30 janeiro - O espírito humano, como os fluídos, se coloca sempre no nível dos objetos que o rodeiam. (L 5). São Jose Marello
Marcos 4,21-25
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 21“Quem é que traz uma
lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário,
não a põe num candeeiro? 22Assim, tudo o que está escondido deverá tornar-se
manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23Se alguém tem
ouvidos para ouvir, ouça”. 24Jesus dizia ainda: “Prestai atenção no que ouvis:
com a mesma medida com que medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado
ainda mais. 25Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem,
será tirado até mesmo o que ele tem”.
O
povo de Israel também teve essa vocação de iluminar o mundo inteiro, mas os
interesses mesquinhos e o fanatismo fizeram com que se extinguisse a chama da
humanidade nova, em torno do Deus libertador e humanizador. Por isso Jesus
assume o compromisso de convidar seus discípulos e discípulas a tomar a chama
que Israel não manteve acesa e reiniciar um processo novo de iluminação de toda
a humanidade.
Nessa linha evangélica, a tarefa de todo cristão é fazer com que a luz de
Cristo que emana, que inclui, que redime, que humaniza, que valoriza e respeita
toda diferença, que faz possível a justiça, os direitos dos povos e salvaguarda
a criação, chegue a todos os rincões do mundo e se possa conseguir a grande
civilização do amor. Esta é uma grande responsabilidade que todo crente em
Jesus tem ante a história. Ser luz!
A pessoa que recebeu a Palavra de Deus de bom grado em seu coração há de
frutificar grandemente, de maneira que todos possam ver os seus frutos. Daí a
parábola da candeia, que revela a posição que ocupará no reino espiritual
aquele que se deixou transformar completamente pela semente da Palavra.
Marcos
apresenta alguns ditos de Jesus que são encontrados, dispersos, em Mateus e
Lucas. O dito a respeito da lâmpada sobre o candelabro é encontrado no
evangelho de Mateus, introduzido pela proclamação: “Vós sois a luz do mundo!”
no início do Sermão da Montanha.
Assim,
o testemunho dos discípulos deve ser uma luz para o mundo. No ensinamento de
Jesus, não há nenhuma falsidade oculta, como na doutrina dos fariseus, nem
ensinamento reservado a grupos elitizados, como no gnosticismo.
“E
disse-lhes: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou
debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador?” (Mc 4,21)
O
candelabro era a lâmpada dos tempos de Jesus. Na parábola, a candeia significa
a luz de Deus que brilha através de alguém que realmente teve uma experiência
pessoal com Jesus. Sua vida vai manifestar um brilho especial como que dizendo
ao mundo que se achou o caminho da paz, da alegria, da fé, que as pessoas tanto
procuram.
O
papel da Palavra de Deus no coração do homem é justamente este, o de tirar o
homem das trevas do ódio e da amargura, e coloca-lo na luz do amor de Deus.
Uma
vez que o indivíduo teve essa experiência e vai crescendo mais e mais no
conhecimento de Deus, a luz de Cristo no seu interior vai brilhar cada vez mais
intensamente a fim de se manifestar aos homens que ainda vivem nas trevas (Jo
1,4-5; I Jo 1,5-7)
“E
disse-lhes: Vem porventura o candelabro para se meter debaixo do alqueire, ou
debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador?” (Mc 4,21)
O
texto diz que a lamparina não vem para ser deixada num lugar qualquer da casa,
mas sim no velador que sempre era posicionado em lugares altos de onde podia
iluminar toda a casa.
Jesus
está dizendo que aquele que teve uma experiência genuína com Deus e que está
crescendo em maturidade através da semente plantada em seu coração, certamente
será posicionado em lugares cada vez mais estratégicos no reino espiritual de
maneira que possa abençoar as pessoas de forma mais eficaz.
Quem
nos posiciona em lugares altos é o Senhor nosso Deus. Ele conhece o nosso
coração e sabe se de fato temos frutificado e sido abençoadores de outras
vidas. Aquele que é fiel no pouco sobre o muito será colocado (Mt 25,23).
“Porque
nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar
oculto, mas para ser descoberto” (Mc 4,22). Jesus disse que nada está encoberto
senão para vir à luz.
Ele
está querendo dizer que assim como uma semente plantada na terra permanece oculta
por um certo tempo, vindo depois à luz, da mesma forma, toda semente divina
plantada no coração do homem, tende a manifestar-se no seu devido tempo,
revelando sua espécie.
Aquele
que tem recebido pela fé a Palavra de Deus em seu coração, mais cedo ou mais
tarde, terá a alegria de ver esta Palavra manifestada aos homens, pelas novas
atitudes e obras praticadas. A luz de Deus deixará de estar no oculto do
coração, para ser algo notório a todos os homens (Gl 5,22-23)
“Se
alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” - Marcos 4,23. Os versículos seguintes aos
mencionados acima mostram que, para que a luz venha a de fato manifestar-se, é
necessário que o homem, canal da luz, seja um bom ouvinte da Palavra. Os
versículos 23 e 24 dizem: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Também lhes
disse: Atendei ao que ouvis”.
Os
ouvidos precisam atentar a toda palavra que sai da boca de Deus, porque destas
viverá o homem (Dt 8,3 b). O solo que frutificou na parábola do semeador foi
aquele que, antes de tudo, ouviu a Palavra e a recebeu, e só então pôde dar o
fruto esperado. Antes da frutificação vem o receber, e antes do receber vem o
ouvir.
A
pergunta que queremos deixar aqui é sobre como temos ouvido a Palavra. Não o
ouvir com os ouvidos naturais, mas com os ouvidos do coração. Porque toda
frutificação depende de ouvidos sensíveis e receptivos ao que Deus está
falando.
“E
disse-lhes: Atendei ao que ides ouvir. Com a medida com que medirdes vos
medirão a vós, e ser-vos-á ainda acrescentada a vós que ouvis.” (Mc 4,24-25)
Quem
ouve as palavras de Jesus e as acolhe não condena, mas pratica a misericórdia.
Quem faz um julgamento usando a misericórdia como medida alcançará, por sua
vez, misericórdia em abundância.
A
sentença final pode ser um provérbio popular da Antigüidade, que interpreta as
relações socioeconômicas daquelas sociedades, no mundo grego-romano e oriental.
O
rico acumula cada vez mais riquezas, à custa dos pobres, cada vez mais
empobrecidos. Com certo constrangimento, seria aplicado na perspectiva da fé.
Quem tem a fé vai se fortalecendo cada vez mais, enquanto aquele que não a tem,
vai se debilitando.
Com
que intensidade nós queremos ver a manifestação do brilho de Deus em nossas
vidas? Qual o posicionamento no reino espiritual que esperamos da parte de
Deus?
Todas
estas questões dependem de como nos debruçamos de coração ao que estamos a
ouvir da parte de Deus. A medida de unção, revelação e autoridade espiritual
dependem de uma atitude cada vez mais positiva em relação à Palavra de Deus a
nós ministrada. Se a desprezarmos ela não terá proveito para nós; mas se a
valorizarmos, Deus nos acrescentará mais e mais de tudo o que ela oferece (Jr
29,13; 33,3).
Que
toda transformação do nosso coração, operada por Deus e por Sua Palavra, possa
resultar na iluminação de milhares de pessoas.
Reflexão Apostólica:
A luz é o símbolo mais apropriado para falar da finalidade do
anúncio da Boa Nova e do que deve ser a comunidade cristã no mundo. A Boa Nova
é como uma lâmpada que deve ser posta em um lugar apropriado para que toda a
“casa” (a criação, a comunidade) fique iluminada e possa ver com clareza o
mistério de Deus revelado em Jesus e possa perceber suficientemente os perigos,
as ausências de luz.
É necessário anunciar a Boa Nova da salvação a toda humanidade, para que seja
escutada e vivida, celebrada e compartilhada. Ela não pode ser ocultada, pois
ela revela o destino final da pessoa: viver plena e dignamente. Quem é
partícipe dessa Boa Nova deve adquirir o compromisso de vivê-la e comunicá-la;
do contrário, essa luz, igual à semente em terreno pedregoso, se desvanecerá e
morrerá.
Em Marcos não encontramos longas falas de Jesus como, por exemplo, nos
evangelhos de Mateus e, principalmente, de João. Contudo, Marcos reúne (Mc
4,1-34) uma coletânea de parábolas e sentenças em formato de um discurso de
Jesus, articuladas entre si e inseridas no contexto de formação dos discípulos,
na perspectiva de esclarecimentos sobre o Reino e a missão. A lâmpada vem para
iluminar, não para ficar escondida: a palavra vem para ser divulgada e testemunhada.
A lâmpada é a palavra que revela e desmascara a ideologia e as práticas escusas
dos dirigentes de Jerusalém e das sinagogas. Ouvir é acolher a Palavra e pô-la
Quem faz um julgamento usando a misericórdia como medida alcançará, por sua
vez, misericórdia
O evangelho de hoje expressa que a melhor maneira de manter acesa a lâmpada da
Boa Nova, da presença salvifica de Deus no meio da comunidade, é através de uma
entrega sem medida aos demais; deve-se imitar Deus que se entrega por inteiro,
oferecer-se todo para salvar as pessoas da escuridão.
As nossas ações devem ser produtos dos nossos pensamentos e também dos nossos
sentimentos. Nesta leitura Jesus nos exorta para que elas sejam como lâmpadas
acesas colocadas em lugar alto a fim de que todas as pessoas que as vejam sejam
iluminadas, isto é, tenham conhecimento. Portanto, as nossas ações devem
revelar o que nós cultivamos dentro de nós mesmos (as).
Se, cultivamos em nós bons pensamentos e regamos os nossos bons
sentimentos nós poderemos também realizar boas obras as quais são como lâmpadas
acesas que podem ser vistas por todas as pessoas.
Quando nós falseamos, quando nós blefamos e escondemos as nossas
reais intenções nós também somos capazes de praticar ações duvidosas que por
mais que aparentem bondade, são, no entanto, arapucas que nós armamos para que
outros caiam.
Aí, nós revelamos, apenas escuridão. Jesus continua nos advertindo
em relação às nossas ações e, agora também, quanto aos nossos julgamentos
quando diz: “com a mesma medida com que medirdes também vós sereis medidos”.
Muitas vezes nós usamos critérios muito exigentes para com os
nossos irmãos e irmãs e não nos apercebemos de que com o mesmo rigor nós também
seremos julgados (as), e… por nós mesmos (as)!
A medida, então, é a que nós usamos, isto é, a nossa medida.
Existe um ditado popular que expressa muito bem o que o Senhor nos fala: “quem
disto usa, disto cuida”.
Portanto, que nós tenhamos cuidado de purificar os nossos
pensamentos e sentimentos a fim de que possamos atuar com sinceridade e com
transparência irradiando ao mundo a Luz que vem do Senhor. E que as nossas
ações e os nossos julgamentos para com os nossos irmãos (ãs) sejam feitos com
uma medida ajustada à nossa própria fraqueza, portanto, cheios de misericórdia
e compaixão.
Você é uma pessoa transparente e sincera? As suas ações
acompanham os seus sentimentos e pensamentos ou você consegue
camuflá-las? Você é muito rigoroso (a) com os erros das pessoas? E
com os seus? Você é uma pessoa que se impacienta por qualquer
coisa? Qual é a sua medida?
Propósito:
Pai, ensina-me a ser benevolente com quem deve ser
evangelizado por mim, para que, no final de minha missão, eu possa também
experimentar a tua benevolência.
Dia
30
Reflexão
Está
doente? Então não se assuste, pois toda enfermidade é passageira.
Muitas
vezes, é pela dor e pelo sofrimento que as pessoas encontram Deus.
Às vezes,
ele usa algumas circunstâncias para nós fazer parar e encontrá-lo.
Deus é a
fonte de todo bem, da saúde, da felicidade e da alegria.
Se estiver
passando pela experiência de uma enfermidade, saiba que o Senhor está perto de
você; ofereça-lhe seus dias ou horas de sofrimento ele é a vida plena de Pai.
Meditação
Deus é o
Deus que cura, liberta e salva. Na hora da tribulação, diga: “Louvado seja
Deus”!.
Confirmação
“Cura-me,
Senhor, e ficarei curado, salva-me e serei salvo, porque és tu a minha glória.”
(Jr
17,14).
__._,_.___
Santa Jacinta Marescotti - 30 de Janeiro
Em
Roma, em 1585, nasceu Jacinta, dentro de uma família muito nobre, religiosa,
com posses, mas que possuía, principalmente, a devoção, o amor acima de tudo.
Seus pais faziam de tudo para que os filhos conhecessem Jesus e recebessem uma
ótima educação.
Jacinta
Marescotti que, então, tinha como nome de batismo Clarisse, foi colocada num
convento para a sua educação, numa escola franciscana, juntamente com as irmãs.
Uma das irmãs dela já era religiosa franciscana. Ela, crescendo na educação
religiosa, com valores. No entanto, a boa formação sempre respeita a liberdade.
Já moça e distante daqueles valores por opção, ela quis casar-se. Saiu da vida
religiosa, começou a percorrer caminhos numa vida de pecados, entregue à
vaidade, à formosura e aos prazeres. Enfim, ia se esvaziando. Até que, outra
irmã sua veio a se casar. Sua reação não foi de alegria ou de festa, pelo
contrário, com inveja e revolta, ela resolveu entrar novamente na vida
religiosa.
A
consequência foi muito linda porque, ao entrar nesse segundo tempo, ela voltou
como estava: vazia, empurrada por ela própria, pela revolta. Lá dentro, ela foi
visitada por sofrimentos. Seu pai, que tanto ela amava e que lhe dava respaldo
material, faleceu, foi assassinado. Ela pegou uma enfermidade que a levou à
beira da morte. Naquele momento de dor, ela pôde rever a sua vida e perceber o
quanto Deus a amava e o quanto ela não correspondia a esse amor.
Arrependeu-se,
quis confessar-se; e o sacerdote foi muito firme, inspirado naquele momento a
dizer: “Eu só entro para o sacramento da reconciliação se sair, do quarto dela,
tudo aquilo que está marcado pelo luxo e pela vaidade”. Até as suas vestes eram
de seda, diferente das outras irmãs. Ela aceitou, pois já estava num processo
de conversão. Arrependeu-se, confessou-se e, dentro do convento, começou a
converter-se.
Jacinta
Marescotti de tal forma empenhou-se na vida de oração, de pobreza, de castidade
e vivência da regra que tornou-se, mais tarde, mestra de noviças e superiora do
convento.
Deus
faz maravilhas na vida de quem se deixa converter pelo Seu amor.
Santa Jacinta Marescotti, rogai por nós!
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