16 fev - Nas obras de Deus, qualquer conselho de prudência humana redundará mais em estorvo do que em ajuda. (L 76). SÃO JOSE MARELLO
Mateus 9,14-15
Aproximaram-se de Jesus
os discípulos de João e perguntaram: "Por que jejuamos, nós e os fariseus,
ao passo que os teus discípulos não jejuam?" Jesus lhes respondeu:
"Acaso os convidados do casamento podem estar de luto enquanto o noivo
está com eles? Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então jejuarão.
Meditação:
O evangelho
de hoje nos fala da presença. A presença de Deus no Antigo Testamento quando
Isaias nos assegura que somente temos que invocá-la para que se faça presente e
a presença de Jesus na comunidade que deve suscitar a alegria. Quando essa
presença faltar, teremos que assumir outra atitude, mas deixemos para quando
esse momento chegar.
Os
discípulos de João, atrelados aos dos fariseus, ficavam incomodados com o
comportamento dos discípulos de Jesus no tocante à prática do jejum. Ao
supervalorizar este ato de piedade, imaginavam estar dando mostras de santidade
e de seriedade de vida. Não acontecendo o mesmo com o grupo de Jesus, concluíam
faltar-lhes profundidade. Quiçá os considerassem levianos e desregrados.
Estas
considerações não chegaram a influenciar a pedagogia de Jesus, no trato com os
discípulos. Servindo-se da metáfora da festa de casamento, estabeleceu uma
clara distinção entre o tempo de alegrar-se e o tempo de jejuar.
O primeiro
corresponderia ao tempo de sua presença, qual um noivo, junto dos que escolhera
para estar consigo. Seria o tempo de festejar, comemorar, desfrutar de uma
presença tão querida.
O segundo
diz respeito ao tempo de sua ausência, a ser consumada por meio da morte de
cruz. Figurativamente, seria o tempo da ausência do noivo, no qual todos se
preparam para sua chegada, e se privam de alimentos, em vista do banquete que
será oferecido.
Portanto,
os discípulos não jejuavam simplesmente pelo fato de terem ainda Jesus junto de
si. O tempo em que o esposo lhes seria tirado estava se aproximando. Aí, sim, o
jejum seria uma exigência, em vista de preparar-se para acolher a segunda vinda
do
Senhor.
A passagem
evangélica de hoje descreve o banquete que Mateus, o publicano,
ofereceu a Jesus e a seus discípulos por causa do convite que o Mestre lhe
tinha feito para segui-lo.
Os
fariseus, nos versículos 11-13, criticam-no por sentar à mesa com pecadores; os
vv. 14-15 tocam no tema do jejum. Entretanto, os interlocutores de Jesus já
eram outros. Na passagem de hoje, são os “discípulos de João” que substituem os
fariseus.
Estranham
que Jesus e seus discípulos não jejuem como eles mesmos o fazem, de uma maneira
rigorosa que supera amplamente as observâncias judaicas relativas aos jejuns.
A resposta
de Jesus evidencia que os discípulos de João Batista não haviam descoberto ainda
em Jesus o “noivo” messiânico. Porque, se tivessem levado isso em conta, teriam
compreendido que de agora em diante o jejum não teria o mesmo significado.
Ele quis
dizer aos discípulos de João Batista, e todos aqueles que ainda estavam presos
ao passado que, jejum é feito em casos específicos, quando queremos servir
melhor a Deus, quando estamos passando por tribulações, perseguições, doenças e
calamidades, nos arrependimentos de pecados por nós e pelo povo, e conversões
em massa.
Alías,
Jejum, oração e boas obras são mencionados frequentemente por ambos judeus e
cristãos. Oração não fica a frente do jejum, e boas obras, independente deles,
mas como algo que os liga de dentro. O mais completo entendimento da oração é
particularmente oferecido em conexão com o jejum.
Quando nós
olhamos o que é dito sobre a oração, e como ela é definida, nós podemos ver que
a ênfase é naturalmente mais no estado do coração e alma que no corpo, como
possível expressão da oração em geral.
Segundo são
João Damasceno: “Oração é a subida da mente e do coração de alguém a Deus ou o
pedido das boas coisas de Deus”.
Primariamente,
a conversa com Deus como atividade espiritual é enfatizada. Todavia, há também
a prática e a experiência de que não apenas pensamentos, conversa e atos espirituais
por si só estão inclusos na oração, mas também é o corpo.
A oração
torna-se mais completa por meio do corpo e do movimento, que acompanha as
palavras da oração. O corpo e seu movimento tornam a oração mais completa e
expressiva para que ela possa mais facilmente envolver a pessoa inteira.
A
unificação do corpo e da alma na oração é particularmente manifestada em jejuar
e orar. O jejum físico torna a oração mais completa. Uma pessoa que jejua reza
melhor e uma pessoa que reza, jejua mais facilmente. Desta forma, a oração não
permanece somente uma expressão ou palavras, mas cobre o ser humano inteiro.
O jejum físico
é uma admissão para Deus diante dos homens que alguém não pode fazer sozinho e
necessita de ajuda. Uma pessoa experimenta sua impotência mais facilmente
quando ela jejua, e por isso, por meio do jejum físico, a alma está mais aberta
a Deus. Sem jejum, nossas palavras na oração permanecem sem uma fundação
verdadeira.
No Antigo
Testamento, os crentes jejuavam e rezavam individualmente, em grupos e em
várias situações da vida. Por causa disso, eles sempre experimentavam a ajuda
de Deus. Jesus confere uma força especial ao jejum e a oração, especialmente na
batalha contra os espíritos do mal.
O jejum é
um tipo de penitência no qual abrimos mão de algo que nos agrada, e oferecemos
esse “sacrifício” por alguma boa intenção. E aqui entra um detalhe: só Deus precisa
saber desse jejum! Não precisa sair por aí se gabando de jejuar, ou se
mostrando abatido por causa do jejum! Pelo contrário, o verdadeiro jejum é
feito escondido, para que somente o nosso Deus, que vê o que está escondido,
tome conhecimento.
No evangelho
de hoje, Jesus justificou que os seus discípulos não estavam em jejum porque
Ele próprio estava presente, e isso era motivo de festa! E festa não combina
com jejum! Chegaria o dia
Reflexão Apostólica:
Deus conhece o nosso coração e sabe das
nossas motivações, portanto quando jejuamos devemos fazê-lo com muita
disposição e por amor, sem lamentos nem justificativas.
Jesus Cristo veio dar sentido a todas as
nossas ações, assim, Ele nos ensina a praticar os atos religiosos de coração, e
não por obrigação. Há momentos na nossa vida que não nos cabe jejuar nem fazer
sacrifícios, mas sim aproveitar a ocasião que nos é oferecida.
De que adianta para nós o jejum se o nosso
coração não está contrito no sacrifício? Um coração ressentido, vingativo, revoltado
não consegue amar nem fazer nada por amor. Para os cristãos o jejum deve ter um
significado de vida e de alegria.
Deve haver uma razão de ser para o jejum. Não
nos basta jejuar somente por jejuar, sem um motivo que toque o nosso coração.
Os discípulos de Jesus partilhavam com Ele de todos os eventos com alegria e
submissão à Sua vontade e aos Seus ensinamentos. Eles estavam perto de Jesus e
usufruíam da Sua presença e da Sua companhia, portanto, não tinham clima para
jejuar, nem precisavam disso.
Há que se ter uma causa nobre e sincera para
que nós pratiquemos o jejum e o sacrifício.
Quando você jejua você se sente em
paz? Você gosta de mostrar aos outros que está jejuando? O que Jesus
acha do seu jejum? Você é uma pessoa que sabe curtir o momento presente
como um presente de Deus?
Hoje somos convidados à alegria; é assim que
devemos estar na Quaresma, tempo que tradicionalmente adornamos a
espiritualidade com penitências e jejuns. Na
primeira sexta da Quaresma, dia penitencial, a liturgia nos apresenta
Jesus defendendo seus discípulos que não jejuam; é um convite a buscar o
sentido mais profundo de nossos "jejuns e abstinências".
Por um lado poderemos permanecer nos sinais externos e seguir com nossos ritos,
sem refletir muito, o que é mais seguro, é mais fácil; ou procuramos nos tornar
mais conseqüentes e buscar no amor e na justiça a vontade de Deus: abrir
prisões injustas, libertar oprimidos, romper barreiras, partilhar o pão com
quem tem fome, hospedar os sem teto, vestir o desnudo, não nos fechar e
procurar que chegue a luz e a glória de Deus ao mundo. Deixemos de lado nossa
vaidade para que este jejum nos leve a sermos realmente autênticos e
verdadeiros cristãos.
Hoje é o dia esta é a hora da prática do jejum. Abrindo mão de certos prazeres, ou até oferecendo as nossas dores e sofrimentos a Deus, a fim de que Ele amenize o sofrimento nosso ou de outras pessoas.
Propósito:
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo
de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo
possível, para este momento.
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