21 agosto
- A decadência moral das nações depende, em grande parte, da
posição liberalizante da mulher na sociedade. Ressurja nelas, por um instante,
a consciência da antiga dignidade, e com as moças honradas, com as esposas
fiéis, com as mães educadoras, veremos surgir uma geração de jovens estudiosos
e honestos, de esposos virtuosos e amantes do lar, de pais de família
exemplares. (L 5). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 20,1-16a
"Jesus disse:
- O Reino do Céu é como o dono
de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar
trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou com eles o salário de costume,
isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua
plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali
alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: "Vão vocês também
trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo."
- E eles foram. Ao meio-dia
e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com outros
trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à praça. Viu
outros homens que ainda estavam ali e perguntou: "Por que vocês estão o
dia todo aqui sem fazer nada?"
- "É porque ninguém nos
contratou!" - responderam eles.
- Então ele disse: "Vão
vocês também trabalhar na minha plantação."
- No fim do dia, ele disse
ao administrador: "Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando
com os que foram contratados por último e terminando pelos primeiros."
- Os homens que começaram a
trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então
os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber mais; porém
eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e
começaram a resmungar contra o patrão, dizendo: "Estes homens que foram
contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós agüentamos o dia
todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao
nosso!"
- Aí o dono disse a um
deles: "Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em
trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora.
Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei
a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio
dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?"
E Jesus terminou, dizendo:
- Assim, aqueles que são os
primeiros serão os últimos."
Meditação:
Após abordar o tema do desprendimento face à ambição das riquezas,
Mateus insere uma parábola narrativa, que é de sua exclusividade, dentro do
lema: "os últimos serão o primeiros, e os primeiros serão os
últimos", que não se adapta bem à parábola.
Ela é dirigida às comunidades de judeo-cristãos que estavam em
conflito com as sinagogas. Os judeus das sinagogas rejeitavam aqueles que
aderiram ao cristianismo e ameaçavam expulsá-los de seu convívio.
Eles não admitiam que, no cristianismo, os pagãos se considerassem
eleitos de Deus, assim como eles próprios se consideravam, conforme sua
tradição do Primeiro Testamento.
A parábola de hoje nasce da realidade agrícola do povo da
Galiléia. Era uma região rica, de terra boa, - mas com o seu povo empobrecido,
pois as terras estavam nas mãos de poucos, e a maioria trabalhava ou como
arrendatários ou como “bóia-fria” como diríamos hoje.
Embora a cena situe-se na Galiléia de dois mil anos atrás, bem
poderia ser o Brasil da atualidade. Apresenta uma situação de trabalhadores
braçais desempregados, não por querer, mas “porque ninguém nos contratou”
(v.7).
Talvez haja uma diferença, comparando com a situação de hoje - na
parábola, o salário combinado era uma moeda de prata, um denário, que na época
era o suficiente para o sustento diário duma família - o que nem sempre se
verifica hoje.
O dono de uma vinha chamou trabalhadores para a colheita. A uns chamou pela
manhã, outros ao longo do dia e outros, ainda, no fim do dia. A todos,
compromete-se com o mesmo pagamento.
Naturalmente, aqueles que começaram a trabalhar ainda cedo
reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo montante dos outros que
trabalharam apenas uma pequena parte do dia.
Para o patrão, porém, está feita justiça: pagou a todos conforme o
combinado e, ademais, dispôs daquilo que é seu. Se, aos olhos do empregado que
se considera lesado aquilo era injusto, ao patrão foi apenas um acerto de
contas equânime, dentro dos limites que tinha estabelecido.
Muitas vezes assumimos o papel dos trabalhadores que reclamam por ter
trabalhado tanto enquanto outros que não sofreram as mesmas penas recebem a
mesma recompensa.
Assim o é na vida civil e na vida cristã. Mas, para Deus, não
importa o “tempo de casa” ou aquilo tudo que já demos: importa com que amor o
demos, com que dedicação o fizemos. Além disso, o Senhor nos dá a Sua graça e
esta Ele dispõe como deseja.
Essa é a aparente contradição: a perspectiva humana entende que o
pagamento deve ser correspondente ao tempo ou à responsabilidade do trabalho.
Deus, não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um como
considera o seu merecimento.
O texto nos ensina que a lógica do Reino não é a lógica da sociedade vigente.
Na nossa sociedade, uma pessoa vale pelo que produz - logo, quem não produz não
tem valor.
Assim se faz pouco caso do idoso, aposentado, doente, excepcional.
Na parábola, o patrão (símbolo do Pai) usa como critério de pagamento, não a
produção, mas o sustento da vida - também o trabalhador da última hora precisa
sustentar a família, e por isso recebe o valor suficiente, um denário.
O Reino tem outros valores do que a sociedade do nosso tempo - a vida é o
critério, não a produção. Por isso, quem procura vivenciar os valores do Reino
estará na contramão da sociedade dominante.
O texto nos convida a imitar o Pai do Céu, lutando por novas
relações na sociedade e no trabalho, baseadas no valor da vida, não na produção
e consumo.
Para a comunidade de Mateus, a parábola tinha mais um sentido.
Começavam a entrar pagãos na comunidade, e muitos cristãos de origem judaica
tinham dificuldade em aceitá-los em pé de igualdade - eram “da última hora”.
Mateus conta a parábola para ensiná-los que no Reino,
experimentado através da comunidade, não pode haver discriminação entre
cristãos de várias origens, por isso “os últimos serão os primeiros”.
O critério é a gratuidade de Deus Pai, pois tudo o que temos,
recebemos dele, e sendo todos filhos e filhas amados dele, a comunidade cristã
não pode discriminar pessoas, por qualquer motivo que seja.
O Senhor está sempre a nos convocar para fazer parte do seu reino. Enquanto
aqui vivemos seremos a cada instante convidados para entrarmos em sintonia com
o reino dos céus. Feliz de quem atende ao chamado do Senhor logo cedo na vida,
pois usufruirá de tudo quanto Ele providenciou para que tenhamos uma qualidade
de vida melhor.
Quando nós aceitamos o convite de Jesus para entrar no Seu reino,
tendo-o como Rei e Senhor da nossa vida, nós também nos tornamos Seus
colaboradores para atrair outros que ainda estão vagando no mundo e não
encontraram ainda a verdadeira felicidade porque não abraçaram a salvação de
Jesus.
A recompensa é a salvação e o Senhor a promete a todos àqueles que
a acolherem. Seja em qualquer hora da nossa vida, até na hora da nossa morte
nós teremos a chance de ganhar o prêmio da vida eterna.
É pela bondade e misericórdia do Pai que nos enviou Jesus Cristo
que nós somos salvos. Portanto, não façamos questão para sermos os primeiros ou
os últimos, o mais importante é que já estamos dentro do redil do reino de
Deus.
Você já aceitou o convite para trabalhar na vinha do Senhor? Qual
é a recompensa que você espera? Você se incomoda se outros também receberem a
mesma recompensa que você espera? Você deseja que muitos entrem também com você
no reino de Deus? O que você tem feito para que isto aconteça?
Reflexão Apostólica:
As parábolas partem de imagens extraídas da vida real.
Analisando as imagens desta parábola de hoje, vemos que, no cenário, aparecem o
dono da vinha, imagem característica na tradição de Israel, e os trabalhadores
desocupados na praça, cena característica de uma cidade grega.
Estes "desocupados" não eram indolentes, mas curtiam a amargura do
desemprego e da busca de um trabalho para a sobrevivência diária, excluídos
pelo sistema social.
Por um lado, pode-se ver na parábola a expressão da simples generosidade do
proprietário que convocou os operários. Com pena dos últimos, decidiu dar-lhes
o mesmo que aos outros.
Por outro lado, pode-se analisar nestas imagens o significado do trabalho. O
trabalho não é mercadoria que se vende, avaliado pela quantidade da produção
que dele resultou.
O trabalho é o meio de subsistência das pessoas e da família, bem como é
serviço à comunidade, pela partilha de seus frutos. Todos têm direito ao
essencial para a sua sobrevivência.
Na parábola, a todos foi dado o necessário para a sobrevivência de um dia,
independentemente da quantidade de sua produção. A venda do fruto do trabalho
por um salário é uma alienação da dignidade do trabalhador e da trabalhadora.
Temos uma falsa impressão que somos medidos pelas grandiosidade das obras a
qual fomos chamados, mas na verdade parece que esse não é o foco do trabalho ou
do projeto de Deus. “(…) Se invocais como Pai aquele que, sem distinção de
pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor durante o tempo
da vossa peregrinação“.
Quando Pedro diz: “julga cada um segundo as suas
obras”, é preciso discernir e entender que cada um tem a sua por zelar.
Alguns são chamados a liderar multidões como Moisés, Abraão, Isaac, (…), no
entanto outros tantos são convocados a zelar por apenas um grupo ou até mesmo
de apenas uma única pessoa. O que muda? Qual é a diferença? NADA! NENHUMA!
O zelo dado a uma multidão é o mesmo a ser ofertado a um
grupo reduzido. O pagamento dedicado ao que tem dez anos de caminhada
provavelmente será o mesmo daquele que recentemente se converteu.
Apesar de não combinar com nossa forma social de viver,
ou seja, o pagamento proporcional a dificuldade e ao empenho aplicado no
processo, essa forma de premiação tem foco no a pessoa e não na grandiosidade
do evento.
O que de fato é importante é aceitar o chamado, por mais
simples que seja e fazê-lo acontecer, pois na verdade muita coisa deixa de
acontecer por falta de humildade nossa.
O Deus simples, que escolheu nascer no lugar mais simples
e de uma família simples ficará tremendamente satisfeito também com a
simplicidade.
Às vezes pode até parecer pouco o que faço (ou fazemos)
por minha comunidade, por meu grupo, pelas pessoas que me cercam, mas na
verdade é preciso enxergar que pelo menos estou fazendo.
Quanta gente mega capacitada, “doutora” em tantas faculdades e repletos de
tantos dons naturais não aceitam fazer coisas simples como pregar ou palestrar
para pouca gente ou tocar na missa de sua comunidade, visto que sua vocação são
os shows, grandes encontros, eventos, as luzes, os holofotes…
Se não importa o tempo que tenho ou o quanto sou
habilidoso num carisma ou dom que Ele me concedeu, o que é que de fato conta
para receber mais pelo meu trabalho?
A conversão de cada dia, a fé com que me apego e a humildade que realmente
vivo. Certa vez, um homem, de quem pouco esperavam, conseguiu surpreender
Jesus. Ele foi também, de certa forma, outro operário da última hora.
Empenho, fé e humildade fazem do pequeno e modesto
trabalho um grande evento para Deus.
Propósito:
Pai,
que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos
todos iguais, teus filhos.
O próprio
Filho de Deus encarnado experimentou a morte como acontecimento solitário e
difícil. O fim da vida biológica de Jesus significou abandono e entrega. Mesmo
que morramos em companhia de pessoas amadas, a morte comporta abandono e perda.
Do abismo da extrema solidão de Jesus, que passou pela vida fazendo o bem,
aprendemos que Ele tomou a vida e a morte em suas mãos e fez da morte o último
gesto de entrega ao Pai, transformando a condição de “ser abandonado” em
“abandonar-se” nas mãos do Pai. Lc 23, 46
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