05 agosto – Acima de tudo considera sempre que tu estás fazendo a vontade de Deus, alinhando a proa da tua embarcação para onde aponta o capitão do leme. (L 83). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 14,13-21
"Ao ser informado da morte de João, Jesus partiu dali e foi, de barco, para um lugar deserto, a sós. Quando as multidões o souberam, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!" Jesus porém lhes disse: "Eles não precisam ir embora. Vós mesmos dai-lhes de comer!" Os discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e dois peixes". Ele disse: "Trazei-os aqui". E mandou que as multidões se sentassem na relva. Então, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças."
Meditação:
Esta
narrativa da partilha dos pães entre Jesus, seus discípulos, e a multidão, é
encontrada nos quatro evangelistas.
Contudo Marcos e Mateus apresentam a narrativa de uma segunda partilha,
bastante semelhante, como que em reprise desta primeira, porém diferenciando-se
na medida em que a primeira acontece na Galiléia e a segunda em território
exclusivo de gentios, fora da Galiléia.
O trecho do Evangelho de hoje vem logo após a história da
morte de João Batista, ligada à festa de aniversário do Tetrarca Herodes
Antipas. Ou seja, Mateus contrasta o “Banquete da Morte” promovido por Herodes,
com “O Banquete da Vida”, protagonizado por Jesus!
Mateus
salienta o comportamento de Jesus: ele não é fanático, querendo enfrentar imediatamente
Herodes; mas também não é fatalista, deixando as coisas correr como estão. Ele
continua fiel à missão de servir ao seu povo. Reúne e alimenta as multidões
sofredoras, realizando os sinais de um novo modo de vida e de anúncio do Reino.
A Eucaristia é o sacramento memória dessa presença de Jesus, lembrando
continuamente qual é a missão a que nós, cristãos, fomos chamados.
Devemos
saber discernir o que é milagre e a forma pela qual Deus operou. Para que
professemos uma fé consciente e não desvairada, inconseqüente, e fanática.
Temos
que ter consciência de que o sobrenatural de Deus, quase sempre é operante de
acordo com o natural humano.
Na
maioria das vezes falta a visão correta, o verdadeiro discernimento das
Escrituras sobre questionamentos que como disse o Espírito Santo através do
apóstolo são Paulo (2Pe 3,16) há pontos difíceis de serem entendidos: “Falando
disto como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de se
entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras
Escrituras, para a sua própria perdição”.
Costumamos ver o sobrenatural de Deus em coisas e em fatos, que em verdade,
estão relatados de forma metafórica, em parábolas, e ainda: em um “linguajar
peculiar da época, localidade e cultura de um povo”.
Isto,
porque, servimos ao Deus único e verdadeiro, que ressuscita mortos, abre os
olhos aos cegos, cura enfermidades, que ao homem é impossível fazê-lo, dá voz
ao mudo e faz o coxo andar.
Muda
completamente a natureza humana, pois, diz as Escrituras Sagradas, que Ele tem
o coração do rei nas mãos e o inclina para o lado que Ele quer. Há isto podemos
dizer: sobrenatural divino. Ele faz! No Evangelho de hoje, temos um exemplo
grandioso do sobrenatural de Deus operando no natural humano.
A
multidão estava cansada e faminta. Faminta de Deus – O Pão Da Vida – alimento
sobrenatural, espiritual; tanto quanto do pão substancial “alimento para o
corpo”.
Sabemos
que por mais que o homem seja desprovido, jamais faz uma longa jornada sem que
traga consigo, o mínimo de alimentos segundo às suas possibilidades
momentâneas.
Sem
dúvida alguma, cada um dos que ali estavam ansiando ouvir o Mestre, depois
de uma longa jornada, sol à pino, trazia em sua mochila, alguma provisão
Porém,
a natureza do homem mesquinho e falho – pois, é através da Palavra, que
mudanças acontecem, e eles estavam ansiosos por conhecê-la –, não estavam
segundo a visão cristocêntrica: o partilhar em comunhão uns com os outros,
temiam colocar à mostra os seus alimentos...
A
multidão era grande! Acaso, não é assim, ainda hoje, entre os que têm a
natureza mesquinha?
O Senhor Jesus na sua onisciência, discernindo o que se passava nos corações,
nas mentes de tantos quantos ali estavam, sabiamente para não os constranger,
levantou as mãos ao céu e orou apresentando à Deus Pai os “cinco pães e os dois
peixinhos” (para alimentar toda a multidão), os vemos ( pela fé) envergonhados
a retirar de suas mochilas, pães, peixes e muito mais, segundo às suas próprias
possibilidades!... “O POUCO COM DEUS, É MUITO”.
Quando nas nossas Paróquias há alguma festividade e cada um se encarrega
de levar algo, ficamos admirados com o que se pode fazer através da comunhão,
do espírito doador, do compartilhar.
Na partilha se dá a abolição de uma sociedade escrava do mercado pela
implantação da nova sociedade livre, justa e fraterna. A partilha é o gesto
concreto do amor.
O amor é contagioso e transforma a comunidade. A visão messiânica, a partir do
Primeiro Testamento, deu origem à interpretação desta passagem como um
espantoso milagre pelo qual os pães são multiplicados.
Se o objetivo de Jesus fosse o de praticar gestos espantosos, então maior
efeito teria se transformasse as pedras em pães, o que ele rejeitou na tentação
que lhe foi feita em seguida ao recebimento do batismo por João Batista.
A
benção de Jesus sobre os pães e peixes que os discípulos lhe trouxeram significa
redirecionar a Deus aquilo que é de Deus.
Significa desvincular os bens da posse excludente para libertar o dom de Deus
em sua criação colocando-o ao alcance de todos.
A
benção liberta também o coração e a generosidade leva à partilha e à saciedade
de todos. A sobra indica a eficiência da generosidade. A partilha é a expressão
do amor de Jesus.
Nada nos separa deste amor que se manifesta, hoje, nas pessoas e comunidades
que buscam a justiça e constroem a fraternidade.
Reflexão Apostólica:
Neste
Evangelho Jesus nos dá uma grande lição de solidariedade humana, quando
rejeitou a idéia dos Seus discípulos para que “despedisse as multidões”.
Quantas
vezes nós queremos nos ver livres dos problemas e também “despedimos” as
pessoas porque elas são empecilhos à nossa missão, à nossa caminhada.
As
pessoas vêm famintas, precisando da nossa ajuda e nós fazemos vista grossa às
suas dificuldades, achando que não somos capazes de ajudá-las porque temos
muito pouco tempo ou mesmo porque nos achamos pequenos e limitados. Jesus diz
hoje á nós também: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!
”
O
Senhor nos manda sentar para que possamos parar e refletir sobre a nossa vida,
partilhando e dividindo com as outras pessoas os nossos planos e sonhos.
Tudo
isso, dentro da perspectiva de Deus e à luz da Sua Palavra e dos Seus
ensinamentos. Hoje também, como ontem, há muita relva, isto é, espaço, ocasião,
oportunidade para que, reunidos, nós possamos descobrir os nossos dons,
talentos, aptidões, riquezas e bens espirituais, que são os nossos cinco pães e
dois peixes.
Ao
tomar os pães e os peixes nas mãos e dar graças ao Pai, Jesus nos deu o exemplo
de como poderemos fazer aumentar os nossos talentos. Trazemos primeiramente, a
vida para agradecer a Deus e a Ele oferecer em favor do irmão.
Além
disso, temos a doar saúde, paz, alegria, juventude e a nossa capacidade de
olhar, de sorrir, de cantar, de amar, de sonhar e de desejar.
Você
também tem propensão a eliminar da sua frente aquelas pessoas que lhe “dão
trabalho”? Do que você dispõe para alimentar a multidão que procura
pão? A quem Jesus manda hoje você oferecer o pão da Palavra? Você tem
sentado com as pessoas para partilhar a sua vida? Você tem colocado nas
mãos do Senhor os seus talentos e os seus dons?
Na realidade, os Evangelhos transmitem-nos muitas vezes
os sentimentos de Jesus para com as pessoas, especialmente doentes e pecadores.
Ele exprime, através dum sentimento profundamente humano,
a intenção salvífica de Deus que deseja que todo o homem alcance a verdadeira
vida.
Cada celebração eucarística atualiza sacramentalmente a
doação que Jesus fez da sua própria vida na cruz por nós e pelo mundo inteiro.
Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós
testemunhas da compaixão de Deus por cada irmão e irmã; nasce assim, à volta do
mistério eucarístico, o serviço da caridade para com o próximo, que “consiste
precisamente no fato de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada
ou que nem conheço sequer.
Isto só é possível realizar-se a partir do encontro
íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de vontade, chegando mesmo
a tocar o sentimento.
Então, aprendemos a ver aquela pessoa já não somente com
os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo”.
Desta forma, nas pessoas que contactamos, reconhecemos
irmãs e irmãos, pelos quais o Senhor deu a sua vida amando-os “até ao fim”.
Mateus nos lembra que a participação eucarística exige
compromisso com uma visão social baseada na partilha dos bens necessários para
a vida, e não na acumulação da parte de alguns junto com a falta do básico para
muitos.
É claro que diante do enorme sofrimento da maioria da
população do mundo, a gente pode sentir-se tão impotente como se sentiram os
discípulos no Evangelho de hoje.
O texto nos ensina que não devemos cair na cilada de
aceitar as saídas falsas propostas pela sociedade vigente e hegemônica – de
“lavar as mãos” ou de cair somente num simples assistencialismo.
O cristão, sustentado pela eucaristia, a Mesa da Palavra
e a Mesa do Pão, deve se comprometer com uma visão cristã da sociedade, que
exige que a gente faça o que é possível para a construção de um mundo de
justiça e fraternidade.
Propósito:
Pai, abre meu coração para a solidariedade, a fim de que,
diante de meu semelhante necessitado eu sinta a alegria de partilhar com ele o
que me deste.
++++ |
Meditação: Confirmação: |
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