26 mar - São José foi sempre tão humilde que quis ser
considerado sem valor algum, mantendo-se sempre silencioso e oculto, atribuindo
todo merecimento a Maria, a sua Esposa imaculada e santíssima. (S 327). São Jose Marello
Evangelho da
ressurreição de Lázaro -
Jo 11,1-45
Ora, havia um doente, Lázaro,
de Betânia, do povoado de Marta e de Maria, sua irmã. As irmãs mandaram avisar
Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. Disse Jesus: “Esta doença não
leva à morte, mas é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja
glorificado por ela”. [...] E acrescentou: “Nosso amigo Lázaro está dormindo.
Vou acordá-lo”. Os discípulos disseram: “Senhor, se está dormindo, vai ficar
curado”. [...] Jesus então falou abertamente: “Lázaro morreu! E, por causa de
vós, eu me alegro por não ter estado lá, pois assim podereis crer. Mas vamos a
ele”. [...] Jesus disse então: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em
mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não
morrerá jamais. Crês nisto?” Ela respondeu: “Sim, Senhor, eu creio firmemente
que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que deve vir ao mundo”. [...] “Onde
o pusestes?” Responderam: “Vem ver, Senhor!” Jesus teve lágrimas. Os judeus
então disseram: “Vede como ele o amava!” Alguns deles, porém, diziam: “Este,
que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não
morresse?” De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era
uma gruta fechada com uma pedra. Jesus disse: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do
morto, disse-lhe: “Senhor, já cheira mal, é o quarto dia”. Jesus respondeu:
“Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” Tiraram então a pedra. E
Jesus, levantando os olhos para o alto, disse: “Pai, eu te dou graças porque me
ouviste! Eu sei que sempre me ouves, mas digo isto por causa da multidão em
torno de mim, para que creia que tu me enviaste”. Dito isso, exclamou com voz
forte: “Lázaro, vem para fora!” O que estivera morto saiu, com as mãos e os pés
amarrados com faixas e um pano em volta do rosto. Jesus, então, disse-lhes:
“Desamarrai-o e deixai-o ir!” Muitos judeus que tinham ido à casa de Maria e
viram o que Jesus fizera, creram nele.
pela vida
no Espírito que a Iniciação Cristã possibilita.
Como é seu
método de apresentar a vida de Jesus através dos sinais [semeia], o quarto
evangelista toma ocasião de um fato extraordinário, como é uma ressurreição,
para indicar um atributo também extra-humano
Estamos de
novo diante de um texto muito grande para ser comentado nos seus pormenores.
Vamos apenas ajudar na compreensão do texto com algumas idéias.
Estamos
diante de um sinal que aponta para a ressurreição de Jesus. Quer levar a
comunidade à profissão de fé em Jesus como ressurreição e vida. A família de
Lázaro, Marta e Maria representam a comunidade triste, abatida, desanimada e
morta por falta de fé em Jesus, ressurreição e vida. Seria bom
analisar a
fundo a posição, ou seja, palavras, gestos, idéias de cada personagem do texto.
Não temos espaço para isto. O leitor pode fazê-lo com calma e com a Bíblia na
mão. Vamos apenas dar uma ajuda. Quais são os personagens? São Jesus, os
discípulos, Lázaro, Marta, Maria, os judeus.
Muitos dos
Judeus [jerosolimitanos] que tinham vindo para Maria e viram o que Jesus fez,
creram nele.(45). É estranho que Maria seja o objeto da visita quando quase
todo o relato aponta Marta como a maior protagonista entre as duas irmãs.
Existe talvez uma explicação: Marta estava casada com Simão o leproso(ver Lc
10, 38 comparado com Mc 14, 3) e não era a dona da
casa onde
habitava Lázaro, pois este foi convidado à casa do Simão (Jo 12, 2); mas era a
dona da casa onde o banquete de ação de graças pelo milagre foi efetuado, pois
Marta servia. Logicamente a crença é a fé verdadeira:
Jesus era o
enviado de Javé, o Messias, Filho do Deus verdadeiro e Senhor da vida. Só
faltava a ressurreição de Jesus para acreditar na sua divindade.
Crer em
Jesus é o início da vida da qual só uma atitude de rebeldia ou pecado pode nos
separar. Não é preciso esperar outra condição se a fé é verdadeira e a entrega
é total. Ele salvará todos os que o Pai lhe entregou de modo que seu pastoreio
será o de guardar aqueles que o Pai lhe confiou.
Os relatos
do Evangelho não existem só para serem lidos, mas também para serem vividos. A
história de Lázaro foi escrita para nos dizer isto: há uma ressurreição do
corpo e uma ressurreição do coração; se a ressurreição do corpo ocorrerá
"no último dia", a do coração sucede, ou pode ser feita, a cada dia.
O Evangelho
de João sugere uma forma de petição muito recomendável: aquele que amas está
doente. Serve para todo momento e circunstância. Quem não se encontra doente e débil
diante de um mundo hostil e pelas forças enfraquecidas pela tentação? Que
fórmula magnífica encontramos nesta simples
oração que
é um gemido de ajuda! Muito especialmente deve ser a oração dos anciãos e dos
pobres e necessitados. Há muitos doentes que estão praticamente sós. A visita
aos mesmos deveria ser uma das pastorais mais urgentes dos párocos e das
atuações dos leigos em nossas paróquias. Só com entrega e sacrifício daremos o
carinho necessário para que se encontrem
amados do
Pai e servidos pelos irmãos.
Falando de
doentes, podemos dizer que o mundo atual é o mais enfermo de todos os tempos,
porque falta mais do que nunca o elemento mais necessário para a convivência: o
amor. O mundo atual está enfermo de amor. É interessante o diálogo mantido pelo
santo Cura d'Ars com Jesus: Por que me enviaste ao mundo? Para salvar-te,
respondeu Jesus. E por que queres que me
salve?
Porque te amo . Para isso somos criados e Deus quer nos salvar. Só assim se
entende aquela frase de S. José Oriol, o grande esmoleiro catalão: Prefiro que
na hora da morte Deus me encontre nos braços de uma mulher a que encontre nos
meus bolsos um vintém. No primeiro caso, teríamos um amor
desordenado.
No segundo, uma total falta de amor.
Assim há
que se entender a preocupação divina para libertar o povo da escravidão do
Egito, da opressão, da injustiça. Da mesma forma se deve entender o projeto de
vida de Jesus como um serviço ao ser humano. Este estava condenado por
estruturas injustas a viver uma vida sem qualidade, uma vida desumanizada. Isto
acontecia não somente pela exclusão do desfrute e usufruto dos bens criados,
mas também pela distorção da verdadeira imagem de Deus graças a uma religião
que ocultava o verdadeiro rosto paternal e misericordioso de Deus. O que
aconteceu com Lázaro simplesmente prefigura o
que
aconteceria com Jesus duma maneira mais definitiva, e por conseguinte, a todos
nós.
A todos
aqueles que pelas razões mais diversas (fracasso matrimonial, traição do
cônjuge, perdição ou enfermidade de um filho, ruínas econômicas, crises
depressivas, incapacidade de sair do alcoolismo, da droga) se encontram nesta
situação, a história de Lázaro deveria chegar como repique de sinos na manhã de
Páscoa que se aproxima.
Neste
tempo, o nosso caminho de fé no Senhor Jesus passa pelos seus momentos mais
bonitos e mais profundos. Com Marta, a irmã de Lázaro, hoje e a próxima semana
repetiremos a Jesus, na autenticidade da nossa experiência: "eu creio que
tu és o Cristo, o Filho de Deus"… Por este motivo acolhemos e oferecemos
ao senhor o
sofrimento de hoje; por isso aceitamos com serenidade a nossa enfermidade
física e moral; por isso temos a coragem de repetir no profundo do nosso ser a
palavra "Pai", que o Senhor nos ensinou.
Que a nossa
fé naquele que é a Ressurreição e a Vida, que veio para que todos tenham vida e
a vida plena” nos leve, não à religião intimista e individualista, mas a um
engajamento na construção do mundo que Deus quer, o mundo da verdadeira Shalom
um conceito que vai muito além do sentido do
termo
Português paz, para indicar a plenitude do bem-estar, tudo que Deus deseja para
todos os seus filhos e filhas.
Oração: Pai santo e Senhor da vida, dai-nos
a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da vida e como
sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino daqueles que
crêem. Pela morte e ressurreição de teu Filho Jesus Cristo, libertaste e
salvaste o mundo: ajuda-nos, pela fé n'Aquele que sofreu na cruz, a triunfar no
poder da sua vitória. Amém.
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