03 agosto
- Conformidade total com a vontade de Deus: eis o grande meio para
progredir no caminho da perfeição; mas, por sua vez, esse meio torna-se o fim
(em) com relação aos meios que devemos utilizar para obtê-la. (L 52). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 14,1-12
"Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do rei Herodes. Ele disse aos seus cortesãos: "É João Batista! Ele ressuscitou dos mortos; por isso, as forças milagrosas atuam nele". De fato, Herodes tinha mandado prender João, acorrentá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. Pois João vivia dizendo a Herodes: "Não te é permitido viver com ela". Herodes queria matá-lo, mas ficava com medo do povo, que o tinha em conta de profeta. Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante de todos, e agradou tanto a Herodes que ele prometeu, com juramento, dar a ela tudo o que pedisse. Instigada pela mãe, ela pediu: "Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista." O rei ficou triste, mas, por causa do juramento... ordenou que atendessem o pedido dela. E mandou cortar a cabeça de João, na prisão. A cabeça foi trazida num prato, entregue à moça, e esta a levou para a sua mãe. Os discípulos de João foram buscar o corpo e o enterraram. Depois vieram contar tudo a Jesus."
Meditação:
Mateus
reapresenta em seu evangelho, de maneira mais resumida, esta narrativa já feita
por Marcos.
Pode-se
ver nela uma certa dose de ironia ao apresentar Herodes como um rei sensual e
volúvel, um "caniço agitado pelo vento", em oposição à autenticidade
e coerência de João.
Este
banquete de aniversário de Herodes fica caracterizado como o banquete da morte,
expressão da resistência dos poderosos às ações libertadoras do povo.
No
Evangelho de hoje nos deparamos com as circunstâncias da morte de João Batista.
Ele havia denunciado ao tetrarca Herodes a imoralidade que ele estava cometendo
ao coabitar com Herodíades, a mulher do seu irmão. Por um lado está a mulher
furiosa, que se enche de ódio contra João Batista e queria vê-lo morto por
causa das denúncias.
Por
outro lado, Herodes tinha que decidir entre arrepender-se do que fazia e
separar-se de Herodíades; continuar na situação em que se encontrava e sofrer
crescente oposição do povo em seguida à denúncia de João Batista; ou ainda
silenciá-lo de alguma forma.
Das
três opções, influenciado por Herodíades, Herodes decidiu pela terceira, mas
hesitava em matá-lo, porque sabia que João era um homem de bem, justo e santo,
e respeitado pelo povo. Mandou, portanto, que fosse amarrado e colocado na
prisão.
Quantas
vezes, seguindo um caminho mau, somos alertados por alguém e temos a
oportunidade de nos corrigir, mas preferimos continuar no pecado. Quantos
pecadores são alertados pela pregação do Evangelho, e, ao invés de se
converterem, eles se voltam contra a pessoa que lhe corrige e o próprio
Evangelho, tornando-se inimigos de Cristo.
Com
isto eles pensam ganhar algum prazer nesta vida, mas perdem a vida eterna,
permanecendo na condenação de Deus para sempre.
Não
é fácil deixar uma situação de pecado, que nos agrada, para endireitar a nossa
vida. Foi o que aconteceu com Herodes. Preferiu cometer uma grande injustiça,
aprisionando João Batista para agradar Herodíades e abafar a sua própria
consciência.
O
dia do aniversário de Herodes foi celebrado com uma festa (só lemos de outra
festa de aniversário na Bíblia, esta celebrada por Faraó (Gn 40,20).
Foi
quando ele cometeu outro grande erro. A filha de Herodíades, sobrinha de
Herodes, dançou durante a festa. Seu nome não é mencionado na Bíblia, mas
segundo a história profana ela era Salomé, que se casou mais tarde com outro
tio, Filipe o tetrarca da Ituréia (Lc 3,1).
Ela
dançou tão bem que agradou muito Herodes e os seus convidados. Para
recompensá-la, Herodes lhe prometeu, com juramento, que lhe daria tudo o que
pedisse, até a metade do seu reino (Mc 6,23).
Era
uma promessa solene, e Salomé foi consultar a sua mãe sobre o que deveria
pedir. Herodes era poderoso e rico, e as possibilidades eram muitas. Mas
Herodíades estava focalizada em uma coisa só: João Batista tinha que morrer.
Surgiu agora a oportunidade de conseguí-lo através da sua filha.
Para
a aflição de Herodes, sua sobrinha, instruída por sua mãe, pediu: “Dá-me aqui
num prato a cabeça de João Batista.” Herodes havia feito um juramento, e os que
estavam à mesa com ele eram testemunhas, portanto ele tinha que ser cumprido.
Ninguém daria o valor de metade do seu reino à cabeça de João Batista: só mesmo
Herodíades.
Na
verdade não foi um triste fim para João Batista. Segundo o plano de Deus ele
havia cumprido brilhantemente a sua missão, e havia agora chegado a hora dos
seus discípulos se reunirem junto com os discípulos do Senhor Jesus, para
aprenderem com Ele a arte de ser fiel a missão a nós confiada.
Que
o senhor nos dê esta graça da fidelidade e de derramar o nosso sangue
se tal for necessário como fez João Batista em prol da verdade, da justiça e do
amor de Deus!
Reflexão Apostólica:
João Batista estava incomodando muito por denunciar
os pecados daqueles que viviam segundo a carne e o seu egoísmo. Por isso sua cabeça
foi servida num prato porque palavra de Rei não volta atrás.
A condenação de João, inocente e justo, prenuncia a condenação de Jesus, que se
fez discípulo de João e segue caminho semelhante, com a conclamação à conversão
ao Reino de justiça.
Como esta história se adapta à nossa vida nos dias de
hoje! Por falar a verdade, João Batista, o último profeta de que falam as
Escrituras, foi preso e depois mandado degolar por Herodes a fim de satisfazer
aos caprichos da sua amante.
Herodes quis agradar a Salomé, filha de sua amante
Herodíades, por isso, mandou matar João Batista, oferecendo a ela a cabeça dele
como um presente!
No nosso mundo de hoje os que pregam os ensinamentos da
Palavra de Deus, os que
Mudam apenas os estilos e a maneira de se abafar a voz de
alguém que tenta falar de Deus nos lugares aonde tudo é permitido, nada faz mal
e as coisas acontecem na maior naturalidade.
Quem mais sofre as conseqüências dessas atitudes do mundo
de hoje que se paganiza a olhos vistos são os jovens que, habitualmente, não
possuem alguém que lhes aponte um caminho certo.
Os João Batistas de hoje também não são bem vistos em
muitos lugares aonde se tem como norma não falar de religião, de Bíblia, de
Igreja, de Nossa Senhora, de castidade, de matrimônio santo, de muitos outros
assuntos, com o pretexto de se respeitar a diversidade de pensamentos.
Por isso, hoje está na moda e é aplaudido por uma grande
maioria, o divórcio (agora bem ligeirinho, sem burocracia), o casamento entre
homossexuais, a liberação da maconha, a maioridade antes do tempo, em nome de
uma falsa liberdade cujo nome real é libertinagem.
Se alguém de sã consciência ousar dar algum conselho aos
jovens, no meio de muitas pessoas “entendidas”, falando, por exemplo, de
castidade, de sexo somente no casamento, de namoro santo, de vestir-se sem
expor demais o corpo, com certeza, será logo recriminado e considerado alienado
e uma pessoa retrógada, antiquada.
É assim que os Herodes de hoje conseguem degolar os
emissários de Deus. Os Herodes estão em diversos lugares e também gostam de
fazer promessas para agradar a quem eles desejam conquistar.
Por isso, precisamos tomar consciência se também não
estamos fazendo o papel de Herodes quando prometemos a alguém o que não nos é
permitido oferecer e por causa das nossas promessas aos homens esquecemos a
promessa que fazemos a Deus de amar-nos uns aos outros e partilhar com eles
vida.
Como nós podemos prometer tudo o que alguém nos pede, se
não possuímos nem mesmo o dom de conservar a nossa vida?
Podemos entregar a “cabeça” dos nossos irmãos de muitas
maneiras: difamando, fazendo intrigas, levantando falso, matamos o corpo, mas
nada podemos fazer com a alma. Deus é o Senhor de todos e age com justiça de
acordo com as nossas ações.
Em nome de Deus você consegue falar de assuntos polêmicos
no meio dos entendidos do mundo? Você se sente à vontade em lugares onde
tudo é permitido ou você tem coragem de denunciar o que não é de
Deus? Você já entregou a “cabeça” de alguém em troca dos seus
interesses? Do que você será capaz de fazer para conseguir os seus
intentos? Você teme mais a Deus ou aos homens? A quem mais você tem
agradado: a Deus ou aos homens?
Hoje vivemos num mundo em que são muitos aqueles que
vivem segundo os prazeres da carne, não respeitando a esposa dos outros, não
respeitando o marido das outras, tudo para satisfazer o seu egoísmo e seus
caprichos igual a Herodes.
Não dá mais para assistir um filme na nossa casa na presença da família ou
mesmo de alguma visita. Porque parece que os produtores não têm mais outra
coisa para mostrar na tela senão a pura safadeza.
Quando não estão executando, estão falando as mais baixas e vis palavras
que acabam degradando o ser humano, desqualificando e desvalorizando
principalmente a imagem da mulher, que já não é mais vista como companheira,
como mãe, como genitora, como a rainha do lar, mais simplesmente como um objeto
de prazer descartável que o homem apenas usa sem mais nenhum compromisso, pois
é tão grande a banalidade da pessoa humana, no mundo da sétima arte a qual já
não é mais arte, mais sim pura pornografia.
E nós o que fazemos? Não vamos fazer absolutamente nada? Pelo menos vamos
denunciar enquanto podemos.
Vamos lutar pelo resgate da imagem da mulher, que sob a desculpa de libertação
feminina, foi vulgarizada desde os anos 60.
A outra coisa que podemos e devemos fazer por essa nova Sodomia, é pedir ao Pai
para que Ele proteja os nossos jovens de serem usados por aqueles que querem
ver o circo pegar fogo.
Propósito:
Pai, na qualidade de discípulo de teu Filho Jesus, quero
inspirar-me na coragem inabalável de João Batista, denunciando profeticamente a
prepotência dos grandes.