31 janeiro - Por
que fugir da luta, sabendo que é o nosso legado? Ou sofrer ou morrer, diziam os
santos; e nós digamos, pelo menos: ou trabalhar ou morrer! (S 30). São Jose
Marello
Marcos 6,1-6
"Jesus voltou com os
seus discípulos para a cidade de Nazaré, onde ele tinha morado. No sábado
começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o estavam escutando ficaram admirados
e perguntaram:
- De onde é
que este homem consegue tudo isso? De onde vem a sabedoria dele? Como é que faz
esses milagres? Por acaso ele não é o carpinteiro, filho de Maria? Não é irmão
de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não moram aqui?
Por isso
ficaram desiludidos com ele. Mas Jesus disse:
- Um
profeta é respeitado em toda parte, menos na sua terra, entre os seus parentes
e na sua própria casa.
Ele não
pôde fazer milagres em Nazaré, a não ser curar alguns doentes, pondo as mãos
sobre eles. E ficou admirado com a falta de fé que havia ali."
Meditação:
Os que ouviam Jesus "maravilhavam-se" com o que ele dizia, mas o
rejeitaram. Jesus "espantava-se" com a incredulidade deles. "Não
é ele o carpinteiro?...", diziam, com desprezo.
Mateus, posteriormente, para evitar a incidência do avilte a Jesus, escreverá:
"... o filho do carpinteiro?". Lucas o omitirá e dirá simplesmente:
"... o filho de José?".
O conteúdo teológico principal deste episódio é o rompimento de Jesus com as
estruturas sociorreligiosas e de parentesco, características do judaísmo.
Faltava-lhes a fé. Ele deixa de frequentar as sinagogas e passa a percorrer os
povoados da região.
Jesus retorna à sua terra, depois de longas caminhadas de missão, nas quais os
pequenos, os últimos, os enfermos e endemoniados, as mulheres e as acrianças
recuperam a dignidade que a sociedade lhes havia negado.
O evangelista nos leva de novo à Nazaré e nos convida a presenciar uma cena
muito familiar. É sábado, e Jesus entra na sinagoga e começa a ensinar.
As pessoas ao escutá-lo se surpreendem e se escandalizam. Conhecem a Jesus: é o
carpinteiro, sua família é conhecida por todos. E este homem de condição
humilde se apresenta como Mestre. Mas não é um mestre qualquer, ensina coisas
novas de Deus e atua em favor dos excluídos em seu nome.
Seguramente os vizinhos do povoado de Nazaré estavam já acostumados a uma fé
rotineira que não transforma a vida, que não lhes exigia mudança radicais.
Jesus está propondo uma nova dinâmica de fé. O Deus de Jesus deseja mudanças
reais e atua libertando e salvando na vida concreta das pessoas. Desta maneira
Jesus compreende sua missão na linha dos profetas de Israel, que chamavam ao
povo para voltar aos caminhos de Deus que eram a Justiça e a Igualdade. E
recebe a mesma resposta: a recusa.
Ali onde não há abertura, fé, não pode acontecer o milagre do Reino. Somente
alguns s enfermos, destinatários privilegiados da missão de Jesus, aceitaram
sua mensagem e foram protagonistas da Boa Nova do Evangelho.
Nossa fé é uma fé de mudanças, e transformações, em favor da dignidade, da
equidade e a vida plena para todos.
Os
conterrâneos de Jesus se escandalizaram; não querem admitir que alguém como
eles possa ter sabedoria superior à dos profissionais e realize ações que
indiquem uma presença de Deus. Para eles, o empecilho para a fé é a encarnação:
Deus feito homem, situado num contexto social.
Aqueles
que viviam próximos a Jesus não queriam admitir que alguém tão simples como Ele
pudesse ter tanta sabedoria. Por isso, todos se admiravam e duvidavam de que o
poder de Deus estivesse com Ele e, não O reconheciam nem mesmo como profeta.
Com
efeito, Jesus não pôde fazer milagres na sua terra e no meio da sua gente. Por
ser uma pessoa humilde, filho de um carpinteiro e conhecido de todos Jesus não
conseguia ser escutado nem tampouco ser levado a sério.
Ainda
hoje, nós também damos pouco valor às pessoas que estão muito próximas de nós,
principalmente àquelas que são humildes e simples.
Acostumamo-nos
a conviver com elas e não percebemos que elas são instrumentos de Deus para o
nosso crescimento e até para o nosso livramento.
Muitos
milagres poderiam acontecer no nosso meio se déssemos atenção àqueles (as) que
são instrumentos de Deus para nós.
Não
entendemos o porquê que alguém, mesmo simples e humilde, possa ao mesmo tempo
ser sábio aos olhos de Deus. Confundimos a sabedoria que vem de Deus com o
conhecimento que o mundo dá.
Na
maioria das vezes, valorizamos a quem é instruído, a quem tem profissão
brilhante ou tem o dinheiro que compra tudo, o poder e a mente. No tempo de
Jesus também não foi diferente.
Precisamos
nós também perceber a quem nós estamos valorizando, o que nos prende a atenção
e ao que nós estamos dando importância: às coisas simples do alto, ou às coisas
complicadas de baixo.
Somos
chamados (as), então a refletir: O que é simples nos incomoda ou
atrai? Valorizamos as pessoas da nossa casa quando nos dão algum
conselho? Na nossa casa também os profetas não são bem recebidos por nós?
Difícil
de acreditar que coisas que me fazem sofrer cooperam para o meu bem. Mas é
exatamente isso que a Bíblia diz em Romanos 8.28: “Sabemos que TODAS as
coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu proposito”. Se realmente amamos a Deus, temos essa certeza, não
importa se o momento é o mais triste, se a dor está esmagando, se a dúvida
atormenta, se as lágrimas tornam o olhar sofrido, se o sorriso se esconde e se
a força parece acabar. Ainda que os sonhos mais lindos que fomos capazes de
sonhar se desmoronem como castelos de areia destruídos pelas ondas do mar,
ainda assim é para o nosso bem, pois Deus nos dá um refúgio forte, inabalável e
indestrutível. Momentos são momentos, passam como a erva. Somos chamados a olhar
para o que é eterno. A paixão, a raiva, o ciúme, a inveja, os desejos, as
riquezas, são apenas momentos - eles passam; o amor é eterno. A ilusão alegra,
mas acaba diante da realidade. A verdade até dói, mas liberta e dura para
sempre. As lágrimas de quem não conhece a Deus são provocadas por um desespero
inexplicável, mas as lágrimas de quem ama a Deus são derramadas diante daquele
que tem todo o poder. Por isso, essas lágrimas “podem durar uma noite, mas a
alegria vem pela manhã”. Aqueles que amam a Deus guardam os Seus mandamentos, e
quem procura viver nos mandamentos de Deus encontra na graça de Jesus - que nos
salva do poder do pecado - a força para ser alguém melhor e amar a justiça.
Considerando essa verdade, então podemos afirmar com certeza de que tudo mais,
tudo mesmo, é para o nosso bem.
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