20 Fevereiro - Alegremo-nos por não terem cessado as
contradições e por não faltarem os adversários que fazem aumentar em nós a
confiança em Deus. (L 253). São Jose
Marello
Mateus 6,7-15
Naquele tempo, disse
Jesus aos seus discípulos:
7“Quando
orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão
ouvidos por força das muitas palavras.
8Não
sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o
peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado
seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade,
assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
14De
fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que
está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos
homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”.
Meditação:
Se
o anúncio profético de Isaías – segundo o qual (Is 55,10-11), a palavra de
Deus não pode voltar sem dar fruto –, exige um compromisso concreto por parte
do fiel, a única maneira de realizar essa sentença do profeta é explicitada
suficientemente por Jesus em seu ensinamento sobre a maneira como o discípulo
deve orar e viver.
O
evangelho de Mateus se refere a uma das orações mais forte que existe,” O Pai
Nosso”, essa oração rezada com o coração aberto é capaz de transformar a pessoa
que está meditando, ela possui palavras de vida, e através da sua misericórdia
torna o homem humilde reconhecendo em Deus seu bem maior, e através da força do
espírito santo, nos tona capaz de perdoar até nossos inimigos.
Como
ponto de partida, Jesus pede a seus discípulos que corrijam a atitude externa
para rezar: o excesso de palavras, a hipocrisia e, sobretudo, a presunção de
que “o meu” modo de rezar é o melhor e, portanto, o único que vale. Com Jesus,
o conceito de oração muda tanto na forma como no conteúdo, tanto no sentido
como na orientação.
Na
forma de orar que Jesus propõe têm-se que unir dois elementos essenciais: o
reconhecimento da paternidade universal de Deus e o compromisso para com a
fraternidade universal dos fiéis. Não é possível experimentar a alegria da genuína
paternidade divina, desconectada da experiência da fraternidade; uma chama e
implica a outra.
E
mais, se tivermos que definir qual é o principal, deveríamos dizer que é
necessário primeiro nos reconhecermos e aceitarmos como irmãos para em seguida,
aí sim, sentirmos que temos um Pai comum.
Neste
tempo de Quaresma,
tempo de maior assiduidade na oração, vale a pena recordar este convite que
Jesus faz hoje. Confrontemos este ensinamento com o que dizíamos ao iniciar a
quaresma: quando orarem, façam-no escondido no quarto. Vale a pena intensificar
a oração do pai nosso, mas superando a concepção de uma oração repetitiva, por
cumprimento ou como mero espiritualismo.
Olhemos detidamente as sete petições que Mateus nos apresenta, façamos a oração
com intensidade e profundidade, sabendo que o Pai nos escuta; rezemos em um
ambiente comunitário.
Não
façamos desta prática algo individual, um assunto intimista. Vamos à comunidade,
vibremos com ela. Talvez a oração dominical, o pai nosso, a oração do Senhor ou
a oração do cristão é aquela que mais repetimos e fazemos desde criança, com
maior ou menos devoção, concentrados ou mecanicamente, de coração ou somente
com os lábios, sozinhos ou na comunidade, mas é a oração que mais nos une a
Deus, nosso Pai, nosso Abba.
Coloquemos nela um espírito de filhos e filhas de Deus, na comunidade, sentindo o plural dos cristãos e cristãs para chegar a ter consciência da responsabilidade que temos na missão de todos, da urgência em assumir nossa parte na tarefa diária de tornar real o Reino de Deus.
Reflexão Apostólica:
Neste Evangelho Jesus nos ensina a
rezar com coerência e de coração, sem subterfúgios nem redundâncias, mas com
simplicidade e sinceridade. Às vezes, quando vamos orar ao Senhor, mesmo que
tenhamos as melhores das intenções nós nos perdemos nas palavras e confundimos
os anseios da nossa alma. Perdemos tempo em procurar palavras bonitas e achamos
que Deus, como todo o mundo, não vai nos escutar, pois não sabemos nos
expressar.
No entanto, o próprio Jesus aqui nos garante:
“vosso Pai sabe do que precisais muito antes que vós o peçais”. O Pai
conhece as nossas necessidades mais prementes e sabe de que a nossa alma anseia.
O Pai Nosso é a oração por excelência,
pois coloca no centro da nossa compreensão de vida plena as nossas necessidades
fundamentais e que estão conformadas à vontade de Deus para nós: o reino, o pão
e o perdão.
O reino dos céus é o estado perfeito para
a nossa vivência aqui na terra. Pedir ao Pai que o Seu reino venha até a nós é
antecipar e experimentar da glória que um dia iremos usufruir plenamente, já
aqui na terra, através da paz, da alegria, da realização humana e espiritual.
O pão que nós pedimos ao Pai é o
alimento que sustenta o nosso corpo, nos fortalece e revigora materialmente
falando, mas é também a substância que sustenta a nossa alma! É o material e o
espiritual! É tudo de que nós precisamos para vivermos em harmonia com Deus,
conosco mesmo e com os homens.
A Palavra, a Eucaristia, a Oração são o
pão que vem do céu e dão sustento à nossa vida interior animam a nossa vida
espiritual. O pão material é a veste, o remédio, a moradia, o trabalho, o
lazer, o descanso, tudo de que o nosso corpo precisa para viver conforme o que
Deus nos reservou. E o perdão é a condição sem a qual nós não conseguiremos nem
o reino nem tampouco o pão. … “se perdoardes, sereis perdoado”
Nós nunca conseguiremos viver o reino
dos céus aqui na terra se não recebermos o perdão de Deus e não dermos o perdão
aos homens. A falta de perdão é porta fechada e que nos impede de usufruir de
tudo o que o Pai tem reservado para nos oferecer. Sem perdão nós poderemos
rezar o Pai Nosso infinitamente, no entanto, a nossa oração será como a oração
dos pagãos, isto é, daqueles que não acreditam.
Portanto, o perdão faz toda a
diferença. Nós precisamos unir a nossa oração à nossa ação, pois somente assim
ela tornar-se-á um eco da Oração que Jesus também fez a Deus Pai.
Peçamos ao Pai que nos dê motivação para que nós possamos vivenciar a Oração de Jesus no dia a dia da nossa vida tendo consciência de que o apelo de Jesus é sério, não podemos desconsiderá-lo.
Propósito:
Espírito do Pai, leva-me a transformar em vida a minha oração, e a descobrir, na oração, o sentido da minha vida.
É provável que na sua infância você tenha dito ou ouvido a
seguinte frase: “mãe, não fui eu! Foi ele”. Quantas vezes transferimos a culpa
de algo para um familiar, colega de estudos ou de trabalho? Essa prática é
muito antiga: “A mulher que tu me deste” (Gn 3.12), disse Adão. “A cobra me
enganou” (Gn 3.13), disse Eva. Os relacionamentos estão repletos dessas
transferências e elas fazem mais mal do que bem. Mas há uma transferência de
culpa que precisamos agradecer muito: “Em Cristo não havia pecado. Mas Deus
colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados, para que nós, em união com
ele, vivamos de acordo com a vontade de Deus” (2 Co 5.21).
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