nosso coração, saíamos em disparada como fez Maria Madalena a anunciar a todos: “
Eu vi o Senhor!

E você: já viu o Senhor? – Relembre a sua experiência! – Você já correu para contá-la a alguém? Jesus envia hoje você para proclama-lo à todos os homens e mulheres que Ele está Vivo e Ressuscitado. Sejas Seu testemunho e grite bem alto: EU VI O SENHOR!

Reflexão Apostólica:

A pessoa de uma mulher se destaca nesta cena do Evangelho: Maria Madalena. Chora a ausência do seu Senhor. Chora e o busca, inclina-se para olhar dentro do túmulo.
Na sua atitude de busca, começa o caminho para o encontro com o Mestre e, quando ela se volta para trás, isto é, faz uma conversão, deixa de procurar Jesus entre os mortos, ela o encontra.
Ao encontrá-lo, recebe a missão: "
Vá se encontrar com os meus irmãos e diga a eles que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e o Pai deles, o meu Deus e o Deus deles". Se torna verdadeiramente discípula e missionária.
Esse encanto amigo e amável de Madalena deveria nortear todos os nossos trabalhos pastorais, dentro ou fora do horário da igreja.
O encanto e a felicidade se misturaram no sentimento puro daquela que muito foi perdoada ao rever seu mestre e salvador.
Ela não foi ao sepulcro à toa. Pretendia, conforme o texto acima, continuar zelando de Jesus, como ainda hoje fazemos por aqueles que por nós são amados (amigos, parentes, etc). Mas esse zelo precisaria ser estendido a mais gente.
Quem faz da sua vida um exercício de zelo, ou como preferimos dizer, aqueles que buscam a santidade, ao se deparar com ressurreição de Cristo, não se contém, e como Madalena vibram, alegram-se, rejubilam-se…
Qual foi a última vez que vi Jesus ressuscitar num irmão, numa casa, numa situação impossível? Qual foi a última vez que, mediante um acontecimento, corriqueiro ou extraordinário, dissemos: “eu vi o Senhor”?
Ao preparar, com o mesmo amor zeloso de Madalena, um evento, uma celebração, um grupo de oração, uma reunião de Equipe (formal ou informal), um Retiro, " ou no zelo harmonioso dos ensaios para uma missa, somos também gratificados com a visão da ressurreição.
Ao ver as pessoas participando, cantando, louvando, se rejubilando é impossível também não ver o Senhor, ou seja, todo amor e zelo é recompensado por Deus: Nossos olhos vêem o que ninguém vê,,,
Mediante as dificuldades e tribulações que somos sujeitos no dia-a-dia temos sempre a opção de desmotivar, desistir, abandonar, “levar nas coxas” etc, ou, mesmo que tudo aparentemente esteja perdido, levantar, seguir, continuar, (…).
Madalena, como os outros discípulos, sabia e tinha consciência plena que Jesus já havia morrido. O amor a fazia manter a rotina. Você consegue perceber a sensível pedagogia desse momento?
Problemas sempre aparecerão, mas precisamos encontrar vontade em manter a rotina, levantar, abrir os olhos, viver.
Quem perdeu alguém ou vive um momento difícil seja ele financeiro, amoroso, de relacionamento, profissional, (…) é convidado a acreditar.
Mesmo aqueles em que a depressão já bate a porta ou que “acordou decidido (a) a desistir” e parar de sofrer, são convidados a se atrever a levantar e por um amor maior manter a rotina. Jesus ressurgirá e com Ele, nós também.
Siga o exemplo de Madalena, confie em Deus e O veja reanimar sua esperança.

Propósito: Olhar, a partir de hoje, em duas direções: para o Mestre e para os irmãos. 

 Dia 22

Talvez a luta pela estabilidade financeira acarrete um grande vazio existencial na maioria das pessoas.

Nesses momentos, dialogar e conversar com aqueles que ama se torna a mais importante descoberta de Deus neste mundo.

Lembre-se de que você nunca está só.

No decorrer do dia, dedique um tempo para cumprimentar, conversar, sorrir, enfim, perceber Deus naqueles que o cercam.

“Eu, porém, sou pobre e infeliz; Deus, socorre-me! Tu és meu auxílio e meu libertador, Senhor, não demores”. (Sl 70[69],6)

 


domingo, 20 de abril de 2025

Evangelho do dia 21 abril segunda feira 2025

 

21 - Reforçar o vínculo da união entre os bons, à medida que se vai afrouxando entre os maus, é uma compensação que se tornou necessária pelos acontecimentos. (L 64). SÃO JOSE MARELLO

 


Mateus 28,8-15

"Elas foram embora depressa do túmulo, pois estavam com medo, mas muito alegres. E correram para contar tudo aos discípulos. De repente, Jesus se encontrou com elas e disse: - Que a paz esteja com vocês!
Elas chegaram perto dele, abraçaram os seus pés e o adoraram.
Então Jesus disse:- Não tenham medo! Vão dizer aos meus irmãos para irem à Galiléia, e eles me verão ali.
O boato dos soldados
Enquanto as mulheres ainda estavam no caminho, alguns dos soldados que estavam vigiando o túmulo voltaram para a cidade e contaram aos chefes dos sacerdotes tudo o que havia acontecido. Os chefes se reuniram com os líderes judeus e fizeram os seus planos. Então deram uma grande quantia de dinheiro aos soldados e ordenaram o seguinte:
- Digam que os discípulos dele vieram de noite, quando vocês estavam dormindo, e roubaram o corpo. Se o Governador souber disso, nós vamos convencê-lo de que foi isso mesmo o que aconteceu, e vocês não terão nenhum problema. Os soldados pegaram o dinheiro e fizeram o que os chefes dos sacerdotes tinham mandado. E esse boato se espalhou entre os judeus até o dia de hoje."

 Meditação:

No evangelho de Marcos, as mulheres, depois de irem ao sepulcro e receberem o anúncio do anjo “não disseram nada a ninguém, porque tinham medo”.
O evangelho de Lucas, sem embargo, com medo, mas também com muita alegria, caminharam para o sepulcro para anunciar aos discípulos que Jesus os esperava na Galiléia. Ali longe da instituição judaica que o tinha levado Jesus a cruz, tudo começará de novo.
O evangelho de hoje descreve a experiência de ressurreição das discípulas de Jesus. No início de seu evangelho, na apresentação de Jesus, Mateus afirmou que Jesus é o Emanuel, Deus conosco (Mt 1,23).
Agora, no final, comunica e aumenta a mesma certeza de fé, porque proclama que Jesus ressuscitou (Mt 28,6) e que estará sempre conosco, até o fim dos tempos! (Mt 28,20).
Nas contradições da vida, esta verdade é muitas vezes contestada. Não faltam as oposições. Os inimigos, os chefes dos judeus, se defenderam contra a Boa Nova da ressurreição e espalharam a notícia que o corpo tinha sido roubado pelos discípulos (Mt 28,11-13).
Isto ainda acontece hoje. De um lado, o esforço de muitas pessoas para viver e testemunhar a ressurreição. Do outro, tantas pessoas más que combatem a ressurreição e a vida. 
 No evangelho de Mateus, a verdade da ressurreição de Jesus é narrada através da linguagem simbólica, que revela o sentido escondido dos eventos. Mateus fala de tremores de terra, de raio e de anjos que anunciam a vitória de Jesus sobre a morte (Mt 28,2-4).
É uma linguagem apocalíptica, muito comum naquele tempo, para anunciar que finalmente o mundo tinha sido transformado pelo poder de Deus! Realizava-se a esperança dos pobres que reafirmavam sua fé: "Ele está vivo, em nosso meio!"
Na manhã de domingo, o primeiro dia da semana, duas mulheres se dirigem ao sepulcro, Maria Madalena e Maria de Tiago, chamada a outra Maria. Improvisamente a terra estremece e um anjo aparece como um raio. Os guardas que estavam vigiando o túmulo desmaiaram.
As mulheres ficaram com medo, mas o anjo as animou, anunciando a vitória de Jesus sobre a morte e mandando que avisassem os discípulos para que fossem para a Galileia.
Na Galiléia puderam vê-lo novamente. Aí começou tudo, aí aconteceu a grande revelação do Ressuscitado. A alegria da ressurreição começa a superar o medo. Começa assim o anúncio da vida e da ressurreição.
As mulheres saem correndo. Nelas se dá uma mistura de medo e de alegria. Sentimentos típicos daqueles que fazem uma profunda experiência do Mistério de Deus. Improvisamente, o próprio Jesus vai ao encontro deles e afirma: "
Alegrai-vos!" E eles se prostraram e o adorar.

É a atitude daquele que acredita e acolhe a presença de Deus, também se surpreende e supera a capacidade humana de compreensão. Agora o próprio Jesus manda reunir os irmãos na Galiléia: "Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. Lá eles me verão"
A mesma oposição que Jesus teve em vida, aparece agora também após sua ressurreição. Os chefes dos sacerdotes se reúnem e dão dinheiro aos guardas. Eles devem espalhar a notícia que os discípulos roubaram o corpo de Jesus para evitar assim que se fale da ressurreição.
Os chefes não aceitam a Boa Nova da Ressurreição. Preferem acreditar que se trata de uma invenção por parte dos discípulos e das discípulas de Jesus.
O significado do testemunho das mulheres. A presença das mulheres na morte, sepultura e ressurreição de Jesus é significativa. Elas são testemunhas da morte de Jesus (Mt 27,54-56).
Na hora do sepultamento, ficam sentadas diante do sepulcro e, portanto, podem dar testemunho do lugar onde Jesus foi sepultado (Mt 27,61). Agora, na manhã de domingo, elas estão aí novamente. Sabe que aquele sepulcro vazio é realmente o sepulcro de Jesus!
A profunda experiência de morte e ressurreição que elas fizeram transformou suas vidas. Elas mesmas se tornam testemunhas qualificadas da ressurreição nas Comunidades cristãs. Por isso recebem a ordem de anuncias: "
Jesus está vivo! Ressuscitou!"
Que experiência de ressurreição existe em minha vida? Existe em mim alguma força que busca combater a experiência da ressurreição? Qual é a minha reação? Qual é hoje a missão a missão da nossa Comunidade, Equipe, Grupo, discípulos e discípulas de Jesus? 

Reflexão Apostólica:

Se este texto fosse escrito em um jornal de hoje, poderia ser assim: "Roubo de um cadáver de um dos crucificados da sexta passada". Essa era a história oficial que circulava cinqüenta anos depois, quando se escreveu o evangelho de Mateus.
Entretanto, havia outra história que as mulheres da comunidade contavam: o Senhor ressuscitou! E esta versão é a que correu durante mais de 2000 anos e chegou até nós hoje.

 Com a ressurreição começa um mundo novo no que já não há discípulos ou mestres “homens e mulheres”, escravos e livres, mas sim que todos são um Graças ao Senhor Jesus que ensina a todos a chamar a Deus de Pai.
Mas há quem, como os sumos sacerdotes, que não aceitaram essa nova ordem e desejaram calar a noticia com o dinheiro.
Com um álibi ridículo e incoerente, o Sinédrio suborna os guardas para dizer que estavam dormindo quando os discípulos roubaram o corpo de Jesus.
Como fizeram anteriormente com Judas para que lhes entregasse Jesus, agora prometem aos soldados dar-lhes uma quantia considerável, tendo como condição, que digam sobre o roubo do corpo de Jesus. É que a boa noticia da ressurreição tem um caráter subversivo e denunciador da ordem da injustiça que é melhor que não se divulgue.
Como diria um padre que conheço: “ESSE MUNDO AINDA PAGA PARA QUE NÃO OUÇAMOS OU ACREDITEMOS EM JESUS”.
Acreditar em Jesus em alguns momentos tornou-se um grande desafio em meio a tantas crenças e crendices que vemos crescer. São tantos pastores buscando dinheiro em troca de falsas promessas.
Acreditar em Jesus torna-se um ato de coragem quando se renega a programação de TV focada no corpo e no hedonismo que alguns programas oferecem.

Acreditar em Jesus virou um “ato heróico” em meio a tanta gente que se elege usando valores cristãos em seus comícios e propagandas eleitorais, mas que ao serem eleitos constroem leis para que Ele seja esquecido. Um estado laico que esquece que os funcionários não são.
Acreditar em Jesus é hoje um ato de personalidade quando um jovem opta pela missa, participar de uma pastoral, de uma ação social ao invés de preencher sua vida com o vazio das LAN HOUSES.

Acreditar no testemunho dos apóstolos e viver os atos dos apóstolos é um caminho desafiador em um mundo que nos ensina desde pequeno a sermos egoístas e individualistas.
A Páscoa traz de volta a esperança – o grão de trigo renasce. Revela-se novamente que ter fé, uma crença, uma identidade, vale à pena.

Renasce também quem já dava por perdido, desiludido ou desanimado. Como os apóstolos que se põem aos pés de Jesus e recebem um levante confiante e uma nova missão: “(…) Jesus disse: – Não tenham medo! Vão dizer aos meus irmãos para irem à Galiléia, e eles me verão ali”.
A grande gratificação do cristão é ano após ano ver suas forças renovadas. Saber que o que acreditamos venceu o maior dos nossos medos – a morte. Entender que o tempo do silêncio e introspectivo litúrgico passa e agora retorna a alegria dos gestos e cantos.

Um tempo convidativo a sair pelo mundo em missão e convidar os irmãos. Um tempo de gritar, pular e louvar aquele que se fez pequeno e enalteceu os humildes. Alguém que vale toda a nossa luta e crença.
Os dias tristes passaram, mas sabemos que um dia voltarão, pois o inimigo ou inimigos do projeto de Deus não descansarão.

Procurarão transformar pequenas contendas em grandes discussões; pequenas dificuldades em muralhas intransponíveis, coragem em medo, ânimo em preguiça, projetos e sonhos em grandes decepções, mas feliz será aquele que mesmo assim perseverar e se atrever, como Pedro, levantar a vós e acreditar.
Viveremos agora a espera da Festa de Pentecostes, mas diferentemente de outros anos, não se esconda. Jesus cumpriu a promessa de vencer a morte, cumprirá quantas vezes for necessário o pentecostes em nossa vida.

Que a celebração da Ressurreição do Senhor, nos leve ao compromisso de construirmos juntos um reino que se mostre discípula e missionária de Jesus dos excluídos da sociedade. A você e a toda a sua família continuo desejando uma Feliz e Santa Páscoa!

 Propósito: Buscar forças e coragem para realizar nossa missão. 

 Dia 21

Tudo o que as pessoas sentem e pensam é exteriorizado de algum modo.

Por isso, se tiver pensamentos positivos, você vai se sentir forte, e tudo dará certo em sua vida.

Nunca é demais dizer que a confiança em Deus e nas próprias habilidades nos torna livres para o serviço aos irmãos e irmãs.

Os pensamentos determinam a vida.

Por isso, procure sempre ter pensamentos positivos.


“Espera no Senhor, sê forte, firme-se teu coração e espera no Senhor”.

(Sl 27,14)

 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

EVANGELHO DO DIA 20 ABRIL 2025 - PÁSCOA DO NATAL

 


20 abril - A solidariedade das boas obras, em nós sacerdotes, é o único recurso que ainda nos resta, nestes tempos em que a nossa esfera de ação é tão limitada! (L 22). São José Marello

 


João 20,1-9 - 20 abr 2025

"Domingo bem cedo, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi até o túmulo e viu que a pedra que tapava a entrada tinha sido tirada. Então foi correndo até o lugar onde estavam Simão Pedro e outro discípulo, aquele que Jesus amava, e disse: - Tiraram o Senhor Jesus do túmulo, e não sabemos onde o puseram!
Então Pedro e o outro discípulo foram até o túmulo. Os dois saíram correndo juntos, mas o outro correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro. Ele se abaixou para olhar lá dentro e viu os lençóis de linho; porém não entrou no túmulo. Mas Pedro, que chegou logo depois, entrou. Ele também viu os lençóis colocados ali e a faixa que tinham posto em volta da cabeça de Jesus. A faixa não estava junto com os lençóis, mas estava enrolada ali ao lado. Aí o outro discípulo, que havia chegado primeiro, também entrou no túmulo. Ele viu e creu. (Eles ainda não tinham entendido as Escrituras Sagradas, que dizem que era preciso que Jesus ressuscitasse.) E os dois voltaram para casa."

 Reflexão para o Domingo da Ressurreição do Senhor João 20,1-9

 O evangelho que a liturgia propõe neste Domingo de Páscoa é João 20,1-9. Ao invés de ser um relato da ressurreição, como normalmente vem chamado, esse é, na verdade, um relato do “sepulcro encontrado vazio”, pois a ressurreição em si não é relatada, é indescritível, ao contrário da paixão e da morte de Jesus, as quais são descritas minuciosamente pelos evangelhos. Esse fato pode parecer estranho, considerando que é a ressurreição o evento fundante do cristianismo e, por isso, o centro da fé cristã, e foi exatamente em função dessa que os evangelhos foram escritos. Mesmo assim, os evangelistas não conseguiram descrevê-la. O texto proposto hoje – Jo 20,1-9 – é apenas a introdução daquilo que o Quarto Evangelho dedica à ressurreição, sem, no entanto, descrevê-la: a descoberta do sepulcro vazio, o que pode significar muita coisa ou quase nada, a depender de quem faz a constatação. Três personagens entram em cena nesse texto: Maria Madalena, Simão Pedro e o Discípulo amado. O número três já é, por si, um grande e rico sinal; se trata de um indicativo teológico: significa uma comunidade que, embora se encontre profundamente abalada, devido ao final trágico de seu líder, aos poucos vai sendo recomposta, à medida em que a esperança será recuperada.

O primeiro versículo apresenta o retrato da comunidade antes de vivenciar a experiência da ressurreição: “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo” (v. 1). O “primeiro dia da semana” é o dia seguinte ao sábado, último dia da antiga criação. Com essa expressão, o evangelista indica que há uma nova criação em curso; um novo tempo e um novo mundo estão sendo gestados, mas ainda está na etapa primordial, o caos, simbolizado pela expressão “quando ainda estava escuro”; o escuro, como sinônimo de caos, fora constatado também na primeira criação (cf. Gn 1,1-2). Na verdade, o indicativo temporal “bem de madrugada” e seu complemento enfático “quando ainda estava escuro” significam muito mais que um dado cronológico; é o indício da mentalidade da comunidade naquelas circunstâncias. A ausência de Jesus e a procura pelo seu corpo na morada dos mortos, o túmulo, reflete uma realidade de trevas na comunidade. Essa situação de trevas não se deve à ausência da luz física, mas significa que a vida não está triunfando na comunidade, ou seja, a morte está prevalecendo. Trevas é ausência de vida e de esperança, sobretudo na teologia de João.

Sem a experiência do Ressuscitado, a situação da comunidade é caótica, pois essa fica sem rumo, sem saber o que fazer, como vemos na postura de Maria Madalena: “Então, ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram” (v. 2). A pressa e as palavras de Maria Madalena indicam uma situação de quase desespero. Embora o texto de João registre apenas a ida de Maria Madalena ao sepulcro, é mais provável que tenha sido um grupo de mulheres, como consta nos evangelhos sinóticos (cf. Mt 28,1; Mc 16,1; Lc 24,1); João cita somente a Madalena para recordar o protagonismo dela na comunidade primitiva e para delimitar o número três com os dois discípulos mencionados (Pedro e o Discípulo Amado), dando uma ênfase teológica maior ao fato, indicando uma comunidade, pois o número três significa completude.

Ir ao túmulo é a atitude de quem acredita que a morte triunfou, pois o túmulo é a morada dos mortos, é um depósito de cadáver, mas é também uma manifestação de amor por aquele que julgava estar morto. A surpresa e o espanto de Maria Madalena são causados exatamente pela ausência do cadáver no túmulo. A cultura da morte e o desânimo estavam tão presentes na mente dos discípulos que nem mesmo a pedra do túmulo removida foi suficiente para animá-los. De fato, a remoção da pedra e a ausência do corpo de Jesus causaram, inicialmente, preocupação e espanto, ao invés de alegria e esperança. Na fala da Madalena vem expressa a falência da comunidade: mesmo reconhecendo Jesus como “Senhor”, ela sente a falta de um cadáver; quer saber onde está o corpo morto para reverenciá-lo, provavelmente com os perfumes, e chorar junto dele. É a situação de quem ainda estava agindo na escuridão, sem reconhecer o novo dia que estava para nascer.

Com o aviso de Maria Madalena, também Pedro e o Discípulo Amado tomam a iniciativa de ir ao túmulo para conferir a veracidade da informação, uma vez que a palavra da mulher não era digna de credibilidade naquela sociedade: “Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo” (v. 3). Continuando, diz o texto que “Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo” (v. 4). A pressa do Discípulo Amado revela sua fidelidade, testada e comprovada aos pés da cruz (cf. 19,25-27), característica da pessoa amada. Somente quem fez uma autêntica e profunda experiência de amor com o Senhor é capaz de opor-se ao clima de morte reinante na comunidade, por isso, esse discípulo é anônimo; o evangelista não lhe dá um nome, mas apenas um adjetivo: amado. Os personagens anônimos no Evangelho segundo João têm a função de paradigmas para a sua comunidade e os seus leitores de todos os tempos; assim, todo aquele que ler esse evangelho deve tornar-se um “discípulo amado” também. Ele, o Discípulo Amado chegou primeiro e comprovou que a informação da Madalena era verídica: “viu as faixas de linho no chão, mas não entrou” (v. 5). À pressa do Discípulo Amado opõe-se a lentidão e o desânimo de Pedro, após ter sido tão incoerente com o Mestre na fase final de sua vida: opôs-se a ele na ceia, no momento do lava-pés (cf. Jo 13,6-8), e o negara durante o processo (cf. Jo 18,15-27). A falta de motivação de Pedro foi, certamente, marcada pelo remorso da negação e outras incoerências, o que será recuperado quando experimentar o Ressuscitado em sua vida.

O Discípulo Amado, embora tenha chegado primeiro, espera que Pedro também o chegue e faça a sua experiência: “Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho no chão” (v. 6). Tendo entrado no túmulo, Pedro comprova a ausência do corpo de Jesus e, certamente, faz uma longa reflexão a respeito de tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Embora a tradução litúrgica diga que ele “viu” as faixas de linho, o evangelista emprega um verbo de significado muito mais profundo: “contemplar” (em grego: teorêo), o que significa mais que simplesmente ver; desse verbo grego deriva a palavra teoria, como consequência de uma observação profunda: um olhar contemplativo, processado na mente e no coração. Depois de Pedro, entra também o Discípulo Amado no túmulo. Tendo chegado primeiro, poderia ter entrado logo, mas preferiu esperar que Pedro chegasse e entrasse logo. Não se trata de preeminência de Pedro, como sugerem algumas interpretações, uma vez que na comunidade joanina não havia espaço para hierarquia, o que Jesus deixou claro no lava-pés; era na verdade uma questão de necessidade: quem, de fato, necessitava de uma experiência mais forte era Pedro, pois, depois de Judas, foi o discípulo que mais tinha fracassado até então, impondo sempre resistências aos propósitos de Jesus, além da negação durante o processo. Já o Discípulo Amado tinha feito uma experiência autêntica com o Senhor durante toda a sua vida, por isso, “viu e acreditou” (v. 8); não se deixou vencer pelos sinais de morte vistos dentro do túmulo, mas reforçou ali a sua fé.

Para Pedro, foi necessário um pouco mais de tempo, pelo menos algumas horas, para convencer-se de que o Senhor ressuscitou e vive. Mas, os sinais estão apontando para isso: interiormente, ele já estava “teorizando” sua fé, reconstruindo-a lentamente, uma vez que os acontecimentos do lava-pés ao julgamento de Jesus foram muito fortes e deixaram suas expectativas bastante comprometidas. Será o próprio Senhor Ressuscitado a ajudá-lo no processo de reconstrução da fé, posteriormente, com a tríplice pergunta: “Pedro, tu me amas?” (cf. Jo 21,15-19). Sem amor, não há discipulado e, muito menos, experiência pascal. As percepções diferentes do sepulcro vazio por Maria, Pedro e o Discípulo Amado são sinais da diversidade que marca comunidade cristã desde os seus primórdios. Os três viram o mesmo fenômeno, mas cada um reagiu à sua maneira: Maria teve espanto, Pedro fez silêncio, e o Discípulo Amado acreditou logo. Embora a dimensão comunitária da fé seja indispensável, as experiências de percepção e reação diante do mistério são sempre pessoais e devem ser respeitadas.

É o conhecimento da Escritura que, gradativamente, vai habilitando a comunidade a crer na ressurreição (cf. v. 9), pois é na Escritura que os planos de Deus são indicados e conhecidos. A fé de Pedro, de Maria Madalena e dos demais será reformulada aos poucos, a cada “primeiro dia” quando se reunirem para a comunhão fraterna, compreendendo a partilha do pão e a leitura da Escritura. A comunidade que não coloca a Escritura no centro da sua existência, tende a repetir a situação inicial desanimadora de Maria Madalena, pois sem a Escritura “não sabemos onde está o Senhor” (v. 2).

A propósito de Maria Madalena, é necessário considerar o fato de todos os evangelistas mencionarem as mulheres como as primeiras personagens dos acontecimentos do “primeiro dia”; mesmo não acreditando em primeira hora, é a partir da visão e das palavras delas que a ressurreição vai se tornando realidade na vida da comunidade. Ora, se os evangelistas, e João em particular, pretendem apresentar uma nova criação, a gestação de um novo mundo e um novo tempo, é imprescindível que o papel da mulher seja evidenciado. Mulher é sinônimo de vida nova, pois ela é, por excelência, geradora de vida. Mesmo quando a vida nova não é gerada no ventre de uma mulher, como no caso extraordinário da ressurreição, mas é da intuição e da perspicácia de uma mulher (ou de várias, como nos evangelhos sinóticos) que brotam as razões para a constatação dessa nova vida. Se na antiga criação a mulher não passava de uma companhia para o homem, na nova criação ela assume um protagonismo ímpar: é a primeira a ver e a falar.

Além da compreensão da Escritura, é necessária a experiência do amor autêntico para a fé e o encontro com o Ressuscitado. O Discípulo Amado já tinha completado essas duas etapas, por isso, somente Ele acreditou em primeira mão, pois foi capaz de ler os sinais do sepulcro aberto e o corpo ausente à luz do amor e das Escrituras. Só crê num primeiro momento quem ama e sente-se amado, como aquele Discípulo sem nome, ao qual o evangelista quer que todos os seus leitores se assemelhem! Assim, concluímos voltando para o nosso início: a ressurreição não pode ser descrita, pode apenas ser experimentada. Para isso, é necessário fazer a experiência do amor profundo e do conhecimento da Escritura.

Dia 20

Os seres humanos são limitados.

No entanto, muitos sentimentos lhes são definitivos, como o amor, a paz, a bondade, a verdade e a justiça.

Esses são valores pelos quais vale a pena lutar.

Muitas vezes, talvez você imagine que tudo vai durar para sempre; porém, nada é eterno.

O mais importante é que Jesus seja o centro de sua vida, a qual deve ser entregue pelos irmãos.

Tudo o que você é, possui e realiza deve estar a serviço do Reino de Deus.

“O mesmo ocorreu a Tiago e João, filhos de Zebedeu e sócios de Simão. Jesus disse a Simão: ´Não tenhas medo!

De agora em diante serás pescador de homens!’. Eles levaram os barcos para a margem, deixaram tudo e seguiram Jesus”.(Lc 5,10-11).

 


Evangelho do dia 25 abril seta feira da oitava da páscoa 2025

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