Aniversário da Sagração Episcopal de São José Marello (Roma, 1889).
17 fev - Nenhum crédito deve ser concedido às riquezas, às
proteções, à estima e aos incentivos do mundo. (L 76). São Jose Marello
Lucas 5,27-32
Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano, chamado Levi,
sentado na coletoria de impostos. Disse-lhe: "Segue-me". Deixando
tudo, levantou-se e seguiu-o. Levi preparou-lhe um grande banquete na sua casa.
Lá estava um grande número de publicanos e de outras pessoas, sentadas à mesa
com eles. Os fariseus e os escribas dentre eles murmuravam, dizendo aos
discípulos de Jesus: "Por que comeis e bebeis com os publicanos e com os
pecadores?" Jesus respondeu: "Não são as pessoas com saúde que
precisam de médico, mas as doentes. Não é a justos que vim chamar à conversão,
mas a pecadores".
Jesus
convida um pecador a segui-lo e, além disso, entra em sua casa para fazer uma
refeição com ele. O que é que ele ganha com isso, se sabe que a única coisa que
está arranjando é juntar cada vez mais provas contra si, quando o acusarem
formalmente em Jerusalém diante do poder romano? (Lc 23,5).
Aí
está o segredo de seu modo de proceder: enquanto “perde pontos” com o judaísmo
oficial, ganha na tarefa de instauração do reino de Deus; enquanto vai perdendo
sua própria vida diante dos que lhe podem matar o corpo (Mt 10,28), vai ganhando
vida cada vez que pessoas como estas que o acompanham à mesa se convertem e se
abrem àquele acontecimento novo que era a presença do Noivo (vv. 34-35) e do
reino, que subverte absolutamente toda a ordem estabelecida e mantida por um
frio legalismo dos fariseus e doutores da lei.
Quantas
vezes damos as costas aos “pecadores públicos”, deixando-nos levar por
preconceitos ou pelo temor de sermos criticados! Jesus nos está demonstrando com
fatos reais que eles são na realidade os que precisam dessa presença, desse
acompanhamento que lhes fazemos.
Esta
passagem descreve a refeição que reúne Jesus e seus discípulos com alguns
pecadores, imediatamente depois do convite de Jesus a Mateus. Afirma-se que o
próprio Mateus organiza o banquete, e Lucas acentua que o fez de maneira
suntuosa.
Alguns
fariseus se assombram diante dos discípulos de que seu Mestre coma com
pecadores. Jesus declara então que veio para os doentes e os pecadores, e não
para os sadios e justos.
Jesus
pensa, sem dúvida, nesses “justos” que são incapazes de transcender a noção de
justiça para chegar a reconhecer a misericórdia de Deus. Sua atitude lembra a
dos operários da vinha que reclamaram do pagamento dos que tinham trabalhado
menos, ou a do filho mais velho com ciúmes da bondade do pai para com o filho
pródigo que mais precisava dela; ou a do fariseu que se vangloriava de pagar
com justiça até o mais insignificante dízimo, mas desprezava o pedido de
misericórdia do publicano.
Jesus
opõe então, a uma atitude reduzida à mera justiça do homem, outra baseada na
misericórdia. Lembra que os profetas já tinham rejeitado o valor dos ritos,
declarando-os inclusive totalmente nulos em proveito de uma fé fundamentada no
amor e na misericórdia.
A
Palavra de Deus é um esteio para a nossa caminhada aqui na terra. Precisamos
colocá-la na nossa vida e encarná-la a fim de que possamos produzir frutos bons
que alimentem a quem está necessitando.
Assim
como viu Levi, Jesus também nos vê, “sentados (as)” no nosso posto de trabalho,
na nossa vidinha acomodada fazendo apenas o que nos interessa e quem sabe,
somente murmurando e reclamando das coisas que não estão muito boas!
Jesus
também nos chama para segui-Lo! Seguir a Jesus é assumir a vida e enfrentar os
encargos do dia a dia com o compromisso de construir um mundo novo, não somente
esperando que os outros façam, mas participando das ações de justiça e
fraternidade.
Os
novos discípulos de Jesus devem anunciar o reino a partir do critério fundamental
da inclusão, sobretudo para com aqueles que foram marginalizados pelos homens e
pelas estruturas sociais, políticas e religiosas.
Ao
optar por seguir Jesus, Levi não esqueceu os seus “amigos” do passado. Pelo
contrário preparou um banquete para Jesus e convidou-os para que eles também,
pudessem ter uma vida comprometida e renovada.
Assim
também, nós precisamos fazer quando somos chamados para uma vida nova
Como
Levi, sejamos obedientes ao Mestre que nos chama para a sua missão. Saiba que a
obediência ao chamado de Jesus é o único caminho de que dispõe a pessoa humana
– ser inteligente e livre – para se realizar plenamente. Quando diz “não” a
Deus o ser humano compromete o projeto divino e se diminui a si mesma,
destinando-se ao fracasso. Digamos sim ao projeto de Deus em nossas vidas
e vivamos eternamente.
Podemos fazer uma leitura complementar com Isaias que, prevendo os tempos
messiânicos, exige uma preparação para esse tempo de salvação: "Quando
tirares de ti a opressão, o gesto ameaçador e a maledicência, quando compartilhar
teu pão com o faminto e saciar o estômago do indigente, brilhará tua luz nas
trevas, tua escuridão se tornará meio dia".
Jesus nos acolhe no banquete do Reino, mas exige que tenhamos uma veste de
libertação, pessoal e comunitária, gestos e fatos, pão partido, compartilhado e
repartido com o faminto. É uma exigência, o tíquete de entrada do banquete e a
possibilidade de ver brilhar a luz de Deus. A justiça e a bondade com os demais
tornam possível essa luz.
Quaresma também é tempo propício de conversão e o evangelho de hoje nos dá um
modelo de conversão. Sejamos como Mateus, publicano e pecador reconhecido e
criticado por seu povo, mas atento e aberto à mudança. Façamos como ele,
abramos a porta de nossa casa e a do coração.
A maior condição para que nós possamos usufruir da misericórdia de Deus é
justamente a de nos sentirmos pecadores e necessitados de perdão. Jesus Cristo
veio ao mundo para nos revelar o grande amor do Pai por cada um de nós e nos
fazer participar do reino dos céus cuja porta é a Sua Misericórdia.
A cada um a quem Jesus diz, “segue-me” Ele dá oportunidade de conversão e de
vida nova. Os fariseus, no entanto, não entendiam assim, pois queriam ser
justos com suas próprias forças. O grande segredo de Levi (Mateus), cobrador de
impostos, pecador público foi o de reconhecer a sua condição de miséria e mesmo
sendo considerado “um caso sem jeito” acolheu o convite de Jesus e O seguiu.
Quando nós caminhamos aqui na terra seguindo as concepções do mundo, isto é, de
como a maioria das pessoas pensa e age, a Palavra de Deus nos confunde porque
fala justamente o avesso do que todos pregam. Ao contrário do que todos nós
imaginamos, Jesus vem nos dizer que não veio chamar os justos, mas os pecadores
e é a estes que Ele procura. Portanto, precisamos nos reconhecer a nossa
condição de pecador para que Jesus também nos diga: “segue-me”
Assim, Ele nos dará oportunidade de conversão e de vida nova. Quanto mais
doente estiver uma pessoa maior será a sua cura, por isso Jesus nos diz: “os
que são sadios não precisam de médicos, mas sim os que estão doentes!”
A nossa necessidade de conversão é perene e nós nunca podemos nos contentar com
o que já progredimos. A cada dia precisamos ouvir o chamado do Senhor,
necessitamos recebê-Lo na nossa casa e sentar-nos na mesa com Ele. Quanto mais
reconhecermos a nossa enfermidade mais nós teremos Jesus como médico da nossa
alma e conseguiremos a cura do nosso coração.
Você também se considera doente e necessitado (a) de salvação e de cura? Você
já experimentou levar Jesus para sua casa e apresentá-Lo à sua família e aos
seus amigos? Os seus amigos são também doentes como você? Há alguém que você
conheça que é considerado pelo mundo como um caso sem jeito? Convide-o para
cear com Jesus na sua casa.
Pai, estou certo de que, mesmo sendo pecador, sou amado
por ti, e posso contar com a tua solidariedade, que me descortina a
misericórdia e a justiça como jeito novo de ser.
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