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agosto - Nós ontra nós mesmos: o "eu" bom que combate o
"eu" mau; o "eu" de um instante, mas de um instante
sublime, que se levanta para combater o "eu" de todas as horas, o "eu" do passado, o
"eu" do velho sistema: é o "eu" que quer uma vez por todas,
mas que se multiplica a cada instante naquele ato de vontade eficaz. (L 9). São
José Marello
Mateus 23,13-22
"- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês fecham a porta do Reino do Céu para os outros, mas vocês mesmos não entram, nem deixam que Entre os que estão querendo entrar.
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês exploram as
viúvas e roubam os seus bens e, para disfarçarem, fazem longas orações! Por
isso o castigo de vocês será pior!]
- Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês atravessam os
mares e viajam por todas as terras a fim de procurar converter uma pessoa para
a sua religião. E, quando conseguem, tornam essa pessoa duas vezes mais
merecedora do inferno do que vocês mesmos.
- Ai de vocês, guias cegos! Pois vocês ensinam assim: "Se alguém jurar
pelo Templo, não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se alguém jurar pelo
ouro do Templo, então é obrigado a cumprir o que jurou." Tolos e cegos!
Qual é mais importante: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? Vocês também
ensinam isto: "Se alguém jurar pelo altar, não é obrigado a cumprir o
juramento. Mas, se jurar pela oferta que está no altar, então é obrigado a
cumprir o que jurou." Cegos! Qual é mais importante: a oferta ou o altar
que santifica a oferta? Por isso, quando alguém jura pelo altar, está jurando
pelo altar e por todas as ofertas que estão em cima dele. Quando alguém jura
pelo Templo, está jurando pelo Templo e por Deus, que mora ali. "
Meditação:
No Evangelho de hoje lemos as três primeiras das sete maldições, com as
quais Jesus deixa bem claro a sua oposição ao ensino tradicional dos escribas e
à crença adulterada dos fariseus, mais baseado nas tradições dos homens do que
na doutrina de Deus.
Os escribas, ou seja, os intérpretes e catequistas da Lei, e os
fariseus, um grupo de observantes rigorosos e muito ligados ao cumprimento
formalista e exterior da mesma, e que por outro lado são frequentemente objeto
de graves invectivas da parte de Jesus, não por eles cumprirem a Lei, mas por
não lhe entenderem o espírito, e até por guiarem os outros por esse caminho
errado.
É preciso que diante das tentações, comportarmos como homens e mulheres fortes
e combatermos com a ajuda do Senhor nos tornamos mais do que vencedores.
Se cairmos no pecado, não permaneçamos nele, desencorajados e abatidos.
Humilhemo-nos, mas sem perder a coragem; abaixemo-nos, mas sem nos degradarmos;
vertamos lágrimas sinceras de contrição para lavar as nossas imperfeições e as
nossas faltas, mas sem perdermos a confiança na misericórdia de Deus, que será
sempre maior que a nossa ingratidão. Tomemos a resolução de nos
corrigirmos, mas sem presumirmos de nós mesmos, pois só em Deus devemos colocar
a nossa força. Enfim, reconheçamos sinceramente que, se Deus não fosse
a nossa couraça e o nosso escudo, a nossa imprudência nos teria
levado a cometer toda a espécie de pecados.
Não nos espantemos com as nossas fraquezas. Aceitemo-nos tal como somos;
corramos das nossas infidelidades para com Deus, mas confiemos n'Ele e nos
abandonemos tranquilamente a Ele, como uma criança nos braços da mãe.
Percorramos todas as épocas e veremos que, de geração em geração, o
Mestre ofereceu a possibilidade de conversão a todos quantos queriam voltar-se
para Ele. Noé pregou a conversão, e aqueles que o escutaram foram salvos. Jonas
anunciou aos Ninivitas a destruição que os ameaçava; eles arrependeram-se dos
seus pecados, apaziguaram a Deus e apesar de Lhe serem estranhos alcançaram,
por suas súplicas, a salvação.
Por sua vontade onipotente Deus quer que todos aqueles a quem Ele ama
participem da conversão. É por isso que devemos obedecer à Sua magnífica e
gloriosa vontade.
Imploremos humildemente a Sua misericórdia e a Sua bondade; confiemo-nos
à Sua compaixão abandonando as preocupações frívolas, a discórdia e a inveja
que só conduzem à morte.
Permaneçamos humildes, meus irmãos, rejeitemos todos os sentimentos de orgulho,
de jactância, de vaidade e de cólera.
Agarremo-nos firmemente aos preceitos e aos mandamentos do Senhor Jesus,
tornando-nos dóceis e humildes diante das Suas palavras. Eis o que diz a
Palavra sagrada: Para quem voltarei o meu olhar, senão para o homem humilde,
pacifico que teme as minhas palavras?
Reflexão Apostólica:
Falar do evangelho de hoje é
falar dos falsos profetas que, como os mestres da Lei e fariseus hipócritas,
muitas vezes não conseguem passar pela porta estreita do Reino dos Céus e mais
do que isto, arrastam consigo aqueles que tinham intenção, ou ao menos a
esperança, de passar por esta porta.
O Reino dos Céus é algo desejado por todos os cristãos, mas só é possível
vislumbrá-lo quando agimos com atitudes merecedoras de tamanha recompensa:
amor, mansidão e paz.
Ai daqueles que resgatam vidas para Cristo, mas, antes mesmo que estas estejam
plenamente enraizadas no verdadeiro amor, as tornam iguais a si nos falsos
testemunhos, falsas palavras e falsas atitudes.
Não por desconhecerem as palavras de Deus ou o amor do Cristo, mas por estarem
cegos diante dos "ouros e tesouros" da vida.
Desta forma, estas pessoas ao invés de guiarem os amigos para os caminhos de
Cristo, os arrastam para os interesses mundanos, disfarçados por uma bela capa
e de santidade. De que vale encantar-se pela imagem, entretanto não ser capaz
de valorizar o interior das pessoas.
Afinal, o que no fim das contas resta? "Insensatos e cegos! O que vale
mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro?" "Cegos! O que vale
mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?" O que fornece mais
beleza a imagem exterior é a força e potencialidade que emana do ser, da alma
do interior. De que vale valorizar o ouro e perder o Reino dos Céus?
Seja este reino um verdadeiro amigo, uma família amorosa, um trabalho
gratificante, um filho saudável... e tudo que possamos imaginar de bom que o
dinheiro não pode comprar!
Deus não resolve nossos problemas sozinho. Assim, jamais será consolado quem se fecha em suas angustias e tribulações, sem abrir-se para buscar consolação. Feliz aquele que consegue mover-se, apesar do sofrimento que, em grande parte, é fruto da injustiça humana e de nossas incoerências e deslizes. O sofredor goza do “privilégio de Jó”, ou seja, pode dizer o que quiser! A desolação produz mudança que nos coloca na rota de Cristo morto e ressuscitado. Morte e ressureição fazem parte da construção do Reino neste mundo tão hostil. No momento da desolação, siga o conselho de Santa Teresa: “Nada te perturbe, nada te assuste. Tudo passa. Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem nada lhe falta. Só Deus basta”. Mt 5,4
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