11 janeiro - “Loquere, Domine!” Fala, Senhor! Qual é o meu dever? Nenhuma curiosidade? Aceito o sacrifício. Nenhum pensamento em que o "eu" se intrometa? Empenhar-me-ei com todas as forças. Nenhuma afeição desordenada? Ah! de hoje em diante quero amar só a Vós, fonte de todo amor! Somente Vós em vossos santos, em Maria, em São José, nos meus Anjos protetores. Somente Vós em vossa Igreja! (S 19) São Jose Marello
Marcos 1,40-45
Naquele tempo, 40um
leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres, tens o poder de
curar-me”. 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele,
e disse: “Eu quero: fica curado!” 42No mesmo instante, a lepra
desapareceu, e ele ficou curado.
43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando
com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e
oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!”
45Ele foi e começou a contar e a divulgar
muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade:
ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
Na lei que Deus deu aos israelitas, uma pessoa
leprosa foi considerada imunda (Lv 13,2-3). A doença foi vista como uma praga.
“Às vezes, a praga foi enviada por Deus para repreender o povo desobediente”
(Lv 14,34).
Mas há um segundo – e mais importante – motivo para
falar tanto sobre a lepra no Velho Testamento. Há, pelo menos, duas lições
espirituais das ordens sobre a lepra:
Deus usou coisas físicas – seja doenças, questões de
higiene ou diferenças entre animais – para ensinar princípios espirituais.
Quando foi descoberta a imundície da lepra, não
mediam esforços para se livrarem dela. Pessoas leprosas foram publicamente
identificadas e afastadas da congregação para não contaminar outros. Quando as
tentativas de purificar as casas não foram bem-sucedidas, foi necessário
derrubar casas inteiras para não deixar a praga se espalhar (Levítico
14:43-45).
Esta exigência de silêncio tem um significado importante dentro do evangelho de
Marcos e é conhecido como o “segredo messiânico”; com ele se quer expressar que
a salvação anunciada por Jesus à humanidade somente pode ser corretamente
compreendida depois de sua morte e ressurreição; do contrário, os milagres
poderiam ser vinculados, erroneamente, às expectativas messiânicas latentes em
seu momento.
O leproso era marginalizado por sua doença, conseqüência de seu pecado, segundo
a tradição judaica. A lepra era a maior muralha social e, ao mesmo tempo, uma enfermidade
que somente Deus podia curar diante do pedido humilde do “impuro”.
Jesus não repara em
tocar o intocável e, em lugar de ficar contaminado, comunica-lhe sua própria
“pureza”. O segregado torna-se reintegrado. É um gesto grandioso e revelador. O
leproso é convidado a não divulgar sua cura, mas em troca se converte em
testemunha da ação de Jesus e anuncia abertamente a ação libertadora de que
tinha sido objeto.
Jesus tem o poder
de integrar em seu ministério a todos e a tudo; rompe todos os esquemas de
marginalização; sua prática pretende abolir as fronteiras que dividem os
homens.
Jesus não é um rei
político, nem um messias nacional que tem como projeto libertar o povo de
Israel das distintas estruturas que o oprimem. Jesus é Messias porque, com suas
atitudes e comportamentos faz presente, de maneira antecipada, a realidade do
Reino de Deus. É Messias porque não se anuncia a si mesmo, mas anuncia a
misericórdia e a bondade de Deus para com os pobres.
É importante, pois, para nossa experiência de fé compreender que na solidariedade
humana com o irmão vamos tornando presente o Reino de Deus e dele depende a
eficácia da missão da Igreja.
O discipulado não
se pode transformar num grupo fechado de “escolhidos”, mas tem que saber
descobrir todos os ambientes de marginalização que a sociedade vai criando. Sua
missão será reintegrar a todos para que sejam participantes da misericórdia de
Deus, que sempre está disposto a ir em busca da ovelha perdida para trazê-la de
volta ao redil.
É com este mesmo olhar que Jesus nos olha, acolhe a nossa fraqueza, a nossa limitação. Jesus age hoje como agia no tempo em quem andava por aqui. Quando acreditamos, pedimos, suplicamos, de coração, Ele realiza.
Precisamos
abrir a nossa boca e o nosso coração para manifestar a Ele os nossos desejos e
reconhecer: “se queres, tens o poder de curar-me”. O leproso pediu de joelhos,
“Se queres, tens o poder de curar-me!” Nós percebemos que o leproso colocou
como condição o querer de Jesus, por isso, Jesus disse: “Eu quero, fica
curado!” Esta é a maneira certa para pedirmos as coisas a Deus.
Deus sempre quer nos curar, na hora certa Ele age. Quando isso acontece, não dá mais para esconder: precisamos sair apregoando, anunciando o Seu poder, porque assim fazendo estamos dando ao mundo a oportunidade para que todos conheçam a salvação que vem de Deus. Somos curados, para amar e servir a Deus seguindo adiante na nossa vida, fazendo o mesmo que Jesus: olhar com compaixão e bondade para aqueles que também precisam de cura.
Você tem recebido graças de Deus. Isto fez com que você olhasse melhor para as outras pessoas? Existe algum “leproso” que precisa do seu olhar de compaixão? Pergunte a Jesus o que você poderá fazer por ele! Você costuma contar pra todo mundo as maravilhas que Deus realiza em você? Você pede a vontade de Deus ou se limita a pedir só o que você acha que lhe convém?
O Evangelho de hoje revela o empenho
de Jesus não na simples cura, mas na inclusão social dos marginalizados. O
leproso representa os excluídos e marginalizados por um sistema elitista e
opressor, no qual o explorador humilha o explorado para inibi-lo e submetê-lo à
sua exploração.
Devemos ser obedientes a todas
as instruções que o Senhor nos deu. E quando a imundícia do pecado invade a
nossa vida, devemos agir com urgência para eliminá-lo, mesmo se forem
necessárias medidas radicais. “E se o teu olho direito te serve de escândalo,
arranca-o e lança-o fora de ti; porque melhor te é que se perca um de teus
membros, do que todo o teu corpo ser lançado no inferno. E se a tua mão direita
te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti; porque melhor te é que se
perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno.” (Mt,
29-30).
Sejamos santos para a glória do
nosso Senhor, que é perfeito e santo (1Pd 1,14-16; 2Cor 6,17-18).
Propósito:
Pai, dá-me forças para combater
e vencer as forças do mal que impedem o Reino acontecer na minha vida e na
história humana.
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