27 janeiro - O demônio cumpre o seu dever quando nos tenta, e
nós, o nosso, quando recorremos a Deus.(S 172).
São José Marello
Mc 3,22-30
Os escribas vindos de Jerusalém diziam que ele estava possuído
por Beelzebu e expulsava os demônios pelo poder do chefe dos demônios. Jesus os
chamou e falou-lhes em parábolas: “Como pode Satanás expulsar Satanás? [...] Em
verdade, vos digo: tudo será perdoado às pessoas, tanto os pecados como as
blasfêmias que tiverem proferido. Aquele, porém, que blasfemar contra o
Espírito Santo nunca será perdoado; será réu de um ‘pecado eterno’”. Isso,
porque diziam: “Ele tem um espírito impuro”.
Meditação:
No Evangelho dos dias atrás vimos que os
familiares de Jesus tentaram detê-lo, porque pensavam que estava fora de si,
que estava louco. Agora são os letrados que o caluniam e o difamam. Afirmam que
seu poder salvífico e libertador não vem de Deus, mas de Satanás. Dizem isto
porque já não podem dizer que desconhecem os milagres de Jesus e vêem as
multidões que o buscam.
Suas ações escaparam do seu controle e isso preocupa as autoridades de
Jerusalém. Jesus defende sua missão e o faz através de comparações, que tem
como finalidade deixar claro três coisas: que nele o reino de Deus se faz
presente; que ele possui a força do Espírito de Deus e por isso é capaz de
destruir o reino de Satanás; e que os letrados pertencem a Satanás. São
eles os blasfemos, pois não reconhecem que em Jesus atua o Espírito Santo.
Os letrados, por não se abrirem ao dinamismo do Espírito e por negarem sua ação
plena em Jesus se auto-excluem da salvação que Deus lhes oferece. A salvação
chega às nossas vidas quando abrimos fiel e docilmente nossa mente e coração à
vontade de Deus.
Conforme a popularidade de Jesus crescia, seus inimigos procuravam,
desesperadamente, meios para explicar seus maravilhosos poderes. Finalmente,
decidiram alegar que ele expulsava demônios pelo poder do próprio Satanás.
Paralelo ao texto de hoje estão Mateus 12,22-32 e Lucas 11,14-23. E com apenas
três argumentos Jesus responde e faz uma advertência:
1. Como é que Satanás pode expulsar a si
mesmo?
2. Se eu expulso demônios por Satanás, por quem os expulsam os vossos filhos?
3. Para roubar a casa de um homem forte, tem-se primeiro que amarrá-lo.
Expulsando demônios, estou amarrando Satanás, de modo que eu possa cumprir
minha missão de resgatar àqueles que Satanás mantém cativos.
Sua advertência foi: “Em verdade vos digo
que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que
proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão
para sempre, visto que é réu de pecado eterno.” (Mc 3,28-30).
Depois de Seus debates com os fariseus, e
outros inimigos, sobre como guardar o sábado, eis que surge nova questão: de
onde vinha o poder de Cristo para expulsar demônios?
Não podendo negar Seus muitos e
poderosos milagres, os líderes judaicos tentaram vinculá-los a Belzebu – ou
seja, a Satanás. Interiormente, sentiam que esses milagres eram resultado da
manifestação divina, mas após terem acusado e perseguido Jesus, ficava difícil
admitir a origem divina da obra feita por Ele. O orgulho, ou seja, a falta de
humildade, levou tais líderes a essa situação.
O argumento de Cristo permaneceu sem
resposta: Como Seus milagres poderiam provir de Satanás, se os destruíam a obra
dele? (saúde em vez de doença, libertação de demônios em vez de escravidão a
eles).
Há aqui uma lição para todos: o orgulho
pode obliterar a visão espiritual a ponto de alguém “ao mal chamar bem, e ao
bem chamar mal” (Is 5,20). Quando uma pessoa chega a esse ponto, corre o risco
de pecar ou “blasfemar contra o Espírito Santo” e “não ter perdão para sempre”
(Mc 3,29). Por quê?
O fato é que todo pecado pode ser perdoado,
desde que seja confessado (IJo 1,9). Mas, se alguém chegar ao ponto de achar
que o mal é o bem (de que a falsa acusação deles quanto aos milagres de Cristo
era correta), então nunca haverão de se arrepender disto, e por conseguinte,
não obterão o perdão.
Estarão cometendo o “pecado imperdoável”,
pois nunca foi confessado para ser perdoado. Poderíamos dizer, então, que
“pecado imperdoável” é pecado não confessado e deixado, como esses dos líderes
judaicos.
Os escribas vindos de Jerusalém são os
enviados dos chefes religiosos que tinham em mãos o culto sacrifical do Templo
e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo. Eles percebem que Jesus, com seu
anúncio da verdade e do amor, é uma ameaça para o poder e os privilégios deles.
Jesus já havia expulsado o espírito impuro que dominava um homem em uma
sinagoga. Eles se empenham
O Espírito Santo é o amor. Considerar as
obras de amor do Espírito como sendo obras do demônio significa o
distanciamento e até a ruptura com o próprio amor de Deus. Rejeitar e matar os
que com amor buscam resgatar a dignidade humana dos empobrecidos explorados e
excluídos significa a rejeição da vida e do amor de Deus.
Na Encíclica «Dominum et vivificantem», §
46 de João Paulo II encontramos razões do porque é imperdoável o pecado
contra o Espírito Santo.
Porque é que a «blasfémia» contra o
Espírito Santo é imperdoável? Em que sentido se deve entender esta «blasfémia»?
S. Tomás de Aquino responde que se trata da um pecado «imperdoável por sua
própria natureza, porque exclui aqueles elementos graças aos quais é concedida
a remissão dos pecados».
Segundo uma tal exegese, a «blasfémia» não
consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste,
antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus oferece ao homem, mediante o
mesmo Espírito Santo agindo em virtude do sacrifício da Cruz.
Se o homem rejeita o deixar-se «convencer
quanto ao pecado», que provém do Espírito Santo e tem carácter salvífico, ele
rejeita contemporaneamente a «vinda» do Consolador: aquela «vinda» que se
efetuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do Sangue de
Cristo: o Sangue que «purifica a consciência das obras mortas».Sabemos que o
fruto desta purificação é a remissão dos pecados.
Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e
o Sangue permanece nas «obras mortas», no pecado. E a «blasfémia contra o
Espírito Santo» consiste exatamente na recusa radical de aceitar esta remissão,
de que Ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão verdadeira, por
Ele operada na consciência. Se Jesus diz que o pecado contra o Espírito Santo
não pode ser perdoado nem nesta vida nem na futura, é porque esta
«não-remissão» está ligada, como à sua causa, à «não-penitência», isto é, à
recusa radical a converter-se.
Isto equivale a uma recusa radical de ir
até às fontes da Redenção; estas, porém, permanecem «sempre» abertas na
economia da salvação, na qual se realiza a missão do Espírito Santo. Este tem o
poder infinito de haurir destas fontes: «receberá do que é meu», disse Jesus.
Deste modo, Ele completa nas almas humanas
a obra da Redenção, operada por Cristo, distribuindo os seus frutos.
Ora a blasfêmia contra o Espírito Santo é o
pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso «direito» de
perseverar no mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção.
O homem fica fechado no pecado, tornando
impossível da sua parte a própria conversão e também, consequentemente, a
remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua
vida.
É uma situação de ruína espiritual, porque
a blasfémia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que
ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das
consciências e da remissão dos pecados.
De uma maneira muito resumida, é próprio
dos poderosos acusarem e difamarem todo aquele que é considerado como uma
ameaça a seu poder, acusando-o agitador, perturbador da ordem, terrorista ou,
em um enfoque religioso, possesso do demônio. Na Inquisição, tal coisa
aconteceu com freqüência.
Eles percebem que Jesus, com seu anúncio da
verdade e do amor, é uma ameaça para o poder e os privilégios deles. Jesus já
havia expulsado o espírito impuro que dominava um homem em uma sinagoga. Eles
se empenham
O Espírito Santo é o amor. Considerar as
obras de amor do Espírito como sendo obras do demônio significa o
distanciamento e até a ruptura com o próprio amor de Deus.
Rejeitar e matar os que com amor buscam
resgatar a dignidade humana dos empobrecidos explorados e excluídos significa a
rejeição da vida e do amor de Deus.
O evangelho de Marcos nos diz que: Em Jesus está presente o Espírito Santo, que
o leva à missão de libertar e desalienar os homens. Por isso ele é acusado de
estar “possuído por um espírito mau”. Tal acusação é pecado sem perdão. Para os
acusados, o bem é mal, e o mal é bem. Eles, na verdade, estão comprometidos e
tiram proveito do mal; por isso, não reconhecem e não aceitam Jesus.
Quantas vezes vemos pessoas cheias do Espírito Santo que lutam pela justiça e
são tão criticados e até mesmo assassinados (Írmã Dórati), pois sempre
encontraremos corrupção na sociedade, cujo valores morais, éticos e cristãos
estão invertidos.
Nós lutamos contra nós mesmos (as) quando
negamos o poder do Espírito Santo e não reconhecemos nele o motivador da nossa
vida. Aqueles homens, naquele tempo, confundiam Jesus com um espírito mau. E
eram os próprios mestres da Lei quem os ensinava assim. Os mestres da Lei não
queriam se curvar diante de Jesus e, por isso, negavam a ação do próprio
Espírito de Deus. Este é um pecado imperdoável!
Precisamos estar muito atentos aos
ensinamentos dos homens, aos que eles pregam, para que não se enfraqueça em nós
a manifestação do Espírito Santo de Deus.
Você acredita que o Espírito Santo tem
poder na sua vida? Quem é o Espírito Santo para você?
Como vimos, a ação e o ensinamento de Jesus acabaram provocando um juízo e o
desmascaramento da má forma de agir dos líderes de seu tempo. A vida
transparente de Jesus e a coerência entre sua palavra e sua vida acabaram
revelando a hipocrisia daqueles que tinham responsabilidade espiritual no meio
do povo.
Os escribas que procediam do centro do
poder, de Jerusalém, se encontram com Jesus e nele descobrem a vivencia de um
ministério libertador. Aos escribas, que se dão conta de que Jesus anunciava um
Deus diferente daquele anunciado pelo centro do poder, desde o templo de
Jerusalém, e também diferente daquele anunciado pela classe sacerdotal
institucionalizada, e ao descobrir que seu comportamento era diferente do
comportamento deles e dos outros líderes religiosos, não lhes sobravam outra
alternativa senão enfrentar a Jesus, mediante a calúnia. Atreveram-se a
caluniar Jesus acusando-o de que ele agia pelo poder de Belzebu.
A autoridade judaica não sabia como manchar
o ministério de Jesus no anúncio da Boa Nova. Frente à fama que Jesus foi
ganhando no meio do povo, dos excluídos, dos descontentes com o sistema, não
encontraram outro meio para desmerecer sua obra, senão através da demonização,
forma típica da religião judaica para excluir socialmente a qualquer indivíduo.
O que os escribas pretendiam era minguar a
força que Jesus foi ganhando através de sua práxis libertadora e propagar por
todos os meios (neste caso a calúnia) que tudo o que ele fazia, fazia pela
força do maligno, o inimigo de Deus.
Jesus, apesar da mentira e do complô armado
pelos escribas, continua com seu ministério no meio do povo. Mas Jesus vai bem
mais longe. Além de instaurar o Reino ali onde a vida se encontrava ameaçada,
ele faz um juízo forte contra os líderes religiosos de seu tempo.
Ao longo de sua vida e no diálogo fácil com
os homens e mulheres, Jesus descobre que eles (os líderes religiosos) que
tinham a responsabilidade de ir mostrando ao povo o caminho por onde avançar ao
longo da história falsificaram o caminho e encheram de mentira e de engano o
seguimento de seu Pai Deus.
Frente a esta situação de engano e de
mentira Jesus profere uma sentença: "Em verdade vos digo: todos os pecados
serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias; mas todo o que
tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado
de um pecado eterno".
Esta sentença de Jesus estava sendo dirigida
aos líderes de seu tempo, para quem as obras de Deus eram consideradas do
demônio e as obras injustas das estruturas e a teologia falseada do templo eram
consideradas obras de Deus.
Para nós, este relato evangélico tem muita
atualidade, como todo o Evangelho. Nós, muitas vezes, consideramos o mal como
se fosse o bem e o bem como se fosse o mal.
Peçamos a Deus que nos dê a capacidade de
discernir para saber escolher o caminho correto e para poder comprometer-nos
como indivíduos e como Igreja no projeto libertador do Reino, mesmo que nos
caluniem, nos persigam e ameacem a nossa vida. O Reino vale a pena, essa é a
grande lição que nos deixou Jesus.
Propósito:
Pai, sou-te
infinitamente grato, pois,
Reflexão
Seja firme
nas atitudes e persistente em seus ideais.
Tudo ocorre
em seu devido tempo.
Deus ama a
todos, por isso enviará o que for melhor para cada um.
Saiba esperar
o momento exato para receber benefícios e respostas às orações. Aguarde com
calma que os frutos amadureçam, para que possa apreciar sua doçura, no tempo
adequado e da maneira certa.
Meditação
Aguarde com
paciência a vontade do Senhor. Confie nele, e ele lhe concederá o que
necessita.
Confirmação
“Tudo tem seu
tempo.
Há um momento
oportuno para cada coisa debaixo do céu.”
(Ecl 3,1).
Santa Ângela de Mérici - 27 de Janeiro
Ângela
Mérici nasceu em 1470, na cidade de Desenzano, no norte da Itália. O período
histórico era o do Renascimento e da Reforma da Igreja, provocada pela doutrina
luterana. Os pais eram camponeses pobres e muito religiosos. E desde pequena,
ela teve seu coração inclinado pela vida religiosa, preferindo a leitura da
vida dos Santos.
De fato, sua provação começou muito cedo, na infância, quando ficou órfã de
pai. Logo em seguida perdeu a mãe e a irmãzinha, com quem se identificava
muito. Assim, ela foi viver na casa de um tio, que a havia adotado, mas que
também veio a falecer. Voltou à terra natal. Depois de passar dias e dias
chorando, com apenas treze anos, pediu para ingressar num convento, entrando
para a Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
Ângela tinha apenas o curso primário e chegou a ser "conselheira" de
governadores, bispos, doutores e sacerdotes. Os seus sofrimentos, sua entrega à
Deus e a vida meditativa de penitência lhe trouxeram, através do Espírito
Santo, o dom do conselho, que consiste em saber ponderar as soluções adequadas
para todas as situações da vida.
Ela também, percebeu que naquele momento histórico, as meninas não tinham quem
as educassem e livrassem dos perigos morais, e que as novas teorias levavam as
pessoas a querer organizar a vida como se Deus não existisse. Para lutar contra
o paganismo, era preciso restaurar a célula familiar. Inspirada pela Virgem
Maria, fundou a Comunidade das irmãs Ursulinas, em homenagem a santa Úrsula, a
mártir do século IV, que dirigia o grupo das moças virgens, que morreram por
defender sua religião e sua castidade.
Ângela
acabou se tornando a portadora de uma mensagem inovadora para sua época.
Organizou um grupo de vinte e oito moças, para ensinar catecismo em cada bairro
e vila da região. As "Ursulinas" tinham como finalidade a formação
das futuras mães, segundo os dogmas cristãos. Ângela teve uma concepção
bastante revolucionária para sua época, quando se dizia que uma sólida educação
cristã para as moças só seria possível dentro das grades de uma clausura.
Decidiu que era a hora de fazer a comunidade se tornar uma Congregação
religiosa. Consta, pela tradição, que antes de ir à Roma para dar início a esse
projeto, quis fazer uma peregrinação em Jerusalém. Assim que chegou, ficou
cega. Visitou os Lugares Sagrados e os viu com o espírito, não com os olhos. Só
recobrou a visão, na volta, quando parou numa pequena cidade onde existia um
crucifixo milagroso, foi até ele, rezou e se curou. Anos depois, foi recebida
pelo papa Clemente VII, durante o Jubileu de 1525, que deu início ao processo
de fundação da Congregação, que ela desejava.
Ângela
a implantou na Bréscia, dez anos depois, quando saiu a aprovação definitiva. E
alí, a fundadora morreu aos setenta e cinco anos, em 27 de janeiro de 1540 e
foi canonizada, em 1807. Santa Ângela de Mérici, atualmente, recebe as
homenagens no dia de sua morte.
Santa Angêla Mérici. rogai por nós!
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