19 abril - Não temos por acaso um meio magnífico para nos
unirmos em colóquio mediante a oração mútua, que fazemos como bons colegas de
ministério, quando vamos em audiência com o Rei da Glória imortal? (L 34). São Jose Marello
João 6,52-59
"Os judeus discutiam entre si:
"Como é que ele pode dar a sua carne a comer?" Jesus disse: "Em
verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não
beberdes o seu sangue, não tereis a vida
No
evangelho de João tem-se, com freqüência, diálogos entre Jesus e distintas
personagens ou grupos em que cada um se situa um nível diferente. O evangelho
de hoje (João 6,52-59) é um bom exemplo. Os judeus — termo que designa a
oposição de Jesus neste evangelho — entendem as palavras de Jesus ao pé da
letra, mas Jesus fala em sentido figurado. E, deste modo, não pode haver
entendimento entre ambos.
O
ensinamento de Jesus quanto a comer sua carne e beber seu sangue foi de difícil
entendimento, tanto para seus discípulos quanto para seus adversários. O perigo
principal consistiu em tomar as suas palavras em sentido puramente material,
numa evidente deturpação do seu real significado. Os símbolos da carne e do
sangue servem para referir-nos à a totalidade do ser humano, à vida, a esta
vida de onde se deve atuar, de onde o discípulo está chamado a responder com suas
atitudes e compromisso aos desafios e aos inimigos do plano de Deus. Receber o
corpo e o sangue do Senhor significa entrar em comunhão com tudo quanto ele é -
sua humanidade e sua divindade - de forma que todo o ser do discípulo se deixe
tomar por Ele.
Os
judeus não entendem o que Jesus quer dizer quando lhes fala dar-lhes a comer de
sua carne. Ficando desorientados. Enquanto lhes falava do pão podiam
compreender que se apresentava como um mestre de sabedoria que alimenta o povo.
Porém agora identifica esse pão como a mesma realidade humana, com sua carne e
não como uma doutrina. Comer sua carne é uma expressão que não compreendem,
ainda que a imagem seja clara: significa segundo Jesus, que é igual quando
comemos, os alimentos se tornam carne da nossa carne, o discípulo deve
assemelhar-se a ele e aceitar e fazer próprio o amor expressado por Jesus em
sua vida (carne) e em sua morte (sangue). Isto significa na realidade a
comunhão eucarística: um compromisso da comunidade para assemelhar-se a vida de
Jesus (carne) e para estar disposto até entregar a vida como Jesus entregou a
dele (sangue).
Os
verbos comer e beber apontam para a experiência de assimilação de Jesus - sua
pessoa e seu projeto de vida - por parte dos discípulos. Assim como o alimento
e a bebida, ao serem ingeridos, passam a fazer parte do corpo físico de quem os
consumiu, o mesmo deve acontecer com quem adere a Jesus. Toda a existência do
discípulo tende a ficar permeada pelo Senhor, com o qual entrou em comunhão.
E
se no Êxodo a carne do cordeiro foi o alimento prévio a saída da escravidão e o
sangue com que marcaram os batentes das portas dos israelitas serviu de sinal
ao exterminador para que entrasse em suas casas, agora o sangue de Jesus não só
liberta da morte, como também da à vida definitiva.
Porém,
falar "desta vida", não nos pode deixar na pura imanência, no
meramente tangível e temporal. Os que escutavam a Jesus não podiam transpassar
as barreiras do material e por isso sentiram que se tratava de uma estranha
doutrina. Jamais haviam ouvido dizer que era necessário "devorar" o
Mestre para dar continuidade à sua obra. O convite é, então,
"saciar-se" de Jesus para poder projetar um Jesus que transforma e
que impulsiona a transformar as estruturas pessoais e sociais em novo ambiente,
com nova vida.
A
profunda identidade entre Jesus e o Pai é, por assim dizer, o sacramento da
íntima união do discípulo com seu Mestre. Se nós, como servidores da Palavra,
mantivéssemos isto claro, possivelmente nosso ministério teria mais
credibilidade. As coisas se complicam quando acreditamos que somos os donos da
mensagem, ou quando desapercebidamente nos convertemos em anunciadores de nós
mesmos.
Depois
de falar do seu ensinamento, Jesus passa a falar da eucaristia como fonte de
vida
Acostumadas
a celebrar a Eucaristia, as comunidades cristãs interpretavam as palavras do
Mestre num contexto de fé, entendendo-as no sentido espiritual de comunhão com
Jesus, simbolizado no pão e no vinho consagrados. Suas palavras e sua presença
alimentam as comunidades ao longo da história. Aquele que acolhe Jesus na fé e
identifica-se com ele, assumindo o serviço na comunidade e solidarizando-se com
próximo necessitado na sociedade, viverá para sempre.
A
Eucaristia sempre foi algo surpreendente para as pessoas não cristãs. A maneira
como falamos dela é chocante para muitos. Se dizemos que comungamos o corpo de
Jesus, pode-se pensar que somos antropófagos. Se afirmamos que é um pedaço de
pão, pode-se pensar que somos loucos. Não somos antropófagos nem loucos. Existe
aí um mistério difícil de explicar. As palavras deixam sempre a desejar. Elas
escondem um profundo sentido de comunhão com Jesus, que faz com que nos
sintamos unidos a ele e unidos entre nós, que nos faz experimentar sua
vitalidade e sua força para seguir o Evangelho. Isso é a Eucaristia!
Graças
à Eucaristia, a vida cristã pode desenvolver-se num clima de alegria
expressiva. A participação à Eucaristia tende a renovar o impulso que anima os
cristãos, faz com que a religião não se torne um peso insuportável de
obrigações, que nos torna resignados ou nos neguemos a carregar este peso, mas
uma expressão de vida e regozijo profundo. A Comunhão do Corpo e do Sangue de
Cristo, outra coisa não faz que mudar-nos naquilo que com fé assimilamos.
“Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. São
palavras que devemos trazer gravadas com letras douradas no nosso coração. Ter
Cristo em si é ter a vida
Oração:
Pai, que o corpo e o sangue de teu Filho Jesus sejam alimento para a nossa
caminhada em busca de ti, de maneira que não venhamos a desfalecer pelo
caminho.
2º comentário:
O
diálogo de Jesus com os judeus acerca do pão da vida vai ganhando um tom cada
vez mais intenso; quando ele lhes fala do pão de vida eterna eles pedem:
“Senhor, dai-nos sempre desse pão”; ao contrário, Jesus vai explicitando do que
se trata, e pouco a pouco seus ouvintes vão vendo com mais clareza o que Jesus
lhes oferece.
O
evangelista incute na comunidade a necessidade de escutar Jesus, com mente e
coração dispostos, aceitar sua mensagem e a se deixar transformar por ele.
Comer e beber o corpo e o sangue de Jesus é aceitar sua humanidade, mas ao
mesmo tempo é aceitar que nessa humanidade completa, está se manifestando a
presença de Deus; quer dizer, que Jesus encarna em sua dimensão humana a vontade
e o querer de Deus.
Não é possível aceitar em Jesus somente uma dimensão, pois Ele não é divisível;
temos que aceitá-lo em sua integridade, “comê-lo” completamente, para poder
também ser capazes de transparecer no mundo o plano salvífico de Deus, à maneira
de Jesus.
Comer
a carne e beber o sangue de Jesus é alimentar-se Dele na Sua Palavra, na
Eucaristia, na oração, na adoração vivendo a vida que Deus nos preparou.
Assim
sendo, nós vamos nos transfigurando e aos poucos nos tornamos parecidos (as)
com Jesus. Jesus vai tomando conta do nosso ser a partir do nosso interior, por
isso, vamos sendo ressuscitados pela Sua presença viva no nosso coração.
Não
há mais morte, não há mais sombra, não há mais dúvida. Quem se alimenta de
Jesus sente a transformação dos seus pensamentos, sentimentos e ações e percebe
a cada dia que algo novo acontece dentro de si.
As
coisas materiais não têm mais tanto sentido, pois o nosso organismo espiritual
já sustenta a nossa humanidade. A carne e o sangue de Jesus são o alimento que
vem do céu para nos conduzir ao céu. É o sustento da nossa alma!
Por
mais que materialmente nos alimentemos bem, se não comungarmos da Palavra e da
Eucaristia, seremos sempre pessoas fracas, confusas, desestruturadas para o
combate da vida.
Se
comungarmos o Corpo e o Sangue de Cristo, ficaremos semelhantes a Ele. Nós
somos aquilo que comemos, e se nos alimentamos do Corpo e do Sangue de Cristo,
nós ficaremos semelhantes a Ele porque Ele vem habitar em nós.
Pela
Eucaristia nós passamos a pertencer a Nosso Senhor e Ele passa a viver
Passamos
a pertencer a Nosso Senhor e Ele torna-se o dono da nossa vida e nos ressuscitará
no momento preciso. “Por meio da Eucaristia Jesus continua presente entre nós.
Como discípulos ele nos conduz ao Pai e nos garante a vida eterna e feliz ao
seu lado”.
Você
tem se alimentado com o Corpo de Jesus? Você tem a Bíblia como o próprio
Jesus, O Verbo Encarnado? Quando você adora a Jesus Sacramentado, você tem
consciência de que ali está o Corpo e o Sangue de Jesus? Qual é o efeito
que este pensamento provoca em você? Experimente adorá-lo assim! Perceba a
diferença.
Reflexão Apostólica:
O
que mais chama atenção no Evangelho de hoje é a insistência de Jesus em dizer
que Ele é o Pão da Vida. Nos 6 versículos
Os
judeus que ouviram essas palavras ficaram escandalizados, pois entenderam como
se Jesus estivesse incentivando o canibalismo dele próprio.
Em
momento algum dos Evangelhos, nós vimos Pedro ou qualquer outro dos
discípulos tentarem dar uma mordida
Tal
idéia de tentar comer a carne de Jesus Homem foi, até para os discípulos, algo
que era difícil de entender. Como conceber a idéia de comer os músculos, o
coração, o fígado de um ser humano?
Esta
passagem de hoje esconde uma beleza por trás de sua dureza... De fato, Jesus
disse: "porque minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue, verdadeira
bebida." Quem vai duvidar das palavras de Jesus? Você?
No
entanto é aqui que se encontra a beleza do nosso Sacramento da Eucaristia:
Jesus transforma PÃO E VINHO (alimento) nele próprio, para que possamos TÊ-LO
DENTRO DE NÓS.
Essa
é uma das grandes diferenças entre o Cristianismo e as outras religiões: o
nosso Deus vem até nós, se faz humano, se faz pequeno, se entrega COMPLETAMENTE
a nós, para que possamos tê-lo dentro de nós, e assim possamos também SER PARTE
DELE.
Quando
comungamos na missa, o Pão da Vida é rapidamente digerido pelo nosso sistema
digestivo, e rapidamente todas as nossas células passam a ter um pouquinho desse
alimento.
Assim,
podemos dizer que Jesus está dentro de nós, dos pés a cabeça. E se todos os
nossos irmãos, que também estão comungando, estão com Jesus dos pés a cabeça,
então todos nós estamos fazendo parte de um corpo único: o de Jesus.
Isso
é que é COMUM UNIÃO.
Agora
imagine fazer parte de um corpo único com todas as pessoas ao redor do mundo que
também estão comungando... Viu como Jesus é grande? E olhe que Ele começou do
tamanho de um pequeno pedaço de pão...
Ter
Jesus dentro de si implica em algo bem sério: se fazer Jesus! Ou seja, agir
conforme Jesus agiria em cada situação. E essa é uma grande responsabilidade de
quem quer estar em comunhão com Jesus.
Ter
Jesus dentro de si, portanto, é muito mais do que receber a Hóstia Consagrada
na missa... Ter Jesus dentro de si é receber a Comunhão na missa e dar o
verdadeiro sentido a ela, através dos seus atos, palavras e pensamentos.
Propósito:
Pai, que o corpo e o sangue de teu Filho Jesus sejam
alimento para a minha caminhada em busca de ti, de maneira que eu não venha a
desfalecer pelo caminho.
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