04 março - Tu, ó José, indica-nos o caminho, sustenta-nos a cada passo, conduze-nos aonde a Divina Providência quer que cheguemos. (L 208).SÃO JOSE MARELLO
Mateus 5,43-48
"Vocês ouviram o que foi dito:
"Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos." Mas eu lhes digo: amem
os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem
filhos do Pai de vocês, que está no céu. Porque ele faz com que o sol brilhe
sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como
para os que fazem o mal. Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que
esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam
as pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que
estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos,
assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu."
E Jesus terminou
assim:
- Portanto, estes
irão para o castigo eterno, mas os bons irão para a vida eterna."
Meditação:
Através da vinda do seu Filho até nós, esta Fonte de bondade está agora
acessível. Tornamo-nos, por nosso lado, «filhos
do Altíssimo» (Lc 6,35), seres capazes de responder ao mal com o
bem, ao ódio com amor.
Vivendo uma compaixão universal, perdoando aos que nos fazem mal, damos
testemunho de que o Deus de misericórdia está no coração de um mundo marcado
pela recusa do outro, pelo desprezo em relação àquele que é diferente.
Impossível para os humanos entregues às suas próprias forças, o amor pelos
inimigos testemunha a atividade do próprio Deus no meio de nós.
Nenhuma ordem exterior o torna possível. Só a presença, nos nossos corações, do amor divino em pessoa, o Espírito Santo, permite amar assim.
Este amor é uma conseqüência direta do Pentecostes. Não é em vão que Estêvão, «cheio do Espírito Santo» termine com estas palavras: «Senhor, não lhes atribua este pecado.» (At 7,60)
Esta sexta, e última, antítese da seqüência de Mateus exprime uma das mais
fortes contradições com a doutrina dos escribas e fariseus: o amor ao inimigo.
A comunidade de Mateus era formada por convertidos do judaísmo. E estavam sendo
perseguidos pelos compatriotas da sinagoga.
A atitude de amor ao inimigo era a coerente maneira de testemunhar a sua
fidelidade a Jesus e ao seu projeto. Com o refrão: "Ouvistes o que foi
dito... Ora, eu vos digo..." fica afirmada a autoridade de Jesus em
substituir a doutrina excludente do judaísmo por sua prática amorosa e
libertadora.
Cultivamos a atitude da não-violência, do perdão e reconciliação, para chegar à
perfeição que é “O AMOR”. Jesus propõe algo que é difícil de levar a termo:
“amar nossos inimigos”, em contraposição do “odiar nossos inimigos”, que é mais
instintivo e, aparentemente mais lógico.
Por que perdoar a quem me fez tanto mal? Vivemos em um mundo onde a guerra, a
violência, a morte nos ronda buscando a quem devorar.
Continua a proposta de mudança para este tempo de Quaresma. Hoje o modelo
apresentado é o do Pai e sua perfeição. Aqui somos convidados a considerar as
mudanças que devemos fazer.
Para o amor temos o modelo de Jesus: "Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei"; para nosso comportamento: trate aos demais como gostaria de ser
tratado. São os modelos que devemos seguir e são assim mesmo, o espelho no qual
devemos olhar.
A partir desta perspectiva, o mandamento do amor chega ao seu ponto alto:
desinteresse, amor sem limites, orar pelos inimigos e perdão para todos.
São as coisas práticas que hoje nos ensina Jesus e que devem estar
na ordem do dia nesta quaresma e na comunidade. Não façamos projetos altruístas
e gerais com "todos os homens e mulheres do mundo". Não.
Perdoemos um erro de um companheiro, desse que está ao nosso lado, deixemos de
lado um comentário maldoso feito a nosso respeito, justifiquemos a pessoa ainda
que não estejamos de acordo com a ação, saudemos o que passa ao nosso lado.
Isto é mais difícil do que todo mundo, amamos os amigos, os vizinhos,
"este" ou "esta" pessoa concreta. Os inimigos nem os vemos,
nem cruzam nosso caminho.
Voltemos, porque somente quem ama seu irmão que vê, sem buscar recompensa, realiza
o projeto de Deus em sua vida e em sua comunidade, mesmo parecendo impossível.
A proposta do Reino se baseia no amor. O Reino de Deus se constrói na força do
amor, não na violência ou na agressividade.
Quem ama é capaz de dar até sua própria vida pelos demais, perdoando inclusive
o perseguidor, o que hostiliza, maltrata e o assassino. Este é o milagre do
amor: o amor aos inimigos.
Essa é a proposta do Mestre. “Amar os inimigos” torna possível, no seguidor de
Cristo, a relação filial com o Pai. Somente assim seremos filhos, sendo semelhantes
a Jesus, e sermos misericordiosos como é Deus, nosso Pai.
A exortação de Jesus ao amor aos inimigos é justificada: "Assim vos
tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus". Esta sutil afirmação nos
revela que Deus se manifesta como nosso Pai e que a nós cabe a responsabilidade
e a iniciativa de assumirmos esta filiação.
Em conclusão nos é feita a exortação imperativa de seguirmos o modelo de
perfeição do Pai. Esta perfeição não está no cumprimento das incontáveis
observâncias da Lei, mas na prática do amor e da misericórdia.
Este amor, longe de ser um simples sentimento, reconcilia as oposições e cria
uma comunidade fraterna a partir dos mais diversos homens e mulheres, da vida
desta comunidade sai uma força de atração que pode agitar os corações. É este o
amor que eu chamo de perfeito, o amor que perdoa até aqueles que nos podem
tirar a vida.
Reflexão Apostólica:
A mensagem do monte teria um tremendo impacto se fosse aplicada em
nosso meio. O que seria o mundo se Israel parasse de atacar a faixa de Gaza ou
se os Talibãs esquecessem a guerra religiosa contra o ocidente?
Pensamos muito no MACRO, mas o que ela (a palavra) pode fazer num MICRO mundo
chamado PESSOA? O que aconteceria se cada um se empenhasse de todo coração de
toda sua alma como foi sugerido por Jesus em outro momento? Creio eu que o
mundo mudaria.
Uma questão: Será que fazer o bem, sem nada querer em troca, passou a ser uma
virtude de poucos abnegados que o mundo prefere chamar de TOLOS?
Contam que certa vez um grande homem chamado Ghandi deparou-se com algo
extraordinário: Conheceu a história, e bem mais que isso, os ensinamentos de um
Jovem Galileu que propunha uma mudança radical no paradigma de como viver e de
viver numa determinada época. Ouviu que Ele pregava que o mundo mudaria através
de uma transformação, chamada conversão, de única pessoa. Talvez o franzino
homem indú tenha dado mais valor a mensagem do monte que nós mesmos.
Se eu mudar hoje talvez o mundo não mude de imediato, mas a conseqüência da
minha transformação será análoga a ação de uma pequena pedra no lago, que ao
produzir um impacto local, transforma a realidade e a tranqüilidade ao
seu redor visível nas ondas que poderão fazer mover quem vive a vida pairando
na superfície, ou seria melhor dizer, já resignado com que vê, ouve e constata.
Minha ação será pequena se eu pensar no MACRO? Ao lembrar agora de uma antiga
fábula ou conto de sabedoria, me fez meditar: a estrelinha do mar que voltou
para o oceano, lançada por aquele que a escolheu entre tantas outras, mudará o
mundo?
Num contexto sócio-político, o que esperar de alguém que não mede esforços para
se eleger num cargo eletivo? Como não se lembrar das pessoas que após eleitas
tomam conta apenas dos seus (e principalmente dos SEUS interesses) amigos? Como
deitam na suas camas ao saber que milhões ficaram sem merenda porque não votei
a favor de uma emenda que não foi proposta por meu partido?
Creio eu que se votássemos num candidato que não me oferecesse nada em troca (um
favor, um cargo, uma ajuda) e sim propostas, trabalho e honestidade teríamos
mais chance de ver menos gente nas ruas ou morando
Fecho com a reflexão proposta pela CNBB: “(…) Um dos valores mais determinantes da nossa vida é a justiça, mas na maioria das vezes deixamos de lado a justiça de Deus para viver a justiça dos homens, fundamentada na troca de valores e não na gratuidade de quem de fato ama. Quem ama verdadeiramente reconhece que Deus é amor e tudo o que somos e temos vem dele, como prova desse amor gratuito. Assim, as nossas atitudes não podem ser determinadas pelas diferentes formas de comportamento das pessoas que nos rodeiam, mas pelo amor gratuito de Deus que deve fazer com que sejamos capazes de superar toda forma de vingança em nome da justiça e procurar dar a nossa contribuição para que o mundo seja cada vez melhor”.
Pensando somente nos MEUS não mudamos a vida dos SEUS e tão pouca a DELES.
“(…) Portanto, sejam perfeitos, assim
como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu”.
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