22 abril - As forças internas da Igreja se multiplicam na razão
inversa dos recursos externos. (L 19). São Jose Marello
João
10,1-10
""Em verdade, em verdade, vos digo:
quem não entra pela porta no redil onde estão as ovelhas, mas sobe por outro
lugar, esse é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das
ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas escutam a sua voz, ele chama
cada uma pelo nome e as leva para fora. E depois de fazer sair todas as que são
suas, ele caminha à sua frente e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua
voz. A um estranho, porém, não seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a
voz dos estranhos". Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não
entenderam o que ele queria dizer. Jesus disse então: "Em verdade, em verdade,
vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são
ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem
entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem. O
ladrão vem só para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a
tenham em abundância."
O
evangelista João apresenta a Jesus como o bom pastor ou para uma tradução mais
adequada, como modelo de pastor. O pastor-modelo se define porque dá sua vida
pelas ovelhas. Quem não ama as ovelhas até esse extremo não é bom pastor. A
obra de Jesus, para que possa ser entendida por qualquer crente, é
fundamentalmente a de pastor, e não propriamente como qualquer pastor
“assalariado”, mas como aquele que é capaz de dar a vida pelas ovelhas. O
pastor aparece no evangelho de hoje (João 10,1-10) por oposição ao assalariado
ou mercenário que apascenta as ovelhas pelo dinheiro; o assalariado quando
vê o perigo (lobo) deixa que as ovelhas morram.
Com
a palavra “pastor” se designava no Antigo Testamento com freqüência os reis.
Entre os egípcios, os reis egípcios eram representados com dois distintivos do
pastor: o açoite e o cajado. Tanto na arte da Mesopotâmia como na grega se
encontra a figura do pastor levando nos ombros um carneiro. Os cristãos
utilizaram essa imagem para representar Jesus como bom pastor ...
A
propósito desta figura, pergunta e responde santo Agostinho: “Quem é o
mercenário? É aquele que vê vir o lobo e foge. Aquele que busca a sua glória,
não a glória de Cristo; aquele que não se atreve, com liberdade de espírito, a
reprovar (o procedimento de) os pecadores (...) Tu calas, não reprovas: tu és
mercenário, pois viste vir o lobo e fugiste (...) porque te calaste; e
calaste-te, porque tiveste medo”.
O
pano de fundo desta imagem de pastor o encontramos no mesmo Antigo Testamento.
Aqueles que se fizeram passar por pastores, na realidade fizeram o papel de
lobos junto ao rebanho. Tomemos Jeremias 23, 1-5 e façamos a comparação com o
evangelho de hoje. O profeta denuncia com palavras de Javé o descaso e a
irresponsabilidade daqueles pastores que ao invés de manter as ovelhas
reunidas, as dispersaram; ao invés de defendê-las, as devoraram; ao invés de
apascentá-las, as sacrificaram; enfim, pastores que não foram capazes de arriscar
suas vidas por suas ovelhas. “Pastores segundo o coração de Deus” serão como
Jesus, que dá a vida por suas ovelhas. E Jesus é modelo de pastor para todos (e
todas!), porque todos (talvez sobretudo todas!) temos aos nossos cuidados, sob
o nosso pastoreio, uma ou outra parcela da vida. Todos temos alguma pessoa que,
de alguma forma, está sob os nossos cuidados.
Outro
elemento que vale a pena ressaltar nas palavras de Jesus é sua preocupação de
querer superar as pequenas fronteiras de seu povo e preocupar-se com as “outras
ovelhas que não são deste redil”. Não só as ovelhas de Israel são destinatárias
dos cuidados do Pastor, nem somente as ovelhas pertencentes ao redil das
igrejas cristãs, mas o resto dos homens e mulheres que estão fora desses «
povos de Deus » que se consideram “eleitos”, e que também são motivo do amor e
das preocupações do Criador e Bom Pastor.
Entre
os cristãos, Jesus é o modelo de pastor para todos os que, dentro do povo de
Deus, têm a responsabilidade do serviço pastoral. O pastor deve estar
intimamente compenetrado com as ovelhas de seu redil, mas ao mesmo tempo
preocupado e atento para oferecer-se também pelas ovelhas que estão fora dele.
A
partir destas palavras de Jesus e de seu compromisso (não excludente) por
“todas” as ovelhas, e já neste terceiro milênio seria útil revisarmos nossas
práticas ecumênicas (se é que as temos) e déssemos início a processos mais
sérios de ecumenismo; mas não fazendo o que até agora foi feito: esperar que as
“outras” ovelhas venham até nós, mas irmos até onde elas estão, oferecendo -
mais com nosso testemunho do que com nossas palavras - um pastoreio aberto e
universalista ao estilo de Jesus. Não basta convidarmos os seus representantes
a virem rezar conosco
Jesus
é o Bom Pastor, por isso Jesus não deixa, em tempo algum, nada faltar para as
suas ovelhas. O próprio Senhor prometeu dar ao povo pastores dignos, corajosos,
responsáveis, capazes de dar a sua vida em benefício de todos os fiéis. Jesus é
apresentado no Evangelho como o BOM PASTOR enviado pelo Pai, para apascentar e
abeberar o rebanho: “Eu sou o Bom pastor.... Eu dou a vida pelas ovelhas...
nenhuma se perderá!”. Isso significa que o Bom Pastor tem que dar, se
necessário, a sua vida pelas ovelhas que conhece e chama pelo nome.
Assim
três devem ser as atitudes dos pastores que, seguindo os passos do Sumo Pastor
Jesus, devem dar a sua vida pelas suas ovelhas: A ESCUTA, O CONHECIMENTO E O
SEGUIMENTO de Cristo.
Jesus
garante que conhece suas ovelhas, nós. Mais ainda. Não só conhece, como dá vida
e segurança. “Ninguém vai arrancá-las de minhas mãos”. Não só Ele garante, mas
o Pai também, pois as ovelhas são Suas. Nós pertencemos ao Pai. E Jesus é uma só
coisa com o Pai. Por isso Paulo pregava com tanto desassombro. Sabia que era
garantido por Jesus e pelo Pai. O livro do Apocalipse afirma que “não mais
terão fome nem sede”. Os que seguem Jesus estão com as costas quentes. Tem um
belo segurança.
É
pelo testemunho dos seus discípulos que Jesus continua a ser o BOM PASTOR no
mundo inteiro, para todos os seres humanos. Jesus exerce esta função de modo
especial pelos ministros ordenados, bispos, presbíteros e diáconos. Mas todos
os cristãos, por seu testemunho, participam do pastoreio universal de Jesus
Cristo. Ao mesmo tempo em que somos conduzidos, ouvindo a sua voz, sendo
ovelhas, exercemos também a missão de pastores, conduzindo as pessoas até as
fontes da vida. Assim Cristo está ressuscitando no mundo.
Todos
nós somos convidados a estar atento à VOZ DE DEUS. A iniciativa do chamado é
sempre de Deus. Costumamos conhecer as pessoas pela voz. Com facilidade
distinguimos uma voz da outra. Isso nem sempre acontece com a voz de Deus.
Porque ela não se escuta pelos ouvidos, mas pelo coração. Corações para o alto,
coração reto, consciência equilibrada e generosa distingue a voz de Deus. Assim
todos nos somos convidados a ouvir a voz de Deus com atenção e com unção. Ouvir
a voz de Deus com o coração aberto, com toda a nossa inteligência e o nosso ser,
para como São Paulo exclamar: “Não sou eu que vivo, é CRISTO QUE VIVE EM MIM!”.
O
Bom Pastor deve estar intimamente ligado com o Cristo. Todos nós, especialmente,
nossos pastores devem estar intimamente ligados às mãos do Cristo Pastor.
Depositemos nossa confiança nas mãos do Bom Pastor que se fez Cordeiro de Deus
que tira os pecados da humanidade. E depositando nossa confiança e segurança
nas mãos de Deus seremos sempre protegidos pelo Senhor da Vida e da História.
Sim, estar na mão de Cristo é estar na mão de Deus, porque “Eu e o Pai somos
um”.
Jesus
promete a vida eterna para quem o Seguir e Anunciar e Viver o Seu Evangelho.
Para São João, a vida eterna é sim, a vida futura no céu, na plenitude do
Reino, mas é também a vida presente, quando vivida na intimidade com Deus.
Todos
nós somos convidados hoje a OUVIR A VOZ DE DEUS, CONHECER DE QUEM É A VOZ,
SEGUIR QUEM NOS CHAMOU. Esses três passos valem não somente para o caminhar da
vocação religiosa ou sacerdotal. Vale, sobremaneira, para a nossa vocação de
batizados, para o nosso sacerdócio comum de todos os fiéis que seguem a Cristo
e recebem a adesão ao seu Batismo.
Vocação
de todos nós: OUVIR A VOZ DE DEUS, CONHECER DE QUEM É A VOZ E SEGUIR QUEM NOS
CHAMOU, OU SEJA, JESUS CRISTO MORTO E RESSUSCITADO. A vontade de Deus é que
todos, sem qualquer discriminação, se unam em torno do Espírito Santo de Amor e
Verdade. Por conseguinte somos, finalmente, convidados, a seguir Jesus e
trilhar o seu caminho que é caminho de salvação.
Não
existe espiritualidade verdadeira fora de Jesus Cristo. Existe sim um
supermercado de espiritualidades que vai desde a Nova Era até às seitas
esotéricas que atrai multidões. Este fenômeno tem muito pouco em comum com as
exigências próprias de uma fé revelada que parte sempre de uma
"escuta" obediente à Palavra e tende ao encontro responsável com uma
pessoa concreta, Jesus Cristo. Acolher a Espiritualidade como experiência
pessoal de Jesus, como escuta dócil à Palavra nos leva à experiência das
ovelhas com o Bom Pastor. "Eu conheço minhas ovelhas e elas conhecem a
minha voz e por isso, me seguem". Deixar se guiar pelo Bom Pastor.
Rezemos
para que Deus nos conceda cada dia mais bispos, padres e diáconos configurados
com o que Cristo espera de cada um de nós: unção pastoral e novo ardor
missionário vivendo aqui e agora a santidade eterna. Aleluia!
Oração: Ó Pai, bom e
misericordioso, dai aos vossos fiéis a profunda convicção de que estão vivendo
sob os cuidados do único e verdadeiro Pastor de nossas vidas, que sois Vós, dentro
do único grande rebanho humano, e trabalhem com muito empenho para que o quanto
antes se expresse essa unidade no diálogo fraterno de todas as religiões. Fazei
que nunca nos desviemos de vós, mas sigamos sempre os passos de Jesus, que
arriscou a própria vida para nos salvar e nos conduz à vida plena. Somente
Ele poderá conduzir-nos para vós. É o que vos pedimos, por Jesus, nosso irmão
maior e vosso filho. Amém.
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