8
março - Pediremos a São José que obtenha para todos nós a graça de conhecer e
seguir a divina vontade (L 278). São
Jose Marello
Mateus
20,17-28
Naquele
tempo, 17enquanto Jesus subia para Jerusalém, ele tomou os doze discípulos
à parte e, durante a caminhada, disse-lhes: 18“Eis que estamos
subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e
aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte, 19e o entregarão aos
pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia
ressuscitará”.
20A mãe dos filhos de Zebedeu
aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um
pedido. 21Jesus perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que
estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua
esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais
pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam:
“Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu
cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha
esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os
preparou”.
24Quando os outros dez discípulos
ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus,
porém, chamou-os, e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre
elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem
quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser
o primeiro, seja vosso servo. 28Pois, o Filho do Homem não veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de
muitos”.
Meditação:
Por que será que a Igreja nos propõe meditar, outra
vez, neste mesmo mês de março, sobre a ânsia de poder dos Doze? Já vimos este
texto no dia 2, mas retirado do evangelho de Marcos, que é o original. Mateus é
mais cuidadoso que Marcos e envolve a mãe de Tiago e João. É ela que propõe o
despropósito.
Os ensinamentos de Jesus geram em seus ouvintes a
necessidade de lutar pela realização do reino de Deus, através de uma dinâmica
e atitudes completamente contrárias às que moviam a ordem social, política,
econômica e religiosa do momento. Jesus diz que o reino de Deus tem como base o
amor mutuo, o serviço, a partilha do poder, enfim, sobre a base de uma sociedade
justa, solidária e igualitária.
Certamente Jesus tinha consciência de que sua proposta, anunciada com palavra e realizada através de sinais, iria chocar frontalmente com o projeto de sociedade, com o conceito de Deus vigente, e com os objetivos da política imperante.
Por causa disso, ele vai padecer nas mãos dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei. Deve-ser enfatizar que é a opção pelo Reino que leva Jesus a prever e a enfrentar o sofrimento e a morte. Assim fica claro que Jesus não veio para morrer como fruto de um obscuro plano de Deus, mas deu a vida em conseqüência de um projeto de vida.
Jesus anuncia a sua morte como conseqüência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido.
Na nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para serviço, que se exprime na entrega de si mesmo para os outros e o bem comum.
Apesar do testemunho de Jesus, os discípulos estavam atrelados aos esquemas mundanos, mostrando-se pouco sensíveis aos ensinamentos do Mestre. O pedido dos filhos de Zebedeu foi uma prova disto.
Fazendo ouvido de mercador, quando Jesus revelou seu destino de sofrimento e morte, estavam preocupados em garantir para si os melhores lugares no Reino a ser instaurado.
Bem se vê que estavam longe de sintonizar com o Reino anunciado por Jesus, pois imaginavam um reino onde os chefes se tornam tiranos, e os grandes se tornam opressores, por estarem revestidos de autoridade.
No Reino almejado por Jesus, a grandeza consiste em pôr-se ao serviço do semelhante, de maneira despretensiosa, e o primeiro lugar será ocupado por quem se dispusera a assumir a condição de servo. A tirania cede lugar ao serviço, e a opressão transforma-se em amor eficaz em benefício do próximo.
Bastava contemplar o modo de proceder do Mestre Jesus que se autodenomina “Filho do Homem”. Jamais buscara ser servido, como se a sua condição de enviado do Pai lhe desse este direito; tampouco teve a arrogância de se considerar superior a quem quer que seja.
Jesus sempre manteve sua postura de servo, consciente da missão recebida do Pai, a ponto de entregar a sua própria vida para que toda a humanidade obtivesse salvação. Dera o exemplo no qual os discípulos deveriam inspirar-se.
O mundo atual é testemunha da tirania, da corrupção e da opressão gerada pelos chefes de nações, sistemas totalitários e injustos que se estabeleceram para dirigir nossos povos.
O desafio é claro: nós que somos seguidores de Jesus de Nazaré não podemos cair na tentação perversa do poder para oprimir ou ser superiores aos outros.
O projeto cristão é de solidariedade e serviço desinteressado, como princípio ministerial básico que cruze as estruturas sociais e eclesiais e as faça mais próximas do plano de Deus.
Para Jesus a autoridade e o primeiro lugar no reino estão intimamente associados à capacidade de servir: “o maior de vocês deve ser aquele que serve” (Mt 23,11).
Esta atitude fundamental do discípulo e da discípula configurará o quadro de carismas e ministérios, com a responsabilidade de atuar no mundo para transformar as realidades à luz da Palavra de Deus. Daí algumas intuições que podem contribuir para compreender e assumir a missão da Igreja na ótica do serviço à organização e libertação de todo o Povo de Deus.
Assim, nós, somente respondemos fielmente à nossa vocação de servir, quando nos tornamos mulheres e homens em profunda sintonia e comunhão com o Deus da Vida, sem esquecer nem deixar à margem, na luta de cada dia, os pobres e excluídos (At 6,1), que precisam e, por isso, devem ser servidos.
Reflexão Apostólica:
O evangelho de hoje se situa na última
subida a Jerusalém, onde Jesus será preso, condenado e executado por causa da
radicalidade de seu projeto. Muitos de seus seguidores não entendem em que
consiste o reino que ele lhes anunciou, e ainda crêem que consiste numa tomada
do poder terreno, com cargos e nomeações que dão prestígio e geram
desigualdade.
Nós caminhamos quando assumimos a Salvação que Jesus veio nos oferecer dando passos de conversão. Por isso, Ele nos ensina e nos adverte que, também nós deveremos passar por dificuldades, provações e perseguições, mas, no terceiro dia, isto é, no tempo certo, nós também ressuscitaremos com Ele. Esse é o nosso objetivo! Essa é a vontade do Pai para nós, ressuscitar-nos como Ele ressuscitou Jesus!
E é já nesta vida terrena que nós damos
os passos para essa conquista: “quem quiser tornar-se grande torne-se vosso
servidor”; “quem quiser ser o primeiro seja vosso servo!”
No entanto, por mais que Jesus abrisse os olhos dos seus discípulos e os preparasse para assumirem a missão assim como Ele mesmo fazia, eles não O compreendiam. Eles tinham a mentalidade do mundo! Tinham os apelos do prazer, do possuir do poder! Jesus pacientemente continuava a ensiná-los. Assim também Ele faz conosco! Ele quer nos ensinar a sermos grandes como Ele é.
Aos olhos do mundo ser grande é ser o
primeiro, ter poder, fama e glória. No seguimento de Jesus ser grande é saber servir,
é ser útil, é viver com sentido até no sofrimento aproveitando as lições que a
vida nos dá.
De acordo com os conselhos de Jesus você se considera, grande ou pequeno (a)? Qual é a dificuldade que você encontra em acolher essa maneira de ser grande? Você tem aprendido e praticado o que Jesus tem lhe ensinado? O que você tem feito pelo amor de Deus?
Quantas vezes nos aproximamos de Jesus, e, sem discernimento,
pedimos coisas que não tem sentido? Quantas coisas desnecessárias, e que
julgamos ser essencial, pedimos quando oramos? Por isso que, em todo instante,
se faz necessário pedir auxílio ao Espírito Santo, para que Ele nos ensine a
rezar. Até mesmo para orar necessitamos do auxílio e da misericórdia do Pai.
Outro ponto forte desta palavra é o ensinamento de humildade que Jesus vem nos
trazer.
Hoje, infelizmente, o mundo nos ensina que devemos sempre estar à
frente, sermos os melhores, ter o melhor emprego, receber o mais alto salário,
enfim, devemos ter, ter e ter.
Peçamos que o Senhor nos dê um coração manso e humilde. Que no dia
de hoje passemos a valorizar as coisas do alto e não as coisas terrenas. Nossa
meta é o céu. Fomos feitos para sermos cidadãos do céu e o passaporte para lá é
o Amor e a humildade e por isso, humildemente e dobrados devemos servir aos
nossos irmãos e irmãs. Quem ama, serve. E quem serve se faz pequeno perante os
homens e se torna grande perante o Senhor.
Ponhamos em suas mãos todos os líderes
sociais, os governantes, os animadores eclesiais, para que Deus lhes permita
guiar a sociedade e a Igreja para um mundo fraterno e justo.
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