18 janeiro - Espírito de luta, mas também espírito de
resignação; buscar a glória de Deus, mas em conformidade com sua vontade;
sonhar muito e contentar-se também com pouco; promover o triunfo da Igreja, não
rejeitando, porém, as nossas derrotas pessoais, as mortificações diárias do
nosso amor próprio; assim se deve viver e assim temos de nos empenhar em viver
em união com o nosso Divino Mestre. (L 22).
São José Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 2,13-17
Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira mar.
Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto
passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e
disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na
casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa
com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
16Alguns doutores da Lei, que eram
fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de
impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com
cobradores de impostos e pecadores?”
17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes:
“Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim
para chamar justos, mas sim pecadores”.
Meditação:
Para os fariseus, era absolutamente escandaloso
manter contatos com um pecador notório como Levi. Na época, um cobrador de
impostos não podia fazer parte da comunidade farisaica; não podia ser juiz, nem
prestar testemunho em tribunal, sendo, para efeitos judiciais, equiparado a um
escravo; estava também privado de certos direitos cívicos, políticos e
religiosos. Jesus vai demonstrar, àqueles que o criticam, que a lógica dos
fariseus (criadora de exclusão e de marginalidade) está em oposição à lógica de
Deus.
Os relatos evangélicos põem, com frequência, Jesus
em contacto com gente reprovável, com aqueles apontados pela sociedade como os
cobradores de impostos e também com as mulheres de má vida. É impossível que os
discípulos tenham inventado isto, porque ninguém da comunidade cristã primitiva
estaria interessado em atribuir a Jesus um comportamento “politicamente
incorreto”, se isso não correspondesse à realidade histórica. Não há dúvida de
que Jesus “deu-se” com gente duvidosa, com pessoas a quem os “justos” preferiam
evitar, com pessoas que eram anatematizadas e marginalizadas por causa dos seus
comportamentos escandalosos, atentatórios da moral pública.
Certamente não foram os discípulos a inventar para
Jesus o injurioso apelativo de “comilão e bêbedo, amigo de publicanos e de
pecadores” (Mt 11,19; 15,1-2).
Tendo já chamado os quatro primeiros discípulos,
Jesus agora encontra o coletor de impostos Levi. Por sua função, ele era um
marginalizado pela sociedade religiosa judaica. Jesus não se volta para os
marginalizados apenas para aliviá-los de seus sofrimentos e lhes restituir a
dignidade, Ele os inclui também na colaboração de seu ministério, chamando
alguns dentre eles como seus discípulos mais próximos. Sentando-se à mesa com
os amigos de Levi, também marginalizados, Jesus afirma seu propósito de
solidarizar-se com os excluídos e os pobres, causando escândalo entre os chefes
religiosos do judaísmo.
Na perspectiva deste texto, Jesus é o amor de Deus
que se faz pessoa e que vem ao encontro dos homens – de todos os homens – para
os libertar da sua miséria e para lhes apresentar essa realidade de vida nova
que é o projeto do “Reino”.
A solicitude de Jesus para com os pecadores
mostra-lhes que Deus não os rejeita, mas os ama e convida-os a fazer parte da
sua família e a integrar a comunidade do “Reino”. É que o projeto de salvação
de Deus não é um condomínio fechado, com seguranças fardados para evitar a
entrada de indesejáveis; mas é uma proposta universal, onde todos os homens e
mulheres têm lugar, porque todos – maus e bons – são filhos queridos e amados
do Deus Pai. A lógica de Deus é sempre dominada pelo amor.
O que está em causa na leitura que nos é proposta é
a apresentação do imenso amor de Deus. Ele ama de forma desmesurada cada mulher
e cada homem. É esta a primeira coisa que nos deve “tocar” nesta celebração.
Deus é misericórdia. Interiorizamos suficientemente esta certeza, deixamos que
ela marque a nossa vida e condicione as nossas opções?
O amor de Deus dirige-se, de forma especial, aos
pequenos, aos marginalizados e necessitados de salvação. Os pobres e débeis que
encontramos nas ruas das nossas cidades ou à porta das igrejas das nossas
paróquias, encontram nos “profetas do amor” a solicitude maternal e paternal de
Deus?
Apesar do imenso trabalho, do cansaço, do “stress”,
dos problemas que nos incomodam, somos capazes de “perder” tempo com os
pequenos, de ter disponibilidade para acolher e escutar, de “gastar” um sorriso
com esses excluídos, oprimidos, sofredores, que encontramos todos os dias e
para os quais temos a responsabilidade de tornar real o amor de Deus?
Tornar o amor de Deus uma realidade viva no mundo
significa lutar objetivamente contra tudo o que gera ódio, injustiça, opressão,
mentira, sofrimento. Inquieto-me, realmente, frente a tudo aquilo que torna
feio o mundo? Pactuo, com o meu silêncio, indiferença, cumplicidade com os
sistemas que geram injustiça, ou esforço-me ativamente por destruir tudo o que
é uma negação do amor de Deus?
As nossas comunidades são espaços de acolhimento e
de hospitalidade, oásis do amor de Deus, não só para parentes e amigos, mas
também para os pobres, os marginalizados, os sofredores que buscam em nós um
sinal de amor, de ternura e de esperança?
Reflexão Apostólica:
Em seu evangelho, Marcos realça sempre
o primado do ensino de Jesus. Pela comunicação da palavra verdadeira,
acompanhada do testemunho de amor, se dá a transformação do mundo e da
sociedade.
Esta narrativa do chamado de Levi
encontra-se nos três evangelhos sinóticos, com pequenas diferenças entre si. O
coletor de impostos, ou publicano, chama-se Levi nos evangelhos de Marcos e
Lucas, e Mateus no evangelho de Mateus.
Jesus já havia chamado os quatro
primeiros discípulos: Pedro, André, João e Tiago. Extremamente sucinto, este
texto é um resumo do chamado: Jesus passa, o vê sentado na sua mesa de coleta
de impostos e o chama.
Levi levanta-se, deixa tudo e o segue.
Os escribas dos fariseus censuram Jesus por comer com Levi e seus amigos. Jesus
vem romper com o sistema elitista e opressor.
O chamamento de Levi e dos pecadores é
dirigido hoje aos cristãos, convidados a experimentar a misericórdia para com
eles. Como todos os seres humanos, são pecadores, mas descobrem que o amor de
Deus os busca até em seu próprio pecado.
O fato de Jesus convidar um publicano
para que o seguisse era motivo de escândalo para o povo, e de maneira especial
para os escribas. Como é possível que este, que se faz chamar de Mestre, coma
com publicanos e com pecadores?
Mas o importante para Jesus é a pessoa,
e não tanto sua condição de pecador; embora obviamente o chame a mudar de vida,
para seu próprio bem e o de todos.
O pecador só descobre a misericórdia de
Deus se esta constituir para ele um convite à conversão e à mudança de vida e,
mais ainda, a missão apostólica de dar testemunho no mundo. Os pecadores, os
quais tradicionalmente eram contrapostos aos justos, apenas para condená-los,
são nesta passagem testemunhas de uma qualidade religiosa essencial: a
humildade posta a serviço do chamamento, em oposição ao orgulhoso repúdio da
“boa consciência” dos fariseus.
Levi era coletor de impostos e estava
no seu posto de trabalho. Talvez ele fizesse os cálculos do quanto iria render
os tributos cobrados ao povo de Israel e o tanto que iria entrar no seu bolso.
Ele estava apenas cumprindo com a sua
obrigação! Era isso, o que a vida, até aquele momento, lhe havia apresentado.
Jesus o viu e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu! Foi tudo tão
de repente que parece até que já havia sido combinado.
O chamado de Jesus para nós é assim:
firme e objetivo. Jesus nos chama para seguir os Seus passos em busca do reino
dos céus. Mas Ele nos acena com essa nova vida aqui e agora, não importando
quem são os nossos amigos, se nos sentamos à mesa com os pecadores nem tampouco
se, no passado, cometemos delitos.
Jesus veio para nos libertar de tudo
quanto nos escraviza e nos faz ficar paralisados. Ele veio ampliar os nossos
objetivos e nos mostrar que, além da vidinha medíocre em que nós nos
instalamos, há uma nova dimensão de felicidade a qual nós precisamos conhecer.
Quando temos essa experiência pessoal
com Jesus, a nossa primeira boa ação será levá-Lo para a nossa casa e fazê-Lo
assentar-se junto com a nossa família e os nossos amigos.
Jesus entra na nossa casa não apenas
através das palavras que nós falamos, mas principalmente, por meio do nosso
testemunho de vida renovada, das nossas transformações e do exemplo de caridade
e desprendimento que nós damos no nosso dia a dia. Isto fará toda a diferença!
Propósito:
Pai, coloca-me, cada dia, no seguimento de Jesus, pois, assim, estarei no bom caminho que me conduz a ti.
Dia
18
Reflexão
Provavelmente
a frase “A messe é grande...” foi inspirada em um provérbio popular aplicado
por Jesus a uma situação religiosa de sua época.
Pelo
batismo, assumimos a vocação de filhos de Deus; como consequência, temos uma
missão a cumprir neste mundo.
A
vocação sempre vem de Deus, e a missão é um dom do Pai.
Por
isso, assumir com consciência o chamado de Deus e aceitar suas exigências é a
melhor resposta.
Meditação
Deus
conta com todas as pessoas para colaborarem na construção de seu Reino.
Confirmação
“A
colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Pedi,
pois, ao senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!”.
(Mt
9,37-38).
Santa
Margarida da Hungria - 18 de Janeiro
Santa Margarida da Hungria, também conhecida como Margarida da Áustria, foi uma princesa e religiosa nascida por volta de 1242, na Hungria. Ela pertencia à ilustre Casa de Arpades, uma família real que desempenhou um papel significativo na história húngara. A vida de Santa Margarida é marcada por sua dedicação à fé, serviço aos menos afortunados e uma profunda vida de oração.
Desde
a infância, Margarida
demonstrou uma inclinação para a vida religiosa. Seus pais, o rei Bela IV da
Hungria e a rainha Maria Láscaris, planejaram um casamento para ela, mas Margarida,
que tinha uma forte devoção a Deus desde cedo, desejava consagrar sua vida a Ele.
Diante da invasão mongol que assolou a Hungria, a família real buscou refúgio
na ilha de Csepel, onde Margarida fez votos de castidade, renunciando ao
casamento.
Após
a tragédia da invasão mongol e a subsequente restauração da paz na Hungria, Margarida
dedicou-se à vida religiosa no convento dominicano de Várad, na Transilvânia.
Mais tarde, ela fundou um convento, onde viveu com outras irmãs sob a Regra de
São Agostinho. Sua vida monástica foi marcada pela austeridade, caridade e
serviço aos necessitados.
Santa Margarida é lembrada por suas práticas ascéticas, seu
amor aos pobres e sua devoção à oração. Ela também desempenhou um papel
significativo na promoção da paz e reconciliação em sua família e na sociedade
húngara. Seu exemplo inspirador de caridade e serviço a Deus a
tornou uma figura venerada, tanto durante sua vida como após sua morte.
Santa Margarida da Hungria faleceu em 18 de janeiro de 1270. Seu
culto foi aprovado pela Igreja Católica, e ela foi canonizada pelo Papa Pio XII
em 19 de novembro de 1943. Sua festa litúrgica é celebrada em 18 de janeiro. Santa Margarida
é lembrada como uma santa patrona da Hungria e um modelo de generosidade,
humildade e dedicação à vida religiosa.
Santa Margarida da Hungria, rogai por nós!
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