12 março - Tu, ó José, ensina-nos,
assiste-nos, torna-nos membros dignos da Sagrada Família. (L 35). São
José Marello
Jesus
e a samaritana. - JOÃO 4,5-42
Chegou,
pois, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da propriedade que Jacó
tinha dado a seu filho José. Havia ali a fonte de Jacó. Jesus, cansado da
viagem, sentou-se junto à fonte. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da
Samaria buscar água. Jesus lhe disse: “Dá-me de beber!” Os seus discípulos
tinham ido à cidade comprar algo para comer. A samaritana disse a Jesus: “Como
é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?”
Jesus respondeu: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz:
‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva”. A mulher disse:
“Senhor, não tens sequer um balde, e o poço é fundo; de onde tens essa água
viva? Serás maior que nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual bebeu ele
mesmo, como também seus filhos e seus animais?” Jesus respondeu: “Todo o que
beber desta água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca
mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água
jorrando para a vida eterna”. A mulher disse então a Jesus: “Senhor, dá-me
dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água”.
[...] A mulher disse-lhe: “Eu sei que virá o Messias (isto é, o Cristo); quando
ele vier, nos fará conhecer todas as coisas”. Jesus lhe disse: “Sou eu, que
estou falando contigo”. Nisto chegaram os discípulos e ficaram admirados ao ver
Jesus conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: “Que procuras?”, nem:
“Por que conversas com ela?”. A mulher deixou a sua bilha e foi à cidade,
dizendo às pessoas: “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não
será ele o Cristo?” [...] Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em
Jesus por causa da palavra da mulher que testemunhava: “Ele me disse tudo o que
eu fiz”. [...]
MEDITAÇÃO
O Evangelho de hoje (Jo 4,5-42), quase um capítulo
inteiro, é tirado do Quarto Evangelho e, portanto, tem que ser interpretado
levando em conta as características do Evangelho de João - entre eles, o uso de
símbolos (pessoas, eventos, coisas e números) e de “mal-entendidos” para dar
oportunidade para uma explicação mais profunda sobre a pessoa e missão de
Jesus. O capítulo é tão denso, que é impossível fazer jus ao seu conteúdo numa
curta reflexão.
O evangelho de João é pródigo em longos diálogos de
Jesus. Dentre eles, um dos mais belos é este diálogo com a mulher samaritana. A
admirável forma poética do diálogo está tecida com inúmeros fios de simbolismo.
Deste modo, João Evangelista, “o teólogo”, sabia
expor a doutrina de Cristo em trechos vivos com diálogos e detalhes que
convidam a penetrar sempre fundo nos mistérios de Jesus, impregnando cada uma
sua vida com suas mensagens redentoras.
O texto nos apresenta Jesus como a fonte de onde
jorra a vida eterna. Ao entrarmos em contato íntimo com essa Rocha que é Jesus,
somos conduzidos a uma profunda revisão de vida que tem como ponto de apoio o
mais profundo da consciência. Ao tomar dessa água, todas as coisas se
transformam.
No encontro com a samaritana, Jesus desenvolve uma
pedagogia catequética: da sua sede, passa a água que Ele próprio oferece;
começa por ser apenas um judeu, para passar a ser um profeta, o Messias e,
finalmente, o Salvador do mundo. Jesus espera, também, o mesmo percurso de fé
de cada um de nós; espera que O encontremos nas pequenas circunstâncias da vida
para O escutarmos, e encontrando-O e reconhecendo-O como Salvador do mundo O
possamos anunciar publicamente, para ajudar outros a percorrer a mesma vivência
pessoal de fé.
A Samaritana, quantas dezenas ou centenas de vezes
tinha ido àquele poço! Uma vez, sucede algo de novo – o encontro com Jesus –,
que causa uma reviravolta na sua vida. Pode-nos acontecer algo de semelhante,
em pleno quotidiano!
Jesus toma
a sério aquela mulher que, como nós tantas vezes, começa por tentar
desconversar, trivializar a problemática profunda que lhe envolve a alma. Mas
Jesus é hábil na aproximação, sabe provocar e conduzir o diálogo. Toma Ele a
iniciativa, escuta, estimula o desabafo, pergunta o que já sabe, faz com que a
mulher enfrente a verdade que liberta. Sedenta de felicidade, a Samaritana
bebe, a tragos, a progressiva descoberta do Messias (que Se lhe revela como
tal, a ela!). Saciada a sua sede, transforma-se ela própria em fonte, atrai
outros a Jesus. Beber a felicidade do encontro com Jesus Cristo! Ser fonte que
jorra a notícia de que Ele, só Ele, é verdadeiramente o Salvador do mundo!
Por causa do testemunho da mulher, os samaritanos acolheram Jesus, e
muitos creram nele e chegaram à profissão de fé em Jesus como o Salvador do
mundo (vv. 39-42).
O texto mostra bem como a proposta de Jesus para os
seus seguidores é inclusiva - a mulher representa os que são excluídos, por
motivo de pobreza, gênero, raça ou religião. Jesus não aceita a exclusão de
quem quer que seja. Até os discípulos se chocaram quando encontraram Jesus
dialogando com a mulher, pois as suas cabeças ainda trabalharam com os
conceitos de “puro e impuro”, de “eles e nós”. Jesus veio para acabar com essas
divisões, muitas vezes criadas em nome da religião e de Deus, com conseqüências
desastrosas. O contato com a fonte de água viva nos impulsiona para a criação
de comunidades alternativas, baseadas na vivência de solidariedade, paz e
justiça, na dinâmica do Reino de Deus.
Aqui encontramos o convite para querer conhecer “o
dom de Deus” e “Aquele” que pede de beber. Duas realidades que se identificam e
que exigem um trabalho de “reconhecimento” do mesmo “dom” através de
compromissos bem delineados.
São variados os caminhos que permitem este novo
conhecimento e reconhecimento. Por muito esforço que façamos, estaremos sempre
a sublinhar a importância de realidades já conhecidas a que deveremos dar
sentido novo. Jesus é a revelação de que Deus está presente em todos os valores
de todos os povos e culturas, conferindo uma dimensão de eternidade a todo ato
de amor que promove a vida.
Voltemos ao texto que nos acompanhou nesta reflexão.
O convite de Cristo a conhecer o “dom” de Deus foi acolhido pela samaritana e
muitos outros Lhe pediram que ficasse com eles. Ele ficou dois dias e eles
quiseram “ficar com Ele”. O resultado foi que acreditaram não só por causa da Palavra
dita. Chegaram a uma experiência pessoal “Nós próprios ouvimos e sabemos que
Ele é realmente o Salvador do mundo”.
Vamos ensinar o caminho da Fonte Inesgotável para
todos aqueles que têm sede de justiça, de fraternidade e de amor. O mundo
inteiro precisa saber desta verdade: Jesus, a Água Viva, é a verdadeira Paz e
está presente no meio de nós! Poderia haver notícia melhor? Quem foi
"fonte" para mim? A quem devo "puxar pela manga", para lhe
transmitir a Boa Nova?
Exemplo: "Pai – perguntou o filho – quanto ganhas por
hora? Que coisas perguntas, filho, tão impróprias – respondeu o pai. Nem tua
mãe sabe disso e eu nem me preocupo com a hora. Sei o que ganho no mês. -Mas
pai, eu quero saber quanto é o preço de tua hora. -Vá dormir, filho, e não me
aborreças com tuas impertinências. Mas uma vez o filho na cama fez a mesma
pergunta e o pai ficou inquieto e resolveu saber o porquê da mesma. Fez os
cálculos e foi ao encontro do filho. Após um beijo o pai disse: Mais ou menos
10 reais. O pequeno então pediu: Pai, dá-me cinco porque eu tenho poupados mais
outros cinco e quero te pagar para ter uma hora de conversa contigo. A conversa
da Samaritana suscitou esta pequena anedota, porque nos dias de hoje falta
conversa. Não só entre amigos, entre marido e mulher, mas também entre pais e
filhos para nos aproximarmos mais deles e entendermos melhor as repostas que
eles querem dar aos problemas da vida."
Oremos: Pai, em Jesus, tu nos destes um dom
precioso. Dá-me a graça de reconhecê-lo e acolhê-lo, cheio de fé, e deixar
minha vida ser transformada por Ele que tem sempre feito com amor a Sua
vontade: nisto consistia sua força! Percebo que eu também quando cumpro de
gosto sua vontade, fico sereno e cheio de vigor. Obrigado, ó Senhor, por seu
exemplo; cumpra-se em mim aquilo que o Senhor quer!
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