08 fevereiro - Coragem,
coragem, o tempo urge. Ai de nós se nos encontrarmos desprovidos para o dia da
batalha! (L 26). São Jose Marello
Marcos 7,24-30
Jesus saiu dali e foi
para a região que fica perto da cidade de Tiro. Ele entrou numa casa e não queria
que soubessem que estava ali, mas não pôde se esconder. Certa mulher, que tinha
uma filha que estava dominada por um espírito mau, ouviu falar a respeito de
Jesus. Ela veio e se ajoelhou aos pés dele. Era estrangeira, de nacionalidade
siro-fenícia, e pediu que Jesus expulsasse da sua filha o demônio. Mas Jesus
lhe disse:
- Deixe que os filhos comam primeiro. Não está certo tirar o pão
dos filhos e jogá-lo para os cachorros.
- Mas, senhor, - respondeu a mulher - até mesmo os cachorrinhos
que ficam debaixo da mesa comem as migalhas de pão que as crianças deixam cair.
Jesus disse:
- Por causa dessa resposta você pode voltar para casa; o demônio
já saiu da sua filha.
Quando a mulher voltou para casa, encontrou a criança deitada na
cama; de fato, o demônio tinha saído dela.
Meditação:
Jesus,
em um primeiro momento, assume esta maneira de compreender a salvação.
Entretanto, a mulher Cananéia, graças à sua fé sincera e forte, faz com que
Jesus realize sinais de salvação em terras pagãs. É importante a confissão de
fé dessa mulher. Ela chama Jesus de “Senhor”, reconhece-o como salvador.
A
salvação trazida por Jesus não é privilégio de um povo determinado, mas é para
todos os que acreditam nele e na sua missão, mesmo que sejam considerados como
cães, isto é, estrangeiros. Não é mais a raça e o sangue que unem as pessoas a
Deus, mas a fé em Jesus e no mundo novo e transformado que ele desperta.
A
mulher, protagonista do evangelho, representa uma síntese de todas as
marginalizações possíveis. Antes de tudo é mulher, desde o ponto de vista
religioso é pagã, não aparece um homem que a represente, é estrangeira e tem
uma filha enferma, só falta falarmos que também era pobre e viúva. O quadro é
completo no sentido de uma leitura a partir dos marginalizados. E nesse
contexto nos encontramos com Jesus, que se o analisarmos, bem nos parecerá um
pouco estranho.
Está buscando privacidade para afastar-se da multidão, só quer trabalhar
primeiro pelos seus, os de seu povo e, ademais, é grosseiro no trato com a mulher,
não tem receio em comparar os que não são judeus com os cães, beirando ao
complexo de superioridade.
Vemos
um Jesus muito humano, quase "limitadamente humano" nesta história.
Mas a resposta astuta desta mulher o deixa sem outra opção a não ser conceder-lhe
o milagre solicitado em favor da sua filha.
A
mulher aceita a resposta de Jesus, mas a discute reivindicando o direito dos
cachorrinhos de comer, ainda que migalhas. Ela se conforma com as migalhas.
Aquela mulher humilde denuncia, de uma maneira sutil, os preconceitos de Jesus
e reclama seus direitos. E o faz com sua palavra, porque não fica calada diante
da negativa de Jesus.
Aquela
mulher evangelizou e deu uma lição a Jesus: a situação social não pode ser
obstáculo para fazer o bem a quem necessita. E Jesus aprendeu e foi capaz de
mudar, foi seu processo de mudança e conversão. Também nisso temos Jesus como
modelo.
O
exemplo de fé da mulher pagã nos leva a refletir sobre o tamanho da nossa
confiança de cristãos e cristãs, batizados (as) na força e no poder do Espírito
Santo.
Jesus
admirou-se com a fé daquela mulher que se ajoelhara aos seus pés pedindo
simples migalhas para a sua filha doente. A sua fé era tamanha que ela não se
importava de ficar com o que sobrasse dos outros para a sua filha.
Ser
filho de Deus e irmão de Jesus Cristo, pela Fé, nos credencia a que, mesmo
reconhecendo a nossa fraqueza e a nossa impotência nós nos apoderemos de tudo
quanto Ele veio nos trazer, isto é, vida e santidade.
Jesus
veio nos dar tudo, mas às vezes, nós vivemos à espera apenas de migalhas. Jesus
fez um teste com aquela mulher: na verdade Ele queria dar a ela a vida plena,
mas ela estava se contentando apenas com a cura da sua filha.
Muitas
vezes também nós nos bitolamos nos pequenos pedidos quando Ele nos quer dar
muito mais. Porém, precisamos estar conscientes de que não necessitamos ter a
atenção de Jesus voltada somente para nós e os nossos problemas pessoais.
Muitas
vezes, porque estamos servindo a Deus, ou porque oramos muito, nós queremos a
atenção Dele só para nós. Desconfiamos quando a oração não é feita somente
pelas nossas necessidades, queremos prioridade, exigimos muito, quando Deus
pode fazer grandes coisas em nós somente pela nossa fé e confiança Nele. Aquela
mulher não era de dentro da “Igreja”, mas sua súplica foi atendida por causa da
sua humildade e fé no poder de Jesus.
O
que você tem suplicado a Jesus para a sua vida? Você se contenta com as
migalhas que sobrarem para você na obra de Deus? Será que Ele não pode dar
a você muito mais ainda? Reveja agora os pedidos que você tem feito ao
Senhor!
Reflexão Apostólica:
Aqui,
com a linguagem e o estilo do evangelista Marcos, percebe-se como a confiança e
a humildade da mulher siro-fenícia moveu Jesus a atendê-la. Jesus liberta não
somente os corpos adoentados pela situação de exclusão, mas também o espírito
submisso às falsas ideologias dos opressores. A humanidade de Jesus é solidária
e partilhada com a nossa humanidade. Deus respeita e acolhe nossas iniciativas
humildes a favor da vida.
A
intenção de Marcos é clara: também os pagãos têm direito ao pão da salvação,
porque também eles se beneficiam da piedade do Senhor. A intenção de Marcos é
exortar a comunidade eclesial a abrir as portas ao mundo, pois a mensagem de
salvação é para todos, sem exclusão.
Até
o momento de seu encontro com a mulher pagã, provavelmente Jesus não tinha
ainda plena consciência de sua missão universal: como judeu que era, seguia
ainda as normas da educação e instrução de seus compatriotas.
Foi
preciso o aparecimento inesperado (mais inesperado, por certo, na versão de
Mateus que na de Marcos) de uma pagã, para impulsionar Jesus a abrir o
horizonte da consciência que tinha de sua missão e incorporar à sua função uma
perspectiva verdadeiramente missionária.
Seria
necessária uma circunstância aparentemente casual para que o apóstolo Pedro se
decidisse, por sua vez, na pessoa do pagão Cornélio, a sair do reduzido círculo
da simples presidência da comunidade judeo-cristã para chegar até os pagãos.
Fatos
como o da cananeia e o de Cornélio manifestam que a missão não é tão-somente
centrífuga: a vocação missionária não procede de um apego à propaganda ou à
difusão, mas do encontro entre o cristão e o incrédulo, entre a Igreja e o
mundo; da acolhida que os primeiros dispensam aos segundos, e da atitude de
escuta em que se colocam para receber antes de dar.
A
cananéia manifesta fé, diferente de outras pessoas que viam nele um fazedor de
milagres. A mulher conseguiu ver em Jesus alguém que verdadeiramente pode
trazer a salvação.
Ela
foi sincera e breve. O momento não era para usar muitas palavras, mas para
dizer apenas a razão que a levara à presença de Jesus.
“Não é pelo muito falar qie somos ouvidos” (Mat. 6:7). O publicano que Jesus
citou como exemplo, também fez uma oração curta: “Ó Deus, sê propício a mim
pecador”. (Lucas 18:13). E foi justificado, não pela quantidade de palavras,
mas pela sinceridade.
Foi humilde. O evangelista Marco declara que ela se prostrou aos pés de Jesus.
Ela estava em público e não se importou com os que a presenciavam naquele seu
gesto de tão profunda humildade.
Foi fervorosa. A mulher cananéia fez a súplica com fé, com a certeza de que
Jesus podia todas as coisas e não deixaria de atender aos rogos de uma mãe que
desejava ardentemente a cura de sua filha. A ciência médica é impotente para
expelir demônios, mas onde termina o limite humano, começa a ação sobrenatural
de Deus na vida dele. Ela sabia que só Jesus poderia valer-lhe naquela
situação.
Ela foi modesta. Limitou-se a pedir a Jesus o que mais necessitava naquele
momento. Nenhuma outra coisa a preocupava mais que a cura de sua filha.
Foi reverente, quando usou a expressão “Filho de Davi”, chamando-o de Rei.
Ela creu. Essa expressão, que talvez pra nós não diga nada, mas para o contexto
dela (em que todos esperavam a chegado do Messias) estava dizendo: “eu creio
que Tu és o Messias, filho de Davi, enviado por Deus, e que tens poder para
libertar minha filha”.
Mostrou conhecer a misericórdia divina. Reconheceu seu Demérito, mas confiou
nos méritos de Cristo Jesus, quando disse: “Tem misericórdia de mim”.
Foi perseverante. Não obstante o aparente desinteresse do Mestre pelo seu
pedido, ela insistiu, permaneceu perseverante, crendo que seria atendida.
Ficamos pensando porque Jesus não a atendeu logo?
Será porque era gentia? Não! É porque a conhecendo profundamente, quis dar-lhe
a oportunidade de publicamente revelar sua grande fé, no imenso poder dele,
para que hoje nos servisse de lição.
Quando Cristo lhe disse: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-los aos
cachorrinhos”, ela disse: “...,mas os cachorrinhos também come das migalhas que
caem da mesa de seu Senhor”. Diante disso Jesus disse: “Ó mulher, grande é a
tua fé. Faça-se contigo como queres”. A bíblia diz que desde aquele momento a
filha dela ficou sã.
Será
que temos esses predicados da mulher Cananéia? Peçamos agora ao Senhor que nos
ajude através de Seu Santo Espírito.
Propósito:
Pai, cria em meu coração uma fé profunda como a da mulher
pagã que demonstrou total confiança
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