07 fev - Quando te sentires cansado,
levanta os olhos, coloca a mão no coração; tu estás diante do Senhor, estás com
os amigos, estás com a catolicidade: a comunhão dos Santos é uma grande verdade
de fé... Pai, filhos, irmãos, uma corrente única de amor. (L 23). São Jose
Marello
"Jesus chamou outra vez
a multidão e disse:
- Escutem todos o que eu vou
dizer e entendam! Tudo o que vem de fora e entra numa pessoa não faz com que
ela fique impura, mas o que sai de dentro, isto é, do coração da pessoa, é que
faz com que ela fique impura. [Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam.]
Quando Jesus se afastou da
multidão e entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram o que queria
dizer essa comparação. Então ele disse:
- Vocês são como os outros;
não entendem nada! Aquilo que entra pela boca da pessoa não pode fazê-la ficar
impura, porque não vai para o coração, mas para o estômago, e depois sai do
corpo.
Com isso Jesus quis dizer que
todos os tipos de alimento podem ser comidos.
Ele continuou:
- O que sai da pessoa é o que
a faz ficar impura. Porque é de dentro, do coração, que vêm os maus
pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os
adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a
calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas conseqüências. Tudo isso vem
de dentro e faz com que as pessoas fiquem impuras."
Meditação:
O choque se dá no dualismo "sagrado" e "profano", criado pelas
religiões e muito presente na tradição do judaísmo. O mundo não se divide em
duas zonas: uma, sagrada, onde se encontra tudo que goza do favor de Deus; e
outra, profana, da qual Deus está ausente.
Jesus vem afirmar a bondade fundamental da criação e o amor universal de Deus.
Não é o espaço exterior que define a presença de Deus, mas sim nossas ações.
A passagem evangélica revela um elemento fundamental para a vida de todo
cristão: o importante não é o comportamento religioso exterior, manifestado em
rituais e normas, mas sim o que habita no coração do ser humano. O que importa
é ter boa vontade, consciência e o coração desejoso de fazer o bem.
Hoje, Marcos nos mostra que o processo de contaminação pela impureza era uma
questão grave! E ultrapassava toda a imaginação dos escribas e fariseus. Eles
temiam tornarem-se impuros pelo contato físico com coisas e pessoas. Assim
conduzidos pelo pensamento tão equivocado estavam impedidos de perceber os
verdadeiros agentes de contaminação.
Era
urgente que Jesus apontasse para eles onde estavam e em que consistiam os
elementos contaminadores. Desta maneira, para Jesus o que contamina o homem não
está fora de si. Mas sim está radicado no mais intimo do coração humano.
Infelizmente,
não é fácil se precaver quando não se tem um coração puro. Dai provêm às
impurezas que incapacitam o ser humano para um relacionamento adequado com
Deus.
É
relativamente fácil segregar-se das coisas e pessoas tidas como transmissoras
de impureza. Pelo contrário, é extremamente difícil manter a devida distância
do que saí de dentro da pessoa e tem o poder de contaminar.
Vigilância
e discernimento são duas atitudes imprescindíveis. Sem elas, a hipocrisia
apodera-se da ação humana. Não raro, a pessoa fiel às regras de purificação acaba
sendo a mesma que nutre maus pensamentos contra o próximo.
O
discípulo do Reino previne-se contra esta falta de autenticidade. Dele se
exige, em primeiro lugar, a purificação das motivações de sua ação.
Seu
agir deve brotar de um coração puro, sem dolo nem má-fé e buscar unicamente o
bem do próximo. Esta é a pureza requerida por Deus. A outra se reduz à mera
questão de higiene, sem a menor relevância.
Portanto,
e como dizia no ontem, só se é verdadeiro discípulo, quando trazemos e nutrimos
no coração uma experiência inspirada nos sentimentos do coração de Deus.
A
interioridade é, na verdade, a força sustentadora da autêntica experiência de
fé, de culto a Deus e de sinceridade no relacionamento com os outros.
Jesus
pede dos seus discípulos esta construção e esta conquista. O de fora se
sustenta autenticamente a partir do que está no fundo do coração. Manter as
aparências e enganar é hipocrisia.
O
discípulo de Jesus não pode descarrilar e viver na superficialidade, nas coisas
externas. Isto só é possível na medida em que o discípulo compreende que o
impuro não é o entra nele vindo de fora, explicou Jesus chamando para perto de
si à multidão.
Impuro
é o que sai do interior. Ele recorda em linguagem bem direta que o que sai do
interior é que é impuro: as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios,
adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja,
calúnia, orgulho, falta de juízo. Jesus conclui: "Tudo isso vem de dentro e faz com que
as pessoas fiquem impuras.".
É
fácil colocar capas, roupas e cores que indicam outras coisas, até nobres. O
que vale é verificar o fundo do coração, diante de Deus e da própria
consciência.
Deus,
não se engana. Ele, mais do que qualquer outro, mesmo a própria pessoa, conhece
o mais escondido do coração. Ao discípulo só resta uma alternativa.
Passar
a limpo a própria interioridade, permanentemente, e escolher sempre o caminho
do amor que resgata, nos recria, nos perdoa e nos reconcilia com Deus. Outra
opção de que devemos a todo custo fugir é hipócrita. Isto é, a condição de um
povo que ‘louva com os
lábios, mas o coração está longe de Deus’
De
nossos corações vêm os maus pensamentos, imoralidade sexual, crimes, violência,
cobiça, más intenções, fraudes e muito mais. Corramos ao cirurgião de todos os
tempos para que Ele faça um novo transplante do nosso coração.
Tire-nos
o de pedra e nos dê o coração de carne! Tire-me o coração velho e me revista do
teu sempre novo, capaz de amar e perdoar até os meus inimigos e perseguidores.
Capaz
de compreender, acolher, dialogar e, sobretudo a não olhar somente pelo
exterior, mas sim para o meu interior, preocupando-me com a sua purificação
continua.
Reflexão Apostólica:
Ontem refletimos da quantidade de justificativas que
damos ao invés de ouvirmos ou assumirmos nossas falhas e esse evangelho de hoje
trás uma dura e profunda conclusão do que começamos a conversar ontem:
reconhecer nossa covardia!
Vamos reler o evangelho de hoje para podermos conceber a natureza e o poder da
exortação de suas palavras. Notaremos que elas resumem aquilo que mais tentamos
ocultar: QUE TEMOS MUITA “CULPA NO CARTÓRIO” SOBRE NOSSOS ATOS. “(…) Porque é de dentro, do coração, que
vêm os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte,
os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja,
a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas conseqüências.”.
A vontade de prevalecer sobre as situações que provocamos ou que não temos
domínio coloca-nos de frente com um profundo dilema: AMADURECER E RECONHECER OU
JUSTIFICAR E PROCURAR ALGUÉM QUE RECEBA A CULPA. É dessa covardia que falo
Nenhum de nós têm tratamento diferente perante o Pai e tão pouco, são marcadas
por ele por seus erros, mas sim pela vontade insistente que querer entender sua
vontade.
Preocupamo-nos demais com coisas que às vezes são tão passageiras nos
esquecendo assim daquilo que pode durar para sempre como os gestos. Rezamos,
louvamos, fazemos novenas e preces, mas de fato pedimos nessas preces a coisa
certa?
Muitas vezes nossos louvores e suplicas conseguem tocar ao céu e ai de fato
somos agraciados por Ele com um milagre, uma cura, uma benção (…), mas o que
muda em mim como pessoa após tão profundo contato com o Senhor?
Sentamos, ajoelhamos, nos prostramos obstinados a trazer o Senhor à nossa
causa, mas não o convidamos a ficar em nossa companhia.
Como estava escrito ontem: “(…)
Deus disse: Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu
coração está longe de mim. A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam
leis humanas como se fossem mandamentos de Deus”
Ano passado discutíamos numa reunião a o quanto as pessoas perderam ou
abandonaram pelo caminho a essência da Quaresma, do santo, do sagrado.
Valorizamos o quanto conseguimos ficar sem comer carne, mas não o quanto estou
disposto a mudar. As pessoas cada vez menos se entregam a compromissos
(principalmente de mudança pessoal) e sim a realizações de objetivos pessoais,
que geralmente não passam de necessidades pequenas.
Vejo e acompanho pessoas indo em “igrejas” que prometem a salvação e milagres
extraordinários pagando valores que variam de R$
Pagam para ver “milagres” sem compromisso e sem fé. Buscam um deus comercial de
realizações de quimera e que “ama” fazer suas ações ao vivo pela TV. O mais
chato é que muitos desejam copiar esses modelos em seus grupos, movimentos e em
suas vidas…
Milagres extraordinários custam a acontecer talvez por nos tornamos iguais aos
fariseus e aos discípulos: justificativas e covardias
Padre Joãozinho muito sabiamente afirma sobre algumas situações não dá para “lutar
com as mesmas armas”; nosso trabalho de evangelizador não é comercio ou uma
lojinha de shopping que “vence” a “concorrência” por promoções melhores e
longos pagamentos. Jesus nunca disse que seria fácil a vida dos seus
seguidores. O convite era ser pescador de homens e não comerciantes da graça.
Para que tudo isso mude eu preciso mudar minha concepção sobre as pessoas.
Preciso assumir meus erros e de fato corrigi-los. Preciso buscar a santidade de
pensamentos principalmente quanto aos pré-julgamentos que afastam meu irmão da
graça de Deus.
Peçamos a Jesus que purifique nossos corações de qualquer impureza, dos
pensamentos ruins... Que Ele nos dê um coração puro, um coração novo que saiba
amar, perdoar, acolher. Um coração que não critica, que não julgue e não
persegue. Peçamos um coração justo, que respeite o próximo, que saiba dialogar
e compreender os necessitados, os excluídos. Peçamos um coração humilde,
misericordioso e agradável a Deus.
Propósito: Abraçar o bem que
está dentro de nós e prestar mais atenção naquilo que sai do nosso coração.
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