31 janeiro - Por que fugir da luta, sabendo que é o nosso legado? Ou sofrer ou morrer, diziam os santos; e nós digamos, pelo menos: ou trabalhar ou morrer! (S 30). São Jose Marello
Marcos 4,26-34
Naquele tempo, 26Jesus
disse à multidão:
“O Reino de Deus é como
quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e
dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso
acontece.
28A terra, por si mesma,
produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os
grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo
a foice, porque o tempo da colheita chegou”.
30E Jesus continuou: “Com
que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para
representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado
na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e
se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os
pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”.
33Jesus anunciava a Palavra
usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só
lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os
discípulos, explicava tudo.
Meditação:
A
semente que germina e cresce por si mesma exprime a ação de Deus que comunica
amor e vida a todos, suplantando os poderosos deste mundo que semeiam a fome e
a morte. A segunda parábola, da inexpressiva semente que se transforma em uma
árvore acolhedora dos pássaros, exprime que a fé dos discípulos, desprezível
diante do mundo, pode gerar o mundo novo de fraternidade e paz. A prática e o
ensino de Jesus são caminho e luz.
Marcos
mostra Jesus como Mestre do Reino ensinando às multidões desde a barca de Pedro
(4,1). Seu ensino é na base de parábolas ou exemplos. A parábola é uma narração
que sob o aspecto de uma comparação, está destinada a ilustrar o sentido de um
ensino religioso.
Quando
todos os detalhes têm um sentido e significado real, a parábola se transforma
Porém
no NT Jesus usa frequentemente as parábolas especialmente como parte de seu
ensino do Reino dos Céus, para iluminar certos aspectos do mesmo. No dia de
hoje temos duas pequenas parábolas, a primeira própria de Marcos e a
segunda compartida por Mateus (13, 21+) e Lucas (13, 18).
Na
parábola da semente, Jesus indica que o Reino tem uma força intrínseca que independe
dos trabalhadores. Na segunda que o Reino, minúsculo nos tempos de Jesus,
expandir-se-á de modo a se estender pelo mundo inteiro. Vejamos versículo por
versículo as palavras de Jesus.
E
dizia: assim é o Reino do Deus, como se um homem lançasse a semente sobre a terra
(26). Que significa Reino de Deus? No AT Jahvé, o Deus de Israel, era o
verdadeiro rei e seu reino abrangia todo o Universo.
Os
juízes eram praticamente os seus representantes. Por isso, o seu profeta
Samuel, último juiz, escutou estas palavras: Não é a ti que te rejeitam, mas a
mim, porque não querem mais que eu reine sobre eles (I Sam 8, 7).
A
partir de Davi o reino de Deus tem como representante um rei humano, mas a
experiência terminou em fracasso, e o reino de Deus acabou por ser um reino
futuro escatológico como final dos tempos e transcendente, como sendo Deus
mesmo o que seria ou escolheria o novo rei.
Esse
reino está chegando e tem seu representante na pessoa de Jesus e dos apóstolos.
Nada tem de material ou geográfico, e é formado pelos que aceitam Jesus como
Senhor, caminho, verdade e vida.
Por
isso dirá Jesus que o reino está dentro de vocês. A Igreja fundada por Jesus é
a parte visível desse reino, que não é como os do mundo, mas tem sua base em
servir e não em ser servido (Lc 22, 27).
O
oposto do amor, que é serviço no reino é o amor ao dinheiro ( Mt 6, 24), de
modo que podemos afirmar que o dinheiro é o verdadeiro deus deste mundo.
A
primeira comparação que revela como atua o Reino é esta parábola de Jesus,
facilmente entendida como tipo, e que finalmente veremos como protótipo nas
observações.
E
durma e se levante noite e dia; e a semente germine e cresça de um modo que ele
não tem conhecido. É importante unir este versículo ao anterior para obter o
sentido completo da parábola.
O
agricultor faz sua vida independente e a semente nasce e cresce sem ter nada
que ver com o agricultor fora o fato de ser semeada por ele no início.
Deste
modo Paulo pode afirmar: Eu plantei, Apolo regou; mas era Deus quem fazia
crescer. Aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa somente
Deus, que dá o crescimento (1 Cor 3, 6-7). Assim, a continuação dirá Jesus:
Pois por si mesma a terra frutifica primeiramente a erva, depois a espiga,
depois o trigo pleno na espiga.
Quando,
porém, tiver aparecido o fruto, rapidamente ele envia a foice porque tem
aparecido a ceifa. Não há nada a comentar a não ser que o trabalho do
agricultor. Vemos como se reduz a semear e ceifar. A terra e a semente fazem o
resto.
E
dizia: a que compararíamos o Reino do Deus, ou em que parábola o
assemelharíamos? Parece que Jesus medita antes de afirmar ou escolhe uma
comparação apropriada.
Seu
estilo é de chamar a atenção dos ouvintes, um simples recurso oratório que
indica por outra parte uma memória viva dos ouvintes e não uma posterior
reconstrução. É possível que estas palavras formem parte do método de ensino de
Jesus.
Como
com a semente da mostarda, a qual quando sendo semeada na terra é a menor de
todas as sementes sobre a terra. A mostarda é uma planta da família da couve ou
repolho, de grandes folhas, flores amarelas e pequenas sementes, que tem duas
espécies principais: branca e preta. A branca chega até atingir
A
mais comum é a branca não tão ardente como a preta, precisamente por sua maior
facilidade em recolher os frutos. E quando está semeada surge e se torna maior
do que todas as hortaliças e produz galhos grandes de modo que podem, sob sua
sombra, as aves do céu habitar. Temos visto como chegam até 3 ou
E
com muitas parábolas semelhantes falava a eles a palavra do modo que podiam
ouvir. Temos aqui uma discriminação feita sem saber a razão de por que foi
escolhida por Jesus.
Os
discípulos tinham ocasião de saber o significado verdadeiro das comparações,
por vezes não muito claras para o ouvinte geral. O caso mais evidente é o do
semeador e os diversos terrenos em que a semente cai.
O
público em geral podia ficar com a idéia de que a semente da palavra era
recebida de formas mui diversas pelos ouvintes, mas a razão destas diferenças
só era explicada aos que, interessados, perguntaram junto aos doze pela
explicação da mesma (Mc 4, 13-20).
O
encontro com a palavra é um dom de Deus, mas a resposta à mesma depende da
vontade e do interesse de cada um. A explicação correspondente sempre a
receberá quem esteja interessado em saber a verdade.
Na
primeira destas parábolas do dia de hoje temos a exposição de como o Reino se
expande com uma força que não depende dos homens, mas do próprio Deus.
Poderíamos dizer que descreve a força interna do Reino.
Na
segunda parábola encontramos a visão externa do Reino. Seu crescimento seria
espetacular desde um pequeno grupo insignificante como é a semente da mostarda
que se parece com a cabeça de um alfinete, até uma árvore que nada tem a
invejar os carrascos da Palestina.
Uma
certeza é evidente: o Reino é uma realidade que não se pode ignorar. Em que
consiste? Jesus não revela sua essência, mas devido ao nome estamos inclinados
a afirmar que o Reino como nova instituição é uma irrupção da presença de Deus
na História humana, que seria uma revolução e uma conquista, não violenta, mas
interior do homem, e que deveria mudar a religião em primeiro lugar e as
relações sociais em segundo termo.
Numa
época em que revoluções externas e lutas pelo poder estavam unidas a uma
teocracia religiosa era perigoso anunciar a natureza verdadeira do Reino. Daí
que só as externas qualidades do Reino tenham sido descritas e de modo a não
levantar reações violentas. O reino sofrerá violências, mas não será o
violentador (Mt 11, 12).
Se
quisermos apurar as coisas, poderíamos atribuir ao Reino uma universalidade que
não tinha a Antiga aliança. Mas isto é esticar as coisas além do estado natural
das coisas e da narração de hoje no evangelho de Marcos.
Reflexão Apostólica:
As duas parábolas do evangelho de hoje são
estímulo e fortalecimento da esperança nas comunidades. O lavrador aplica-se
com esforço à semeadura e ao cultivo de sua plantação. Porém, a vida que se
desenvolve a partir da semente é obra de Deus. E uma insignificante semente já
tem certa grandiosidade, revelada com o tempo.
Os sistemas opressores defendem o progresso
que os beneficia, mas sacrifica o povo e a natureza. Contudo, estas parábolas
das sementes revelam o projeto do Reino de Deus de resgatar a vida sobre a
terra.
Tal projeto parece frágil diante dos poderes
deste mundo. Todavia, seu desabrochar e crescimento, como obras de Deus, não
serão tolhidos por ninguém. O Reino de Deus é o banquete da celebração da vida
plena para todos, a qual se vai manifestando até atingir a plenitude.
As religiões querem se sentir com todo poder
e auto-suficientes, crendo que a tarefa da salvação está nelas e, pior ainda,
afirmam que fora delas não há salvação. Mas Deus age com outros parâmetros. O
que nos recorda a parábola de hoje é que as plantas crescem pela força da terra
e não pelo poder do semeador. Esta grande comparação é aplicada por Jesus ao
Reino.
Quer dizer, o Reino é obra de Deus. Para conseguir entender esta grande lição
que sai da alma de Jesus, primeiro temos que perceber que Deus, ao assumir a
dimensão humana, não tem medo de impulsionar, desde esta dimensão, sua grande
obra de divinização da humanidade. O evangelho deixa claro que, é Deus e não os
instrumentos de nenhuma instituição, quem torna possível que o Reino cresça.
Da pequenez, Deus faz que uma realidade tão majestosa como o Reino aconteça. O
Reino é a simplicidade, a humildade, o resgate do irmão, a inclusão dos que são
diferentes, a dignificação do pobre. Por isso o Evangelho o expressa com o
símbolo do grão de mostarda. A Igreja será cada vez mais parecida ao Reino se
nos voltarmos às pequenas comunidades, sementes de uma nova maneira de ser
Igreja e de ser cristão.
O reino de Deus é como uma semente que é
lançada no nosso coração por meio da mensagem que Jesus Cristo veio nos trazer.
Quando nós acolhemos a Palavra de Deus com a consciência de que é Ele próprio
quem nos fala e nos oferece salvação e conversão, começa a acontecer em nós o
processo de germinação e fecundação do reino de Deus, uma vida nova que iremos
oferecer ao mundo.
É Deus quem no nosso próprio coração vai
fazendo brotar a Sua mentalidade sem que nem nós mesmos percebamos. A cada dia,
mais e mais nós vamos ficando plenos do Espírito Santo, que opera em nós e, por
isso, os nossos valores vão mudando, as nossas concepções, nossos pensamentos e
as nossas ações vão se afeiçoando aos ensinamentos de Jesus.
Isto significa que o reino de Deus cresce
dentro de nós de mansinho, silenciosamente, de tal maneira que um dia nós
estamos tão cheios de alegria, paz e felicidade que não dá mais para conter,
por isso, é imperioso que o levemos ao mundo às outras pessoas que ainda não
tiveram a mesma experiência. É o momento da colheita!
O reino de Deus também se manifesta em nós quando,
mesmo que ainda nem entendamos a Sua Palavra, nós experimentamos apenas uma
gotinha do Seu amor e da Sua misericórdia.
Às vezes, em momentos de sofrimento, de
dificuldades, de provação, o terreno do nosso coração fica mais acessível para
acolher o amor de Deus. E, assim acontece como a semente de mostarda que é a
menor de todas, mas é capaz de crescer tornar-se uma grande árvore e abrigar os
pássaros do céu.
Quando a terra do nosso coração acolhe a
semente da Palavra e do Amor de Deus e nós a deixamos germinar nós teremos como
conseqüência, uma vida frutuosa, plena de abundante utilidade.
Mesmo que tenhamos pouca fé, Deus vai
realizando em nós o grande milagre do amor. E ninguém que haja sido tocado pelo
Amor de Deus, poderá ficar estagnado, infeliz e descrente.
A Palavra de Deus nos fará ser árvore que dá
abrigo a muitas pessoas e a nossa luz brilhará nas trevas do mundo. Assim nós
haveremos de sair semeando a semente do amor por onde passarmos.
Você tem notado o crescimento do reino de
Deus em você? Quais as mudanças que aconteceram em você? Você se
sente mais feliz, hoje do que antes? Você já está sendo árvore que dá
sombra? Você se sente amado (a) por Deus?
Propósito:
Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino
acontecendo no meio de nós, aí onde lutamos para a construção de uma sociedade
mais humana e fraterna.
Reflexão
Por
que odiar se só o amor preenche os corações?
Por
que não dobrar os joelhos se rezar é tão importante?
Por
que fechar o semblante, quando você pode sorrir?
Por
que criticar se pode oferecer ternura?
Por
que caminhar sozinho se pode contar com Deus?
Por
que temer se pode ter coragem?
Por
que a tristeza e as lágrimas se pode ser alegre?
Por
que a pressa se pode ser mais calmo?
Por
que a guerra se pode haver a paz?
Meditação
Um
bom exemplo de vida vale mais que simples palavras.
Confirmação
“O
fruto do Espírito, porém, é: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,
bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio.
Contra
essas coisas não existe lei.”
(Gl
5,22-23).
São
João Bosco - 31 de Janeiro
Nasceu
perto de Turim, na Itália, em 1815. Muito cedo conheceu o que significava a
palavra sofrimento, pois perdeu o pai tendo apenas 2 anos. Sofreu
incompreensões por causa de um irmão muito violento que teve. Dom Bosco quis ser sacerdote,
mas sua mãe o alertava: “Se você quer ser padre para ser rico, eu não vou visitá-lo,
porque nasci na pobreza e quero morrer nela”.
Logo,
Dom
Bosco
foi crescendo diante do testemunho de sua mãe Margarida, uma mulher de oração e
discernimento. Ele teve que sair muito cedo de casa, mas aquele seu desejo de
ser padre o acompanhou. Com 26 anos de idade, ele recebeu a graça da ordenação
sacerdotal. Um homem carismático, Dom Bosco sofreu. Desde cedo, ele foi visitado por
sonhos proféticos que só vieram a se realizar ao longo dos anos. Um homem
sensível, de caridade com os jovens, que se fez tudo para todos. Dom Bosco foi ao encontro da
necessidade e da realidade daqueles jovens que não tinham onde viver,
necessitavam de uma nova evangelização, de acolhimento. Um sacerdote corajoso,
mas muito incompreendido. Foi chamado de louco por muitos devido à sua ousadia
e à sua docilidade ao Divino Espírito Santo.
Dom Bosco, criador dos oratórios, e por meio destes as
catequeses e orientações profissionais foram surgindo para os jovens. Enfim, Dom Bosco era um homem voltado
para o céu e, por isso, enraizado com o sofrimento humano, especialmente dos
jovens. Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de
trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre, como encontramos
citado na liturgia de hoje. São João Bosco foi modelo, mas também soube observar tantos
outros exemplos. Fundou a Congregação dos Salesianos dedicada à proteção de São
Francisco de Sales, que foi o santo da mansidão. Isso que Dom Bosco foi também para
aqueles jovens e para muitos, inclusive aqueles que não o compreendiam.
Em
31 de janeiro de 1888, tendo se desgastado por amor a Deus e pela salvação das
almas, ele partiu, mas está conosco no seu testemunho e na sua intercessão.
São João Bosco, rogai por nós!
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