29 Março - É necessário pedir a São José a tranquilidade e a
igualdade de espírito; ele era sempre igual a si mesmo, tanto quando dava
ordens a Jesus, a Sabedoria do Pai, como quando exercia a sua profissão,
ocupando-se com os trabalhos mais humildes e grosseiros. (S 173). São Jose Marello
João 8,31-42
"Então Jesus disse para os que creram nele:-
Se vocês continuarem a obedecer aos meus ensinamentos, serão, de fato, meus
discípulos e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. Eles responderam:
- Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é
que você diz que ficaremos livres? Jesus disse a eles: - Eu afirmo a vocês que
isto é verdade: quem peca é escravo do pecado. O escravo não fica sempre com a
família, mas o filho sempre faz parte da família. Se o Filho os libertar, vocês
serão, de fato, livres. Eu sei que vocês são descendentes de Abraão; porém
estão tentando me matar porque não aceitam os meus ensinamentos. Eu falo das
coisas que o meu Pai me mostrou, mas vocês fazem o que aprenderam com o pai de
vocês. - O nosso pai é Abraão! - responderam eles. Então Jesus disse: - Se
vocês fossem, de fato, filhos de Abraão, fariam o que ele fez. Mas eu lhes
tenho dito a verdade que ouvi de Deus, e assim mesmo vocês estão tentando me matar.
Abraão nunca fez uma coisa assim! Vocês estão fazendo o que o pai de vocês fez.
Eles responderam: - Nós não somos filhos ilegítimos; nós temos um Pai, que é
Deus! Jesus disse a eles: - Se Deus fosse, de fato, o Pai de vocês, então vocês
me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por minha
própria conta, mas foi Deus que me enviou."
Meditação:
Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6). Depois da sua morte e ressurreição, prometeu que nos enviaria o Espírito Santo como “o Espírito de verdade” (Jo 16, 13), que nos “guiaria à verdade total” (Jo 16, 13).
Rezou ao Pai pelos seus discípulos: “Consagra-os
na verdade. A tua palavra é verdade” (Jo 17, 17; ). Diante de
Pilatos disse: “Foi por isso que nasci e para isso vim ao
mundo: para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). Seguindo
radicalmente Cristo, caminhamos na verdade, na verdade total, na verdade que
não desilude (Rm 9, 33).
No Evangelho de hoje continua a reflexão sobre o capítulo 8 de João. Através de círculos concêntricos, João aprofunda o mistério de Deus que envolve a pessoa de Jesus.
Parece uma repetição, porque sempre volta a falar da mesma coisa. Na realidade,
é o mesmo ponto, mas cada vez num nível mais profundo.
O evangelho aborda o tema da relação de Jesus com Abraão, o Pai do povo de Deus. João procura ajudar as comunidades a entender como Jesus se insere no conjunto da história do Povo de Deus.
Ajuda-as a perceber a diferença que existe entre Jesus e os judeus, e entre os
judeus e os outros: todos nós somos filhos e filhas de Abraão.
A liberdade que nasce da fidelidade à palavra de Jesus. Jesus afirma aos
judeus: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus
discípulos, e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Ser discípulos de Jesus é o mesmo que se abrir a Deus. As palavras de Jesus são
na realidade palavras de Deus. Comunicam a verdade, porque dão a conhecer as
coisas como são aos olhos de Deus e não aos olhos dos fariseus. Mais tarde,
durante a última Ceia, Jesus ensinará a mesma coisa aos discípulos.
O que significa ser filho e filha de Abraão? A reação dos judeus é imediata:
"Somos descendência de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém.
Como pode dizer 'Vós vos tornareis livres'?" Jesus retruca
fazendo a distinção entre filho e escravo e afirma: "Em
verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do
pecado. O escravo não permanece para sempre numa família, mas o filho permanece
nela para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres".
Jesus é o filho e vive na casa do Pai. O escravo não vive na casa do Pai. Viver fora da casa, fora de Deus quer dizer viver no pecado.
Se eles aceitassem a palavra de Jesus
poderiam se tornar filhos e alcançar a liberdade. Não seriam mais escravos. E
Jesus continua: "Bem sei que sois descendentes de Abraão; no
entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida por vós".
Logo em seguida aparece bem clara a distinção: "Eu
falo o que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai".
Jesus lhes nega o direito de afirmar que são filhos de Abraão, porque as obras
deles afirmam o contrário.
Eles insistem em afirmar: "Nosso Pai é Abraão!" como
se quisessem apresentar a Jesus um documento da identidade deles.
Jesus retruca: "Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! Mas, agora, vós procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de deus. Isso, Abraão não o fez. Vós fazeis as obras do vosso pai". Nas entrelinhas deixa entender que o pai deles é satanás (Jo 8,44). Sugere que são filhos da prostituição.
"Se Deus fosse vosso Pai, vós certamente me amaríeis, porque de
Deus é que eu saí e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou".
Em outras palavras, Jesus repete a mesma verdade: "Quem
pertence a Deus escuta as palavras de Deus".
A origem desta afirmação vem de Jeremias que diz: "Colocarei minha lei em sua alma, a escreverei em seu coração. Então eu serei seu Deus e eles o meu povo. Não deverão mais se instruir uns aos outros, dizendo: Reconhecei o Senhor porque todos me conhecerão, desde o menor ao maior, afirma o Senhor; porque eu vou perdoar sua iniqüidade e esquecerei completamente seu pecado" (Jr 31,33-34). Mas eles não vão se abrir a esta nova experiência de Deus, e por isso não reconhecerão Jesus como enviado do Pai.
Concluindo: Escravidão e liberdade resultam da postura que as pessoas assumem,
diante de Jesus e de seu projeto. A liberdade brota da obediência ao Mestre,
explicitada em forma de comunhão e solidariedade, de maneira especial, com os
mais fracos e pequeninos.
Este gesto de amor é possível quando o
discípulo se liberta da tirania do egoísmo, e se projeta para além de si mesmo.
A escravidão acontece quando, tiranizadas pelo egoísmo, as pessoas não são capazes
de superar seus pequenos interesses, abrindo-se para Deus e para o próximo.
Existem religiosidades falsamente libertadoras, que levam as pessoas a se
apegarem a elementos secundários, tornando-se incapazes de acolher o projeto de
Deus.
Jesus entrou em atrito com gente deste tipo. O orgulho de pertencerem à
descendência de Abraão levava certas pessoas a se oporem, abertamente, a Jesus,
o enviado do Pai, e à sua proposta de conversão.
Pensando ser filhos de Deus,
acabavam por se fazer filhos de outro pai. Não pode haver contradição no agir
de quem provém de Deus. Se rejeitam o Filho, é porque não estão enraizados no
Pai.
A missão de Jesus consistiu em libertar a humanidade, fazendo-a conhecer a
verdade. Não podemos nos contentar com uma libertação apenas aparente e
enganadora. Só Jesus pode tornar-nos, efetivamente, livres.
Reflexão
Apostólica:
"Não sou dono do mundo, mas sou filho do
Dono”. Esta frase^, tão significativa, aparece em muitos
pára-choques de caminhão ou adesivadas em muitos carros. Será
apenas modismo, uma frase bonita ou os donos desses veículos percebem o
seu real sentido que significa: segurança, dignidade e liberdade?
É disso que Jesus falava.
A mensagem de Jesus produz a liberdade que vem somente de Deus, não de uma linhagem
ou de uma condição social.
Para Jesus, considerar-se filho é uma questão de conduta, não de nascimento. Quem,
por seus atos, torna-se homicida e traiçoeiro, não tem Deus como Pai.
A verdade e a liberdade são dois valores muito profundos no evangelho de João.
A verdade é a garantia da liberdade. A verdade não é um conjunto de afirmações
teóricas ou de representações mentais que concordam com a realidade material ou
objetiva.
Entendo que a verdade, no evangelho, seja a maneira correta de
proceder, transparência de vida, na qual não cabe engano nem moral dupla,
coerência entre o que uma pessoa pensa, sente, diz e faz. É o que sempre
procuramos testemunhar, como cristão: Coerência ente fé e vida. Jesus não só
diz verdades, mas que Ele é a verdade, porque é transparência do próprio Deus.
Ser livre não é fazer o próprio capricho sem nenhum tipo de limites. Ser livre
é tomar distância de tudo o que possa aprisionar, atrapalhar, escravizar. A
liberdade também implica viver com autenticidade, sem enganos e sem
conveniências.
O ambiente sócio-cultural em que nos movemos está viciado pelo engano, mentira,
manipulação e corrupção. É um ambiente que envolve a todos, de tal maneira que
todos se sintam de alguma forma numa armadilha, sem liberdade para denunciar as
novas formas de escravidão.
Nosso empenho deverá se orientar para a busca da verdade, para encontrar a autêntica liberdade dos filhos de Deus?
O Evangelho de hoje dentre tantas coisas que nos traça está o caminho da
santidade que passa pelo seguimento a Cristo. Fazer-se seus discípulos, isto é,
o caminho da santidade é na realidade um caminho na verdade e na liberdade.
Propor a santidade de vida nada mais é do que propor o caminho da verdade e da
liberdade.
À luz da fé, a santidade é vida na verdade total não limitada às realidades materiais ou apenas à vida terrena. Com efeito, o santo tem em consideração tanto os bens materiais como os espirituais; tem em consideração tanto a realidade terrena como a sobrenatural; contempla a própria vida não apenas na perspectiva temporal, mas também eterna. Por outras palavras, o santo vive na verdade considerando todos os aspectos da própria existência.
O aspecto mais importante é que aquele que deseja a santidade abre-se a Deus
que é o bem supremo e a fonte da verdade.
A santidade de vida e a
abertura à graça ajudam-nos na realidade a compreender mais profundamente as
verdades de Deus.
Peçamos ao Senhor que nos ajude, a saber, aceitar seriamente o convite à santidade nas nossas condições de vida quotidiana, que mais não é que um convite a caminhar na verdade total e na liberdade autêntica.
Propósito: Deixar iluminar e marcar os passos e decisões pela verdade que é Jesus.
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